Modelos de Liderança
Extraído de nosso livro UMA LIDERANÇA FORA DE MODA, p.43-44, João Pessoa, PB, Brasil: Imprell, 2012.
O ministério (os obreiros, líderes e etc)
da Igreja lhe é entregue com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço (Ef 4.11ss).
O Senhor Jesus
tem um propósito imediato na concessão dos dons ministeriais. Tal propósito é
de preparar o povo de Deus para o serviço cristão.
Aqui temos a
evidência indiscutível de como o Novo Testamento vê o ministério: não como a
prerrogativa de uma elite clerical, mas, sim, como a vocação privilegiada de
todo o povo de Deus. Nessa linha, vemos que o conceito de liderança bíblica não
é o de uma pessoa que conserva a totalidade do ministério nas suas próprias
mãos, tendo ciúmes dele, e que esmaga toda a iniciativa do povo de Deus, mas,
sim, de um líder-pastor que ajuda e encoraja todo o povo de Deus a descobrir,
desenvolver e exercer seus dons.
O pastor deve
ser um líder que capacita, pela graça de Deus, o povo de Deus a ser um povo que
serve, ministrando ativa, porém humildemente, num mundo de alienação e de dor.
Assim, ao invés de pessoalmente monopolizar todo o ministério, chega realmente
a multiplicar os ministérios.
Qual modelo de igreja, portanto, devemos
ter em mente pela exposição paulina (Ef 4.11ss)?
Há o modelo tradicional de pirâmide, com o pastor
empoleirado precariamente no seu pináculo, como um pequeno papa na sua própria
igreja, ao passo que os membros estão dispostos abaixo dele em fileiras
ordenadas, segundo sua inferioridade.
Hoje em dia, é
comum ver esse modelo em diversas denominações. Os líderes são “os grandes e
intocáveis ungidos de Deus”, “os apóstolos” e “os pais-apóstolos”, “a quarta
pessoa da Trindade”, “os reis e as rainhas”. Esse é um quadro totalmente
antibíblico, porque o Novo Testamento contempla não um único pastor com um
rebanho dócil, mas, sim, tanto uma direção plural quanto um ministério de todos
os membros (cf. At 20.17; Tt 1.5).
Outro modelo,
não melhor, é a figura do ônibus, em
que o pastor é o único que o dirige e a congregação é o grupo de passageiros
dormindo em segurança pacífica atrás dele. Será que não tem sido essa uma
realidade em muitas denominações, principalmente naquelas onde os líderes são
os grandes gurus celestiais? Sem eles o “ônibus” não anda. Eles são
considerados os insubstituíveis.
Bem diferente
da pirâmide ou do ônibus é o modelo
bíblico do corpo. A Igreja é o corpo de Cristo, e cada um dos seus membros
tem uma função distinta. Embora a metáfora do corpo certamente possa acomodar o
conceito de um pastorado distinto (em termos de um ministério – e um de grande
importância – entre muitos), realmente, não há lugar nele para uma hierarquia
nem para aquele tipo de clericalismo mandão, que concentra todo o ministério
nas mãos de um só homem e nega ao povo de Deus seus próprios ministérios aos
quais têm direito.
Não defendo um
ministério de estilo democrático e nem monárquico, e muito menos aristocrático,
mas teocrático. Não defendo um ministério em que o povo comanda, porque se
tornaria uma anarquia. Nem mesmo é um só, porque se tornaria uma ditadura. E
muito menos é uma classe de privilegiados, porque se tornaria uma fidalguia.
Creio num modelo em que Deus, por meio de Seus líderes, leva todo o povo ao
exercício ministerial conforme ensinado por Paulo. Todos, os pastores e membros
da igreja local, juntos trabalham para a edificação de si mesmo em amor.
Assim, o
propósito imediato de Cristo em dar evangelistas, pastores e mestres à Sua
Igreja é, através do ministério da Palavra exercido por eles, equipar todo o
Seu povo para os variados ministérios.
IVAN TEIXEIRA
Minister Verbi
Divini
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