quinta-feira, 26 de abril de 2018

JESUS É UM LÚCIFER?

JESUS É UM LÚCIFER?

Tenho observado a efervescente afirmação que Satanás não deve ser chamado de “Lúcifer”, “estrela da manhã” (Is 14.12 ARA), pois tal título se aplica a Jesus. Isso mesmo, para muitos o título ‘Lúcifer’ deve ser aplicado a Jesus e não a Satanás! E muitos advogam isso afirmando que a Bíblia ensina. Será mesmo?
Particularmente não acredito nisso. Analisando os contextos das referências bíblicas da expessão nós veremos que é correto chamar Satanás de "Lúcifer".

A palavra hebraica traduzida por “estrela da manhã” é heylel. James Strong faz as seguintes colocações: “1) aquele que brilha, estrela da manhã, Lúcifer; 1a) referindo-se ao rei da Babilônia e a Satanás (fig.); 2) (DITAT) ’Helel’ descrevendo o rei da Babilônia”[1].  Certo gramático famoso nos traz o seguinte verbete: “De acordo com LXX., Vulg., Targ. Rabbin. Luth., estrela brilhante, estrela luminosa, ou seja, Lúcifer. Nem isso é uma má interpretação, pois é acrescentado בֶּן־שַׁחַר e no Caldeus também Lúcifer [a estrela da manhã], é chamado כּוֹכַב נהה, em árabe. زُهَرَةُ ou seja, estrela esplêndida. De acordo com essa opinião, הֵילֵל seria derivado da raiz הלל para brilhar; como um substantivo participial do conj. ,יטֵל, (comp. Árabe. بَيْطَرَ, Syr. ܣܰܝܒܰܪ e semelhante), ou então de um verbo quadriliteral הילל, comp. הֵיכָל, הֵידָד. No entanto, הֵילֵל em si não é raramente Imper. Hiph. do verbo יָלַל na significação chorar, lamento (Ez 21:17; Zec. 11: 2), e isto não parece menos adequado, e é adotado por Syr., Aqu. e Jerome. [“Isso é menos adequado.” Ges. corr.]”[2].
הֵילֵל (hê · lēl): n.masc .; ≡ Str 1966; TWOT 499a - LN 1.26–1.33 objeto portador de luz no céu, primeiro brilho, ou seja, Estrela da manhã ou Estrela do dia, o planeta Vênus, proeminente pela manhã, referindo-se à majestade e status elevado de um rei (Is 14.12). +), nota: KJV, NKJV se traduz como "Lúcifer", apontando que isso deve se referir a Satanás. Nota: possivelmente, esta é uma referência a uma “lua crescente” baseada em estudos de linguagem análogos[3].

Versões do texto de Isaías 14.12:
       אֵ֛יךְ נָפַ֥לְתָּ מִשָּׁמַ֖יִם הֵילֵ֣ל בֶּן־שָׁ֑חַר נִגְדַּ֣עְתָּ לָאָ֔רֶץ חוֹלֵ֖שׁ עַל־גּוֹיִֽם׃[4]

12: πῶς ἐξέπεσεν ἐκ τοῦ οὐρανοῦ ὁ ἑωσφόρος ὁ πρωὶ ἀνατέλλων; συνετρίβη εἰς τὴν γῆν ὁ ἀποστέλλων πρὸς πάντα τὰ ἔθνη.[5].
12: quomodo cecidisti de caelo lucifer qui mane oriebaris corruisti in terram qui vulnerabas gentes[6].
12: How has Lucifer, that rose in the morning, fallen from heaven! He that sent orders to all the nations is crushed to the earth[7].
12: ¡Cómo has caído del cielo, oh lucero, hijo de la mañana! Has sido derribado al suelo, tú que debilitabas a las naciones[8].

Isaías 14.12: Os estudiosos entendem que o uso que o Senhor Jesus faz deste versículo (pelo menos por inferência) para descrever a queda de Satanás (Lc 10.18; cf. Ap 12.8-10) pode ser entendido como uma referência não somente ao rei da Babilônia, mas também a Satanás. As palavras dirigidas ao rei de Babilônia são endereçadas, na verdade, ao poder maligno que o capacita. Isso é uma característica da profecia, veja, por exemplo, que Ezequiel 28.12-17 usa uma linguagem semelhante ao se dirigir ao rei de Tiro e a Satanás por trás dele.
Acredita-se que a impropriedade das expressões descritas em Isaías e em Ezequiel nos lábios de qualquer outro a não ser Satanás seja evidência para que “estrela da manhã” refira-se a Satanás. Ele é aquele que debilitavas as nações ou que foi lançando entre as nações (Is 14.12; cf. Ap 12.9,12; 20.3). “Alguns dos pais da Igreja, ligando essa passagem a Lucas 10.18 e Apocalipse 12.8 e 9, tomaram-na como uma referência à queda de Satanás descrita naquelas passagens”[9]. Então, aquele que era “radiante em fulgor e beleza, agora é como uma estrela que caiu do firmamento. Ele, que derrubara nações, jaz derrubado por terra”. Por isso, podemos afirmar que “o rei de Babilônia, mediante sua auto-deificação, é imitador do diabo e um tipo do anticristo (Dn 11.36; 2Ts 2.4); portanto, a sua humilhação é também um exemplo da queda de Satanás da posição de poder que ele usurpou (cf. Lc 10.18; Ap 12.9)”[10]. Daí entendemos o porque Jerônimo e Tertuliano (Pais da Igreja) se referiam ao diabo traduzindo a expressão “estrela da manhã” por “Lúcifer”.
Acrescente-se que a tradição da época dizia que as estrelas representavam deuses lutando entre si para ocupar posições de proeminência. A Vulgata traduziu “estrela da manhã” por “Lúcifer”, que veio a se tornar nome próprio e, depois, foi aplicado a Satanás. Sem entrar em paralelos com as histórias mitológicas a expressão “estrela da manhã” pode referir-se a Satanás, um anjo de luz que tinha posições de proeminência entre os demais.

