domingo, 26 de abril de 2020

IGREJA ECUMÊNICA_EVANGÉLICA_SACRAMENTAL_PENTECOSTAL


Conselho das Igrejas Cristãs na Alemanha declara 2021 “Ano do Ecumenismo” Rumo a uma eclesiologia, bíblica, histórica e pentecostal


Nós devemos exortar os evangélicos brasileiros a buscar uma eclesiologia adequada para sarar as deficiências de nossas igrejas. Precisamos sempre ter uma eclesiologia em movimento, não estática. Nosso pensar sobre a igreja precisa do movimento do Espírito em sua iluminação das verdades bíblicas e da nossa experiência eclesial e missional.

➽Nossas igrejas pentecostais precisam sempre serem renovadas pelo Espírito Santo. Particularmente não quero uma igreja estática, mera organização, mas uma igreja movente, viva e crescente!

➽Olhando para a Bíblia podemos formular que a Igreja é um mistério teológico (de Deus) no Antigo Testamento, uma promessa cristológica (de Cristo) nos Evangelhos, uma realidade pneumática (do Espírito) em Atos, uma Família-Corpo-Santuário Trinitariana (Família do Pai, Corpo de Cristo e Santuário do Espírito) nas Epístolas e uma Noiva-Esposa-Cidade em Apocalipse.

➽A Igreja é uma revelação do fim dos tempos na Era do Espírito Santo.

O apóstolo Paulo, quando escreveu à igreja dos Tessalonicenses, entendeu que havia deficiências na fé daqueles irmãos que precisavam ser sanadas. Ele escreveu: “orando noite e dia com máximo empenho, para vos ver pessoalmente, e reparar as deficiências de vossa fé?” (1Tessalonicenses 3.10).
Com uma doutrina da igreja adequada, bíblica, histórica e pentecostal, nós podemos trazer cura, reforma e renovo para nossas igrejas locais. Com isso em mente, entendo a importância de se falar de três grandes fatores promotores de reforma e avivamento para nossas igrejas.

