quarta-feira, 31 de maio de 2017

PULAR FORA DO MINISTÉRIO!


GRAÇA SOBERANA!

O Poder Arrebatador da Graça de Deus!

Creio que a graça de Deus é uma graça soberana! Se Deus é soberano no exercício de Sua graça, posso afirmar que esta graça também é todo-poderosa. Se ela é todo-poderosa ela é consequentemente irresistível!
Os Reformadores falam que a graça salvadora (fazendo distinção da graça comum) é soberana, todo-poderosa e, por conseguinte irresistível. A irresistibilidade da graça de Deus é um corolário lógico de Sua soberania e poder.
O rei Nabucodonosor reconheceu: “Todos os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e segundo a Sua vontade Ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a Mão, nem Lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35).
De forma que não compreendemos, Deus soberanamente exerce a Sua todo-poderosa graça na vida de quem Ele quer para salvá-los, libertá-los, regenerá-los e renová-los para Sua glória. Tal graça é irresistível tanto quanto é soberana e todo-poderosa.
Quero citar dois textos que ilustram a soberania, o poder e a irresistibilidade da graça de Deus na vida das pessoas. Destaco as palavras que ilustram a ação da graça de Deus na vida destas pessoas.

I. Apertaram os anjos com Ló e Pegaram-no pela mão, e o tiraram e o puseram fora da cidade; havendo-os levado fora, disse [...] (Gn 19.15-17).
Lemos em Gênesis 19.16, um claro exemplo do poder da graça de Deus em salvar um homem e sua família do juízo Divino. Nesse texto posso afirmar claramente: A graça de Deus nos livra da Ira de Deus! O texto diz:
Como, porém, se demorasse, pegaram-no os homens pela mão, a ele, a sua mulher e as duas filhas, sendo-lhe o SENHOR misericordiosos, e o tiraram e o puseram fora da cidade.

Notem a cena: Ló ouviu claramente que Yahweh derramaria Sua ira sobre a cidade e a destruiria, no entanto ele demora-se, deixando passar o tempo. Ele não agiu com pressa como a situação exigia. Esse, infelizmente tem sido o retrato de muitos dentre nós, senão de todos nós, pois temos a convicção ou ouvido sobre a desgraça que nos avizinha, e também da nossa condição pecaminosa, e da necessidade de mudança e da salvação e santificação de Deus para nossas vidas, mas ainda assim retardamos a ação necessária, e tolamente nos demoramos.
O texto mostra que “demorou”. Quantos de nós gostamos de demorar em nossos pecados, falhas, erros e idiotices? Deus nos fala para sair daquele lugar ou situação, mas, como , nós tolamente demoramos.
Se não fosse a intervenção soberana, todo-poderosa e irresistível da graça de Deus, o texto diz: “sendo-lhe o SENHOR misericordioso”, , como nós também, teria perecido sob a ira de Deus na condenação das ímpias cidades.
se recusava partir, isso poderia tê-lo feito perecer, mas os anjos o apertaram e o pegaram pela mão, e ainda o tirara e o puseram fora da cidade (vv.15,16).
Esses e outros textos nos revela a misericórdia de Deus em salvar e livrar os Seus:
v.22: Apressa-te, refugia-te nela; pois nada posso fazer, enquanto não tiveres chegado lá. Por isso se chamou Zoar o nome da cidade.

v.29: Ao tempo que destruía as cidades da campina, lembrou-se Deus de Abraão, e tirou Ló do meio das ruínas, quando subverteu as cidades em que Ló habitara.

Segunda Pedro 2.7-9: e, reduzindo a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra, ordenou-as à ruína completa, tendo-as posto como exemplo a quantos venham a viver impiamente; e livrou o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles), é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos, e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo.

Primeira Coríntios 3.15: se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo[1].