Posso atribuir a expressão “Lúcifer” a Satanás?
Acredito que sim! Os pais da igreja o fizeram. E, por conseguinte a igreja o usou como um título para Satanás.
Alguns objetam que isso é errado com base nas passagens de 2ª Pedro 1.19 e Apocalipse 22.16, visto que tais passagens usam a expressão para se referir a Cristo. Vejamos um pouco sobre isso. 2ª Pedro 1.19 usa a palavra grega phosphoros que é traduzida como “estrela da alva”. De modo que esta expressão “deve ser uma descrição pictórica da maneira pela qual, em Sua Vinda, Cristo dissipará a dúvida e a incerteza pelas quais seus corações estão, entretanto, obscurecidos e os preencherá com uma maravilhosa iluminação”[11].
O título usado em Apocalipse 22.16 para o Senhor Jesus é ὁ ἀστὴρ ὁ λαμπρὸς ὁ πρωϊνός = ho astēr ho lampros ho prōinos, “a resplandecente estrela da manhã”, uma possível alusão a Números 24.17: “Uma estrela virá de Jacó”, uma passagem vista como messiânica no judaísmo[12]. No contexto de Apocalipse 2.28, ton astera ton proinon, “a estrela da manhã”, pode se referir a participação que Cristo concede à igreja em Sua autoridade messiânica (cf. Ap 19.15 com 2.26c,27; 22.16 com 2.28), e ainda Cristo compartilhando com a igreja a Sua glória messiânica como “estrela da manhã”.

Tendo estas passagens em mente, observa-se que a expressão “estrela da manhã” é aplicada em diferentes contextos: 1) Isaías 14.12: Referência ao rei de Babilônia e, por conseguinte a Satanás; 2) 2ª Pedro 1.19: Cristo e Sua vinda que dissipará a obscuridade nos corações dos crentes; 3) Apocalipse 2.28: Cristo compartilhando com Sua igreja a glória messiânica; 4) Apocalipse 22.16: Comparado a Números 24.17 traz uma referência a Jesus como o Messias das profecias. 5) Fontes extra-bíblicas aludem a expressão “estrela da manhã” a glória do planeta Vênus (Sir. 50.6-7)”[13] como símbolo de soberania usado frequentemente pelos generais e imperadores romanos.
É regra na exegese que uma palavra pode ter conotações/significados diferentes dependendo do contexto. É o contexto que dá o significado a palavra e sua referência. Com isso em mente afirmamos que a expressão “estrela da manhã” em Isaías é uma alusão a Satanás e que os Pais da Igreja, Jerônimo e Tertuliano, usando a Vulgata, não estavam errados em chamar Satanás de Lúcifer. E tal título foi teologizado, por assim dizer, para referir a Satanás na História da Igreja. Igualmente, pode-se elencar que Satanás é descrito por Paulo em 2ª Coríntios 11.14, como um ser que pode se transformar em “anjo de luz”: “E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz”. Ele é um “anjo” falso e também uma “estrela da manhã” falsa. Ah, e podemos pontuar que o Senhor Jesus não é simplesmente a “estrela da manhã”, Jesus é a “RESPLANDESCENTE estrela da manhã”. O brilho do nosso Senhor ofusca ao de Satanás!

Soli Deo Gloria!




[1] STRONG, J. (2002). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (n.01966). Sociedade Bíblica do Brasil.
[2] GESENIUS, W., & TREGELLES, S. P. (2003). Gesenius’ Hebrew and Chaldee lexicon to the Old Testament Scriptures (p. 222–223). Bellingham, WA: Logos Bible Software.
[3] SWANSON, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains: Hebrew (Old Testament) (n.2122). (electronic ed.). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc.
[4] Biblia Hebraica Stuttgartensia: with Werkgroep Informatica, Vrije Universiteit Morphology; Bible. O.T. Hebrew. Werkgroep Informatica, Vrije Universiteit. (2006). (Is 14.12).
[5] SWETE, H. B. (1909). The Old Testament in Greek: According to the Septuagint (Is 14.12). Cambridge, UK: Cambridge University Press.
[6] Biblia Sacra Vulgata: Iuxta Vulgatem Versionem. (1969). (electronic edition of the 3rd edition., Is 14.12). Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft.
[7] BRENTON, L. C. L. (1870). The Septuagint Version of the Old Testament: English Translation (Is 14.12). London: Samuel Bagster and Sons.
[8] Santa Biblia: Reina-Valera Actualizad. (1989). (electronic ed. of the 1989 editio., Is 14.12). El Paso: Baptist Spanish Publishing House.
[9] OSWALT, John N. Comentário do Antigo Testamento: Isaías, vol. 1, p.393. São Paulo, SP, Brasil: Cultura Cristã, 2011.
[10] RIDDERBOS, J. Isaías: Introdução e comentário, p.149. São Paulo, SP, Brasil: Vida Nova, 1986. – (Série Cultura Bíblica).
[11] KELLY, J. N. D. (1969). The Epistles of Peter and of Jude (p. 323). London: Continuum.
[12] OSBORNE, G. R. (2002). Revelation (p. 793). Grand Rapids, MI: Baker Academic.
[13] KEENER, Craig S. Comentarios Bíblicos con Aplicación NVI: Apocalipsis, p.156. Miami, Flórida, USA: Editorial Vida, 2013.

sábado, 21 de abril de 2018

𝐀 𝐓𝐑𝐈𝐍𝐃𝐀𝐃𝐄: 𝐏𝐀𝐈, 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎 𝐄 𝐄𝐒𝐏Í𝐑𝐈𝐓𝐎 𝐒𝐀𝐍𝐓𝐎!



BOYCE, J. P. (2010). Abstract of Systematic Theology (p.125-136). Bellingham, WA: USA.



A doutrina Bíblica da Trindade é apresentada no resumo dos princípios do Seminário Teológico Batista do Sul em estas palavras (Art III..): “Deus se revela a nós como Pai, Filho e Espírito Santo, cada um com atributos pessoais distintos, mas sem divisão de natureza, essência ou ser ”.
A peculiaridade dessa definição é que ela é uma mera declaração dos fatos bíblicos revelados, enquanto, ao mesmo tempo, inclui todos os pontos envolvidos na doutrina da Trindade, conforme defendida por cristãos ortodoxos de todas as idades. Não há adição aos fatos das Escrituras, mas a exposição completa que essas palavras fazem da doutrina mostra que ela foi corretamente formulada a partir do que Deus mesmo revelou. Como Ele sozinho pode conhecer e revelar o que Ele é, então devemos aceitar Suas declarações, por mais misteriosa e incompreensível que possa ser Sua revelação.
Esta definição sugere-nos um método de tratamento pelo qual, na máxima simplicidade e Escriturária, toda a verdade sobre este importante assunto pode ser alcançada.

I. A RELAÇÃO DE PAI E PILHO
Deus nos é revelado como o Pai; não apenas no modo geral como Ele é chamado Pai de todos os seres criados, e eles são Seus filhos; nem naquilo em que Ele é o Pai daqueles que são Seus filhos, em virtude da adoção, que está em Cristo Jesus; mas o Pai como indicativo de uma relação especial entre Ele e outra Pessoa que as Escrituras chamam de Seu Filho unigênito. Existem várias classes de passagens bíblicas que revelam isso.
1. Aquela classe na qual, em reconhecimento dessa relação, Cristo se dirige a Deus como “Pai”.  Mt 11:25, 26 ; Marcos 14:36 ; Lucas 10:21 ; 22:42 ; 23:34 , 46 ; João 12:26 , 27 , 28 ; 17: 1 , 5 , 11 , 24 , 25 .

2. Aquela classe em que Cristo fala d’Ele como peculiarmente Seu Pai. A expressão “nosso Pai” nunca é usada por Ele, exceto na oração do Senhor quando Ele está ensinando os discípulos a orar. Mt 10:32 , 33; 15:13; 16:17; 18:10, 19; 20:23; 24:36; 25:34; 26:29, 39, 42, 53; Lucas 2:49; 22:29; 24:49; João 5:17, 43; 6:32; 8:19, 38, 49, 54; 10:18, 25, 29, 30, 32, 37; 12:26; 14:7, 20, 21, 23; 15:1,8,10,15,23; 20:17; Ap 2:27; 3:5.

3. Aquela classe da qual o Pai é dito como enviando e dando o Filho.
Isso não inclui muitas passagens em que se diz que Cristo foi enviado, mas apenas aquelas em que Ele é referido como enviado pelo Pai. João 3:16 , 17 ; 5:37 ; 6: 37-40 , 57 ; 8: 16-19 ; 10:36 ; João 12:45 , 49 ; 14:24 ; 17:18 ; 20:21 .

4. Uma quarta classe representa o Pai como conhecedor e amando o Filho. Matt 11:27 ; Lucas 10:22 ; João 3:35 ; 5:20 .

5. Há, também, uma classe na qual Cristo e o Pai são considerados cooperadores, ou em que as obras de Cristo são reivindicadas como sendo o testemunho do Pai para Ele. João 5:17 ; 10:25, 32, 36, 37, 38.

6. Aquela classe em que se diz que o Pai atribui especial honra ao Filho. João 3:35; 5:23,25, 26, 27.

7. Há ainda outra classe em que a peculiaridade da relação é mostrada por tais termos, como:
(1) "Meu Amado Filho", a linguagem é muito forte e enfática, "Meu filho, o amado" . 3:17 ; 17: 5 ; Marcos 1:11 ; Lucas 3:22 ; 2 pet. 1:17 .

