quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Batismo com Espírito Santo e Fogo!

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E FOGO

Muitas obras de teologia sistemática não apresentam um capítulo específico a respeito do batismo no Espírito Santo. Na realidade, de modo geral, a Pessoa e a obra do Espírito Santo têm sido grandemente negligenciadas.
William Barclay escreve: "A história da Bíblia é a história de homens cheios do Espírito. Mesmo assim... nosso modo de pensar acerca do Espírito é mais vago e indefinido que nossas formulações teológicas acerca de qualquer outro elemento da fé cristã".
Carl F. H. Henry observa, com pesar: "Os teólogos do passado... não nos deixaram nenhuma delineação plena do ministério do Espírito Santo".
Felizmente a Igreja hodierna, em sua totalidade, está, finalmente, dando maior atenção ao Espírito Santo. Obras como as de Frederick D. Bruner e James D. G. Dunn indicam interesse crescente pelo assunto entre os não-pentecostais. Isto se deve, em grande medida, à persistência e ao crescimento do Movimento Pentecostal. Os líderes eclesiásticos agora citam o Pentecostalismo como "uma terceira força na Cristandade", lado a lado com o catolicismo e o protestantismo.
Essa "terceira força" passou a merecer a atenção dos teólogos, principalmente em razão de sua presença mundialmente visível. Ou seja: os estudiosos reconhecem o Pentecostalismo porque ele é "uma terceira força na sua doutrina", especificamente a que trata do batismo no Espírito Santo.
James D. G. Dunn observa que os católicos enfatizam o papel da Igreja e dos sacramentos, e subordinam o Espírito à Igreja. Os protestantes enfatizam o papel da pregação e da fé, e, subordinam o Espírito à Bíblia. Os pentecostais, no entanto, reagem a esses dois extremos - ao sacramentalismo que pode se tornar mecânico e à ortodoxia biblista que pode se tornar espiritualmente morta - e reclamam uma experiência vital com o próprio Deus no Espírito Santo.