Claramente os textos acima enfatizam a obra de graça de Deus na vida de e de sua família. O escritor puritano Matthew Henry elenca três grandes lições sobre o exercício da misericórdia Divina:
(1) A salvação dos homens mais justos deve ser atribuída à misericórdia de Deus, e não ao seu próprio mérito. Nós somos salvos pela graça.
(2) O poder de Deus também deve ser reconhecido no resgate das almas de uma condição de pecado. Se Deus não nos tivesse tirado, nós nunca teríamos saído.
(3) Se Deus não tivesse sido misericordioso conosco, a nossa demora teria sido a nossa ruína[2].

Temos mais duas lições:
(4) Charles Ryrie afirma que “a misericórdia de Deus superou a procrastinação de Ló”[3]. Louvado seja Deus que sempre triunfa sobre nossos erros, pecados e tolices!

(5) Acrescentamos que como Ló, nós devemos reconhecer que Deus engrandece Sua graça em nossa salvação, santificação e glorificação: “Eis que o Teu servo achou mercê diante de Ti, e engrandeceste a Tua misericórdia que me mostraste, salvando-me a vida; [...]” (Gn 19.19).
Deus não nos salva para nos engrandecer, mas para o engrandecimento de Sua graça soberana, todo-poderosa e irresistível. Paulo escreveu sobre isso em Efésios 1.4-8:
Assim nos escolheu n’Ele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para louvor da glória de Sua graça, que Ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo Seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da Sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência.

Deus há de glorificar Sua graça soberana!

A doutrina equilibrada: Para que tenhamos o quadro completo, devemos entender que a graça operou o que operou, mas e sua família tiveram que sair e se refugiar em Zoar. Veja que a graça de Deus, por meio da orientação angelical, orientou a fazer o melhor que pudesse para escapar por sua vida (v.17). Somos salvos unicamente pela graça (Ef 2.8), mas o Deus de toda a graça (1Pe 5.10) preparou boas obras para andarmos nelas (Ef 2.10). Como salvos não devemos mais olhar para traz (v.17), mas prosseguir na caminha para nossa “pátria que está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da Sua glória, segundo a eficácia do poder que Ele tem de até subordinar a Si todas as coisas” (Fp 3.20-21).
Matthew Henry nos lembra de grandes verdades:
Portanto ele deveria cuidar da sua vida com máxima preocupação e diligência. Ele não deveria ansiar por Sodoma: “Não olhes para trás de ti”. Ele não deveria perder tempo no caminho: “Não pares em toda esta campina”. Pois toda ela será transformada em um mar morto. Ele não deveria parar antes do lugar de refúgio que lhe havia sido indicado: “Escapa lá para o monte”. Como estes, são os mandamentos dados àqueles que, pela graça, são libertos de uma condição de pecado. [1] Não retorne ao pecado e a Satanás, pois isto é como olhar para trás, para Sodoma. [2] Não descanse em si mesmo e no mundo, pois isto é como parar na campina. E: [3] Procure alcançar a Cristo e o céu, pois isto é escapar para o monte, antes do qual não devemos descansar[4].

Outro texto que ilustra o poder da graça soberana é:
II. O Senhor abriu o coração de Lídia (At 16.14-14).
Quantos dentre nós já não ouvimos a clássica descrição do Senhor Jesus como um educado cavalheiro que bate suavemente à porta dos corações para salvá-los? Isso baseado no texto de Apocalipse 3.20, que não fala da salvação, mas da comunhão almejada numa igreja local.
No entanto, o retrato que temos em Atos 16 é da graça soberana, todo-poderosa e irresistível “abrindo a porta” do coração de uma pecadora. Podemos observar algumas verdades no texto em foco:
(1) O autor da obra: O Senhor Jesus Cristo! Ele é o Salvador que salva! Ele é o Valente que vence Satanás, “tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despojos” (Lc 11.22). Ele é o Originador e o Consumador da fé (Hb 12.2). É Ele que opera em nós tanto o querer como o efetuar (Fp 2.13). Ele é o Salvador e não nós! Não somos auto-salváveis, mas salvos pelo poderoso Salvador!
Não que não tenhamos nada a fazer, mas isso significa que, de nós mesmos e sem a graça de Deus, não podemos fazer absolutamente nada (cf. Jo 15.3).
E também não que Deus seja minimamente responsável pela perdição dos que perecem, mas significa que a redenção dos que se salvam deve ser atribuída inteiramente a Ele. Como se diz: “Ninguém vai ao inferno porque não quer; e ninguém vai para o céu porque não quis”.
São dignas de notas as palavras do comentarias Simon Kistemaker:
Lucas atribui ao Senhor, e não a Paulo, o ato de salvar Lídia. Portanto, a salvação não é obra do homem, mas do Senhor. Não é a palavra em si, mas o próprio Senhor (Lc 24.45) quem abre o coração humano. O resultado é que Lídia responde à mensagem de Paulo e aceita o Senhor como o seu Salvador[5].

