A doutrina teológica da triunidade de Deus é um ensino bíblico fundamental para a fé dos salvos; crê ou desacreditar na Triunidade distingue a Ortodoxia da Heresia.
Cremos que qualquer pessoa que nega a doutrina da triunidade de Deus
nega o evangelho, pois as boas novas da salvação foram obras das Três pessoas:
Pai, Filho e Espírito Santo. Pregar doutrina diferente é chamar a maldição
divina para si. A anatematização não recai apenas aos que pregam um evangelho
diferente do da graça, uma salvação por meio das próprias obras, mas também
sobre os que negam as pessoas graciosas da santíssima triunidade.
Posto isso, uno-me com os primeiros pentecostais assembleianos quando condenaram
o pentecostalismo unicista como heresia. No entanto, hoje em nome da academia
há um diálogo entre os pentecostais trinitários e os pentecostais unitários. Paulo
exortou a evitar os contenciosos doutrinários (Tito 3.10,11), mas os
pentecostais mordenistas e progressitas sentam-se à mesa para tentar conciliar o
inconciliável.
Mas o meu ponto é outro, vamos lá!
O QUE
SE DIZ POR AÍ!
É meus irmãos, a coisa não está fácil. Existe um ensino sorrateiro
seja bem ou mal articulado que prevê o término da Trindade baseado
EISEgeticamente no texto de 1Coríntios
15.28: “E, quando todas as coisas lhe [Cristo] estiverem sujeitas, então
também o mesmo Filho se sujeitará Àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para
que Deus seja tudo em todos” (ACF[1]);
“Quando tudo lhe for submetido, também o Filho se submeterá Àquele que lhe
submeteu tudo, e assim Deus será tudo em todos” (BP[2]).
A ideia básica é a seguinte: no final de tudo, na eternidade futura, a
trindade findará para que Deus seja tudo em todos, implicando na absorção das
Pessoas da Trindade numa ÚNICA pessoa da Divindade. Alguns tentam explicar que
a Trindade, Três Pessoas na unidade da Divindade, foi (e é) um modo da
revelação de Deus na economia da salvação. Então, quando todas as coisas
estiverem concluídas, não será mais necessário a Trindade. Que ledo engano!
Aliás, que heresia!
Sempre digo: Uma pequena erosão na doutrina hoje, amanhã se torna uma grande cratera
(Grand Canyon); um pequeno desvio da moral hoje, amanhã se torna uma grande
imoralidade.
Agora tenta explicar que esse tal ensino é uma heresia! A pessoa logo
te atacará dizendo que você é o único ortodoxo da galáxia. Isso sem falar que
você terá que explicar a explicação que você deu comprovando a heresia.
Claro que sempre ouvi tais ensinos, hoje, no entanto, se torna mais
veloz e muito mais nocivo por causa das redes sociais. Tais ideias e
ensinamentos percorrem as redes velozmente danificando o pensamento cristão e a
saúde doutrinária das igrejas locais.
O cara ler um livro (quando ler) sobre um assunto ou viu um youtuber
desigrejado falando certas coisas, e toma aquilo como certo e começa a ensinar.
Agora, tente confrontar o pensamento dele à luz da Bíblia e da História
teológica, ele logo irá vociferar contra você. A maioria desce do campo das
ideias, e vomita impropérios contra sua pessoa.
Apesar disso devemos peremptoriamente combater esse tipo distorcido de
ensinamento para resguardar nossos irmãos na congregação local.
Cuidado com quem você leva para sua igreja!
O QUE O TEXTO NÃO QUER DIZER
Primeiramente, o texto nada diz sobre o fim da trindade ou a absorção
das pessoas numa única pessoa divina. Certo cidadão escreveu num comentário no
Facebook: “O Pai, o Filho e o Espírito, será um só, um mesmo corpo, quando o
Filho entregar o reino ao Pai” (pasmem, teve até um coraçãozinho de um
teólogo!).
O texto bíblico nada diz que quando o Filho entregar o reino ao Pai as
pessoas da Trindade serão um só, um mesmo corpo, ou mais articulado: as pessoas
da Triunidade serão absorvidas numa/pela única pessoa (o Pai?). Em 1Coríntios 15.24 reza que quando o fim
vier, Cristo, na Sua vinda, entregará o Reino a Deus, ao Pai, após ter
aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. O Cristo ressurreto
recebeu autoridade para isso (cf. Mateus 28.18 – a autoridade do Reino pertence
ao Deus-Homem). Os versículos nada dizem sobre o sumiço/absorção das pessoas da
Trindade num único corpo ou pessoa. Outrossim, o v.28 nada diz que “O Pai, o Filho e o Espírito, será um só, um
mesmo corpo, [...]” ou que haverá uma absorção das pessoas numa única pessoa. Esses
versículos não apoiam a ideia do “término” ou “sumiço” da Trindade.
O QUE O TEXTO DIZ
Quando Cristo derrotar a morte, o último inimigo (vv.24-26), Ele
entregará o Reino “a Deus, ao Pai” para que “Deus seja tudo em todos” (v.28). A
frase “Deus seja tudo em todos” não significa que as Pessoas da Triunidade
sumirão ou serão absorvidas numa única pessoa na unidade da divindade. O que
quer dizer é que o Deus Triúno – Pai, Filho e Espírito Santo -, conforme
revelado nas Escrituras será tudo em todos. Lemos em Apocalipse 22.1 que o
trono ETERNO é “de Deus e do Cordeiro” – a distinção das pessoas permanece! A
clara implicação é que as Três Pessoas da Santíssima Triunidade estarão
presentes no Trono por toda a eternidade (cf. Apocalipse caps. 4 e 5 que falam
da Pessoa do Espírito).