Princípios hermenêuticos
Em sua famosa gramática de grego neotestamentário (Gramática Exegética do Grego Neo-testamentário, Ed. Cultura Cristã), o escritor William Chamberlain nos aponta cinco princípios que devem ser levados em conta na interpretação de um texto bíblico.
1.      Interpretar Lexicamente;
2.      Interpretar Sintaticamente;
3.      Interpretar Contextualmente;
4.      Interpretar Historicamente;
5.      Interpretar Analogicamente
Duas passagens bíblicas onde esses princípios de interpretação devem ser levados em conta é, sem dúvida alguma, Mateus 3.11 e Lucas 3.16. Nesses textos, João, o batista, diz que o Messias seria aquele que batizaria “com o Espírito Santo e com fogo”. O sentido atribuído por alguns a essas Escrituras, grosso modo, é que Jesus batiza os crentes com o Espírito Santo e os ímpios com o fogo da condenação. Há, portanto, segundo essa interpretação dois batismos: um com o Espírito Santo e outro com fogo.
Os pentecostais são acusados de fazer uma exegese superficial desses textos porque divergem desse entendimento. Mas uma exegese que leva em conta os princípios de interpretação enumerados acima não deixa dúvida que a expressão “batismo com o Espírito Santo e com fogo” se refere a uma única experiência e que está ligada ao evento de Pentecostes, conforme registra Atos 2.1-4.  Em outras palavras, a expressão “batismo no Espírito Santo e com fogo” é uma referência à chama pentecostal que veio sobre os discípulos no Cenáculo.
Não há dúvida que todo teólogo sério, despido de preconceito confessional, e que leva em conta os princípios hermenêuticos e exegéticos de interpretação sabe que o entendimento pentecostal desse texto conta com sólida fundamentação exegética. Impressiona a maneira dogmática de alguns teólogos na análise desse texto. Motivados por um zelo de natureza simplesmente confessional e, muito mais por um anti-pentecostalismo radical, não se dão conta quem nem mesmo estão observando as regras que são exigidas na interpretação de um texto bíblico. Parece que se valem da velha máxima ensinada por Arthur Schopenhauer para se ganhar um debate. Schopenhauer ensinou como se ganhar um debate, mesmo sem ter razão. De acordo com ele quando alguém está em desvantagem em um debate, isto é, não tem razão, a única forma de tentar vencê-lo é acusando ou ironizando o desafiante.  Parece-me que muitos estão recorrendo a esse método para tentar desqualificar a hermenêutica pentecostal - (Pr. José Gonçalves).
Pois bem, há muito a erudição conservadora tem mantido entendimento idêntico aquele que os pentecostais clássicos têm dos textos de Mateus 3.11 e Lucas 3.16. Divergem, sim, quanto à função, mas não quanto a forma.
D. A. Carson, cuja erudição é inquestionável e que é considerado como uma das maiores autoridades em manuscritos do Novo Testamento Grego, ao comentar essa passagem, diz:
Muitos veem isso como um duplo batismo, um no Espírito Santo para o justo e outro no fogo para o impenitente (cf. o trigo e a palha no v.12). O fogo (Ml 4.1) destrói e consome. Há bons motivos, contudo, para falar de “fogo”, junto com o Espírito Santo, como agente purificador. As pessoas a quem João se dirige estão sendo batizadas por ele; elas, provavelmente, arrependeram-se. Mais importante, a preposição en (“com”) não é repetida antes de fogo: uma preposição governa o “Espírito Santo” e o “fogo”, e isso normalmente sugere um conceito unificado, Espírito-fogo, ou algo semelhante (cf. M.J. Harris, DNTT, 3.1178; Dunn Baptism [Batismo], p. 10-13). No Antigo Testamento, fogo, com frequência, tem uma conotação purificadora, não destrutiva (e.g., Is 1.25; Zc 13.9; Ml 3.2,3). O batismo de água de João relaciona-se com arrependimento; mas aquele de quem ele prepara o caminho administrará o batismo de Espírito-fogo que purifica e refina a pessoa. Em uma época na qual muitos judeus sentiam que o Espírito Santo fora removido até a era messiânica, esse anúncio só podia ser saudado com animada antecipação. (CARSON, D.A. O Comentário de Mateus, Editora SHEDD, pp.35).


A interpretação de Carson, sem dúvida, demonstra a leitura mais natural desse texto. Carson não está sozinho. Charles Ellicott (1848-1905) em sua obra A Bible Commentary for English Reader tem entendimento igual.
Em seu clássico Clarke’s Commentary, Adam Clark (1760-1832), erudito inglês, escreveu:
Não custa demonstrar que aqui se faz referência às influências do Espírito de Deus. A religião de Cristo haveria de ser uma religião, e teria seu lugar no coração. Os preceitos exteriores, por mais que pudessem descrevê-la, não poderiam descrever a espiritualidade interior. Isto estava reservado ao Espírito de Deus e somente a Ele. Por conseguinte ele é representado pelo símbolo do fogo, porque Ele haveria de iluminar e revigorar a alma, penetrar todas as suas partes, e assimilar toda a imagem do Deus de glória (CLARE, Adam. Comentario de la Santa Bíblia Adam Clarke – Tomo III, Nuevo Testamento. Casa Nazarena de Publicaciones, USA).

Da mesma forma, Fritz Rienecker (1897-1965), erudito alemão, comentando Lucas 3.16, diz:
O fogo no v.16 designa, ademais, a atividade do Espírito também sob o aspecto de sua atuação negativa, uma vez que ele consome tudo o que atrapalha a formação do novo ser humano devotado a Deus e que precisa ser aniquilado. Por consequência, o fogo é uma imagem de juízo, mas do juízo misericordioso que purifica e limpa, como o fogo do ourives. O fogo no v.17, em contrapartida, é a imagem do juízo final que se furtarem ao fogo sagrado na santificação. Por isso ele também é expressamente diferenciado do fogo no v.16 por meio do adendo “inextinguível” i.é, eterno (Cf Mt 18.8:incessante. RIENECKER, Fritz. Comentário de Lucas – comentário esperança. Editora Esperança).

