quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A DOUTRINA DO ARREBATAMENTO SOB ATAQUE!

 


 Tenho notado ultimamente um ataque atabalhoado e paupérrimo à doutrina bíblica do arrebatamento da Igreja. Muitos no afã de desacreditarem essa doutrina bíblica tão querida aos cristãos que aguardam o Senhor voltar a qualquer momento têm elencado caricaturas ridículas que não merece nossa preciosa atenção, mas apenas salientar o quão ridículo tem sido o desespero dos críticos para negar essa tão cara e importante doutrina do Cristianismo histórico, principalmente do pentecostalismo histórico e bíblico. Apesar de entender que a articulação Sistemática da doutrina do arrebatamento como a temos hoje surgiu inicialmente sob os auspícios dos professores e eruditos do Trinity College, em Dublin, e nas Conferências proféticas de Powerscourt (1831–1833) no século XIX, nós temos observado, de uma forma ou de outra, que certos estudiosos antigos têm tido uma visão de uma Vinda pré-tribulacional de Cristo Jesus para livrar a Sua Igreja da Grande Tribulação. O que prevalece nos Pais da Igreja e noutros teólogos posteriores – tirando o desvio interpretativo alegorizante do amilenismo e pós-milenismo – é um claro entendimento sobre uma vinda a “qualquer momento” e sobre um reino literal de Cristo na Terra. O entendimento de uma “Vinda a qualquer momento” é importante na articulação sistemática do arrebatamento pré-tribulacional. Novamente afirmo com o Dr. Erickson, que é pós-tribulacionista: “Com certeza, o pré-milenismo dos primeiros séculos da Igreja pode ter incluído uma crença num Arrebatamento pré-tribulacional da Igreja [...]”[1].

Deve-se pontuar que a primeira metade do século XIX viu crescer a crença “milenarista desenvolvida a partir das Igrejas Tradicionais que passava pelos canais perfeitamente sensatos de tratados teológicos, periódicos especiais e conferências em casas aristocráticas”[2] e não a partir de lunáticos escanteados ou de um profetismo individualista. Foram o ensino desenvolvido a partir das Igrejas Tradicionais e de grandes professores da época que influenciou tremendamente o pensamento de John N. Darby.

As Conferência Proféticas de Albury Park, no Surrey, em 1826–28, tiveram como anfitrião Henry Drummond, ex-membro da Câmara dos Comuns. Com raras exceções, Drummond convidava leigos e clérigos das igrejas nacionais da Inglaterra e da Escócia. Sobre as Conferências Proféticas Sandeen observou:

Nas reuniões da Conferência propriamente ditas, o programa era igualmente entre os três tópicos de maior interesse na época – cronologia profética, segundo advento e restauração dos judeus. Não se apelava a qualquer argumento ou autoridade nessas sessões a não ser a autoridade de citações bíblicas diretas ou de um argumento cujo objetivo fosse conciliar referências bíblicas[3].

 

Tais Conferências trouxeram um reavivamento profético em Londres e chegaram ao conhecimento de John N. Darby por meio de um certo Bellert em 1827.

Isso diferente muito das argumentações contra o Arrebatamento que são mais baseadas no que teólogo fulano de tal falou, no lugar de uma análise exegética e uma metodologia apropriada, pois um raciocínio claro favorece conclusões claras sobre as doutrinas bíblicas. Análises irônicas, desrespeitosas e vulgares trazem mais confusão do que edificação para a Igreja de Deus. Quando você compara o debate respeitoso e honesto sobre o tema do Arrebatamento de homens do quilate dos doutores Gleason Archer (midi-tribulacional) Paul Feinberg (pré-tribulacionista) e Douglas Moo (pós-tribulacionista)[4] com comentários desrespeitosos e atabalhoados de muitos hoje, você percebe o quanto esses estão distante da erudição honesta. Isso sem falar do amor fraternal cristão!