(2) "Filho Unigênito". João 1:14 , 18 ; 3:16 , 18 ; 1 João 4:9.

(3) "Seu próprio Filho". Rom. 8:32 . Em conexão com isso, deve ser lembrado que, em João 5:18, a acusação feita contra Cristo pelos judeus foi que Ele “chamou a Deus Seu próprio Pai fazendo-se igual a Deus”.

8. As afirmações que o Filho sozinho viu, e conheceu, e revelou o Pai, também mostram peculiaridade deste relacionamento. João 1:18 ; 14: 6–11 ; 17:25 , 26 .

9. A mesma peculiaridade é demonstrada pela maneira como Cristo fala das obras que realiza em virtude disso. Veja o discurso do Dia do Senhor depois de curar o homem na piscina de Bethesda. João 5: 19–31 , 36 , 37 ; também, João 14:10 , 11 .

II. ESSE PAI É DEUS
A relação apontada acima, é uma suportada por Cristo ao Deus supremo. É Ele, a quem as Escrituras chamam Deus no verdadeiro sentido da palavra, a quem Cristo é dito por eles como Filho do Pai.
1. Há as passagens que expressamente chamam a Cristo de “Filho de Deus”. Todas são omitidas aqui onde o nome é dado pelos demônios, ou pelo Centurião, ou de qualquer outra maneira em que a autoridade do ensino inspirado não pode ser reivindicada por seu uso.
Marcos 1: 1 ; Lucas 1:35 ; João 5:25 ; 10:36 ; 11:27 ; Atos 9:20 ; Gal. 4: 4 ; 1 João 4:15 ; 5: 5 , 20 , 21 .

2. Existem outras passagens nas quais o epíteto “Deus” é atribuído ao Pai nesta relação.
João 1:18 ; 3:16 , 17 ; 5:18 ; ROM. 1: 1–4 ; 8:31 , 32 ; 2 pet. 1:17 1João 4:9,10; 2João 3.

III. ESSE FILHO É DEUS
1. Ele é expressamente chamado de Deus. Não é negado que este epíteto, como o do Senhor, é aplicado em um sentido inferior aos outros. O mero uso desses títulos não provaria que aquele a quem eles são atribuídos tem a natureza divina. Mas a maneira pela qual eles são aplicados a Cristo, e a frequência dessa aplicação, tornam-se, junto com as outras evidências apresentadas, uma prova incontestável de que Ele, assim como o Pai, é o verdadeiro Deus. Se eles não fossem atribuídos a Cristo nas Escrituras, sua ausência seria visível e bem ajustada para lançar dúvidas sobre as outras evidências. Matt 1:23; João 1:1; 20:28; Rm 9:5; Tito 1:3; Hb 1.8.
No acima são omitidos, como, por vários motivos, duvidosos: Atos 20:28; 1Tim. 3:16; e 1João 5:20. Um estudo exegético dessas passagens mostrará, mesmo com o texto dos críticos recentes, que eles corroboram fortemente a doutrina de que Cristo é Deus.

2. Cristo também é chamado de Senhor. Este título é usado tanto no Antigo como no Novo Testamento ainda mais geralmente do que é o de Deus. Um exame dos textos aqui citados mostrará que, em um sentido peculiar, apenas adequado a Cristo como Deus, é aplicado a Ele. Matt 12:8; 22:41-45; Marcos 2:28; Lucas 6:46; 20:41-44; João 13:13,14; Atos 10:36; ROM. 14:9; 1Co 2:8; Gal. 1:3; 6:18; Fp 2:11; 2Ts 2:16; Judas 4; Ap 17:14 ;19:13,16.

3. Ele é um objeto peculiar de adoração. A adoração devida a Ele não é meramente aquele respeito reverente oferecido aos reis e outros em autoridade, mas tal adoração como foi recusada pelos apóstolos com horror, porque eles eram meros homens (Atos 14:13-15), e contra os quais, quando oferecido a ele por João, até mesmo o poderoso anjo (Apocalipse 19:10; 22:9) protestou fervorosamente. Todos os casos duvidosos de culto são omitidos aqui, mesmo aquele dos homens sábios (Mt 2:2,11) em que talvez o culto divino fosse oferecido. Matt 14:33 ; Lucas 24:52 ; Atos 7:59 , 60 ; 2 Cor. 12: 8 , 9 ;Phil 2:10 ; Hebr. 1: 6 ; Rev. 5: 8–14 ; 7: 9–12 .

4. Ele deve ser honrado igualmente com o Pai. João 5:23.

5. Suas relações com o Pai são de identidade e unidade. João 1:18 ; 5: 17-19 ; 8:16 , 19 ; 10h30 ; 12:44 , 45 ; 14: 7-11 ; 15:24 ; Hebr. 1: 3 ; Cl 1:15 , 19 ; 2: 9 ; 1 João 2:23 , 24 .

6. Eles são igualmente conhecidos um do outro e desconhecidos de todos os outros. Matt 11:27 ; Lucas 10:22 ; João 1:18 ; 6:46 ; 10:15 .