O Expositor bíblico James Bartley ao comentar Mateus 3.11, observa:
A pergunta é se fogo representa a ação purificadora de Deus na vida dos que são batizados no Espírito Santo, ou seja, os crentes ou se é uma referência aos incrédulos e rebeldes que serão castigados com fogo? Posto que o texto diz os batizará no Espírito Santo e fogo (v.11), parece que ambas figuras se referem aos mesmos objetos, ou seja aos crentes (BARTLEY, James. Mateus - Comentário Mundo Hispano. Editorial Mundo Hispano, USA).

Francisco Lacueva, erudito e autor do clássico Nuevo Testamento Interlinear Griego – Español, destaca que:
Quem é batizado com o Espírito Santo, é batizado com fogo. O fogo é iluminador? Assim é o Espírito Santo, um Espírito de iluminação. O fogo acalenta? E não ardia seus corações dentro deles? O fogo consome? E não consome o Espírito de Juízo a escória de nossas corrupções? Não tem o fogo a tendência de subir e faze com que as coisas que alcança se assemelhe a ele? Assim o Espírito faz a alma semelhante a ele e sua tendência é subir até o céu.

Outro comentário que é de grande valia é o de São João Crisóstomo:
Não se diz que Jesus “dará o Espírito Santo”, mas “os batizará com Espírito Santo”.
No dice, pues, "os dará el Espíritu Santo", sino "os bautizará en el Espíritu Santo". La misma argumentación metafórica de que se vale hace resaltar la abundancia de la efusión de la gracia. En el fuego demuestra la vehemencia de la gracia, que no puede contrariarse, y para que se conozca que a semejanza de los antiguos y grandes profetas, puede transformar a los suyos. Por ello, pues, hace mención del fuego, porque muchas de las visiones de los profetas se verificaron por medio del fuego (Comentário sobre o Evangelho de São Mateus, p.16 – PDF).

Como bem colocou o grande comentarista William Hendriksen “Ora, é verdade que toda vez que uma pessoa é retirada das trevas e posta na maravilhosa luz de Deus, ela está sendo batizada com o Espírito Santo e com fogo” (Comentário do Novo Testamento, vol.1, p.294. São Paulo, SP, Brasil: Cultura Cristã, 2000).

