A LOUCURA DO
EVANGELHO NÃO É A LOUCURA DOS “EVANGÉLICOS”
Loucos por
Jesus? Ou Loucos por causa de Cristo (1Co 4.10)?
“Nós somos LOUCOS POR CAUSA DE CRISTO, e vós, sábios
em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis” (1Co 4.10).
Paulo, nesse texto, descreve o que é
ser “louco por causa de Cristo”: “Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e
nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos,
trabalhando com as nossa próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos;
quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até
agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos” (1Co
4.11-13).
Paulo também escreveu que se tornara louco por amor a
Cristo: “Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, FAÇA-SE LOUCO para
ser sábio” (1Co 3.18). Aí “louco” significa não confiar na filosofia e na
sabedoria humana. Ou seja, “louco” significa aceitar “a sabedoria de Deus”, que
o mundo considera loucura[1].
“Os coríntios estavam enganando-se a si mesmos porque estavam seduzidos pela
sabedoria do mundo”[2].
Tal sabedoria sempre estará na moda, sempre será popular, sempre estará no topo
das buscas das pessoas por sucesso e reconhecimento. Então, Paulo nos exorta a
rejeitar “a sabedoria do mundo” por causa da “sabedoria de Deus”. Tal atitude
aos olhos do mundo é loucura, mas aos olhos de Deus é ser sábio. Por isso Paulo
exorta-nos: “faça-se louco para ser sábio”.
Então, biblicamente falando, ser “louco por causa de
Cristo” é rejeitar a sabedoria, o método e a agenda do mundo e abraçar a
mensagem da cruz que revela tanto o poder como a sabedoria de Deus.
Ser “louco por causa de Cristo” não é abraçar os
métodos e a sabedoria mundana; não é fazer palhaças e “cheirar” as páginas da
Bíblia como vemos atualmente por aqueles que se dizem “loucos por Jesus”.
NÃO DEVEMOS CONFUNDIR A LOUCURA DOS EVANGÉLICOS COM A
LOUCURA DO EVANGELHO.
Tentar agradar ao mundo é loucura aos olhos de Deus.
Tentar agradar a Deus é loucura aos olhos do mundo.
Ser “louco por causa de Cristo” não é inventar coisas,
trazendo-as para dentro de nossos templos. Não é usar da metodologia de
marketing para adaptar o evangelho ao gosto das pessoas. Não é também usar o
pragmatismo, ou seja, qualquer meio que dê certo, que atraia e que é popular
para encher nossos templos.
Ser “louco por Jesus”, ou, na linguagem bíblica que é
muito melhor, “fazer-se de louco” (1Co 3.18) e “loucos por causa de Cristo”
(1Co 4.10) é abraçar o método de Deus para salvação das pessoas. E qual é o
método de Deus? Paulo responde: a
pregação do Cristo crucificado (1Co 2.2). Tal posição para muitos que se dizem
evangélicos atualmente é perda de tempo, é não ter estratégia para ganhar e
atrair os jovens. No entanto, gostemos ou não, esse tem sido o método de Deus
para a salvação de todo aquele que crê (cf Rm 1.16; 10.17).
É por isso, que a pregação da cruz é loucura para os
que perecem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus (1Co 1.18).
Paulo afirma que já estamos “enriquecidos em Cristo” (1Co
1.5), por isso não precisamos abraçar o lixo deste mundo tenebroso. Ele diz que
“não nos falta nenhum dom” (1Co 1.7). Portanto, não precisamos imitar o mundo
para ganhar o mundo, mas confiando no poder e no exercício dos dons do Espírito
Santo devemos pregar o evangelho.
Conscientes ou não, o movimento “loucos por Jesus” ao
se utiliza da linguagem do mundo, da “sabedoria do mundo” e da metodologia do
mundo está anulando “a cruz de Cristo” (1Co 1.17). A “sabedoria do mundo” se
manifesta em pessoas que querem ser independentes, governar a própria vida e
administrar seus próprios negócios em vez de se submeterem ao senhorio de
Cristo. Em contraste, os que abraçam “a sabedoria de Deus”, revelada na cruz de
Cristo”, submetem-se a Deus e Sua Palavra, vivendo para Sua glória e não
fazendo idiotices.
Todas as vezes que a palavra “loucura” ou “louco”
aparece nos escritos paulino, referindo-se a vida e o ministério cristãos, não
se refere ao que vemos atualmente inserido no movimento “loucos por Jesus”. No
entanto, o que se ver em tal movimento é o que Paulo chama de “sabedoria do
mundo” que Deus a torna louca (cf. 1Co 1.18,20,21,23,25,27; 2.14; 3.18,19; 5.10).
Deus, de maneira sábia, estabeleceu que os homens não
poderiam vir a conhecê-Lo por meio da sabedoria humana. Isso exaltaria o ser
humano, de modo que Deus planejou salvar os pecadores impotentes por meio da
pregação de uma mensagem tão simples que os “sábios do mundo” a consideraram
loucura (cf. Rm 1.18-23)[3].
Os loucos que Deus escolheu, descritos por Paulo, são
todos aqueles que creem em Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas e,
não aqueles que fazem loucuras por/em nome de Jesus.
Os cristãos,
“loucos por causa de Cristo” (1Co 4.10) devem rejeitar a sabedoria mundana e
tornarem-se loucos aos olhos do mundo. Os coríntios precisam ver o contraste
entre o Cristianismo e o mundo e, em seguida, aceitar o rótulo louco. Eis um ou
dois exemplos de loucura cristã: os cristãos obedecem ao mandamento do Senhor
Jesus para amarem os seus inimigos (Mt 5.44; Lc 6.27). O mundo, contudo,
prescreve o slogan “Pague na mesma moeda”. O Senhor Jesus ensina Seus
seguidores a dar liberalmente a qualquer um em necessidade (Lc 6.30, 38). O
mundo, contudo, sugere a implementação das regras do individualismo: “O que é
meu é meu”. Para o mundo, as doutrinas do Senhor Jesus são loucura, mas Paulo
diz para seus leitores que se eles se tornarem loucos ao olhos do mundo, então
se tornarão sábios aos olhos de Deus. Isso que é ser “louco por Jesus”, ou,
“loucos por causa de Cristo” (1Co 4.10)! E não fazendo loucuras e coisas
imbecis em nome de Deus!
Concluo dizendo
que a “sabedoria” é o oposto de “loucura”, e, consequentemente, esperaríamos
que Paulo falasse do evangelho como “a sabedoria de Deus”. Em vez disso, como
em Romanos 1.16, ele caracteriza o
evangelho como PODER. O evangelho não é simplesmente um bom conselho aos
homens, dizendo-lhes o que devem fazer. Também é uma mensagem acerca do poder
de Deus. O evangelho É o poder de Deus[4].
IVAN TEIXEIRA
Minister Verbi Divini
[1]
RYRIE, Charles. A Bíblia Anotada.
São Paulo, SP, Brasil: Editora Mundo Cristão, 1991.
[2]
KISTEMAKER, Simon. Exposição da Primeira
Epístola aos Coríntios, p.173. São Paulo, SP, Brasil: Editora Cultura
Cristã, 2003.
[3]
MACARTHUR, John F. A Bíblia de Estudo
MacArthur, p.1528. Barueri, SP, Brasil: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
[4]
MORRIS, Leon. 1ª Coríntios: introdução e
comentário, p.34-35. São Paulo, SP, Brasil: Edições Vida Nova & Editora
Mundo Cristão: 3ª Edição: 1986. – (Série Cultura Bíblica).
Nenhum comentário:
Postar um comentário