7. Ele é o Criador de todas as coisas. João 1:3 , 10 ; 1 Cor. 8:6; Cl 1:16 ; Hebr. 1:10.

8. Ele defende e preserva todas as coisas. Cl 1:17; Hebr. 1:3 .

9. Ele é a manifestação do Ser Divino neste mundo. João 1:10 , 14 , 18 ; 14: 8-11 ; 16: 28-30 ; Cl 1:15 ; 1 Tim. 3:16 ; 1 João 1: 2 .

10. Ele é maior que todos os outros; maior que Moisés, e Davi, e Salomão, e Jonas, e o Batista; e não maior que o homem apenas, mas que todas as inteligências espirituais do universo. Mt 3:11 ; 12:41 , 42 ; Marcos 12:37 ; Lucas 11:31 , 32 ; João 1:17 ; Ef. 1:21 ; Fp 2: 9; Hb 1:4,5; 3:3; 1Pe 3:22.

11. Ele é a fonte de todas as bênçãos espirituais.
(a) Ele dá o Espírito Santo. Lucas 24:49 ; João 16: 7 ; 20:22 ; Atos 2:33 .
(b) Ele perdoa pecados. Marcos 2: 5–10 ; Lucas 5: 20-24 ; 7: 47–49 ; Atos 5:31 .
(c) Ele dá paz peculiar. João 14:27 ; 16:33 . Não é ele quem é chamado de "Deus da paz"? Rom. 15:33 ; 16:20 ; 2 Cor. 13:11 ; Phil 4: 9 ; 1 thess. 5:23 ; Hebr. 13:20 .
(d) Ele dá luz. João 1: 4 , 7 , 8 , 9 ; 8:12 ; 9: 5 ; 12:35 , 46 ; 1 João 1: 5–7 ; Apocalipse 21:23 .
(e) Ele dá fé. Lucas 17: 5 ; Hebr. 12: 2 .
(f) Ele dá a vida eterna. João 17: 2.
(g) Ele confere todos os dons espirituais concedidos a suas igrejas. Ef. 4: 8–13 .

12. Todos os atributos incomunicáveis ​​de Deus são atribuídos a ele.
(a) Auto-existência. Ele tem poder sobre Sua própria vida. João 2:19 ; 10:17 , 18 . Ele tem vida em Si mesmo, assim como o Pai. João 5:26 .
(b) Eternidade da existência. João 1:1,2; 17:5,24 ; Hb 1: 8,10–12; 1João 1:2.
(c) Onisciência. Mt 9:4; 12:26; Marcos 2:8; Lucas 6:8; 9:47; 10:22; João 1:48; 2:24,25; 10:15; 16:30; 21:17; Cl 2:3; Ap 2:23 .

(d) Onipresença. Matt 18:20; 28:20; João 3:13; Ef 1:23.
(e) Onipotência. Mt 28:18; Lucas 21:15; João 1:3; 10:18; 1Co 1:24; Ef 1:22; Fp 3:21; Cl 2:10; Ap 1:18.
(f) Imutabilidade. Hb 1:11,12; 13:8.

13. O julgamento do mundo é confiado a Ele. Mt 16:27; 24:30; 25:31; João 5:22,27; Atos 10:42; 17:31; Rm 2:16; 14:10; 2Co 5:10; 2Tm 4:1.

14. A igualdade absoluta com o Pai é atribuída a ele. Isso mostra que a unidade e identidade, antes referidas, não são da vontade, mas da natureza; e que os nomes, culto e atributos de Deus não são concedidos em qualquer outra base que não seja o verdadeiro Deus.
(a) Igualdade nas obras. João 5:17–23.
(b) Igualdade no conhecimento. Lucas 10:22; João 10:15.
(c) Igualdade na natureza. João 5:18; 10:33; Fp 2:6; Colossenses 2:9; Hb 1:3.

Será visto pelas declarações anteriores que as Escrituras ensinam distintamente a existência de Deus nas relações pessoais de Pai e Filho, e que cada uma delas é Deus. Nenhuma referência foi feita ao Antigo Testamento, na prova da divindade de Cristo. O Novo Testamento é a fonte mais natural de tal instrução, porque nos revela o cumprimento do propósito de Deus ao enviar Seu Filho ao mundo e nos ensina claramente Sua natureza e relação com o Pai. Qual será a natureza dessa relação de Filho e Pai será, a partir de agora, examinada na discussão da filiação eterna de Cristo. O que o Antigo Testamento diz a respeito de Cristo também será apresentado a seguir.

