sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ARREBATAMENTO DA IGREJA_ESCATOLOGIA VITORIOSA!

 


PAULO, autor de 13 epístolas do Novo Testamento mencionou a Segunda Vinda de Cristo 50 vezes. A 1ª Epístola aos Tessalonicenses é considerada a primeira carta que Paulo escreveu. Nela, ele fez menção A Segunda Vinda de Cristo em cada capítulo (Veja 1.10; 2.19; 3.13; 4.13-18; 5.2,23). Ele repetiu essa ênfase ainda em grandes detalhes em 2Tessalonicenses (veja 1.7-10; 2.1-12; 3.5).

Sem dúvidas, a doutrina da Segunda Vinda de Cristo era um tema constante das pregações, ensinos e escritas do grande apóstolo Paulo. O apóstolo dos gentios e os cristãos do primeiro século viviam em constante expectativa do retorno iminente do Senhor Jesus. Essa, sem sombra de dúvidas, foi a mola propulsora do dinamismo evangelístico e missionário da Igreja no poder do Espírito Santo nos primeiros anos.

 

Quatro temas da vida cristã primitiva!

Quatro temas no contexto da vida cristã estão relacionados e interagem intimamente nas páginas do Novo Testamento: (1) santificação-vigilância pois o Senhor pode voltar a qualquer momento (Mateus 24.36,42-44; 25.13); (2) revestimento de poder do Espírito para testemunhar sobre o Senhor que breve voltará (Atos 1.6-11); (3) Evangelização e missão em obediência ao Grande Mandato do Senhor até que Ele venha na consumação dos séculos (Mateus 28.19-20; Atos 3.19-21) e a (4) Vinda do Senhor para levar os crentes à Casa do Pai (1Coríntios 1.6-8; 1Tessalonicenses 4.13-18; 5.23).

Tais temas – e outros essenciais – são peculiares a todas as famílias da Cristandade, mas, principalmente como distintivo e não como exclusividade ao Pentecostalismo. Dificilmente tem um Movimento da Cristandade que mais fale, pregue ou ensine sobre a doutrina da Segunda Vinda do Senhor Jesus do que o Pentecostalismo. Entristeço-me quando noto a escassez desse tema hoje em nossos rincões pentecostais. Principalmente nas igrejas pentecostais clássicas como as Assembleias de Deus. Creio que precisamos urgentemente de um “Novo Pentecostes” para reavivar temas tão caros e preciosos aos primeiros pentecostais!

Como já declaramos noutro capítulo, o tema integrador do querigma pentecostal é a Segunda Vinda do Senhor Jesus, mormente em sua ênfase no arrebatamento da Igreja. A visão bíblica pentecostal de uma Vinda a qualquer momento, iminente, exige que os cristãos vivam apercebidos, vigilantes e em santificação, e demanda que eles preguem o evangelho para a salvação dos perdidos e que busquem o revestimento de poder para o cumprimento da Grande Comissão, conforme a orientação do próprio Senhor ressurreto quando ordenou que antes de saírem para pregar o evangelho deveriam esperar a promessa do Pai, o batismo no Espírito Santo (cf. Lucas 24.49; Atos 1.4,5,8). Essas são crenças distintivas pentecostais e que faziam (e devem fazer!) parte do querigma (pregação) pentecostal.

Foi o próprio Paulo que escreveu: “Se alguém não ama o Senhor Jesus Cristo, seja anátema; Maranata!” (1Coríntios 16.22).

 

Escatologia derrotista e futurismo pessimista?

Particularmente é difícil acreditar que estudiosos como Harold R. Eberle & Martin Trench (preteristas parciais) acusem descaradamente os que creem na doutrina do arrebatamento a qualquer momento de derrotismo, negligência, pessimismo, indiferença social e etc., afirmando que “Precisamos de uma mudança que conduza a Igreja de uma mentalidade de arrebatamento a uma teologia de colheita”. Tal crítica é por demais infundada. Por que devemos mudar a mentalidade de arrebatamento? Ela não é bíblica? Claro que é! É difícil acreditar nas palavras encontrada no livro: “Os cristãos que estão focados na colheita não têm realmente muito tempo para se preocupar com o arrebatamento. Seu objetivo é levar tantas pessoas quanto possível para o Reino nessa preparação para as bodas. Uma escatologia vitoriosa deixará a mentalidade de arrebatamento para trás e colocará a obra da colheita diante de você”[1]. Como assim? Não devo me preocupara com o arrebatamento da Igreja? Os autores tentam nos fazer acreditar que a “mentalidade de colheita” é incompatível com a “mentalidade de arrebatamento”! Isso é ridículo! Por exemplo, hoje o Movimento Pentecostal, mentalidade de arrebatamento pré-tribulacional, é a maior força missionária, principalmente no Sul Global. É fundamental sobre a nossa crença de um arrebatamento a qualquer momento que façamos missões hoje no poder do Espírito Santo, pois não sabemos a que horas virá o Senhor!