Mas, lamentavelmente, homens como o erudito N. T. Wright e John Gerstner e o estudioso Hank Hanegraaff chegaram ao absurdo e a desonestidade em suas afirmações contra os que ensinam o Arrebatamento pré-tribulacional dispensacionalista. Já o erudito Vern Poythress, no seu livro Understanding Dispensationlists (Entendendo os Dispensacionalistas), faz uma crítica ao dispensacionalismo de uma maneira respeitosa que se concentra em questões reais. O teólogo aliancista O. Palmer Robertson demonstrou uma crítica gentil e apropriada digna de respeito. Ele escreveu: “[...]. Espera-se que o contínuo intercâmbio possa ser baseado no amor e no respeito”[5]. Mas nem sempre é assim como se ver nas redes sociais e em certos livros.

John Gerstner acusa os dispensacionalistas de ensinarem vários caminhos da salvação[6]. Hanegraff usa um tom “desprezível”, chegando a afirmar que o ensino dispensacionalista é “perigoso! Ameaça o evangelho de Jesus Cristo! Promove uma vida sem lei. Ameaça a divindade de Cristo. E ainda conduz ao racismo. Ele chega a comparar a visão dispensacionalista com as seitas! Diante de tais acusações deixo apenas um ponto para quebrar as “penas” de Hanegraff sobre a acusação “promove uma vida sem lei”: o Dr. John MacArthur é conhecido mundialmente como o grande defensor do senhorio de Cristo. Ele é dispensacionalista pré-tribulacionista e pré-milenarista! Para quem não sabe, a doutrina do senhorio postulada em três grandes livros do Dr. MacArthur afirma uma vida cristã com a lei de Cristo. Aceita-se Jesus como Salvador e como Senhor também!

Já o erudito N. T. Wright fala com desprezo quando diz: “A obsessão americana com a segunda vinda de Jesus – especialmente com interpretações distorcidas dela – continua inabalável. Visto do meu lado do Atlântico, o sucesso fenomenal dos livros Deixados para Trás parece intrigante, até bizarro. Poucos no Reino Unido acreditam que a popular série de romances se baseia: que haverá um “arrebatamento” literal em que os crentes serão arrebatados para o céu, deixando carros vazios batendo em rodovias e crianças voltando da escola apenas para descobrir que seus pais foram levados para estar com Jesus enquanto eles foram "deixados para trás". Esta versão pseudo-teológica [...] supostamente assustou muitas crianças a algum tipo de fé (distorcida)”[7].

Triste perceber que o Dr. Wright se esquece (?) que as Conferências Proféticas que postularam as primeiras sistematizações do arrebatamento pré-tribulacional aconteceram “do meu lado do Atlântico”. E o mais triste é perceber que um erudito do quilate dele elenca contrapontos baseados na série do Dr. Tim Lahaye e Jerry B. Jenkins que todos sabemos que nada mais é do que uma obra ficcional que narra os últimos dias na Terra. Não é um tratado teológico! O Dr. Wright ainda enfatiza que “Jesus não falou de Seu retorno de maneira tão vívida, mas sugere que apenas Paulo o fez”. No entanto, ele se esquece da afirmação de Paulo: “Isto vos dizemos pela PALAVRA do Senhor” (1Tessalonicenses 4.15)!

O arrebatamento da Igreja é sem dúvidas um ensino bíblico e não meramente uma “metáfora” para falar da transformação que os crentes experimentarão no final dos tempos como sugere o Dr. N. T. Wright! O arrebatamento e os eventos a ele relacionados como a ressurreição dos crentes mortos e a transformação dos crentes vivos é uma verdade e um evento literal que há de acontecer a qualquer momento e que será “num abrir e fechar de olhos” (1Tessalonicenses 4.13-18; 1Coríntios 15.51-53).

 

O ARREBATAMENTO FUNDAMENTADO

Tenho debruçado num trabalho amplo sobre a doutrina do arrebatamento da Igreja. Aqui, faço apenas pequenas observações bíblicas.

O ensino neotestamentário de que Cristo poderia voltar a qualquer momento e arrebatar a Sua Igreja sem sinais ou advertências prévias (i.e. iminência) é um argumento tão poderoso em favor do pré-tribulacionismo que se tornou uma das doutrinas mais ferozmente atacadas pelos oponentes da posição pré-tribulacionista. Eles percebem que, se o Novo Testamento de fato ensinar a iminência, um arrebatamento pré-tribulacional estará praticamente assegurado. Essa é uma das chaves hermenêuticas do Sistema teológico dispensacional.

Uma vez que é impossível saber exatamente quando ocorrerá um evento iminente, não se pode contar com a passagem de determinado período de tempo antes que tal evento iminente ocorra. À luz disso, é preciso estar sempre preparado para que ele aconteça a qualquer momento.

As exortações paulinas à Igreja não são para que se prepare para a Grande Tribulação e a morte, mas para que espere a Cristo, que vem do céu (Filipenses 3.20; Tito 2.13; Hebreus 9.28). Também devemos velar e ser sóbrios (1Tessalonicenses 5.6-8; Mateus 24.42, 48; 25.13; Apocalipse 16.15). Outras citações paralelas têm o propósito de manter os cristãos em uma atitude de expectativa, de estarem alerta, porque a qualquer momento o Senhor Jesus Cristo o Salvador pode chamá-los para os Ares (Marcos 13.32-37; Lucas 12.35-40; 21.34-36; Romanos 8.23; 1Coríntios 1.7; 1Tessalonicenses 1.10).

O Dr. John Walvoord declara: “A exortação a que aguardemos a ‘manifestação da glória’ de Cristo para os Seus (Tito 2.13 ARA) perde seu significado se a Tribulação tiver que ocorrer antes. Fosse esse o caso, os crentes deveriam observar os sinais”. Se a posição pré-tribulacionista sobre a Iminência não for aceita, então haverá sentido em procurar identificar os eventos relacionados à Tribulação (i.e., o Anticristo, as duas testemunhas, etc.) e não em esperar o próprio Cristo. O Novo Testamento, todavia, uniformemente instrui a Igreja a olhar para a Volta de Cristo, ao passo que os santos da Tribulação são exortados a observar os sinais.

A exortação neotestamentária a que nos consolemos mutuamente por causa da Volta de Cristo (João 14.1; 1Tessalonicenses 4.18) não mais teria sentido se os crentes tivessem, primeiro, que passar por qualquer porção da Tribulação. Em vez disso, o consolo teria que esperar a passagem pelos eventos da Tribulação. Não! A Igreja recebeu uma “Bendita Esperança”, em parte porque a Volta do Senhor é, de fato, Iminente.

O arrebatamento da Igreja não é mera ficção científica, não é produto dos cineastas de Hollywood e muito menos uma crença espalhafatosa de sensacionalistas futuristas, mas, como disse Paulo, é a “Palavra do Senhor”!

 

Ivan Teixeira!



[1] ERICKSON, Millard J. Contemporary Options in Eschatology, p.112. Grand Rapids: Baker Book House, 1977.

[2] HEMPTON, D. N. “Evangelicalism and Eschatology”, p.182-183. Journal of Ecclesiastical History 31 (Abril de 1980).

[3] SANDEEN, Ernest R. The Roots of Fundamentalism: Britihs and American Milleniarism 1800 – 1930. p.18-21. Chicago: The University of Chicago Press, 1970.

[4] ARCHER, Gleason L. FEINBERG, Paul & MOO, Douglas. The Rapture: Pre-, Mid-, or Post-Tribulational. Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1984.

[5] ROBERTSON, O. Palmer. The Christ of the Covenants, p.202. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 1980.

[6] GERSTNER, John H. Wrongly Dividing the Word of Truth: A Critique of Dispensationalism, p168. Brentwood, TN: Wolgemuth & Hyatt, 1991.

[7] Apud HINDSON, Ed & HITCHCOCK, Mark. Can We Still Believe in the Rapture? Copyright © 2017. Publicado por Harvest House Publishers. Eugene, Oregon 97408.

Um comentário:

  1. Muito bem elaborado o estudo." Tudo nos mostra que Cristo já volta."(trecho de um hino da harpa cristã)
    Glória a Deus!

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