PONTOS CRÍTICOS DA REVELAÇÃO: SINAI, CALVÁRIO E PENTECOSTES
Uma vantagem de anos de estudos teológicos é a capacidade de perceber
o quanto do fazer teológico tem sido a mera projeção humana de Deus, e não o
esforço humano investigativo para compreender a revelação de Deus sobre Si mesmo.
O que percebo é o homem falando através de um Deus mudo, em vez de um Deus
falante, “assim diz YHWH”, pelo Verbo, o Cristo, sob a iluminação do Espírito
Santo, falar, através do homem.
Noto, no fazer teologia, as reflexões humanas a respeito de seus
próprios sentimentos. A sistematização das próprias ideias humanas acerca de
determinado assunto da Teologia – estudo de Deus. No lugar de uma construção
Sistemática da revelação de Deus no Cristo pela obra e iluminação do Espírito
Santo, enxergamos uma construção sistemática dos pressupostos humanos acerca de
Deus.
A teologia não deve partir do homem para Deus, mas do evento da
revelação de Deus ao homem no Cristo encarnado e entendida pela plenitude do
Espírito. Os eventos Trinitários no Sinai, no Calvário e no Pentecostes devem
nortear e compor o conteúdo da investigação científica do homem na construção
da teologia. É meu entendimento que toda a compreensão cristã legítima sobre
Deus deve ser fundamentada na revelação de Deus sobre Si mesmo contida nas
Escrituras Sagradas. Daí, rejeito as meras ideias humanas formadas pelas
projeções especulativas da razão humana sem a iluminação do Espírito Santo.
O pressuposto do teólogo cristão é que Deus se revelou e o fez
plenamente no Cristo, pelo qual mantemos comunhão com o Pai no Espírito Santo,
e essa revelação vem a nós pelo Espírito que penetra todas as coisas até mesmo
as profundezas de Deus. A teologia cristã saudável é possível apenas baseada
neste pressuposto da revelação e da iluminação e ensino do Espírito. Caso
contrário, teremos meras projeções humanas sobre Deus, e não o meditar humano
sobre a revelação de Deus.
A humildade do teólogo o impede de impor teorias arbitrárias sobre o
objeto que investiga, mas o leva a está sempre aberto para aprender novas
coisas constantemente. A humildade o leva a refletir teologia à luz da Palavra
de Deus, e não meramente repetir o que teólogos disseram. Ele não procura
simplesmente transmitir o pensamento dos teólogos, mas a revelação de Deus
sobre Si mesmo no Cristo sob os auspícios do Espírito Santo. O pensamento teológico
genuíno surge da revelação, isto é, das Escrituras, e se torna grande inimigo
de construtos teóricos sistemas racionalistas que são em geral, esquematismos
que se originam na mente do próprio teólogo e que forçam o ensino das
Escrituras para dentro de sistemas que são como a cama de Procrustes.
A teologia cristã (ou o teólogo cristão) não deve buscar legitimar
nenhuma tradição teológica, seja ela: patrística, medieval, reformada,
católica, protestante, calvinista, arminiana, fundamentalista ou pentecostal.
Cada geração de estudantes deve ficar inteiramente livre e sem amarras denominacionais
ou de qualquer tipo, para avaliar as Tradições Teológicas à luz de um re-exame
das Escrituras Sagradas feito cristocentricamente no entendimento de que Jesus
Cristo é a auto-revelação de Deus para a humanidade. Portanto, um teólogo deve
se preocupar acima de tudo com a singularidade e a centralidade de Cristo e do
Evangelho. Afirmo peremptoriamente que essa cristocentricidade teológica se
torna possível apenas pneumatologicamente. Sem o fator pneumático o teólogo se
torna refém dos seus próprios sentimentos e pressupostos, bem como preso a
razão especulativa em sua investigação científica sobre Deus. O Espírito e a
razão não se opõem, mas a razão precisa ser iluminada pelo Espírito, a Unção
que nos ensina. A verdade de Deus e sobre Ele – revelação de Si mesmo no Cristo
– é-nos dada, ensinada e testificada pelo Espírito Santo nas Escrituras (João
14.16,17,26; 15.26; 16.13-15). Acima de tudo o fazer teológico deve ser pneumático,
ou seja, capacitado pelo Espírito Santo. Ele é o Espírito da verdade, não o
teólogo!
O pressuposto da teologia cristã é que o Deus absolutamente soberano,
poderoso, majestoso, supremo e transcendente chega em infinita condescendência
a dar a Si mesmo ou a ofertar-se a Si mesmo a humanidade em graça incondicional
e liberdade infinita em Cristo por meio do Espírito Santo. Esse é o João 3.16
da teologia cristã!
