POR QUE NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA
É fato que
muitas igrejas locais e seus líderes pretendem tornarem-se bacanas, legais ou
atraentes ao mundo para angariar tantos quantos podem vir. Entendo que seja
louvável o desejo de trazer as pessoas para a igreja para perto de Deus, porém
a metodologia mundana, a forma espúria e a desconstrução da mensagem do
evangelho que se percebe nestas congregações locais são alarmantes.
Particularmente
não desejo uma igreja bacana! Uma
igreja bacana é uma congregação local que tem substituído a verdade pelo
pragmatismo mundano. O que é certo pelo que dá certo. Essas congregações se
utilizam de qualquer expediente ou método que sejam bacanas e legais para
atrair tantas pessoas possíveis. Igrejas bacanas não buscam compreender a
verdade de Deus para então expô-la com fidelidade ao povo para que sejam
regenerados e santificados em Cristo.
NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque suas
reuniões litúrgicas se afastam muito dos quadros descritivos das reuniões
congregacionais da Igreja Primitiva. Elementos estanhos como danças, campanhas
mirabolantes, apresentações coreográficas e afins dominam o cenário das
reuniões. Os elementos bíblicos, vistos, por exemplo, em Atos 2.42-47 (cf. 2.1-6; 3.1; 4.31; 5.42), ou mesmo os elencados
por Paulo em suas Cartas (cf. 1Co
14.12,19,26;31; Ef 5.18-21; Cl 3.16) estão ausentes e são peremptoriamente
rejeitados.
NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque o Novo Testamento nos serve de fundamento e direção para nossas congregações
locais, coisa que os líderes das congregações bacanas desprezam ou rejeitam.
Por exemplo, devemos enfatizar as passagens das Escrituras que se focam nas
coisas essenciais, fundamentais e centrais que devem prevalecer numa comunidade
de cristãos, tal como visto no Novo Testamento: oração, pregação, louvor,
comunhão, edificação e crescimento espirituais. Nossa ênfase não deve estar no
que não é central como formas, métodos ou estruturas sociais e culturais.
Como Martyn Lloyd-Jones pontuou:
À luz dos perigos terríveis que nos confrontam, o nosso maior dever é
examinar-nos, testar as nossas instituições e tudo mais, pelas Escrituras,
certificando-nos de que não estamos inconscientemente nos afastando das coisas
centrais e nos preocupando demais com coisas que, embora sendo boas em si
mesmas, nunca foram destinadas a ocupar a posição central[1].
NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque tais
congregações locais tornam-se amigáveis ao mundo, no lugar de serem diferentes
para fazerem a diferença e ganharem a credibilidade. Não vamos ganhar o mundo imitando-o.
Atualmente,
muito se tem dito sobre igrejas “amigáveis para os frequentadores”.
Especialistas em crescimento de igreja aconselham os líderes a tentar criar uma
atmosfera em que as pessoas “sem igreja” possam se sentir confortáveis e em
casa. Isso soa como uma abordagem totalmente errada para a igreja. As pessoas
“sem igreja” que participam da nossa comunhão devem sair de tal maneira que
digam para si mesmas: “Eu nunca vi coisa alguma deste tipo na Terra!”. Se
saírem pensando: “Ah! como me senti confortável; é como estar em casa; foi
divertido estar na reunião! Foi bacana está aqui!”, então alguma coisa está
seriamente errada. A igreja deve ser uma mostra do céu. Quando as pessoas
assistirem as reuniões nas congregações locais, elas devem, tal como descrito
por Paulo, se prostrarem “com a face
em terra”, adorando a Deus, e “testemunhando que Deus está de fato no meio de
vós” (1Co 14.25). Mas, lamentavelmente as pessoas têm sido divertidas e
entretidas com os shows das igrejas locais.
NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque tais
congregações locais dependem mais das habilidades dos apresentadores e
palestrantes do que do poder da pregação e da demonstração do Espírito Santo.
Como disse ironicamente certo neo-ortodoxo chamado William E. Horden: “Durante 1900 anos, nós confiamos no Espírito
Santo para nos dizer quem era chamado para o ministério. Agora que temos o
Formulário de Personalidade Multifásico Minnesota, não precisamos mais do
Espírito Santo”[2].
