quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

PREGAÇÃO E PREGADOR PENTECOSTAL


CONSTRUINDO UMA TEOLOGIA DE PREGAÇÃO PENTECOSTAL

Nota-se que no grande avivamento e derramamento do Espírito Santo no início do século XX, a pregação desempenhou um papel crucial no Movimento Pentecostal e continua a ser um componente vital da experiência pentecostal.
Na tradição pentecostal os pregadores serviram como intérpretes autoritativos das Escrituras e formuladores de uma teologia mais simples para um pouco quase ignorante.
Na língua portuguesa desconheço uma obra que trate exclusivamente sobre a pregação pentecostal. Atualmente estou envolvido na produção de uma obra simples e objetiva sobre a temática Pregação e Pregadores Pentecostais, querendo Deus lançarei nos próximos dias.

Estudiosos pentecostais tem observado que há uma necessidade de recursos pentecostais na pregação. Entende-se que a falta de tratamento acadêmico da pregação pentecostal se deve a inúmeras razões, porém pode-se pontuar três, na quarta faço uma análise do cenário atual:
PRIMEIRO LUGAR, a pobreza de exegese, teologia falida e excessos emocionais entre pregadores pentecostais abriram as portas para as críticas e obscurecerem os elementos benéficos e poderosos de uma abordagem pentecostal.
Os pregadores e a pregação pentecostal na história do movimento é de grande riqueza para nós. Precisamos resgatar os elementos benéficos e poderosos da pregação pentecostal, visto que Deus usou a pregação pentecostal poderosamente no século XX.

Em SEGUNDO LUGAR, entende que uma boa parte dos eruditos pentecostais recebem estudos de graduação e pós-graduação em escolas não-pentecostais e até mesmo em escolas anti-pentecostais.
Isso sem falar daqueles que um dia eram pentecostais e deixaram de ser se tornando críticos cegos do Movimento. Muitos deles tiveram experiências ruins em suas origens eclesiásticas e ministeriais e agora culpam cegamente todo o movimento. Para muitos a palavra “pentecostal” é coisa dos demônios, é um movimento herege e coisa do capeta!

Em TERCEIRO LUGAR, a erudição pentecostal ainda está em seus estágios iniciais de desenvolvimento; e, até esse ponto, os estudiosos se concentraram principalmente em preocupações teológicas fundamentais, em vez de em práticas de espiritualidade e adoração. Nós simplesmente não tivemos estudiosos suficientes com tempo suficiente para se engajar construtivamente e profundamente com toda doutrina e prática pentecostal.
Meu engajamento em produzir uma obra na temática não se encaminha para o campo da erudição, mas apenas no campo da práxis pastoral. É um pastor pentecostal numa pregação pentecostal exortando e norteando outros pastores e pregadores pentecostais!

Em QUARTO LUGAR, eu tenho visto desde cedo uma negligência e até uma preguiça por parte de meus colegas pregadores pentecostais para estudar mais e mais o conceito da pregação e, principalmente da pregação pentecostal – se é que um dia eles ouviram isso! Se eu perguntasse para muitos pares ministeriais o que define e caracteriza um pregador e uma pregação pentecostal talvez muitos deles falariam de seus estilos, pulos, sapateios e de sua forma de entrega de sermões e não da natureza e propósito da pregação pentecostal.
A riqueza da tradição da pregação pentecostal atesta a amplitude do chamado de Deus e a diversidade das dádivas de Deus; consequentemente, colocar restrições demais em estilos e modelos determinados pelo contexto equivaleria a extinguir o Espírito Santo. Desacordos sobre o que constitui uma boa pregação podem ser devidos a diferentes fundamentos teológicos, mas às vezes os conflitos surgem de perspectivas míopes e sem imaginação sobre a pregação. Uma abordagem holística (mais ampla) para a pregação é necessária que examina a pregação pentecostal a partir de uma variedade de pontos de vista, contextos e disciplinas acadêmicas. Devemos permitir uma ampla diversidade de estilos de pregação, e devemos resistir à tentação de defender a superioridade de nosso próprio estilo e método preferidos. Não apenas devemos reconhecer a diversidade dos estilos de pregações pentecostais, mas devemos celebrá-la.

Eu conheço muitos pastores e pregadores pentecostais que são em suas exposições superficiais, trôpegos, desinteressados, sem clareza, perdidos em suas falas, andarilhos em seus pensamentos, sem fundamentação teológica nas pregações, populistas, palhaços, inventores de proposições, embebidos por chavões e etc., (a lista seria grande!)
Nossos pregadores pentecostais são rasos, superficiais e até mesmo artificiais, e alguns, digo com tristeza são palradores frívolos. Muitos pastores e pregadores pentecostais já aderiram a teologia da prosperidade, ao pragmatismo, as metodologias das campanhas mirabolantes, à psicologização da fé, a uma cosmovisão reducionista e inclusivista do Cristianismo para se tornarem mais palatáveis; outros já estão enamorados da teologia coaching e outros já se perderam nos próprios gritos. E como pregador e pastor pentecostal eu tenho lamentado isso, pois vejo pastores e pregadores que têm um tempo livre que deveria ser dedicado a oração e ao ministério da Palavra, estudando, articulando e crescendo no conhecimento, mas não fazem isso por pura preguiça, negligência e até por conveniência. Tais deveriam descer do púlpito e voltar para o seminários e aprender mais e mais. Ou então, já que não podem retoma o seminário, lerem livros e estudarem como autodidatas (Spurgeon foi autodidata!)
Minha pequena contribuição visa alertar e instruir estes nobre companheiros. Creio que Deus me dará forças e clareza de entendimento para ser o mais simples, sem ser simplista, para ajudar e nortear meus pares ministeriais.

O campo do Pentecostalismo é amplo, e nós precisamos a cada dia meditar, orar, estudar e expor seus elementos. Em sua teologia, espiritualidade e práticas, a tradição pentecostal compartilha muito com o Cristianismo Histórico, e nós não podemos descartar os distintivos que antecederam o Movimento Pentecostal (o que chamo de teologia de viseira!), todavia nós devemos postular as riquezas que o Pentecostalismo trouxe para o Cristianismo Histórico. Hoje o Pentecostalismo é uma das grandes forças ou vertentes do Cristianismo e suas ênfases e distintivos são de grande valia para a Cristandade. E, particularmente creio, que a herança dos pregadores e da pregação pentecostal na História do Movimento precisa ser articulada, enriquecida e esclarecida mais e mais. Eu estou envolvido nisso como pregador pentecostal e, creio que Deus Espírito Santo nos iluminará no processo para ajudar, auxiliar, exortar e nortear nossos irmãos pentecostais no caminho de uma teologia pentecostal da pregação. Querendo Deus, em breve, lançaremos uma contribuição nesta área visando orientar os pregadores pentecostais iniciantes e também aqueles que como eu labutam alguns anos nesta ditosa área.

IVAN TEIXEIRA.

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