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Lucas claramente associa as línguas ao
que João Batista (Lucas 3.16), Jesus (Atos 1.5) e Pedro (Atos 11.16) chamaram
CLARAMENTE de batismo no Espírito Santo. Ou seja, para Lucas – e seus ouvintes
– o batismo no Espírito Santo foi (e é!) evidenciado pelo falar em línguas
(Atos 2.4; 10.46; 19.6), bem como nalguns casos pela profecia (Atos 19.6) e
glorificação ou enaltecimento de Deus – adoração-louvor – (Atos 2.11 e 10.46).
As línguas, a profecia e os enunciados proféticos-litúrgicos glorificando a
Deus não se limitaram a períodos transicionais da História da Salvação, mas
pertencem a todos quantos o Senhor nosso Deus chamar – ou seja, a toda a igreja
até a vinda do Senhor!
Em três ocasiões explícitas – do que João Batista, Jesus e Pedro chamam de Batismo no Espírito Santo – na narrativa
em Atos, Lucas descreve as línguas como evidência de que as pessoas receberam a
promessa do Pai – ou o derramamento do Espírito Santo conforme profetizado por
Joel. As línguas são no mínimo formas de evidenciar o batismo no Espírito
Santo, o que fica inconfundivelmente claro no texto de Atos 10.44-47: “sobre os
gentios foi derramado o dom do Espírito Santo, POIS, os ouvimos falando em
línguas e engrandecendo a Deus”. Em duas ocasiões (Atos 8 e 9) as línguas e a
profecia estão em vista implicitamente, caso contrário à proposta de Simão
ficaria sem sentido (Atos 8.19)! A proposta do erudito James Dunn[2]
de que os samaritanos não se converteram, de fato, até que os apóstolos de
Jerusalém viessem e impusessem as mãos sobre eles é insustentável à luz do
contexto de Atos 8 e do restante do livro escrito por Lucas! Claramente os
samaritanos se converteram, mas ainda não haviam recebido o batismo no Espírito
Santo – essa é a crença pentecostal clássica!
Você pode até não crê que o dom de
línguas ou as línguas como evidência do batismo no Espírito Santo não seja para
hoje, ficando restrita ao primeiro século – coisa que não creio! – MAS negar
que as línguas, na narrativa lucana, constitua a prova de que as pessoas
receberam o “batismo no Espírito Santo” (não que receberam o Espírito na
conversão!) é negar a veracidade da narrativa do livro de Atos, portanto é
negar a Palavra de Deus por meio de Lucas!
Neste ponto vale pontuar que a proposta
do erudito Hans Conzelmann que
divide a história lucana em três períodos dando base a que se entenda o batismo
no Espírito Santo dos samaritanos, de Cornélio e o dos efésios como pertencente
a períodos de transição na história da salvação, relacionando o batismo como
incorporação no Corpo de Cristo pode até ser compreensível numa tese ou
postulado Sistemático, mas não se sustenta como resultado de exegese quando
nega o batismo no Espírito Santo como posterior à salvação, pois todos os cinco
eventos citados por Lucas faz referência a experiências de pessoas convertidas
recebendo o dom do Espírito Santo evidenciado pelo falar em línguas, profecias
e enaltecimento de Deus. Pode-se pontuar que a única exceção seja no caso de
Cornélio e os de sua casa que receberam a salvação e o batismo
concomitantemente, fato que se pode testemunhar em centenas e em até milhares
de vezes quando uma pessoa crê em Cristo e ao mesmo tempo ou concomitantemente
recebe o batismo no Espírito Santo. Testemunhei isso várias vezes no meu
ministério! Mesmo assim, o batismo no Espírito Santo foi para os salvos e não
para que fossem salvos.
TEIXEIRA, Ivan. Batismo no Espírito Santo e Fogo: A Crença Pentecostal na Promessa do Pai, p.59-62. Rio de Janeiro, RJ, Brasil: Editora RUJA, 2021 (prelo).
[1] CONZELMAMM, Hans. The Theology of St. Luke. 2nd
ed. Nova York: Harper & Row, 1961.
[2] DUNN, James D. G. Baptism in the Holy Spirit: a
re-examination of the New Testament teaching on the gift of the Spirit in
relation to Pentecostalism today, p.55-72. Philadelphia/London, Reino
Unido: Westminster/SCM, 1970.
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