Deus se ofereceu a Si mesmo em Cristo no poder do Espírito Santo para
salvar a humanidade, ela toda (2Coríntios 5.19). E Cristo, pelo Espírito, se
ofereceu a Si mesmo sem mácula a Deus para a humanidade servir ao Deus vivo (Hebreus
9.14). Esse oferecimento de Deus de Si mesmo não deve ser enfraquecido,
limitado, encurtado e estreitado pelos pressupostos de certas teologias a tal
ponto que não possa alcançar a todas as pessoas, em todos os lugares, em todos
os tempos em todo o mundo. A limitação do “oferecimento de Deus no Cristo pelo
Espírito” é limitar o amor, diminuir a graça e enfraquecer a cruz.
Calvário e Pentecostes!
A teologia da revelação de Deus no Cristo pelo Espírito é uma teologia
da cruz e uma teologia do Pentecostes. É na cruz que a plena graça e o amor
infinito de Deus rasga do homem todos os farrapos e trapos de imundícias do seu
autoengano, despindo-o do seu orgulho e de sua vaidade e de toda sua pretensão
religiosa de conhecer a Deus por si mesmo e nos seus sentimentos e por meio de
suas preconcepções, vestindo-o posteriormente da justiça divina pelo Espírito
Santo (1Coríntios 6.11) para fazê-lo uma “nova criação” em Cristo Jesus
(1Coríntios 5.17) capaz de ficar de pé como uma criança diante de seu Pai
Celestial, e portanto, clamar, pelo Espírito de Adoção, Aba Pai (Romanos
8.14-16; Gálatas 4.6,7). É no Pentecostes que a plenitude do Espírito Santo
capacita o homem com a vestimenta de poder para torna-lo testemunha da
revelação de Deus em Cristo por meio da proclamação do evangelho de Deus.
O teólogo cristão não recusa a razão, mas recusa a razão humana que de
per si não pode conhecer a Deus pela sua própria sabedoria, por isso, aprouve a
Deus salvar os que creem por meio da loucura da pregação da cruz (1Coríntios
1.21). A teologia do Cristo crucificado – revelação, mistério e testemunho de
Deus – é loucura para os que se perdem, mas para nós que cremos e somos salvos
é o poder e a sabedoria de Deus.
A teologia originada da sabedoria humana dilui, distorce e rejeita a
revelação de Deus em Cristo como mera religiosidade de certo povo – os judeus.
Essa teologia consiste apenas em palavras persuasivas de sabedoria humana cujo
apoio para a fé salvadora é fraco e autodestrutivo. No entanto, o fazer
teologia baseado na revelação de Deus na “fraqueza e loucura da Cruz” e, claro,
no poder do Pentecostes, é construir o edifício da fé no poder e sabedoria de
Deus por meio da pregação em demonstração do Espírito e de poder (1Coríntios
2.4,5). Essa teologia baseada na revelação da Cruz e proclamada no poder do
Pentecostes faz com que os que creem se gloriam única e exclusivamente no
Senhor (1Coríntios 1.31). A teologia baseada nos sentimentos, nas
pressuposições e na razão humana podem e se gloriam em seus esforços
investigativos. Mas o teólogo cristão se gloria na revelação de Deus em Cristo
comparando as coisas espirituais com as espirituais, visto que Deus no-las
revelou pelo Seu Espírito; o Espírito que penetra todas as coisas, ainda as
profundezas de Deus (1Coríntios 2.10). Por isso, que sempre digo que estudar
teologia é estudar a revelação do Espírito das profundezas de Deus! Não é um
estudo raso!
O trabalho investigativo do teólogo cristão deve ser um engajamento
feito na dependência e iluminação do Espírito – a Unção que nos ensina – para
entender, compreender a revelação de Deus em Cristo resultando na comunhão
Trinitária.
A revelação é um ato de Deus, um evento dinâmico que se impõe a nós no
Sinai, no Calvário e no Pentecostes e em nossa realidade presente por meio do
estudo das Escrituras e da iluminação do Espírito Santo. Qualquer outro tipo de
reflexão teológica deságua na mente carnal, mundana e diabólica. A reflexão
humana a parte da revelação na teologia significa um arrastar do conhecimento
de Deus para os círculos da própria subjetividade do pensador humana.
Fazer teologia sob as bênçãos da revelação conduz o teólogo a
adoração. Uno-me ao apóstolo:
Ó profundidade da riqueza, tanto da
sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e
quão inescrutáveis, os Seus caminhos!
Quem, pois, conheceu a Mente do Senhor?
Ou quem foi o Seu conselheiro?
Ou quem primeiro deu a Ele para que lhe
venha a ser restituído?
Porque d’Ele, e por meio d’Ele, e para Ele
são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!
Romanos 11:33-36