(2) O lugar da obra: É no coração que ocorre a mudança, que se dá a benção da transformação. A obra foi feita no coração de Lídia. A obra da conversão é a obra do coração. Trata-se da renovação do coração, do homem interior, do espírito do vosso sentido (Rm 12.2; Ef 3.16; 4.23).
Deus disse por meio do profeta Jeremias 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?”.
Os escritos de Jeremias nos revelam que só Yahweh pode transforma o coração:
Ele esquadrinha: Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, Eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações (17.17).

Ele inscreve Suas leis no coração: Porque esta é aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei: Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo. (31.33).

Ele dá um só coração que o tema: Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que Me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o Meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de Mim (32.39-40).

Ele que dá um novo coração e tira o coração de pedra: Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro em vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne (Ez 36.26).

(3) A natureza da obra: O coração de Lídia foi tocado e aberto. A alma inconversa está fechada e rigorosamente fechada contra Cristo, como estava a cidade de Jericó contra Josué (Js 6.1 ARA).
Todos os ferrolhos, cadeados e portas são quebrados, rompidos e abertos pelo poder de Deus por meio de Sua graça soberana, todo-poderosa e irresistível.

(4) O fruto da obra: Ela não só estava presente à pregação de Paulo, mas atendia às coisas que ele dizia. Ou, conforme leem certos estudiosos as palavras gregas, “ela aplicava para si” o que Paulo dizia. A Palavra só nos faz bem e nos comove profundamente quando a aplicamos em nós mesmos. Essa era a evidência de que o seu coração fora aberto e, ao mesmo tempo, evidenciava a consequência dessa abertura. Sempre que o coração for aberto pela graça de Deus, haverá a evidência da presença diligente e atenção à palavra de Deus, tanto para o bem de Cristo, que é a palavra, quanto para o nosso próprio bem, que estamos tão intimamente interessados nela. Lídia se entregou a Jesus Cristo e se submeteu ao rito da religião santa: Ela foi batizada (v.15) e, por meio dessa cerimônia solene, aceita como membro da igreja local de Cristo Jesus.

Deus é quem ilumina nossa mente: “Porque Deus que disse: De trevas resplandecerá luz – Ele mesmo resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2Co 5.6).
Se o Deus criador não iluminar a mente e o coração em trevas, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo, nunca haverá salvação. Oh Bendita graça!

Conclusão: Deus disse no Livro de Jeremias que Ele mesmo tiraria o coração de pedra e nos daria um coração de carne.
Ele mesmo disse na Parábola: “forçai-os entrar”.

Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini
Soli Deo Gloria!



[1] Poderíamos dizer que todos aqueles que realizam obras aprovadas são salvos pelo sangue de Cristo; no entanto aqueles que fazem obras reprováveis serão salvos pelo sangue de Cristo sob o juízo da purificação Divina.
[2] Comentário Bíblico Antigo Testamento: Gênesis a Deuteronômio, vol. I, Obra Completa, p.108-109. Rio de Janeiro, RJ, Brasil: CPAD, 2010.
[3] A Bíblia Anotada, p. 31. São Paulo, SP, Brasil: Editora Mundo Cristão, 1994.
[4] HENRY, p.109, 2010.
[5] Comentário do Novo Testamento: Exposição de Atos dos Apóstolos, vol.2, p.129. São Paulo, SP, Brasil: Editora Cultura Cristã, 2003. – (versão digitalizada).

