Teologia Bíblica Pentecostal da Presença Relacional de Deus
Nós
pentecostais somos fascinados pela presença de Deus. A presença de Deus nos
cativa, nos acorrenta, nos impulsiona e é o maior desejo de um crente
pentecostal. A presença de Deus é a marca da espiritualidade pentecostal.
Apesar de entender que o querigma cristológico (pregação centrada em Cristo) é
central na espiritualidade do pentecostalismo histórico, todavia o âmago deste
centro espiritual e querigmático é a presença de Deus. Ou, como tenho
argumentado noutro lugar, o encontro presencial com Deus é o centro da nossa
espiritualidade e doxologia pentecostal.
Tenho
proposto e desenvolvido a tese nos meus escritos que o encontro com Deus deve
ser central em todo o contexto pentecostal. Defendo que o Evento de Pentecostes
é o evento que torna a presença de Deus em nós – Igreja – pelo Espírito Santo.
Apesar de que entendo que existam acusações de que o pentecostalismo seja uma
religião subjetivista ou emocionalista, ou ainda centrada no homem – claro, que
discordo peremptoriamente. Minha proposta é postular um pentecostalismo
centrado no encontro com Deus. Apensar de o encontro litúrgico pentecostal ser teológico
(ser centrado em Deus), eu entendo que também seja antropológico[1],
pois pessoas se reúnem ali para esse encontra.
Creio que
por meio do Espírito Santo nós podemos ter um encontro presencial e relacional
com Deus. A Bíblia Sagrada revela que a presença de Deus é relacional e que Ele
deseja Se encontrar com o Seu povo.
Olhando a
Teologia do Antigo Testamento percebemos que “conhecer a Deus” significa, na
mente judaica, ter um relacionamento com Deus, desfrutar de Sua presença
relacional. O “conhecer a Deus” no Antigo Testamento não significa meramente
obter informações sobre uma pessoa, mas conhece-la e manter comunhão com ela.
Noutras palavras, desfrutar de sua presença. Por isso, defendo que a teologia
pentecostal – conhecimento de Deus pentecostal – deve seguir esse matiz da
mentalidade judaica e não escorregar para um mero conhecimento filosófico e
especulativo que traz mais confusão do que edificação para a igreja. Ou usando
as palavras de Paulo: nossa teologia deve equilibrar-se numa admoestação que
visa o amor que procede de coração puro e de consciência boa e de fé sem
hipocrisia, e não se perdendo em loquacidade frívolas. Nossa teologia
pentecostal deve promover o serviço de Deus e na fé (cf. 1Timóteo 1.4-6).
Noutras palavras, nossa teologia pentecostal ou o labor pentecostal teológico
deve nos levar a um encontro com Deus, ao mesmo tempo que leva o povo que
ministramos para encontrar-se com Deus.
O
pentecostalismo de encontro pode ser desdobrado num variado contexto: Adoração,
pregação, missão, discipulado, ministério, hermenêutica, teologia e etc.,
Para
exemplificar posso dizer que o encontro com Deus é o centro da adoração
pentecostal (Salmo 27.4; 84.2; 95.2; 100.2; Miquéias 6.6-8).
O centro
proposital da PREGAÇÃO deve ser
mostrar a centralidade de Deus em Cristo por meio do dinamismo do Espírito
Santo (1Coríntios 2.1-5; 1Tessalonicenses 1.5-6). Em Gálatas 3.1,2, Paulo usa
uma expressão gráfica para dizer que apresentou o Cristo crucificado diante dos
olhos das igrejas na Galácia.
A MISSÃO da Igreja deve ser a proclamação
da centralidade da glória e das obras de Deus às nações (Salmo 96.3), ou seja,
levar os povos a se encontrar com este Deus glorioso e que faz maravilhas.
Certa ocasião li nalgum lugar que “liberalismo é levar as pessoas a Cristo, e o
Cristianismo é levar Cristo às pessoas”. Talvez haja alguma diferença noutro
contexto, mas entendo que tanto levar as pessoas a Cristo como levar Cristo às
pessoas resulta num encontro da pessoa com Cristo.
A IGREJA deve levar às pessoas a terem um
encontro com Cristo para serem salvas e receberem o refrigério pela presença do
Senhor (Atos 3.20).
O DISCIPULADO e o MINISTÉRIO pentecostais devem também se centralizar em levar o novo
crente à maturidade de Cristo Jesus por meio da pedagogia do Espírito Santo (Efésios
4.12-16; 1João 2.20; Colossenses 4.12).
A VIDA CRISTÃ deve ser um contínuo
desfrutar da presença justa, alegre e tranquilizadora de Jesus por meio do
Espírito Santo (Romanos 14.17).
Na COMPREENSÃO das Escrituras o Espírito
Santo nos guia na verdade, testifica dela, ilumina a verdade e nos faz conhecer
a Deus por meio da verdade (João 14.26; 15.26; 16.13.13-15; 1João 2.20,27).
Chamo isso de hermenêutica do Espírito onde o Espírito no leva a compreender a
verdade de Deus e nos conduz a um encontro salvador e santificador com Cristo
Jesus. O Espírito Santo faz com que a verdade seja viva a tal ponto de nos
transforma. Ele é o Espírito que vivifica a Palavra de Deus (João 6.63). E essa
Palavra nos vivifica (Salmo 119.25,50,93,107,154).
Assim como estudiosos
têm apontado clara e convincentemente que a presença relacional de Deus é
realmente o tema central da teologia bíblica[2],
seguindo essa visão nós devemos postular que o encontro com a presença
relacional de Deus deve ser o coração da teologia pentecostal.
Desde o início no Gênesis percebemos que os seres humanos foram criados para a glória de Deus e para desfrutar a presença relacional de Deus. Todavia, esse relacionamento foi quebrado pela desobediência e pecado. O restante da Bíblia descreve a restauração e renovação desse relacionamento, culminando com Deus habitando com o Seu povo no livro de Apocalipse.
Ivan Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário