Deve-se
pontuar que a primeira metade do século XIX viu crescer a crença “milenarista
desenvolvida a partir das Igrejas Tradicionais que passava pelos canais
perfeitamente sensatos de tratados teológicos, periódicos especiais e
conferências em casas aristocráticas”[2]
e não a partir de lunáticos escanteados ou de um profetismo individualista. Foram
o ensino desenvolvido a partir das Igrejas Tradicionais e de grandes professores
da época que influenciou tremendamente o pensamento de John N. Darby.
As
Conferência Proféticas de Albury Park, no Surrey, em 1826–28, tiveram como
anfitrião Henry Drummond, ex-membro da Câmara dos Comuns. Com raras exceções, Drummond convidava leigos e clérigos
das igrejas nacionais da Inglaterra e da Escócia. Sobre as Conferências
Proféticas Sandeen observou:
Nas reuniões da
Conferência propriamente ditas, o programa era igualmente entre os três tópicos
de maior interesse na época – cronologia profética, segundo advento e
restauração dos judeus. Não se apelava a qualquer argumento ou autoridade
nessas sessões a não ser a autoridade de citações bíblicas diretas ou de um
argumento cujo objetivo fosse conciliar referências bíblicas[3].
Tais
Conferências trouxeram um reavivamento profético em Londres e chegaram ao
conhecimento de John N. Darby por
meio de um certo Bellert em 1827.
Isso
diferente muito das argumentações contra o Arrebatamento que são mais baseadas
no que teólogo fulano de tal falou, no lugar de uma análise exegética e uma
metodologia apropriada, pois um raciocínio claro favorece conclusões claras
sobre as doutrinas bíblicas. Análises irônicas, desrespeitosas e vulgares
trazem mais confusão do que edificação para a Igreja de Deus. Quando você
compara o debate respeitoso e honesto sobre o tema do Arrebatamento de homens
do quilate dos doutores Gleason Archer (midi-tribulacional)
Paul Feinberg (pré-tribulacionista)
e Douglas Moo (pós-tribulacionista)[4]
com comentários desrespeitosos e atabalhoados de muitos hoje, você percebe o
quanto esses estão distante da erudição honesta. Isso sem falar do amor
fraternal cristão!
Mas,
lamentavelmente, homens como o erudito N.
T. Wright e John Gerstner e o
estudioso Hank Hanegraaff chegaram
ao absurdo e a desonestidade em suas afirmações contra os que ensinam o
Arrebatamento pré-tribulacional dispensacionalista. Já o erudito Vern Poythress, no seu livro Understanding Dispensationlists (Entendendo os Dispensacionalistas), faz
uma crítica ao dispensacionalismo de uma maneira respeitosa que se concentra em
questões reais. O teólogo aliancista O.
Palmer Robertson demonstrou uma crítica gentil e apropriada digna de
respeito. Ele escreveu: “[...]. Espera-se que o contínuo intercâmbio possa ser
baseado no amor e no respeito”[5].
Mas nem sempre é assim como se ver nas redes sociais e em certos livros.
John Gerstner acusa os dispensacionalistas
de ensinarem vários caminhos da salvação[6].
Hanegraff usa um tom “desprezível”,
chegando a afirmar que o ensino dispensacionalista é “perigoso! Ameaça o
evangelho de Jesus Cristo! Promove uma vida sem lei. Ameaça a divindade de
Cristo. E ainda conduz ao racismo. Ele chega a comparar a visão dispensacionalista
com as seitas! Diante de tais acusações deixo apenas um ponto para quebrar as
“penas” de Hanegraff sobre a
acusação “promove uma vida sem lei”: o Dr. John
MacArthur é conhecido mundialmente como o grande defensor do senhorio de
Cristo. Ele é dispensacionalista pré-tribulacionista e pré-milenarista! Para quem
não sabe, a doutrina do senhorio postulada em três grandes livros do Dr. MacArthur afirma uma vida cristã com a
lei de Cristo. Aceita-se Jesus como Salvador e como Senhor também!
Já
o erudito N. T. Wright fala com
desprezo quando diz: “A obsessão americana com a segunda vinda de Jesus –
especialmente com interpretações distorcidas dela – continua inabalável. Visto
do meu lado do Atlântico, o sucesso fenomenal dos livros Deixados para Trás parece intrigante, até bizarro. Poucos no Reino
Unido acreditam que a popular série de romances se baseia: que haverá um
“arrebatamento” literal em que os crentes serão arrebatados para o céu,
deixando carros vazios batendo em rodovias e crianças voltando da escola apenas
para descobrir que seus pais foram levados para estar com Jesus enquanto eles
foram "deixados para trás". Esta versão pseudo-teológica [...] supostamente
assustou muitas crianças a algum tipo de fé (distorcida)”[7].
Triste
perceber que o Dr. Wright se esquece
(?) que as Conferências Proféticas que postularam as primeiras sistematizações
do arrebatamento pré-tribulacional aconteceram “do meu lado do Atlântico”. E o
mais triste é perceber que um erudito do quilate dele elenca contrapontos
baseados na série do Dr. Tim Lahaye e
Jerry B. Jenkins que todos sabemos
que nada mais é do que uma obra ficcional que narra os últimos dias na Terra.
Não é um tratado teológico! O Dr. Wright
ainda enfatiza que “Jesus não falou de Seu retorno de maneira tão vívida, mas sugere
que apenas Paulo o fez”. No entanto, ele se esquece da afirmação de Paulo:
“Isto vos dizemos pela PALAVRA do Senhor” (1Tessalonicenses 4.15)!
O
arrebatamento da Igreja é sem dúvidas um ensino bíblico e não meramente uma
“metáfora” para falar da transformação que os crentes experimentarão no final
dos tempos como sugere o Dr. N. T.
Wright! O arrebatamento e os eventos a ele relacionados como a ressurreição
dos crentes mortos e a transformação dos crentes vivos é uma verdade e um
evento literal que há de acontecer a qualquer momento e que será “num abrir e
fechar de olhos” (1Tessalonicenses 4.13-18; 1Coríntios 15.51-53).
O ARREBATAMENTO FUNDAMENTADO
Tenho
debruçado num trabalho amplo sobre a doutrina do arrebatamento da Igreja. Aqui,
faço apenas pequenas observações bíblicas.
O
ensino neotestamentário de que Cristo poderia voltar a qualquer momento e
arrebatar a Sua Igreja sem sinais ou advertências prévias (i.e. iminência) é um
argumento tão poderoso em favor do pré-tribulacionismo que se tornou uma das
doutrinas mais ferozmente atacadas pelos oponentes da posição
pré-tribulacionista. Eles percebem que, se o Novo Testamento de fato ensinar a
iminência, um arrebatamento pré-tribulacional estará praticamente assegurado.
Essa é uma das chaves hermenêuticas do Sistema teológico dispensacional.
Uma
vez que é impossível saber exatamente quando ocorrerá um evento iminente, não
se pode contar com a passagem de determinado período de tempo antes que tal
evento iminente ocorra. À luz disso, é preciso estar sempre preparado para que
ele aconteça a qualquer momento.
As
exortações paulinas à Igreja não são para que se prepare para a Grande
Tribulação e a morte, mas para que espere a Cristo, que vem do céu (Filipenses
3.20; Tito 2.13; Hebreus 9.28). Também devemos velar e ser sóbrios
(1Tessalonicenses 5.6-8; Mateus 24.42, 48; 25.13; Apocalipse 16.15). Outras
citações paralelas têm o propósito de manter os cristãos em uma atitude de
expectativa, de estarem alerta, porque a qualquer momento o Senhor Jesus Cristo
o Salvador pode chamá-los para os Ares (Marcos 13.32-37; Lucas 12.35-40;
21.34-36; Romanos 8.23; 1Coríntios 1.7; 1Tessalonicenses 1.10).
O
Dr. John Walvoord declara: “A
exortação a que aguardemos a ‘manifestação da glória’ de Cristo para os Seus
(Tito 2.13 ARA) perde seu significado se a Tribulação tiver que ocorrer antes.
Fosse esse o caso, os crentes deveriam observar os sinais”. Se a posição
pré-tribulacionista sobre a Iminência não for aceita, então haverá sentido em
procurar identificar os eventos relacionados à Tribulação (i.e., o Anticristo,
as duas testemunhas, etc.) e não em esperar o próprio Cristo. O Novo
Testamento, todavia, uniformemente instrui a Igreja a olhar para a Volta de
Cristo, ao passo que os santos da Tribulação são exortados a observar os
sinais.
A
exortação neotestamentária a que nos consolemos mutuamente por causa da Volta
de Cristo (João 14.1; 1Tessalonicenses 4.18) não mais teria sentido se os
crentes tivessem, primeiro, que passar por qualquer porção da Tribulação. Em
vez disso, o consolo teria que esperar a passagem pelos eventos da Tribulação.
Não! A Igreja recebeu uma “Bendita Esperança”, em parte porque a Volta do
Senhor é, de fato, Iminente.
O arrebatamento da Igreja não é mera ficção científica, não é produto dos cineastas de Hollywood e muito menos uma crença espalhafatosa de sensacionalistas futuristas, mas, como disse Paulo, é a “Palavra do Senhor”!
Ivan Teixeira!
[1]
ERICKSON, Millard J. Contemporary
Options in Eschatology, p.112. Grand Rapids: Baker Book House, 1977.
[2]
HEMPTON, D. N. “Evangelicalism and
Eschatology”, p.182-183. Journal of
Ecclesiastical History 31 (Abril de 1980).
[3]
SANDEEN, Ernest R. The Roots of
Fundamentalism: Britihs and American Milleniarism 1800 – 1930. p.18-21.
Chicago: The University of Chicago Press, 1970.
[4] ARCHER,
Gleason L. FEINBERG, Paul & MOO, Douglas. The Rapture: Pre-, Mid-, or Post-Tribulational. Grand Rapids:
Zondervan Publishing House, 1984.
[5]
ROBERTSON, O. Palmer. The Christ of the
Covenants, p.202. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 1980.
[6]
GERSTNER, John H. Wrongly Dividing the
Word of Truth: A Critique of Dispensationalism, p168. Brentwood, TN:
Wolgemuth & Hyatt, 1991.
[7] Apud HINDSON, Ed & HITCHCOCK, Mark. Can We Still Believe in the Rapture? Copyright © 2017. Publicado por
Harvest House Publishers. Eugene, Oregon 97408.
Muito bem elaborado o estudo." Tudo nos mostra que Cristo já volta."(trecho de um hino da harpa cristã)
ResponderExcluirGlória a Deus!