Pode-se dizer sobre nossa realidade brasileira: “agora que temos muitos palhaços,
atores gospel’s, novelas gospel’s, baladas gospel’s e outros atrativos, não
precisamos da pregação, das reuniões de oração, da comunhão da Ceia e da disciplina
eclesiástica”. Simplesmente lamentável!
NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque são Igrejas locais e ministérios sem Espírito. Concordo quando Gordon Fee escreveu que: “[...] a saúde
da igreja contemporânea demanda que sua teologia e sua experiência do Espírito
se corresponda de um modo muito mais estreito do que se tem feito durante
grande parte do passado”[3].
Precisamos de uma teologia e uma experiência bíblica do Espírito Santo na vida
dos cristãos e nos ministérios das igrejas locais. Como pregador e pastor tenho
me preocupado com isso. Vejo, pela metodologia adotada por muitos pares
ministeriais, que a dependência da Pessoa, da Obra, do fruto, do poder e dos
dons do Espírito Santo para a edificação, crescimento, maturidade e missão das
igrejas locais estão sendo, na melhor das hipóteses, negligenciadas e, na pior,
sendo descartadas ou até mesmo consideradas como inadequadas para edificação de
crentes tão sofisticados e descrentes tão globalizados. Tais líderes dizem,
devemos nos tornar amigáveis para ganhar e manter as pessoas em nossas
congregações. Alguns dizem que precisamos ser menos teológicos e mais
comerciais, psicológicos e políticos. Tudo é feito sem a dependência do poder
do Espírito Santo.
O grande
pregador e teólogo A. W. Tozer
escreveu que “a tragédia da igreja é a ausência dos dons espirituais”. Ele
continuou: “A igreja cristã não pode alcançar a sua verdadeira estatura na
realização dos propósitos de Deus quando os seus membros negligenciam os
verdadeiros dons e a verdadeira graça do Espírito de Deus”[4].
Neste livro, NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA, tenho como
objetivo falar sobre a revitalização da igreja segundo Cristo por meio de Sua
Palavra sob o poder do Espírito Santo para a glória de Deus Pai. Creio que
nossas congregações locais e suas lideranças podem e devem ser revitalizadas
segundo os princípios elencadas na Palavra de Deus, a Bíblia.
Creio que as
congregações locais que estão definhando podem ser revitalizadas ou avivadas
por meio de um ministério bíblico e poderoso pela graça e unção do Espírito
Santo na vida de líderes comprometidos com Deus e Sua Palavra.
Neste livro
descrevo o que é um ministério de revitalização, entendendo a possibilidade de
manter a tradição e rejeitar o tradicionalismo. Elenco as bases bíblicas para a
ação revitalizadora. Descrevo sintomas de uma congregação local doente e os
sinais de uma igreja local que precisa ser revitalizada. Ainda escrevo sobre o
ministério de revitalização no Antigo Testamento e no Novo Testamento,
destacando a programática paulina de revitalização e fortalecimento das
congregações locais. Listo alguns obstáculos à revitalização; elementos
essenciais na revitalização; qualidades de uma liderança eficaz na
revitalização e os elementos práticos na revitalização. Oro a Deus para que Ele
nos conceda graça para que como pastores, pregadores e cristãos sejamos Seus
instrumentos na revitalização das congregações locais.
IVAN TEIXIERA,
Minister Verbi Divini
Soli Deo Gloria!
[1]
LLOYD-JONES, D. M. Discernindo os Tempos,
p.304. São Paulo, SP, Brasil: PES, 1989.
[2]
ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática,
p.847. São Paulo, SP, Brasil: Vida Nova, 2015.
[3] FEE, Gordon D. Pablo, El Espíritu y El Pueblo de Dios, p.1. Miami, Florida, USA:
Editorial Vida, 2007. – (Biblioteca Teológica Vida).
[4] Apud TEIXEIRA, Ivan. Reavives o Dom de Deus que há em ti,
p.3. – APOSTILA.
Parabéns reverendo Ivan Teixeira
ResponderExcluirMeu amigo!
Excluirgrande abraço a estimada família e a todos os eleitos de Deus em Zurich, Suisse.
muito bom Pastor
ResponderExcluiraprendi muito.