Lemos também em Efésios 5.5
sobre a “herança no Reino de Cristo e de Deus”; Apocalipse 11.15: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor
e do Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre”. O Reino é de Deus, sim, do
Deus Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo!
Certo escritor escreveu acertadamente:
[...] o único objetivo de Cristo era glorificar o
Pai (Lucas 2.49, João 4.34; João 6.38; João 17.4, etc.); este fim foi alcançado
aproximadamente na cruz (João 19.30), e será assim finalmente quando nosso
Senhor, tendo “sujeitado todas as coisas a Si mesmo” (Filipenses 3.21), for
capaz de apresentar ao Pai um reino dominado por Sua vontade e cheio de Seus
filhos obedientes (cf. Mateus 6.9). Esta não é a cessação do governo de Cristo,
mas a inauguração do reino eterno de Deus: παραδιδῷ = paradidõ não conota a perda de nada (ver João 17.10); é apenas a
representação a outro do que é designado para Ele (cf. 1Coríntios 15.3;
1Coríntios 5.5, Romanos 8.32, Lucas 4.6; Lucas 10.22, etc.)[3].
Outro escritor de um comentário respeitado aponta:
O que exatamente significa παραδῷ
τὴν βασιλείαν (paradõ tèn Basileían) está além de nossa
compreensão. A soberania foi confiada ao Filho com um propósito definido:
quando esse propósito foi cumprido, a soberania retorna à Fonte original. Não
precisamos pensar em Cristo perdendo algo ou deixando de governar, mas levando
a uma conclusão triunfante uma dispensação especial. É sua obra acabar com tudo
que se opõe à soberania de Deus. Quando toda oposição é reduzida a nada, a
soberania Divina, da qual o Filho participa (João 17:10; Efésios 5:5; Apocalipse
11:3,15, 22:1), será completo, e o reino de Deus, que é o reino do amor, não
terá mais impedimento ou obstáculo. Nós nos perdemos, quando tentamos definir
os detalhes dessa consumação: é mais sensato adotar uma reticência reverente e
uma reserva[4].
Não é bíblico, portanto é contra a bíblia o ensino do “sumiço da
Triunidade” ou a absorção das pessoas numa única pessoa. Se, como aprendemos no
básico da Teologia Sistemática, cada Pessoa é eterna consequentemente a
Trindade é eterna!
Não haverá ponto em que as pessoas da Triunidade sumirão ou serão
absorvidas na unidade da divindade. Os textos usados, como vimos acima, nada
falam sobre tais ideias.
O
MESMO FILHO SE SUJEITARÁ AO PAI
Essa frase nada diz que o Filho será absorvido por Deus. Igualmente, o
v.24 nada diz que o Filho se tornará
uma pessoa na divindade com o Pai. Os textos dizem que o Filho entregará o
Reino (v.24) e se sujeitará ao Pai (v.28). Acredito que nem preciso articular
sobre as palavras gregas: παραδιδῷ = paradidõ “Ele deve entregar” (v.24); e ὑποταγήσεται
= hypotagêsetai “será colocado
em sujeição” (v.28). Já deixamos claro acima o significado.
O ponto da frase é que o reinado mediador do Deus-Homem, o Cristo,
será entregue a Deus, Pai, para que o reinado do Filho, em união ou em unidade com
o Pai, continue para sempre como único Deus verdadeiro. O Filho de Deus, em Sua
natureza divina, como Deus, nunca cessará de Reinar e de Ser a Segunda Eterna
Pessoa da Triunidade.
O reinado eterno não será exercido meramente como Deus-Homem, o
Mediador, mas como “Deus de Deus” o Supremo e único Soberano.
PARA
QUE DEUS SEJA TUDO EM TODOS
O próprio final para a entrega do Reino pelo Filho ao Pai e de Sua
sujeição final ao Pai é para que Deus cumpra todas as relações em todas as
criaturas. Acredita-se que o πᾶσιν
= pasin = todos, inclua pessoas e
coisas. O significado parece ser que não haverá mais necessidade de um
Mediador: todas as relações entre o Criador e as criaturas, entre o Pai e a
descendência, serão diretas.
Concluo afirmando que a palavra “Deus” deve ser corretamente entendida
como a Divindade, a Natureza Divina, o Ser Espiritual, consistindo eternamente
nas Três Benditas Pessoas da Santíssima Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito
Santo.
Algum
dia, compreenderemos melhor a Deus, mas, mesmo então, não o compreenderemos
total e exaustivamente!
Concordo com Tertuliano ao
afirmar que a doutrina da Trindade deve ter sido divinamente revelada, não
construída por seres humanos. Por isso, não defendo a doutrina da Santíssima
Trindade porque é evidente por si ou logicamente convincente. Defendo
peremptoriamente porque Deus revelou que Ele é assim. Como alguém disse acerca
da doutrina[5]:
Tente explica-la, e
perderá a cabeça;
Mas tente negá-la, e
perderá a alma.
Ivan Teixeira
[1] Almeida
Corrida Fiel.
[2] Bíblia
do Peregrino.
[3]
FINDLAY, G. G. & NICOLL, W. Robertson. First
Corinthians (The Expositor’s Greek Testament Book 5) (English Edition)
eBook Kindle.
[4]
PLUMMER, Alfred A. & ROBERTSON, Archibald. International Critical Commentary New Testament (ICC): 1 Corinthians.
[5] ERICSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática, p.139. São Paulo, SP, Brasil:
Vida Nova, 1997.
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