"THEOLOGY QUEER"
Aquela bendita expressão de Tertuliano:
“o que tem Atenas a ver com Jerusalém? Que acordo existe entre hereges e
cristãos? [...] Fora com todas as tentativas de produzir um Cristianismo
manchado de composições estóicas, platônicas e dialéticas! Nós não queremos
curiosas disputas após possuir Jesus Cristo, não queremos investigação depois
de usufruir do evangelho! Com nossa fé, nós desejamos nenhuma outra crença.
Pois essa é nossa [vitoriosa] fé, que não há nada que devemos crer além disso”,
parece nos levar hoje a dizer: “O que tem a Igreja a ver com a Academia?”. À época
da frase o grande Tertuliano,
defensor da fé bíblica, questionava o namoro promíscuo entre a verdade bíblica
e as filosofias humanistas. Tais filosofias foram peremptoriamente rejeitadas
pelo apóstolo Paulo que poderia muito bem usá-las em sua chegada à Atenas e
Corinto, no entanto, o grande apóstolo decidiu anunciar unicamente a teologia
da Cruz no poder do Espírito Santo (1Coríntios 2.1-6). Segundo Paulo, a fé das pessoas
deve estar fundamentada no poder do Espírito Santo e na pedra angular do Cristo
crucificado. Pode-se dizer que a única defesa real e poderosa do evangelho e
pregar o evangelho!
Particularmente eu amo o labor teológico, ler obras de grandes
eruditos, estudiosos perspicazes e dos grandes defensores das verdades do santo
evangelho. É prazeroso quando você pega um calhamaço como a obra do Dr. Gordon Fee, God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul
(Presença Poderosa de Deus: O Espírito Santo nas Cartas de Paulo), de quase
1000 páginas e você se depara com uma exegese saudável, uma exposição
apaixonada de um erudito pentecostal que visa a edificação da igreja e a
evangelização do mundo. Nesta obra, vemos o esforço de um grande erudito para
compreender o que Deus diz, e não manipular o texto ou a mensagem do evangelho
para torna-la mais palatável aos movimentos sociais contemporâneos ou mesmo às
exigências do academicismo pueril. Dr. Fee
é pentecostal e abraça a inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas, acredita
piedosamente no senhorio de Cristo Jesus e no poder carismático do Espírito
Santo.
No entanto, nem sempre é assim na academia. Poderíamos citar muitos
exemplos na erudição alemão (e noutros rincões acadêmicos) que configurou o
liberalismo teológico trazendo uma enchente perturbadora para as igrejas locais
da Europa a tal ponto que devastou várias delas. Hoje, se você visitar a Europa
– como tive o prazer e a tristeza (muitas das vezes fiquei em lágrimas) –, presenciará
a vacuidade espiritual nas grandes catedrais que foram outrora lugares de
poderosos avivamentos por meio da exposição das Sagradas Escrituras. A situação
é como já sabemos: Começa nas cátedras, vem para os púlpitos e depois desce
para os bancos das igrejas e, consequentemente matar o rebanho. Como o
discípulo dos profetas pode-se dizer: “Morte na panela, ó homem de Deus!”
(2Reis 4.40). As colocíntidas malditas do liberalismo e doutras teologias
distorcidas têm se misturado com o “cozinhado” profético de muitas igrejas
atuais e muitos Seminários Teológicos, e muitos discípulos sem discernimento
estão a manipulá-las em nossos banquetes teológicos e eclesiásticos.