Resta, no entanto, mostrar que
IV. O PAI E O FILHO TÊM ATRIBUTOS PESSOAIS DISTINTOS
Este fato é tão manifesto, da maneira pela qual a Escritura fala de cada um, quanto a necessidade, mas breve discussão.
O mero uso dos nomes Pai e Filho indica uma relação entre duas pessoas. Que a cada um deles são atribuídos os atributos de caráter, tais como amor, ódio, bondade, misericórdia, verdade e justiça, que só podem existir e serem exercidos por pessoas, mostram personalidade separada. Nem, exceto através de relações pessoais distintas, pode-se dizer que o amor mútuo é exercido, como por Cristo ao Pai, João 14:31; e pelo Pai a Cristo, João 3:35; 5:20; 10:17; 17:24. Manifestamente, também, deve haver duas pessoas, quando se diz que uma envia e outra para ser enviada; um para dar e outro para ser dado; um para ensinar e outro para ser ensinado; um para mostrar e outro para perceber o que é mostrado; um para receber poder e outro para dar; e um a ser declarado, com respeito a outro, para ser “o esplendor de Sua glória e a própria imagem de Sua substância”, Heb1:3; e, porque na forma daquele outro, ter “não julgou por usurpação o Ser igual a Deus”  (Fp 2:6).
Temos aqui, portanto, não o único Deus, manifestando-se às vezes como Pai, e às vezes como Filho; mas uma distinção de pessoas na Divindade, na qual somos ensinados que naquela Divindade existe uma relação pessoal de Pai para Filho e Filho para Pai, com uma individualidade e personalidade distintas de cada um.


V. O ESPÍRITO SANTO UMA PESSOA.
As Escrituras designam, por vários termos muito semelhantes, a terceira personalidade revelada na Divindade. Ele é chamado “o Espírito”, “o Espírito de Deus”, “o Espírito Santo”, “meu Espírito”, “o Espírito do Senhor”, “o Espírito de Cristo”, “Teu bom Espírito”, “o Espírito de glória”, “o Espírito de graça”, “o Espírito de conhecimento e entendimento, o Espírito de conselho e poder, o Espírito de conhecimento e do temor do Senhor”, “o Espírito Santo da promessa”, “o Espírito da verdade” e “o Espírito da sabedoria”. Cristo também o chamou de “Consolador” e “outro Consolador”.
O Espírito divino, assim denominado, deve ser algum poder ou influência exercido por Deus, ou uma Pessoa distinta na Divindade. Não pode ser simplesmente a parte espiritual de Deus, como é o espírito no homem, pois Deus não é composto de espírito e corpo. Isso é manifesto de Sua imaterialidade. Tampouco pode ser de alguma forma parte de Sua natureza espiritual, como às vezes uma distinção é feita no homem, entre sua mente e espírito, ou sua alma e espírito. A perfeita simplicidade de Deus, que proíbe toda composição, torna isso impossível. É, portanto, ou o próprio Deus exercendo algum poder ou influência, ou uma Pessoa na Divindade. Um exame das Escrituras mostra que é o último.
1. As evidências da ação pessoal mostram que o Espírito não é meramente um poder ou influência de Deus, mas é o próprio Deus ou uma pessoa divina.
(1) As Escrituras falam do Espírito como em um estado de atividade. Gên. 1:2; Mt 3:16; Atos 8:39. A linguagem dessas passagens pode ser antropomórfica, mas o estado de atividade ensinado é, sem dúvida, real.
(2) Eles declaram que o Espírito ensina e dá instruções. Lucas 12:12; João 14:26; 16:8,13,14; Atos 10:19; 1Co 12:3.
(3) O Espírito também é falado por eles, como uma testemunha de Cristo ao seu povo. João 15:26.
(4) Eles também afirmam que Ele testemunha aos crentes que eles são filhos de Deus, e se torna o penhor de sua herança. ROM. 8:16 ; 2Co 1:22 ; 5: 5 ; Ef. 1:13 e 14 ; 4:30.
(5) Ele é mencionado como líder dos filhos de Deus. ROM. 8:14 .
(6) Diz-se também que Ele habita dentro deles de tal maneira que Sua presença é a de Deus. João 14:16 , 17 ; ROM. 8: 9 , 11 ; 1 Cor. 3:16 , 17 ; 6:19 .
(7) Nós somos ensinados que Ele é afligido. Ef. 4:30 .
(8) Ananias é acusado de ter mentido para Ele. Atos 5:3.
(9) A blasfêmia contra Ele é o pecado imperdoável. Mt 12.31, 32 .
(10) Ele é descrito como resistido pelos homens. Atos 7:51 .
(11) Também como aborrecido por eles. Isaías 63:10.
(12) Como se rivalizando com eles. Gênesis 6:3.
(13) Como homens inspirados por Ele. Atos 2: 4 ; 8:29 ; 13: 2 ; 15:28 ; 2 pet. 1:21 .
(14) Intercedendo por eles. ROM. 8:26,27.
(15) Como outorgar diversidades de dons. 1 Co 12:4–11.

Em todos esses casos, há atividade pessoal, pensamento e sentimento. O que é assim declarado, não pode ser verdade de um mero poder ou influência. A única questão pode ser: se essa Pessoa é Deus, distinta de qualquer pluralidade de relações pessoais, ou se é outra personalidade na natureza divina.