No período da Reforma, tanto Erasmo de Roterdã, católico, como João Calvino, protestante, entendiam essa Escritura como se referindo ao fato único. Respondendo à pergunta: Como Entender Mateus 3.11?, Calvino, responde: “Que terá querido João dizer então, quando afirmou que ele batizava com água, mas que depois viria aquele que batizaria com o Espírito Santo e com fogo? Isso pode ser explicado rapidamente. João não quis distinguir entre um Batismo e o outro, mas o que fez foi uma comparação da sua pessoa com a de Jesus Cristo. E então se declarou ministro da água, e Cristo o doador do Espírito Santo, e que ele manifestaria esse poder por meio de um milagre visível no dia em que haveria de enviar o Espírito Santo aos seus apóstolos mediante línguas de fogo” (CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã, vol 3, pp.164. Editora Cultura Cristã). 
Fica cada vez mais claro que essa é a interpretação mais apropriada desses textos. Se esse é o entendimento natural dessas Escrituras, de onde vem a interpretação do duplo batismo? Há um consenso entre os eruditos que essa interpretação é conhecida a partir de Orígenes.
O expositor bíblico Johan Friedrich Von Meyer (1800-1873) defende a tese do duplo batismo e credita a Orígenes a paternidade desse entendimento. Mas o próprio Meyer reconhece que eruditos da envergadura de Erasmus de Roterdã, Beza e Calvino tem entendimento contrário. Deve ser destacado que o próprio fato em se associar a figura de Orígenes (185- 254 d.C) à interpretação de Mateus 3.11 e Lucas 3.16 deveria levar aqueles que defendem a tese do duplo batismo a serem mais cautelosos em seus dogmatismos. Orígenes, que foi um dos primeiros pais da igreja, sofreu influência do platonismo, pois foi discípulo de Ammonius Saccus, o fundador do neoplatonismo e do alegorismo de Filo de Alexandria. A sua forma de interpretar a Bíblia é duramente criticada por abusar do subjetivismo e alegorismo.
O escritor Paulo Anglada ao se referir ao método usado por Orígenes, diz: “esse método pode fornecer interpretações muito interessantes, mas tira o verdadeiro sentido que o texto tencionou transmitir, desviando a atenção do leitor do seu verdadeiro significado” (ANGLADA, Paulo. Introdução à Hermenêutica Reformada).
Em seu clássico Greek Testament Commentary (Comentário do Novo Testamento Grego), o erudito e crítico textual Henry Alford (1810–1871), quando comenta Mateus 3.11, chama a atenção para esse fato. Ao analisar o texto de Mateus 3.11, diz: “Isto foi literalmente cumprido no dia de Pentecostes, mas Orígenes e outros se referem as palavras para o batismo dos justos pelo Espírito Santo, e dos ímpios pelo fogo. Eu não tenho nenhuma dúvida de que isto (o que eu estou surpreso de ver confirmada pelo Neander, De Wette, e Meyer) é um erro no presente caso, embora aparentemente (para o leitor superficial) corroborada pelo v.12 (...) Para separar  pneuma hagio (Espírito Santo) como pertencente a um conjunto de pessoas, e puri (fogo) como pertencente a outro, quando ambos estão unidos em (hymas, vos), está no último grau de dificuldade, além de introduzir confusão no todo. Os elementos de comparação neste versículo são estritamente paralelos um do outro: o batismo por água, o fim do qual é metanoia (arrependimento), um estado de transição simples, uma nota de preparação, - e o batismo através Espírito Santo e fogo, o fim do qual é (v.12) santificação”.
 Os eruditos Robert Jamieson, A.R. Fausset e David Brown no clássico Comentario Exegetico y Explicativo de La Biblia, ao comentarem Mateus 3.11, destacam:
Ver esse batismo como sendo algo distinto ao do Espírito, ou seja um batismo dos não arrependidos com o fogo do inferno, é algo fora do normal. Sem dúvida esta era a ideia de Orígenes entre os “pais” e de Neander, Meyer, De Wette e Lange entre os modernos. Não ajuda muito pensar que esse fogo no último dia, quando a terra e as obras que há nela serão queimadas. Em nosso conceito, se trata do caráter flamejante da obra do Espírito na alma que esquadrinha, consome, refina e sublima. É assim como os bons intérpretes entendem essas palavras (vol. II, pp.19).

A hermenêutica pentecostal destaca que esse é o entendimento que se deve manter acerca dos eventos do Jordão, ocorridos por ocasião do batismo realizado por João Batista. E faz dessa forma porque entende que as palavras do batista, quando se referiu ao “batismo de fogo” estão intimamente ligadas as “línguas de fogo” do Cenáculo (At 2.1-4).
Ao comentar a passagem: “E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles” (At 2.2), o teólogo Simon Kistemaker, diz:
Este é o cumprimento da descrição de João Batista acerca do poder de Jesus: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11; Lc 3.16). No Antigo Testamento, o fogo é frequentemente usado como símbolo da presença de Deus em relação à santidade, ao juízo e à graça (KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Atos, volume 1. Editora Cultura Cristã).