segunda-feira, 29 de maio de 2017

APRENDENDO AS PRIORIDADES DA ORAÇÃO

Oração Modelo
Na oração do “Pai nosso” temos um esboço de prioridades que devem fazer parte de nossa vida de oração. Notem que o Senhor Jesus não nos disse: “Orareis esta oração”, ou: “Orareis segundo estas palavras”, mas Ele disse: “Portanto, vós orareis assim...” (Mt 6.9). A palavra “...assim...” é a tradução do vocábulo grego ou3twj, houtõs, e deveria ser entendido como “desta maneira”. O Senhor Jesus estava dizendo: “Deixem-se guiar por estes princípios gerais quando forem orar[1]. Em outras palavras, a assim chamada “Oração Dominical”, é realmente a oração modelo, o que significa que ela deve servir como parâmetro para as nossas devoções.
Qual é este esboço de prioridades que devem fazer parte de nossa vida de oração? Para não sermos longos, pois não é nosso propósito aqui, daremos uma pincelada nestas prioridades esboçadas pelo nosso amado Senhor.

Há Seis Petições na Seguinte Forma:
Petições com referência a Deus:
Seu Nome
Primeira petição v.9b
...santificado seja o Teu Nome;
Seu Reino
Segunda petição v.10ª
venha o Teu Reino...
Sua Vontade
Terceira petição v.10b
...faça-se a Tua Vontade, assim na terra como no céu;
Petições com referência a nós:
Nosso pão
Quarta petição v.11
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
Nossas dívidas
Quinta petição v.12
e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
Nosso adversário
Sexta petição v.13
e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal...

Essa oração modelo é tão abrangente, pois dela depreendemos a glória de Deus como também as necessidades humanas. E o maravilhoso é que não só as necessidades atuais (quarta petição), mas também à nossa necessidade com referência ao passado (quinta petição), e ainda à nossa necessidade futura (sexta petição)[2] são também abrangidas.

Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini



[1] BRANDT, Robert L. & BICKET, Zenas J em O Espírito nos Ajuda a Orar: Uma Teologia Bíblica da Oração 1ª Edição: 1996 – CPAD.
[2] Cf. HENDRIKSEN, William, Comentário do Novo Testamento: Mateus Volume 1 – Editora Cultura Cristã.

VENCENDO O DESÂNIMO!

Não Desanime!

Quando as pessoas se distraem das verdades da Palavra de Deus, o desânimo necessariamente chega e perde-se a perspectiva certa das coisas e a esperança embaça.
O desânimo pode dizer que somos inúteis e que estamos sem esperança, por isso ficamos irritados com as pessoas como Marta esteve com Maria (cf. Lucas 10.40).
A distração e o desânimo tendem a fazer com que tiremos os olhos de Jesus e de Sua Palavra para mirar nas outras pessoas.
Pessoas distraídas da Palavra de Deus tendem a sucumbir em meio às crises e problemas. Elas ficam desanimadas. Marta foi um exemplo e Elias outro.
No caso de Elias o profeta tinha experimentado a grandiosa demonstração do poder de Deus (1Rs 18), porém quando a rainha Jezabel o ameaçou de morte (1Rs 19) ele tirou os olhos e os ouvidos de Deus e de Sua Palavra e começou a desanimar em meio a ameaça.
A distração o fez perder a perspectiva correta de Deus e de Sua Palavra.
O desânimo o fez desistir, correr, abandonar seu companheiro e se esconder.
Tal como Marta, Elias deixou-se desanimar e mergulhou no poço lamacento da auto-piedade. A autopiedade tem imobilizado milhares de pessoas. As pessoas se acostumam com a canga da derrota e do pessimismo. Não tem animo pra nada.
Marta disse para Jesus: “Senhor, não te importas de que minha irmã tivesse deixado que eu ficasse a servir sozinha?” (Lc 10.40). Em outras palavras, “Jesus, o Senhor não tem dó de mim não é? Estou fazendo tudo sozinha!”.
Elias disse “Tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a Tua aliança, derribaram os Teus altares, e mataram os Teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida” (1Rs 19.10). Em outras palavras, “Será que o SENHOR não está vendo que apenas eu sou crente? Os demais se desviaram!”.
A distração leva ao desânimo, o desânimo nos leva a autopiedade.
Muitos dizem: “Ninguém me ver!”;
“Ninguém me visita!”.
“Ninguém me valoriza!”.
“Ninguém se importa comigo!”.
“Acho que sou o único crente!”.
Marta dizia: ninguém se importa comigo! Acho que nem Deus se importa comigo!
Elias dizia: as pessoas não sabem que sou o único que fiquei! Será que Deus não sabe que eu fiquei só!
Notem que a distração leva ao desânimo, o desânimo a autopiedade e a autopiedade ao egocentrismo – ao egoísmo!