2. As Escrituras mostram que Ele é uma pessoa separada do Pai e do Filho.
(1) É afirmado que Ele procede do Pai. João 15:26. Um Ser pessoal, proveniente de uma pessoa, não pode ser ela mesma. As provas acima dadas, portanto, de Sua ação pessoal e emoção, mostram que este Espírito é outra pessoa.
(2) Ele é dado ou enviado pelo Pai. João 14:16 ,26 ; Atos 5:32 e pelo Filho, João 15:26; 16:7; Atos 2:33. Aquele que é enviado não pode ser idêntico àquele que envia.
(3) Ele é chamado o Espírito do Pai. Ef. 3:16; e também o Espírito de Cristo e do Filho. ROM. 8: 9 ; Gal. 4: 6 , talvez também 2 Tess. 2: 8 .
(4) O Filho é dito para enviar o Espírito do Pai. João 15:26; e é dito que Deus envia o Espírito do Filho. Gal. 4:6.
(5) O Espírito é distinguido do Pai e do Filho em passagens que os conectam diretamente uns com os outros. Mt 3:16, 17; 28:19; João 14:26; 15:26; 16:13; Atos 2:33; Ef 2:18; 1Co 12:4–6; 2Co 13:14; 1Pe 1:2.
(6) A personalidade do Espírito também é habilmente argumentada a partir do "uso dos pronomes pessoais em relação a Ele", pelo Dr. Charles Hodge, Sys. Theol., Vol. I p. 524 . Não apenas os pronomes pessoais são usados ​​pelo Espírito, e também pelo Espírito, mas há um afastamento da regra gramatical, no uso de um pronome masculino em conexão com um substantivo neutro, a menos que o masculino seja justificado pelo fato de que uma pessoa é referida que pode ser chamado de "ele".

VI. O ESPÍRITO SANTO É DEUS
Então, completamente as Escrituras identificam o Espírito com o Deus Supremo, que o fato de Sua personalidade ter sido estabelecida, Sua divindade essencial será imediatamente admitida. Na discussão da Trindade, portanto, o ponto de prova necessária quanto ao Espírito é Sua personalidade, enquanto que para o Filho é Sua divindade. A abundante prova da divindade do Espírito é encontrada:
1. Nas passagens que o chamam “o Espírito de Deus” e “o Espírito do Senhor”, bem como aqueles em que Deus o chama “Meu Espírito”. Estes são conclusivos, da mesma forma, como é a divindade de Cristo daqueles que o chamam de o Filho de Deus. Os títulos “Espírito de Deus” e “Espírito do Senhor” são usados ​​cerca de vinte e cinco vezes na Bíblia. "Meu Espírito" é usado em referência ao Espírito de Deus em Gn 6:3; Prov. 1:23; Is 44:3; 59:21; Ez 36:27; 39:29; Joel 2:28; Ageu 2:5 ; Zc 4:6; Mt 12:18; Atos 2:17 e 18.

2. Os escritores do Novo Testamento declaram que certas coisas, que no Antigo Testamento são atribuídas a Jeová (YHWH), foram ditas pelo Espírito. Compare Atos 28:25–27 e Hebreus 3:7–9 com Isaías 6:9 e também Hb 9: 8, com o Ex. 25:1 e 30:10.

3. Os escritores sagrados do Antigo Testamento eram os mensageiros de Deus, e falavam por Ele, mas a influência pela qual eles se tornaram assim é chamada no Novo Testamento do Espírito Santo. Compare Lucas 1:70 com 2 Pedro 1:21; 2Tm 3:16 e Hb 1:1 com 1Pedro 1:11; também Jr. 31:31,33,34, com Hb 10:15-17.

4. A criação do mundo é atribuída ao Espírito Santo. Gên. 1:2; Jó 26:13; Sl 104:30.

5. Dizem que Ele procura e conhece até mesmo as coisas profundas de Deus. 1Co 2:10.

6. Ele é mencionado como onipresente. Sl 139:7–10 e onisciente. Sl 139:11; 1Co 2:10.

7. A divindade do Espírito é peculiarmente provada por Suas influências sobre Cristo. Tendo sido demonstrado que Cristo, o Filho, é Deus, a conexão do Espírito de Deus com Cristo, embora fosse apenas em Sua natureza humana, é uma prova convincente de que o Espírito, que não é um mero poder de Deus, mas uma Pessoa como vimos acima, deve ser também Deus.
(1) Em Seu nascimento. Matt 1:18 , 20 ; Lucas 1: 31-35 .
(2) Influências mentais e espirituais do Espírito foram preditas. Is 11:2 e Isaías 61:1.
(a) E estas foram cumpridas no Seu batismo. Matt 3:16 ; João 1:33 .
(b) No momento da tentação no deserto. Matt 4: 1 ; Marcos 1:12 .
(c) Em sua pregação. Lucas 4:14 , 18–21 .
(d) em expulsar demônios. Matt 12:28 .

(3) Esta influência espiritual foi sem medida. João 3:34 .

8. Diz-se que a habitação do Espírito no povo de Deus os torna o templo de Deus. Compare 1 Co 3:16 e 6:19 com 2Coríntios 6:6 e Ef 2:22.

9. O Espírito é expressamente chamado de Deus em conexão com a falsidade de Ananias e Safira. Atos 5:3,4,9.

VII. OS TRÊS REVELADOS DISTINTAMENTE
Visto que as Escrituras provam as personalidades e divindade do Pai, Filho e Espírito Santo foram agora consideradas, é apropriado notar algumas passagens da Escritura nas quais os Três são revelados distintamente, por serem mencionados, ou manifestados juntos.
1. No batismo de Cristo é visto o Filho que acaba de ser batizado, e o “Espírito de Deus descendo como pomba”, enquanto do céu em cima [e, portanto, do Pai e não do Espírito, que está assim manifesta-se distintamente do Pai,] é ouvido "uma voz", "dizendo: este é o Meu Filho amado, em quem me comprazo". Mt 3:17.