Semelhantemente o expositor Samuel Pérez Millos em sua série de comentários exegéticos, feitos a partir do texto grego, destaca o caráter purificador que o batismo no Espírito Santo teria sobre os cristãos (MILLOS, Samuel Perez. Comentario Exegético Al Texto Griego Del Nuevo Testamento: MATEO. Editorial CLIE). Em seu exaustivo comentário de Atos, com 1963 páginas, Millos destaca esse vínculo entre o Jordão e o cenáculo. “Este bendito batismo será também com fogo. O próprio acontecimento do Pentecostes com a descida do Espírito Santo sobre a igreja, harmoniza plenamente com as línguas como de fogo, repartidas sobre cada um dos presentes (...).
O simbolismo do fogo está ligado a representação de Deus. O fogo é sinal da presença de Deus, como quando apareceu a Moisés como chama de fogo (Ex 3.2). Nesse mesmo sentido o fogo foi sinal de aprovação divina, como na construção do Tabernáculo (Lv 9.24); no sacrifício de Elias no monte Carmelo (1Rs 18.38). Sinal da proteção divina, como ocorreu com a condução de Israel (Ex 13.21) (MILLOS, Samuel Perez. Hechos – Comentario Exegético Ao Texto Griego Del Nuevo Testamento, pp. 139. Editorial CLIE).
O teólogo anglicano John Stott, cuja hermenêutica é claramente anti-pentecostal, reconhece que o vínculo existente entre Mateus 3.11 e Atos 2.3. Comentando esta última referência bíblica, diz:
Se permitirmos que outras partes das Escrituras nos guiem na interpretação, parece que esse três sinais (vento, fogo e fala) representavam pelo menos o início da nova era do Espírito (João Batista havia associado o vento ao fogo) e nova obra que ele viera realizar. Se for esse o caso, o som como de um vento pode simbolizar o poder (que Jesus havia prometido, para que testemunhassem, Lc 24.49; At 1.8), a visão do fogo, a pureza (como a brasa viva que purificou Isaias, 6.6-7) e o falar em outras línguas, a universalidade da igreja cristã” (STOTT, John. A Mensagem de Atos. ABU Editora. Grifos meus).

De forma análoga, o expositor William Hendriksen associa Atos 2.3 a Lucas 3.16, quando comenta esta última: “A menção ao fogo (“Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”) harmoniza essa aplicação com o Pentecostes, “quando lhes apareceram divididas línguas de fogo, repousando sobre cada um deles (At 2.3). A chama ilumina, o fogo purifica. O Espírito faz ambas as coisas”. (HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento, Lucas, vol. 1. Editora Cultura Cristã).
Esse vínculo também é visto pelo comentarista Werner de Boor. Em sua obra intitulada Atos dos Apóstolos, ao comentar a expressão: “E apareceram-lhes línguas separando-se, como de fogo”, diz: “João Batista já havia falado do batismo “com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11). Desde sempre o “fogo” foi, como “luz” e a “tempestade”, um sinal da essência e da atuação divinas” (BOOR, Wener. Atos dos Apóstolos. Editora Esperança).
Os cristãos, identificados na tradição protestante como históricos, acreditam que o batismo no Espírito Santo está relacionado à habitação do Espírito enquanto nós pentecostais acreditamos que essa relação é de capacitação. No primeiro aspecto, a experiência do batismo no Espírito se confunde com a conversão enquanto no segundo ela é distinta e separada da mesma. O ponto aqui é que o batismo no Espírito Santo e com fogo profetizado por João, o batista, é visto pela ampla maioria dos eruditos conservadores como se tratando de uma única experiência e está associada à vida cristã.

Alguns escritores interpretam de outra maneira
O escritor Charles Erdman em seu Comentario al Evangelio de Mateo entende que o Rei Jesus batizará o pecador arrependido com Espírito Santo para dá uma intimidade espiritual com uma Pessoa Divina. E descreve o “fogo” como o juízo vindouro (El Evangelio de Mateo: Uma Exposiición, p.21 – PDF).

Charles Ryrie entende o “batismo com Espírito Santo” como o identificar os membros do corpo de Cristo com o próprio Cristo, a Cabeça ressurreta do Corpo (1Co 12.13). E entende o “fogo” como uma provável referência aos julgamentos associados à Segunda Vinda de Cristo (v.12; Ml 3.1-5; 4.1-3). – (A Bíblia Anotada, p.1186. São Paulo, SP, Brasil: Mundo Cristão, 1994).

John MacArthur afirma que todos os crentes em Cristo são batizados com o Espírito (1Co 12.13). E identifica o “fogo” como uma referência a um “batismo de castigo” sobre os que não se arrependem (Bíblia de Estudo MacArthur, p.1212. Barueri, SP, Brasil: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010).