Uma pessoa autopiedosa pretende salvar sua própria pele. Lemos em 1Reis 19.3: “Temendo, pois, Elias, levantou-se e, para salvar sua vida, se foi e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço”.

CINCO ORIENTAÇÕES PARA VOCÊ LUTAR CONTRA O DESÂNIMO
1. Descanse: Algumas vezes nosso desânimo é resultado das atividades intensas do corpo ou da mente. Então, pare para descansar! O desânimo é a maneira comum do nosso corpo dizer que está cansado e que precisa relaxar, dormir, aquietar-se.
Lemos em Êxodo 34.21: “Seis dias trabalharás, mas, ao sétimo dia, descansarás, quer na aradura, quer na sega”.

2. Nova perspectiva: Ore a Deus para que Ele te conceda uma nova visão das coisas e de tua condição. O que parece ser uma montanha intransponível aos teus olhos é apenas um degrau aos olhos de Deus.
Lemos em Salmo 119.18: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da Tua Lei”.

3. Paciência: Claramente a impaciência leva-nos ao desânimo quando as coisas não acontecem como desejadas por nós. É necessário sermos pacientes e saber que Deus está agindo em nosso favor.
Lemos em Romanos 12.12: “regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração perseverantes”.

4. Comunhão: O desânimo se alimenta do isolamento. O individualismo está em alta. Se as pessoas veem às congregações locais procuram o que podem receber, e não o prazer da comunhão e edificação recíproca.
A comunhão eleva nossa alma e afugenta a melancolia. Lemos no precioso Salmo 133.1-3:
Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião. Ali ordena o SENHOR a Sua bênção, e a vida para sempre.

5. Creia na Palavra de Deus: Três textos são fundamentais: “A minha alma está apegada ao pó: vivifica-me segundo a Tua Palavra” (Sl 119.25); “O que me consola na minha angústia é isto: que a Tua Palavra me vivifica” (v.50); “Estou aflitíssimo; vivifica-me, SENHOR, segundo a Tua Palavra”.

Quando estou desanimado e alquebrado pelas vicissitudes da vida e vou a uma congregação local e ouço apenas estórias e fábulas engenhosas, fico mais desanimado ainda. Entretanto, quando chego numa igreja local e ouço uma exposição da Palavra de Deus, saio vivificado, renovado e com ânimo novo.

O Senhor Jesus tem a última palavra. Ele nos exorta: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).

Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini

domingo, 28 de maio de 2017

IMPORTÂNCIA DA REFORMA HOJE


A Importância da Reforma Hoje


Para algumas pessoas, parece completamente sem sentido a ideia de que a Reforma dos séculos dezesseis e dezessete possa ter algo a ensinar à igreja de hoje. No entanto, acredito que a Reforma protestante tem grandes coisas para nos ensinar, e que seremos tolos se negligenciarmos tão vasto contexto de vida e teologia sublinhado pelos reformadores protestantes.