Alegro-me com o crescimento da erudição pentecostal, mas também me
preocupo com o rumo de certas alas da erudição que no afã da singularidade do
fazer teológico acabam construindo uma teologia e uma hermenêutica
Frankenstein, o Prometeu Moderno. Algo irreconhecível biblicamente! Essas
questões de ênfase no leitor, negligência da intenção autoral dos escritores
bíblicos acabam produzindo “teologias” de concha de retalhos dos mais variados:
teologia negra, teologia feminista, teologia da libertação, teologia da Missão
Integral, teologia dos pobres, teologia dos ricos, teologia disso e daquilo
outro, e, pode-se dizer, a mais recente a TEOLOGIA QUEER (Theology Queer). É
para essa última que faço breves observações. Meu objetivo é apenas alertar e
fazer com que os pastores e teólogos acadêmicos atentem e se preparem para essa
modalidade teológica dita acadêmica que sorrateiramente invade nossos arraiais
apoiando um comportamento que a Bíblia peremptoriamente condena e chama de
pecado. Paulo disse claramente que
os tais não herdarão o Reino de Deus (1Coríntios 6.9-11). Mas, certos teólogos ou
teólogas ou mesmo “teólogays”, em nome do “amor radical” de Deus afirmam que
esse amor “[...] é um amor tão extremo que dissolve nossos limites existentes,
sejam eles que nos separam de outras pessoas, que nos separam de noções preconcebidas
de sexualidade e identidade de gênero”.
A tese do livro do Dr. Patrick
S. Cheng, que é sacerdote episcopal e reitor associado da Igreja da
Transfiguração, uma paróquia anglo-católica de Manhattan, ele também ensinou
Teologia Histórica e Sistemática na Episcopal Divinity School, em Cambridge, é
que “as conexões entre a teologia cristã e a Teoria Queer são realmente muito mais próximas do que se poderia
pensar”. Ou seja, esse “amor radical” que não faz distinção de sexualidade ou
identidade de gênero – aquela construção social em que uma pessoa passa a se
identificar como homem ou mulher segundo suas inclinações e não segundo o
Criador que os criou – está no coração da Teologia
Queer, pois, segundo o Dr. Cheng
“acreditamos em um Deus que [...] dissolveu as fronteiras [...] e desafia
nossas fronteiras existentes com relação à sexualidade e identidade de gênero
[...].
Deve-se notar que essa nova “Teologia Queer” elaborada por esses teólogos
ou teólogas ou mesmo teólogays ou teólogoLGBT se baseia na “Teoria Queer”. Logo
no primeiro capítulo o Dr. Cheng
explica: ““Então, o que exatamente é a Teologia Queer? [...] há pelo menos três
definições possíveis [...] Primeiro, a Teologia Queer é que as
pessoas LGBT estão 'falando sobre Deus'. Segundo, a Teologia Queer é 'falar de Deus' de uma maneira conscientemente
transgressora, especialmente em termos de desafiar as normas sociais sobre
sexualidade e gênero. Terceiro, a Teologia Queer é "falar sobre Deus" que desafia e
desconstrói as categorias binárias naturais de identidade sexual e de gênero
". (Pág. 9).
Ele também pontua que a doutrina da revelação pode ser entendida em
termos de [...] teologia [negativa], na qual nosso conhecimento de Deus – como nosso
entendimento da categoria de 'transgêneros' – está sempre em um estado de
transformação e desconhecimento (Pág. 48). Ele elabora: “Como tal, Deus
funciona da mesma maneira que as pessoas LGBT em relação ao amor radical. Na
medida em que as pessoas LGBT quebram os limites da sexualidade e do gênero em
nossos relacionamentos, Deus e as pessoas LGBT enviam um amor radical que
quebra categorias e limites fixos. Para Deus, essas categorias incluem o divino
e humano, e a vida e a morte. Para as pessoas LGBT, esses limites incluem as
categorias de mulheres e homens, homossexuais e heterossexuais” (Pg.51).
Essa Queer Theology (Teologia Queer) pode ser entendida como:
(1) Teologia feito por e
para LGBTQIA (lésbica, gay, bissexual, transgêneros, travestis, intersexuais, assexuados
e CIA) indivíduos com foco em suas necessidades específicas.