Um fator introdutório sobre o rumo de nossa proposta
Pela riqueza das tradições históricas e interpretações na área eclesiológica do Cristianismo ou na Cristandade ouvimos falar sobre “marcas de uma igreja reformada, sacramental, evangélica, pentecostal e etc.,”. Alguns chegam a dizer “somos evangélicos (entenda-se protestante, reformado, calvinista e etc.,), e eles são pentecostais. Ou somos pentecostais, e eles evangélicos.
O membro comum da igreja às vezes fica confuso e certos pregadores e teólogos trazem mais confusão do que exposição sobre a temática das marcas de uma igreja verdadeira. Por exemplo, será que uma igreja que se diz calvinista, reformada, luterana, anglicana, anabatista, arminiana e etc., é mais verdadeira do que uma igreja que diz pentecostal, carismática e etc.,? Ou, no lugar destes polos, nós poderíamos robustecer nossa eclesiologia (doutrina da igreja) aprendendo de cada uma destas ricas heranças do Cristianismo histórico?
Lamento que de todos lados dos espectros da Cristandade pastores, teólogos e pregadores vociferam ódio às demais tradições que eles não concordam. Muitos deles postulam que pertencem a única igreja verdadeira, e chamam outros irmãos de hereges por causa de pontos secundários e até periféricos da doutrina. Todos nós devemos entender os postulados essenciais e biblicamente afirmados para se ter uma igreja verdadeira, e é por isso que não devemos ficar presos a certas tradições que tomam para si a patente de única igreja de Jesus Cristo na terra. Creio que todas as tradições e denominações, reconhecidamente cristãs, têm contribuído para entendermos o que seja uma igreja verdadeira ou ainda as marcas de uma igreja autêntica.
Para chegarmos a uma eclesiologia saudável não precisamos rejeitar as demais contribuições das Tradições da Cristandade ao assumirmos uma para nossas igrejas e elaborarmos postulados credais em nossas denominações. Por exemplo, posso claramente abraçar certos postulados de uma tradição e fortalecer o pensamento por meio de outros postulados das demais tradições. Posso muito bem abraçar as contribuições das igrejas reformadas (calvinistas, anglicanas, luteranas, arminiana e etc.,) e também das igrejas pentecostais e carismáticas para melhor expressar uma eclesiologia bíblica, histórica e teológica (essa é minha proposta!). No lugar de me enclausurar num único sistema, eu posso analisar à luz da Bíblia todas as contribuições das Tradições da Cristandade para melhor apreço e configuração de uma eclesiologia sadia, ampla, global ecumênica (católica!) e robusta.
Note que as Tradições acima se referem apenas ao Cristianismo Ocidental. Temos também uma rica herança do Cristianismo Oriental. Roma não é a única igreja antiga, existe a Pentarquia: Roma, Constantinopla, Antioquia, Jerusalém e Alexandria. Cada uma rica em Tradições eclesiásticas.
Creio que seria um grande fracasso escolher restritamente entre uma tradição ou outra? Ser pentecostal, evangélico ou sacramental? Ou será que poderíamos elaborar uma eclesiologia tanto quanto evangélica, pentecostal e sacramental? Creio que podemos, e por isso ergo minha tese e postulados neste rumo!
Creio que um dos homens que contribuiu poderosamente para um enriquecimento de uma eclesiologia cristã católica (ecumênica e global) foi Lesslie Newbigin quando publicou um dos livros mais importantes sobre eclesiologia (The Household of God: Lectures on the Nature of Church = A Casa de Deus: Palestras sobre a Natureza da Igreja, 1953). Ele argumentou com perspicácia teológica sobre a natureza da igreja, ou o que significa ser o povo de Deus. Nesta publicação ele fala da igreja, em capítulos distintos, como protestante, católico e pentecostal. Por PROTESTANTE, ele quis dizer a tradição luterana e evangélica de enfatizar a importância da fé em resposta à Palavra pregada. Por CATÓLICO, ele quis dizer a perspectiva que concede aos sacramentos um lugar de destaque na vida religiosa. E por PENTECOSTAL, ele quis dizer aquela perspectiva que enfatizava, em suas palavras, “efeitos experientes”.
Ou, colocando diferentemente (ainda Newbigin), no PRIMEIRO, a igreja é a reunião daqueles que ouvem e creem no evangelho; no SEGUNDO, a igreja é encontrada na participação sacramental na comunidade que está em continuidade histórica com os apóstolos; e no TERCEIRO, a igreja é a comunhão daqueles que recebem e permanecem no Espírito.
Embora eu vá usar uma linguagem diferente para esclarecer minha proposta e tese (rumo a uma eclesiologia bíblica, histórica e pentecostal), a percepção do Dr. Newbigin é fundamental de que existem três ângulos distintos pelos quais podemos considerar e viver na graça do Cristo ascendido e no poder do Espírito descendido. Nós não precisamos escolher um deles. De fato, talvez seja imperativo que não escolhamos, mas realmente abracemos e envolvamos cada um como a contrapartida necessária do outro. Em outras palavras, não só não é necessário escolher, é crucial que aprendamos como cada um é um meio essencial em interação dinâmica com o outro, pelo qual nos apropriamos da graça multifacetada de Deus nas heranças do Cristianismo Histórico.
Essa consideração desses três ângulos ou perspectivas sugere que há uma ecologia da graça – uma dinâmica, uma espécie de ecossistema, com contornos distintos que nos leva a uma apreciação do próprio modo como a graça funciona, com um contraponto gerativo entre a Palavra, o sacramento, e a presença imediata do Espírito, com cada um conhecido e experimentado na plenitude da graça precisamente porque é assim que a graça funciona. Seguindo este caminho, eu não tenho dúvidas de que nossa eclesiologia será mais robusta bíblica, histórica e teologicamente. Não é em vão, que eu convido ao leitor para juntos caminharmos para uma Eclesiologia Ecumênica: Bíblico, Histórico-Evangélico-Sacramental e Pentecostal.

IVAN TEIXEIRA.