segunda-feira, 22 de maio de 2017

DESVALORIZAÇÃO DA PREGAÇÃO

A Desvalorização da Pregação Expositiva.

Não tenho dúvidas de que a pregação expositiva das Escrituras tem sido um “mercado em baixa”. O que deveria estar em alta, mesmo que está sendo popular, mas está em baixa.  Em baixa porque muitos falam de pregação expositiva, mas pouco se ver pregações expositivas.
Presencio o abandono da pregação em certos seguimentos do evangelicalismo popular.
Há muita coisa tomando o lugar da pregação. Quando não a substitui, suprimi o tempo da exposição.
Pastores que deveriam empunhar a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, estão manejando a pena psicológica da autoajuda.
Homens e mulheres que foram chamados para ensinar e pregar o santo evangelho estão palestrando fórmulas de sucesso financeiro.
Pregadores que receberam a incumbência de levar a tocha do evangelho (2Tm 2.2) estão conduzindo as “velas” bruxuleantes das novidades que agradam os “comichões de ouvidos” de uma geração narcisista.
Pregadores não são mais vistos como profetas de Deus a chamar as pessoas ao arrependimento e a fé em Deus, todavia são aplaudidos como animadores de auditório.
Pessoas que foram chamados para alimentar ovelhas estão entretendo bodes.
Sabemos que o termo “pastor” está sendo substituído pela palavra mágica e popular da pós-modernidade, “líder”. O pastor não é visto mais como, segundo sua etimologia, alguém que alimenta, apascenta, guia, com implicação de prover ou ajudar, cuidar (cf. Mt 2.6)[1]; ele é visto como um líder empreendedor e um hábil administrador. O pastor não é mais alguém que prega o evangelho, mas alguém que incentiva as pessoas a terem sucesso nos empreendimentos da vida e do mercado secular e religioso. Ele é um coach!
Essa mudança sutil, porém fatal, tem conduzido uma mudança substancial no ministério pastoral, que em sua essência é pregar o evangelho. É levar o rebanho aos pastos verdejantes das grandes verdades sobre Deus.
Pastores não são mais vistos como pregadores, ou seja, homens que se dedicam à oração e ao ministério da Palavra. Eles são vistos como grandes empresários, animadores de auditórios, gurus do mercado religioso com suas fórmulas mágicas de crescimento de igreja.
Quando o púlpito é desvalorizado as pessoas definham em sua vida cristã.
Quando nós pastores abandonamos o santo ministério da pregação, somos tidos por meros líderes pragmáticos e gurus da autoajuda.

Paulo alertou Timóteo e toda a igreja que a desvalorização da pregação seria uma evidência dos difíceis último dias:
Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo suas próprias cobiças, como que sentido coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas (2Tm 4.3-4).

O cenário é assustador, mas é real! Vejamos a passagem mais de perto.
Primeiro lugar, Paulo descreve uma geração que não suportaria a pregação das doutrinas sadias do santo evangelho. Essas pessoas não querem dá ouvidos a verdade. Isso implica que pregação expositiva é a pregação da verdade do santo evangelho e não dicas de sucesso.

Segundo, ele fala que as pessoas formariam grupos de estudos ao redor de mestres que pregariam mensagens que satisfaria os desejos carnais, individualismos e egocentrismos delas. Isso é patente atualmente!

Terceiro, o incômodo sentimental, coceira nos ouvidos, guiaria essas pessoas, não a necessidade de alimentar-se das sãs palavras de Deus. Essa é uma geração guiada por coceiras e por sentimentos, por palavras agradáveis aos ouvidos e sensíveis às novidades.

Em quarto lugar, Paulo diz que as pessoas recusarão a dar ouvidos à verdade. Essas pessoas descaradamente não querem ouvir a verdade de Deus. Eles preferem mentiras dos homens e do Diabo do quê a verdade eterna do santo evangelho. Tal procedimento recebe o justo castigo de Deus!
Em 2a Tessalonicenses 2.10-12, Paulo relata a sentença de Deus sobre todos que rejeitam e desvalorizam a pregação da verdade do santo evangelho:
[...] porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.

Quando as pessoas deliberadamente rejeitam a verdade de Deus, o próprio Deus as entrega às consequências de seus próprios pecados. Paulo já tinha esclarecido que Deus sempre castiga a rejeição deliberada pela entrega das pessoas à impureza e às paixões degradantes (cf. Rm 1.24-28).
Paulo claramente pontua que quando uma geração (ou grupo de pessoas, igreja local e etc.,) é marcada por “comichões nos ouvidos”, não suportando a verdade, está sob o julgamento de Deus: “a fim de serem julgados”. Quando as pessoas abraçam as mentiras populares, quando amam a injustiça, o próprio Deus envia a “operação do erro” para que Seu julgamento seja determinante.

A paráfrase de Eugene Peterson do texto de 2a Timóteo 4.2-3 é penetrante e esclarecedora:
Você descobrirá que daqui a um tempo o povo não vai mais ter estômago para ensino sólido, no entanto vão se encher de alimento espiritual estragado – mensagens cativantes que combinam com suas fantasias. Eles vão virá as costas para a verdade, vão trocá-la por ilusão[2].

O QUE FAZER?
O que nós devemos fazer quando aqueles que deveria abraçar a verdade estão rejeitando-a? O que devemos fazer quando o povo que deveria deleitar-se em ouvir a exposição da verdade não quer mais? O que devemos fazer quando a pregação está sendo desvalorizada?
Paulo nos orienta (2Tm 4.1-2,5):
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela Sua manifestação e pelo Seu Reino: prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.

Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.

Quando as pessoas não valorizam mais a pregação bíblica, nós devemos continuar PREGANDO! Sim, nós não devemos abrir mão de pregar o evangelho expositivamente se as pessoas não querem. Precisamos nos manter fiel e cumprir cabalmente o nosso ministério. Nós devemos ser sóbrios, ou seja, nossa mente deve estar equilibrada e lúcida e não embriagada pelos vinhos das heresias populares. E por fim, nós devemos suportar as aflições como bom soldado de Cristo trabalhando como evangelistas.

Nunca devemos desvalorizar o que Deus valoriza!

IVAN TEIXEIRA
Minister Verbi Divini




[1] LOUW, Johannes P. & NIDA, Eugene A. (editores). Léxico do Novo Testamento baseado em domínios semânticos, pg.415 (Barueri, SP, Brasil: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013).
[2] Em A Mensagem: Bíblia em Linguagem Contemporânea, pg. 1702 (São Paulo, SP, Brasil: Editora Vida, 2011).

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