A JUSTIÇA DE CRISTO E O FRUTO DA JUSTIÇA DO ESPÍRITO SÃO INDISPENSÁVEIS PARA A SALVAÇÃO COMPLETA DO PECADOR CRENTE
Cristo Jesus providenciou Sua
própria justiça aos pecadores para que fossem salvos por Deus visando dá glória
unicamente a Deus e não as obras humanas. A obediência de Cristo é a causa
material da salvação dos pecadores. Nós não fomos salvos por causa da nossa
obediência e pela prática da nossa justiça, mas única e somente pela justiça de
Cristo, Sua obediência na vida e morte. Dizer que Deus ver a obediência do pecador e o salva, não condiz com o
ensino do Novo Testamento. Mas dizer que Deus salva os pecadores pela fé, causa
instrumental, na base da obediência de Cristo, causa material, por causa da
misericórdia e amor gracioso de Deus, causa eficiente, e para o louvor de Deus,
causa final, é totalmente bíblico!
Agora, nos salvos, o Espírito
Santo providencia o fruto da justiça para que não se exaltem em suas obras
cristãs para que Deus continue recebendo a glória devida em todo o processo da
salvação. As boas obras da vida cristã santificada foram feitas por Deus para
que andássemos nelas segundo o Espírito Santo (Efésios 2.1; Gálatas 5.25).
João
Calvino fala da
“habitação do Espírito Santo” no salvo como o “outro benefício” de quando Deus
por meio da justiça de Cristo nos remiu gratuitamente de nossos pecados nos
reputando por justos e nos reconciliando consigo mesmo. Ele escreveu que em
virtude do Espírito Santo “[...] a concupiscência de nossa carne é
paulatinamente mortificada; e que somos santificados; isto é, somos consagrados
ao Senhor para a verdadeira pureza de vida, com nosso coração conformados à
obediência da lei, a fim de que esta seja nossa principal vontade: servir à Sua
vontade e promover, de todos os modos, unicamente Sua glória”[1].
É ensino claro das Escrituras que
a justiça da lei é cumprida no salvo pelo Espírito Santo (Romanos 8.4, ACF[2]),
como também o fruto da justiça é gerado no salvo pelo mesmo Espírito Santo
(Efésios 5.9, ACF; cf. Filipenses 1.11; Hebreus 12.11). O Espírito Santo não só
nos ingressa na salvação, mas também nos mantém e produz crescimento
soteriológico visando a perfeição na glorificação. Tenho pontuado alhures que a
justiça de Jesus é a justiça do Reino de Deus, e a justiça do Reino é a justiça
do Espírito, portanto, sem a justiça cristológica e pneumatológica não há
salvação, santificação e glorificação!
Nenhuma justiça será aceita por
Deus para a salvação, a não ser a justiça de Jesus; semelhantemente, nenhum
fruto de justiça será aceito diante de Deus para a santificação, crescimento e
glorificação, senão o do Espírito Santo. Calvino
diz: “Não temos sequer uma obra que proceda dos próprios santos, as quais, se
julgadas em si, não mereçam a justa recompensa do infortúnio”[3].
Mas se produzidas pelo Espírito Santo conduzirá os santos para a glorificação.
Portanto, para a glorificação do
pecador tanto a justiça de Cristo quanto o fruto da justiça do Espírito Santo
são essenciais. Lembremo-nos que a natureza essencial do fruto do Espírito é a
reprodução da vida de Cristo no crente. Não estamos sendo conformados à imagem
do Espírito Santo, mas à imagem de Cristo pelo Espírito de “glória em glória”
(cf. Romanos 8.29; 2Coríntios 3.18). Cada aspecto da vida cristã, dentro da
maior amplitude possível, é obra do Espírito Santo. O que Deus fez em nosso favor
em Cristo nos é dado e aplicado por meio do Espírito Santo.
A salvação do pecador não se baseia somente numa relação correta baseada na justiça de Cristo, mas também no viver correto baseado no fruto da justiça do Espírito Santo. O que Deus fez por nós em Cristo (justificando), deve continuar a ser feito em nós pelo Espírito (santificando) para que sejamos perfeitos (glorificação), pelo poder do Espírito Santo que em nós habita, por ocasião da manifestação de Cristo em Sua Vinda. A implicação soteriológica é: não apenas somos declarados justos, mas também estamos sendo feitos justos para alcançar a perfeição do Pai Celeste (Mateus 5.48).
Nunca devemos esquecer: “Na
Escritura, a salvação ocorre no tempo perfeito (ou seja, uma ação completa com
efeitos contínuos), bem como nos tempos presente (contínuo) e futuro”[4].
O Espírito salvador gera em nós o
fruto da justiça da vida de Cristo para que a salvação seja uma certeza (fomos
salvos), uma experiência constante (estamos sendo salvos) e uma bendita
esperança (seremos salvos). Uno-me ao apóstolo que diz: “Tendo por certo isto
mesmo, que Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de
Jesus Cristo” (Filipenses 1.6, ACF). “Fiel é o que vos chama, o qual também o
fará” (1Tessalonicenses 5.24, ACF). Na mesma tonalidade, Pedro escreveu: “E o
Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à Sua eterna glória,
depois de havermos padecido um pouco, Ele mesmo vos aperfeiçoe, confirme,
fortifique e estabeleça” (1Pedro 5.10).
A bendita obra de salvação será concluída nos crentes (os que creem) até o final pelo poder de Deus Espírito Santo!
Soli
Deo Glória!
[1] Institutas
da Religião Cristã
III, cap.14.9 – Editora Cultura Cristã.
[2] Almeida Corrigida Fiel – Sociedade
Bíblica Trinitariana, 2011.
[3] Institutas
da Religião Cristã
III, cap.14.9 – Editora Cultura Cristã.
[4] CHAN, Simon. A Systematic Study of the Christian Life (©1998). InterVarsity Press. P.O. Box 1400, Downers Grove, IL
60515.
Amém e amém
ResponderExcluiramém
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