Gostamos do novo e diferente
É sabido que vivemos numa época em que a resposta aos problemas contemporâneos é sempre esperada do novo e do diferente. Se a causa dessa constante carência de novidades é o consumismo que sempre quer mais e nunca fica satisfeito com o que tem, ou se é resultado da influência de ideias sobre progresso e evolução, segundo as quais o melhor está sempre por vir, então o resultado é óbvio: o passado simplesmente não é visto como fonte de sabedoria ou orientação para o presente e o futuro.
O pós-modernismo e o pós-evangelicalismo têm a tendência sempre de romper com as formas antigas de fazer as coisas. A ideia de que o novo é bom e o velho é ruim impregna a sociedade contemporânea, e afeta tanto a igreja evangélica como toda a cultura. A suposição subjacente em muitos lugares é que o passado não tem serventia nenhuma para a igreja do presente. Temos de introduzir novo tipo de ensinamentos, liturgias e de conduta, embrulhar-nos em papel mais atraente, e então nos vender num estilo mais agradável e amigável às pessoas interessadas.

Resgatando a Reforma
Queremos conscientiza a cada aqui presente que as percepções chaves dos reformadores do século XVI são tão relevantes hoje – e tão aplicáveis a situações hodiernas – como o foram naquela época.

Dois erros a evitar
O primeiro é o de que o passado não tem nada para nos ensinar. Infelizmente, a opinião geral gravita entorno da teoria e hipótese evolucionista, que afirma que o homem progride de era em era e que o presente é sempre melhor do que o passado[1].
No entanto, nos colocamos ao lado do profeta Jeremias que diz: “Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos” (6.16).
A imagem retratada pelo profeta é de viajantes que estão perdidos, parando para perguntar a respeito do caminho no qual eles seguiam antes de terem se desviado para tão longe dele. Nós como obreiros do Senhor Deus precisamos apontar o caminho em que a igreja deve andar.
Lemos em Isaías 30.21, as penetrantes e esperançosas palavras: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho andai por ele”.

O segundo erro relacionado a Reforma é que ela foi uma tragédia. Muitos estão vociferando que não devemos estudar a Reforma Protestante porque foi um movimento que dividiu a igreja. O que deveríamos nos empenhar é na unidade das igrejas atuais, e que não devemos perder tempo em estudar um movimento que desintegrou a igreja. Infelizmente, muitos pastores, teólogos e líderes clama por uma igreja sem doutrina, pois doutrina divide.

Modo certo de olhar para o passado
Devemos olhar para o passado não com um espírito de colecionador de antiguidades, mas para aprender dos grandes homens e mulheres e imitar e seguir seus exemplos, bem como para não cometer os erros que eles cometeram. O escritor aos Hebreus 13.7,8 escreveu: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a Palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver [ou “para o fim” ou “para o resultado” da sua vida]. Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”.

Modo errado de olhar para o passado
Nosso Senhor afirmou em Mateus 23.29-32:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos. E dizeis: se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca os associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. Enchei vós pois a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?

O Senhor Jesus estava Se dirigindo à Sua própria geração, aos Seus contemporâneos. Disse Ele, efetivamente: vocês estão pagando grande tributo à memória dos profetas; vocês cuidam dos seus sepulcros e os enfeitam, dizendo que grandes homens eles eram – quão nobres, quão maravilhosos, temos que manter viva a memória deles – e vocês dizem que terrível coisa foi que os seus antepassados tenham levado aqueles homens à morte. Se vocês tivessem vivido naquele tempo, vocês garantem, não se juntariam a eles naqueles feitos iníquos; vocês teriam dado ouvidos aos profetas, tê-los-iam seguido. Hipócritas, diz o nosso Senhor, vocês não teriam feito nada disso.
Como, então, Ele prova isso? Bem, Ele o faz desta maneira: Ele testa a sinceridade deles pondo a descoberto a sua atitude no presente para com os sucessores dos profetas. Qual a reação deles às pessoas que continuam pregando a mesma mensagem que os profetas pregavam? Diz Ele: vocês dizem que são admiradores dos profetas e, todavia, vocês estão perseguindo e tentando conseguir a morte de um homem como Eu, que é o representante moderno da mesma mensagem e da mesma escola de profecia. Ah, diz o nosso Senhor, uma coisa é olhar para trás e louvar homens famosos, mas isso pode ser pura hipocrisia. Eis o teste da nossa sinceridade para esta hora: que é que achamos dos homens que hoje pregam a mesma mensagem que foi pregada por John Knox, John Calvino, Martinho Lutero e por seus companheiros de Reforma? Como os estamos tratando hoje?