(2) Teologia que
propositalmente se opõe às normas sociais e culturais sobre gênero e
sexualidade. Procura descobrir vozes ocultas ou perspectivas ocultas que
permitam que a teologia seja vista sob uma nova luz, ou seja, à luz gay.
(3) Teologia que desafia e
desconstrói fronteiras, particularmente no que diz respeito à identidade sexual
e de gênero.
A Teologia Queer é inclusiva
à identidade sexual e de gênero dos indivíduos e permite que a comunidade LGBTQ+
recupere seu espaço no Cristianismo[1].
Além disso, de acordo com Jennifer
Purvis, “queer” significa não apenas uma variedade de gêneros variantes e
sexualidades não heterossexuais, mas também uma postura de resistência, atitude
questionadora e um conjunto de técnicas e abordagens. Por esse motivo, a
teologia queer nos pede que pensemos além do que pode ser conhecido, disciplinado
e controlado e nos pede para abraçar novamente nosso conhecimento queer[2].
Hugn William Montefiore
chegou a falar na Conferência dos
Clérigos Modernos em 1967 que Jesus possuía uma “natureza homossexual”. Ele
diz que o não envolvimento de Jesus com mulheres é melhor explicado por ser um “homossexual”.
Ele escreveu: “Se Jesus fosse homossexual por natureza (e esta é a verdadeira
explicação de seu estado celibatário), isso seria mais uma evidência da
auto-identificação de Deus com aqueles que são inaceitáveis para os
defensores do ‘Establishment’ [entenda-se como a teologia tradicional que
postula o relacionamento heterossexual] e das convenções sociais”[3].
John J. McNeill que era um
padre jesuíta abertamente gay e um defensor vocal da Queer Theology escreveu um
livro intitulado Church and the
Homosexual (Beacon Press, 1976), onde aborda a Teologia Queer em três seções: uma história da relação entre
homossexualidade e a tradição católica, descobrindo onde a homossexualidade
pertence a uma teologia moral tradicional reestruturada e as mudanças
necessárias no mundo moderno. Ministério cristão que permitirá que cristãos
gays, lésbicas e bissexuais prosperem em sua fé.
Essa Queer Theology é uma teologia “guarda-chuva” que em nome de um “amor
radical” acolhe a galera que não são heterossexuais, mas cujos os desejos ou
relacionamentos estão voltados para o mesmo sexo. Claro que esse “guarda-chuva”
colorido e o “amor radical” só ama aqueles que pensam como eles e se comportam
como eles. Neste ponto deve-se dizer que a tolerância dos ativistas desta “Queer
Theology” é intolerante contra aqueles que discordam destes comportamentos.
Pode-se falar muita coisa sobre essa “Queer Thology”, mas creio que o
ponto já ficou claro e como tal essa abordagem em nome do “amor radical” é
perigosa para os nossos jovens, adolescentes e crianças. Eles pegam pesado na
educação, não apenas na secular, mas na cristã também como podemos ver por meio
desses teólogos e teólogas “cristãs”. Tais teólogos
queers estão desconstruindo e reinterpretando as verdades bíblicas em nome
de uma “nova hermenêutica”, que de nova não tem nada, mas é a velha artimanha
da Serpente e de sua aliada apocalíptica: “A Mulher Montada numa besta escarlate, tendo na sua mão um cálice de
ouro transbordante de abominações e com as
imundícias da sua prostituição. Na sua fronte achava-se escrito um nome,
mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA”
(Apocalipse 17.4,5).
Paulo pregou sobre o
evangelho da graça de Deus, revelado no amor do Filho no poder do Espírito Santo,
foi muito claro sobre essa Queer Theology
e seus pressupostos:
1Coríntios
6.9: Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem EFEMINADOS (gr. μαλακοὶ = malakoi = “o de andar delicado”, marcado pela efeminilidade), nem SODOMITAS (gr. ἀρσενοκοῖται = arsenokoitai
= homossexuais, o que se envolve com atividades sexuais com o mesmo sexo), v.10: nem ladrões, nem avarentos, nem
bêbados, nem maldizentes, nem roubadores HERDARÃO
O REINO DE DEUS. V.11: Tais FOSTES alguns de vós; MAS vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no
Espírito do nosso Deus.
