segunda-feira, 8 de maio de 2017

POR QUE NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA!

POR QUE NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA


É fato que muitas igrejas locais e seus líderes pretendem tornarem-se bacanas, legais ou atraentes ao mundo para angariar tantos quantos podem vir. Entendo que seja louvável o desejo de trazer as pessoas para a igreja para perto de Deus, porém a metodologia mundana, a forma espúria e a desconstrução da mensagem do evangelho que se percebe nestas congregações locais são alarmantes.
Particularmente não desejo uma igreja bacana! Uma igreja bacana é uma congregação local que tem substituído a verdade pelo pragmatismo mundano. O que é certo pelo que dá certo. Essas congregações se utilizam de qualquer expediente ou método que sejam bacanas e legais para atrair tantas pessoas possíveis. Igrejas bacanas não buscam compreender a verdade de Deus para então expô-la com fidelidade ao povo para que sejam regenerados e santificados em Cristo.

NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque suas reuniões litúrgicas se afastam muito dos quadros descritivos das reuniões congregacionais da Igreja Primitiva. Elementos estanhos como danças, campanhas mirabolantes, apresentações coreográficas e afins dominam o cenário das reuniões. Os elementos bíblicos, vistos, por exemplo, em Atos 2.42-47 (cf. 2.1-6; 3.1; 4.31; 5.42), ou mesmo os elencados por Paulo em suas Cartas (cf. 1Co 14.12,19,26;31; Ef 5.18-21; Cl 3.16) estão ausentes e são peremptoriamente rejeitados.

NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque o Novo Testamento nos serve de fundamento e direção para nossas congregações locais, coisa que os líderes das congregações bacanas desprezam ou rejeitam. Por exemplo, devemos enfatizar as passagens das Escrituras que se focam nas coisas essenciais, fundamentais e centrais que devem prevalecer numa comunidade de cristãos, tal como visto no Novo Testamento: oração, pregação, louvor, comunhão, edificação e crescimento espirituais. Nossa ênfase não deve estar no que não é central como formas, métodos ou estruturas sociais e culturais.
Como Martyn Lloyd-Jones pontuou:
À luz dos perigos terríveis que nos confrontam, o nosso maior dever é examinar-nos, testar as nossas instituições e tudo mais, pelas Escrituras, certificando-nos de que não estamos inconscientemente nos afastando das coisas centrais e nos preocupando demais com coisas que, embora sendo boas em si mesmas, nunca foram destinadas a ocupar a posição central[1].

NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque tais congregações locais tornam-se amigáveis ao mundo, no lugar de serem diferentes para fazerem a diferença e ganharem a credibilidade. Não vamos ganhar o mundo imitando-o.
Atualmente, muito se tem dito sobre igrejas “amigáveis para os frequentadores”. Especialistas em crescimento de igreja aconselham os líderes a tentar criar uma atmosfera em que as pessoas “sem igreja” possam se sentir confortáveis e em casa. Isso soa como uma abordagem totalmente errada para a igreja. As pessoas “sem igreja” que participam da nossa comunhão devem sair de tal maneira que digam para si mesmas: “Eu nunca vi coisa alguma deste tipo na Terra!”. Se saírem pensando: “Ah! como me senti confortável; é como estar em casa; foi divertido estar na reunião! Foi bacana está aqui!”, então alguma coisa está seriamente errada. A igreja deve ser uma mostra do céu. Quando as pessoas assistirem as reuniões nas congregações locais, elas devem, tal como descrito por Paulo, se prostrarem “com a face em terra”, adorando a Deus, e “testemunhando que Deus está de fato no meio de vós” (1Co 14.25). Mas, lamentavelmente as pessoas têm sido divertidas e entretidas com os shows das igrejas locais.

NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque tais congregações locais dependem mais das habilidades dos apresentadores e palestrantes do que do poder da pregação e da demonstração do Espírito Santo. Como disse ironicamente certo neo-ortodoxo chamado William E. Horden: “Durante 1900 anos, nós confiamos no Espírito Santo para nos dizer quem era chamado para o ministério. Agora que temos o Formulário de Personalidade Multifásico Minnesota, não precisamos mais do Espírito Santo”[2]. Pode-se dizer sobre nossa realidade brasileira: “agora que temos muitos palhaços, atores gospel’s, novelas gospel’s, baladas gospel’s e outros atrativos, não precisamos da pregação, das reuniões de oração, da comunhão da Ceia e da disciplina eclesiástica”. Simplesmente lamentável!

NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA porque são Igrejas locais e ministérios sem Espírito. Concordo quando Gordon Fee escreveu que: “[...] a saúde da igreja contemporânea demanda que sua teologia e sua experiência do Espírito se corresponda de um modo muito mais estreito do que se tem feito durante grande parte do passado”[3].

Precisamos de uma teologia e uma experiência bíblica do Espírito Santo na vida dos cristãos e nos ministérios das igrejas locais. Como pregador e pastor tenho me preocupado com isso. Vejo, pela metodologia adotada por muitos pares ministeriais, que a dependência da Pessoa, da Obra, do fruto, do poder e dos dons do Espírito Santo para a edificação, crescimento, maturidade e missão das igrejas locais estão sendo, na melhor das hipóteses, negligenciadas e, na pior, sendo descartadas ou até mesmo consideradas como inadequadas para edificação de crentes tão sofisticados e descrentes tão globalizados. Tais líderes dizem, devemos nos tornar amigáveis para ganhar e manter as pessoas em nossas congregações. Alguns dizem que precisamos ser menos teológicos e mais comerciais, psicológicos e políticos. Tudo é feito sem a dependência do poder do Espírito Santo.
O grande pregador e teólogo A. W. Tozer escreveu que “a tragédia da igreja é a ausência dos dons espirituais”. Ele continuou: “A igreja cristã não pode alcançar a sua verdadeira estatura na realização dos propósitos de Deus quando os seus membros negligenciam os verdadeiros dons e a verdadeira graça do Espírito de Deus”[4].

Neste livro, NÃO QUERO UMA IGREJA BACANA, tenho como objetivo falar sobre a revitalização da igreja segundo Cristo por meio de Sua Palavra sob o poder do Espírito Santo para a glória de Deus Pai. Creio que nossas congregações locais e suas lideranças podem e devem ser revitalizadas segundo os princípios elencadas na Palavra de Deus, a Bíblia.
Creio que as congregações locais que estão definhando podem ser revitalizadas ou avivadas por meio de um ministério bíblico e poderoso pela graça e unção do Espírito Santo na vida de líderes comprometidos com Deus e Sua Palavra.
Neste livro descrevo o que é um ministério de revitalização, entendendo a possibilidade de manter a tradição e rejeitar o tradicionalismo. Elenco as bases bíblicas para a ação revitalizadora. Descrevo sintomas de uma congregação local doente e os sinais de uma igreja local que precisa ser revitalizada. Ainda escrevo sobre o ministério de revitalização no Antigo Testamento e no Novo Testamento, destacando a programática paulina de revitalização e fortalecimento das congregações locais. Listo alguns obstáculos à revitalização; elementos essenciais na revitalização; qualidades de uma liderança eficaz na revitalização e os elementos práticos na revitalização. Oro a Deus para que Ele nos conceda graça para que como pastores, pregadores e cristãos sejamos Seus instrumentos na revitalização das congregações locais.

IVAN TEIXIERA,
Minister Verbi Divini
Soli Deo Gloria!



[1] LLOYD-JONES, D. M. Discernindo os Tempos, p.304. São Paulo, SP, Brasil: PES, 1989.
[2] ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática, p.847. São Paulo, SP, Brasil: Vida Nova, 2015.
[3] FEE, Gordon D. Pablo, El Espíritu y El Pueblo de Dios, p.1. Miami, Florida, USA: Editorial Vida, 2007. – (Biblioteca Teológica Vida).
[4] Apud TEIXEIRA, Ivan. Reavives o Dom de Deus que há em ti, p.3. – APOSTILA.

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