Darrel L. Bock entende que “a ideia de ser batizado com o Espírito e com fogo representa uma presença e uma purificação que dividi (cf. Is 4.4-5)”, então “o batismo do Espírito reunirá algumas pessoas, enquanto que outras serão levadas pela força do vento (cf. Lc 12.49-53; 17.29-30)” – (Comentarios Bíblicos con Aplicación: LUCAS, p.102. Miami, Florida, USA: Editorial Vida, 2011).

Juan Mateos traça o seguinte comentário: “O batismo do Messias efetuará um juízo: para os que se arrependeram, será de purificação e efusão do Espírito (força de vida e fecundidade), efeito do favor de Deus; para os que não mudam de conduta, será a destruição expressada antes, manifestação da ira divina (3.10)”. – (MATEOS, Juan & CAMACHO, Fernando. El Evangelio de Mateo: Lectura comentada, p.37. Huesca, 30-32, Madrid, España: Ediciones Cristiandad, 1981 – PDF).

Antonio Rodríguez Carmona descreve o “batismo com Espírito Santo e com fogo” como dois batismos. O primeiro, batismo com Espírito Santo, é o mesmo que se ordena no mandato final (28.19), e, o segundo, batismo de fogo, faz referência ao fogo purificar do juízo (cf. Is 1.25; Zc 13.9). Jesus é mais forte que João, o Filho do Homem que agora perdoa e depois julgará – (Comentarios a la Nueva Biblia de Jerusalén: Evangelio de Mateo, p.51. Sevilla, España: Editorial Desclée De Brouwer, S.A., 2006 – PDF).

R. V. G. Tasker sugere que “o batismo do Messias podia dotar aqueles que se submetessem à Sua influência com o poder santificador”. Mas, também separaria os verdadeiros (trigo) dos falsos (palha). – (O Evangelho Segundo Mateus: introdução e comentário, p.38. São Paulo, SP, Brasil: Vida Nova, 1980 – PDF).

O Espírito Santo e o fogo não são duas coisas distintas nesta passagem ou dois batismos. Mas o fogo é uma figura do Espírito Santo que fala de Seu poder de penetrar e purificar os corações endurecidos assim como o fogo penetra e purifica os metais mais duros. Então, o mesmo fogo que purifica (v.11), também queimará a “palha” (v.12). – (BONNET, Luis & SCHROEDER, Alfredo. Comentario del Nuevo Testamento, vol. I, Los Evangelios Sinópticos, p.79. Casa Bautista de Publicaciones – PDF).

Em seu exaustivo comentário (págs. 2143) Samuel Perez Millos entende que “Espírito Santo” e “fogo” referem-se a um único batismo e, aponta o derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes como evidência, pois línguas como de fogo, pousou uma sobre cada um deles (At 2.3). E ainda acrescenta que o fogo é um dos símbolos do Espírito Santo: “a força do fogo animou com o calor divino as vontades dos cristãos (At 4.13, 19, 20, 33). O fogo do Espírito permite o fervor cristão (Rm 12.11), desenvolvendo também um cálido afeto desconhecido anteriormente (At 2.44-47; 3.6; 4.32)”. (Comentario Exegético Al Texto Griego del Nuevo Testamento, p.195. Viladecavalls, Barcelona, España: Editorial CLIE, 2009 – PDF).

Chego a conclusão, não apenas pelas exposições acima, mas também por uma leitura do próprio texto, que reza não dois batismos, apenas um.


Texto do pastor José Gonçalves com modificações e acréscimos
Ivan Teixeira

Sola Scriptura e Tota Scriptura

3 comentários:

  1. Fritz em seu comentário encaixa melhor no meu entendimento e posso até pensar no fogo purificador no paralelo com o ourives que acomete a todos:nos salvos o fogo atua como purificador e dando poder para vencer o pecado agora nós não salvos atua como juízo mesmo isso fica bem redolvido em minha mente que JESUS recolhe o trigo para o celeiro (céu) e a palha para fornalha (inferno ).

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  2. Quando o contexto é analisado fica evidente que se trata do fogo do juízo. O próprio contexto fala. Tenho um artigo que defende o figo como juízo

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