Note que tanto os “efeminados” quantos os “homossexuais” não herdarão
o Reino de Deus. E claramente Paulo
sabia que alguns dos coríntios eram (“tais fostes alguns de vós”), NO ENTANTO,
a graça amorosa de Deus no poder do Espírito Santo e em nome de Cristo Jesus
havia-os libertados, santificados e justificados! Eles se tornaram novas
criaturas em Cristo Jesus pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo
(cf. 2Coríntios 5.17; Tito 3.5). A novidade de vida deve marcar todos aqueles
que nasceram do Espírito Santo em Cristo Jesus para a glória de Deus!
Para mim, a Queer Theology já nasce morta logo em Gênesis. O escritor
sagrado afirma claramente que Deus criou MACHO e FÊMEA abençoando seu relacionamento
heterossexual. A lógica é bem simples: Se Deus quisesse ou aprovasse tal
prática Ele teria criado um casal homossexual e não heterossexual. Querendo
você ou não a benção de Deus está na relação sexual entre um homem e uma mulher,
a relação aprovada e abençoado pelo Criador amoroso é: Macho com uma Fêmea,
homem e mulher. A homossexualidade é um atentado à sabedoria, ao amor e ao
plano soberano do Criador para Suas criaturas. É uma teologia elaborada no
conselho de Satanás com seus mais inteligentes demônios e espíritos imundos.
A Declaração de Fé das
Assembleias de Deus se posiciona claramente sobre essa questão:
Deus criou o ser humano à sua imagem e
semelhança1 e fê-los macho e fêmea: “E criou Deus o homem à sua imagem; à
imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gênesis 1.27), demonstrando a
sua, conformação heterossexual. A diferenciação dos sexos visa à
complementaridade mútua na união conjugal: “Todavia, nem o varão é sem a
mulher, nem a mulher, sem o varão, no Senhor1” (1Corínios 11.11); essa
complementaridade mútua é necessária à formação do casal e à procriação.
Reconhecemos preservada a família quando, na ausência do pai e da mãe, os
filhos permanecerem sob os cuidados de parentes próximos (Ester 2.7,15; 1Timóteo
5.16). Rejeitamos o comportamento pecaminoso da homossexualidade por ser
condenada por Deus nas Escrituras, (Levítico 18.22; Romanos 1.24-27; 1Coríntios
6.10) bem como qualquer configuração social que se denomina família, cuja
existência é fundamentada em prática, união ou qualquer conduta que atenta
contra a monogamia e a heterossexualidade, consoante o modelo estabelecido pelo
Criador e ensinado por Jesus (Mateus 19.4-6)[4].
Soli Deo Gloria!
[1] ORR,
Catherine M.; BRAITHWAITE, Ann; LICHTENSTEIN, Diane, eds. (2012). Rethinking Women's and Gender Studies.
New York: Routledge. ISBN 9781136482564.
[2] PURVIS, Jennifer (2012). "Queer". In ORR, Catherine
M.; BRAITHWAITE, Ann; LICHTENSTEIN, Diane (eds.). Rethinking Women's and Gender Studies. New York: Routledge. pp.
189–206. ISBN 9781136482564.
[3] MONTEFIORE,
H. W. “Jesus, the Revelation of God,” in Christ
for Us Today: Papers read at the Conference of Modern Churchmen, Somerville
College, Oxford, July 1967, edited by Norman Pittenger (SCM Press, London:
1968), p. 110.
[4] Declaração
de Fé, p.203,204. Rio de Janeiro, RJ, Brasil: CPAD, 5ª impressão, 2018.