Precisamos de uma Reforma hoje
É lamentável constatar o presente estado de coisas, que vai se aproximando cada vez mais do estado de coisas que prevalecia antes da Reforma Protestante. Antes da Reforma haviam vícios, imoralidade e os diversos tipos de pecados estavam sem freios. Atualmente a situação está quase se tornando a mesma de novo. Há um terrível declínio moral e social. O estado moral de nosso país está terrível: urgentes problemas políticos e sociais, a delinquência juvenil, o alcoolismo, roubos e assaltos, vícios e crimes, estão todos presentes como eram antes da Reforma Protestante.
Mais importante: Qual o estado da igreja? Estamos retornando à situação da pré-Reforma.
Que dizer da autoridade da Igreja? que dizer das condições da doutrina da Igreja? antes da Reforma havia confusão. Haverá alguma coisa mais característica da Igreja hoje do que a confusão doutrinária, indiferença doutrinária – a falta de preocupação e falta de interesse? E as tendências romanizantes, vistas nos famosos e populares “cultos de campanhas”, estão se introduzindo e sendo exaltadas, aplaudidas e aceitas sem crítica alguma dentro de centenas de igrejas locais.
Há uma óbvia tendência de retorno à situação anterior à Reforma; as cerimônias e os rituais estão aumentando, e a Palavra de Deus está sendo pregada cada vez menos, os sermões estão ficando cada vez mais curtos.

Grande lição da Reforma Protestante
Segundo o grande pregador Martyn Lloyd-Jones “[...] a maior lição que a Reforma Protestante tem para nos ensinar é justamente esta, que o segredo do sucesso na esfera da igreja e das coisas do Espírito é olhar para trás”[2].

De volta para a Palavra
Isso foi exatamente o que os reformadores fizeram, eles olharam para trás, até ao primeiro século. Os reformadores retornaram ao Novo Testamento, retornaram à Bíblia.
Deus despertou os reformadores para a mensagem do evangelho que estava perdida nos escombros das palestras fantasiosas e populares de Roma.
Não há nada mais interessante, quando se leem as histórias de Lutero e de Calvino, do que notar a maneira pela qual eles foram descobrindo que estiveram redescobrindo o que Agostinho já tinha descoberto e que eles tinha esquecido.
A maior de todas as lições da Reforma Protestante é que o meio de recuperação é sempre ir atrás, de volta ao modelo primitivo, à origem, às normas e ao padrão que só se encontra no Novo Testamento.
Paulo exortou a Timóteo: “Mantém o padrão das sãs Palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós” (1Tm 1.13-14).
Aqueles homens retrocederam ao princípio, e tentaram estabelecer uma igreja em conformidade com o modelo do Novo Testamento. Nosso maior problema hoje é que estamos tentando estabelecer uma igreja em conformidade com os padrões mundanos por meio da metodologia e sabedoria humanas.
Segundo Alister McGrath com o surgimento da pesquisa bíblica humanista, no início da década de 1500, revelou-se uma série de erros de traduções nas versões latinas, existentes naquele período, da Bíblia. Então é certo a “alegação de que a Reforma do século XVI tenha representado uma tentativa de alinhar, novamente, a teologia às Escrituras, após um período de considerável afastamento”[3]. Toda a teologia, eclesiologia e soteriologia, em especial, foram analisadas à luz das Escrituras Sagradas. A Reforma Protestante foi acima de tudo um movimento de volta às Escrituras como única regra de fé e prática. Os Reformadores não apenas afirmavam Sola Scriptura, mas também Tota Scriptura.