Com os autores eu afirmo altissonante que nós que acreditamos num arrebatamento a qualquer momento não somos uma “Igreja fracassada, que foge pela porta dos fundos enquanto o diabo entra com violência pela porta da frente”[2]. Pelo contrário, os pentecostais invadem até mesmo as periferias e os mais distantes lugares para destronar Satanás, expulsar demônios, impor as mãos sobre os enfermos e até a falar novas línguas em nome de Jesus Cristo!

Se eles analisassem o impacto do Movimento Pentecostal nas vidas e na sociedade como um todo teriam uma abordagem diferente ou honesta e mais respeitosa. Eles deveriam entender a visão de vitória dos pentecostais, o vitorioso Cristo venceu e é poderoso para salvar. Os pentecostais creem que Jesus continua o mesmo ontem, hoje e eternamente por isso pregam que Ele continua curando e libertando as pessoas. Quantas vidas e famílias inteiras não foram salvas e ressocializadas? As igrejas pentecostais pré-tribulacionistas estão bem presentes nas periferias mais do que outras (poderia traçar uma dura crítica aqui a outras denominações, mas não o farei!). As pregações autenticamente pentecostais trazem impacto no ser humano demandando aos que creem uma vigilante santificação, bem como uma viva esperança no arrebatamento da Igreja.

Acusar os pré-tribulacionistas que creem no arrebatamento da Igreja a qualquer momento de escapismo e derrotismo é ser bastante ignorante do impacto eclesial, missional e social que estas verdades causaram, estão causando e podem causar quando os pentecostais começarem a rejeitar ensinos alienígenas ao seu curriculum histórico e retomar no poder do Espírito os cinco pilares do querigma pentecostal.

É claro que nós pentecostais também acreditamos que “a Igreja se levantará em vitória e poder antes da volta de Jesus Cristo”[3]. Isso tem sido verdade no Movimento Pentecostal, apesar dos seus devaneios!

Nossa escatologia também é vitoriosa, pois cremos que Cristo virá pessoalmente para implantar o Seu Reino com poder e glória. Cristo, não a Sua Igreja, diferentemente da crença dos autores, é quem irá estabelecer o Reino de Deus aqui na Terra (cf. Daniel 2.34,35,44,45; João 18.36; 2Timóteo 4.1; Apocalipse 2.26—28; 19.11–20.9). Nenhum cristão edifica o Reino de Deus, e nem a igreja implanta o Reino de Deus. É o Cristo que o faz! Posso dizer que uma “escatologia vitoriosa” é cristológica e não eclesiológica. Noutras palavras, a vitória escatológica da igreja encontra-se e resulta da cristologia, do Cristo vitorioso (Apocalipse 3.21). Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (19.16). A igreja é mais do que vencedora por meio daquele que a amou! (Romanos 8.37). Temos uma escatologia vitoriosa não porque a igreja irá implantar o Reino, ou rejeitar a “mentalidade de arrebatamento”, mas porque Cristo já venceu na cruz, foi assunto aos céus, está a destra do Pai, derramou o Espírito Santo e voltará outra vez pessoalmente para estabelecer o Seu reino aqui na terra, e a igreja regerá as nações juntamente com o Rei com vara de ferro (Daniel 7.13,14,18,22,27; Apocalipse 2.26-28; 12.5; 19.15; 20.4). Isso é escatologia vitoriosa!

Nós pentecostais não adotamos uma escatologia derrotista, uma “mentalidade de arrebatamento” sem missões ou mesmo uma “visão pessimista do futuro” como afirmam os autores Eberle & Trench sobre aqueles que adotam a doutrina do arrebatamento da Igreja. Nós não negamos, juntamente com Paulo, que “os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2Timóteo 3.13), e que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis (3.1), e que ainda os homens serão mais “amigos dos prazeres que amigos de Deus” (v.4), e também nos últimos dias as pessoas “não suportarão a são doutrina” (4.3), todavia, nós também cremos que Deus nos últimos continua derramando o Seu Espírito sobre os Seus filhos e filhas para exercerem um ministério carismático e de poder testemunhal do Cristo que virá (Atos 2.17,18). Isso, senhores, não é escatologia pessimista e derrotista, mas realista, esperançosa e pneumática! Assim é uma escatologia de um pentecostal pneumático!



[1] EBERLE, Harold R. & TRENCH, Martin. Escatologia Vitoriosa: Uma Visão Preterista Parcial, p.12. Brasília, DF, Brasil: Editora Chara, 2014.

[2] EBERLE, Harold R. & TRENCH, Martin. Escatologia Vitoriosa: Uma Visão Preterista Parcial, p.12. Brasília, DF, Brasil: Editora Chara, 2014. Essa frase vem de Cal Pierce no Prefácio, mas claramente reflete a ideia dos autores.

[3] EBERLE, Harold R. & TRENCH, Martin. Escatologia Vitoriosa: Uma Visão Preterista Parcial, p.11. Brasília, DF, Brasil: Editora Chara, 2014.

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