Avivamento e Reforma é uma volta às origens
Concordo plenamente com Martyn Lloyd-Jones quando disse que no Livro de Atos “temos a norma daquilo que todos deveríamos ser”[4]. Em outro lugar ele acrescenta que todos os gloriosos e grandes períodos de avivamento que a Igreja experimentou “... parece ser um retorno ao que lemos no Livro de Atos dos Apóstolos”[5].

O profeta Jeremias fez a seguinte oração por reforma e avivamento para sua vida e para a nação: “Converte-nos a Ti, SENHOR, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes” (Lm 5.21).

Agenda bíblica
Carl Trueman escreveu que não devemos deixar que os hereges, os heterodoxos e a sabedoria secular estabeleça a agenda da igreja, ou seja, aquilo que a igreja deve estar preocupada e envolvida[6]. Devemos reconhecer que nossa ordem do dia deve ser estabelecida pelas prioridades bíblicas.
É lamentável que muitos pastores e líderes seguem a agenda, a sabedoria e a metodologia mundanas em vez de decidir seguir o que Deus determinou como a mensagem, missão e alvo da igreja.

Definição
Pode-se definir a Reforma como “a tentativa de colocar Deus, como Ele se revelou em Cristo, no centro da vida e do pensamento da igreja”. A importância da Reforma revela-se na medida das tentativas firmes de colocar Deus, em Cristo, no centro. Em toda verdadeira Reforma e Avivamento o homem é destronado e Deus, em Cristo, pelo poder do Espírito Santo, é entronizado nas igrejas locais.

Qual foi a batalha dos Reformadores?
Martinho Lutero descreveu a diferença entre si mesmo e seus precursores, John Wyclif e John Huss. Eles atacaram os padrões de conduta do papado, mas Lutero atacou a sua teologia. É de vital importância entender isto: a batalha de Lutero, em última análise, não era de cunho moral; ela era teológica. Naturalmente, as duas coisas estão intimamente ligadas.
A razão por que a Reforma Protestante foi de tamanha importância foi que ela dirigiu-se aos fundamentos teológicos da igreja e a reformar o todo – raízes e ramos.
Uma reforma teológica sempre precede e prepara o caminho para o avivamento. Ou seja, quando a igreja esposa e prega as grandes verdades doutrinária a reforma torna-se como um trator de esteira, abrindo o caminho para um profusa derramamento do Espírito Santo que desaguará em missões poderosas.

Deus antes e acima de tudo
Devemos estar cientes de que a utilidade da teologia da Reforma está em sua ênfase em Deus. As teologias, os catecismos e as liturgias que emanavam das penas dos reformadores indicam que a piedade deles era do tipo que se preocupava, acima de tudo, com Deus. A ênfase dos reformadores era posta muito mais na identidade e ação de Deus do que na experiência que o homem tem com Ele.
Um exemplo disso é João Calvino que nas suas obras fala pouco de si mesmo, pois se preocupava com o tema próprio da teologia, ou seja, Deus. Tudo isso é diferente da piedade evangélica contemporânea cuja sua obsessão não é tanto com Deus quanto o é com o ego.
Por exemplo, muitas músicas do evangelicalismo carismático costumam nos falar mais do cantor do que sobre Aquele a quem o cântico deveria ser dirigido em Adoração.

Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini



[1] LLOYD-JONE, Martyn. Discernindo os Tempos, p.103. São Paulo, SP, Brasil: Editora PES,1994.
[2] LLOYD-JONES, 1994, p.107.
[3] Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: uma introdução a teologia cristã, p.181. São Paulo, SP, Brasil: Shedd Publicações, 2005.
[4] Em Pregação & Pregadores. Editora Fiel.
[5] Em Avivamento, Editora PES.
[6] Reforma Ontem, Hoje e Amanhã, São Paulo, SP, Brasil: Editora Os Puritanos, 1ª edição ebook – setembro de 2013.