2. Uma distinção igualmente clara é estabelecida na linguagem de Cristo, Mt 28:19, em que Ele ordenou que o batismo fosse realizado “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Esse ato de batismo é de molde a envolver tanto a divindade quanto a personalidade dos Três, pois é um ato de adoração que pode ser devido somente a Deus; é uma profissão de fé em Deus e Sua justiça, que pode ser devida somente a Deus; e é um penhor de fidelidade, como Deus claramente ensinou que Ele não compartilhará com outro.

3. No último discurso de nosso Senhor, Ele promete enviar “o Consolador”, “o Espírito Santo”, “do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai”. Aqui o Filho envia, o Espírito é enviado e o Espírito procede do Pai. Ele também é referido como aquele “a quem o Pai enviará em Meu Nome”. Veja João 14:26 e 15:26.

4. O apóstolo Paulo, evidentemente, refere-se a esses mesmos três, quando escreve aos coríntios do “mesmo Espírito”, “o mesmo Senhor” e “o mesmo Deus”. 1Co 12:4–6.

5. A bênção com a qual Paulo encerra sua segunda epístola aos coríntios também apresenta unidos, ainda que separadamente, os mesmos Três; certas bênçãos são invocadas, mas sem nenhuma distinção aparente entre aqueles a quem são solicitadas. Se houver alguma proeminência, é dada a preferência ao Filho do que ao Pai.

VIII. ESTES TRÊS SÃO UM DEUS
Nossa definição afirma que esses Três são revelados como sem divisão de natureza, essência ou ser. Não se pretende indicar, pelo uso destas três palavras, qualquer distinção ampla entre elas. Eles são quase iguais. No entanto, existe alguma distinção. Por natureza entende-se aquele caráter peculiar do ser que faz um tipo de ser diferir de outro. Assim falamos da natureza divina, ou da natureza angélica, ou da natureza humana, ou da natureza bruta; significa aquela peculiaridade da vida, e caráter, e condição pessoal, que faz um deus, ou um anjo, ou um homem, ou um bruto. Por essência se entende, essa peculiaridade, na própria natureza, que constitui o que é necessário à sua existência, de modo que não podemos dizer, na ausência dessa essência, que tal natureza existe. Tire da natureza humana aquilo que é sua qualidade essencial, e ela deve deixar de ser a natureza humana. Ser é a essência de qualquer natureza que se torna realmente existente nessa natureza. Em Deus, a natureza e a essência devem ser idênticas, porque tudo na natureza de Deus é necessário à Sua existência e, consequentemente, a natureza não pode ser maior nem menor que a essência; na verdade, eles devem ser os mesmos. Nem pode ser separado da natureza e essência de Deus, embora não seja idêntico a eles. A necessidade de Sua existência atual é algo inerente à Sua natureza. Não poderia haver tal natureza sem necessariamente envolver a existência de alguma pessoa ou pessoas nela
Quando se afirma, portanto, que não há “divisão de natureza, essência ou ser”, tudo o que se quer dizer é simplesmente que existe apenas um Deus; que tal é a natureza divina que não pode ser multiplicada, dividida ou distribuída, mais do que Deus pode ser assim dividido em Sua onipresença com todas as coisas. A natureza divina é assim possuída, por cada uma das Pessoas na Trindade, que não tem Sua própria natureza divina separada, mas cada uma subsiste em uma natureza divina, comum aos três. Caso contrário, as Três Pessoas seriam três deuses. Assim também, nessa natureza divina, sua qualidade essencial não é dividida em sua relação através da natureza com as pessoas. Se assim fosse, haveria três partes separadas da natureza divina. Mas isso não pode ser, é manifesto da identidade em Deus da natureza e da essência. Que não é assim, é declarado pelas Escrituras, quando eles ensinam que há apenas um Deus. Em Deus há também apenas Um Ser Divino, porque existe apenas Uma Essência e Natureza Divinas. Há apenas Um que pode ter a realidade da existência. O Ser da Pessoa, não sendo idêntico ao da natureza, fato que é verdadeiro em todas as naturezas, criado ou incriado, a unidade da natureza e da essência não proíbe a pluralidade de pessoas. A Trindade das Pessoas, portanto, não destrói a Unidade da Natureza ou Essência e, consequentemente, não a do ser de Deus.
As Escrituras ensinam em toda parte a unidade de Deus explicitamente e enfaticamente. Não pode haver dúvida de que eles revelam um Deus que é exclusivamente Um. Mas suas outras declarações, que estivemos examinando, deveriam nos assegurar que elas também ensinam que existem três pessoas divinas. É esse peculiar ensino duplo, expresso pela palavra “trindade”. A revelação para nós não é a do triteísmo ou dos três deuses; nem da triplicidade, que é tríplice, e envolveria composição, e seria contrária à simplicidade de Deus; nem da mera manifestação de uma pessoa em três formas, que se opõe à individualidade revelada das pessoas; mas é bem expressa pela palavra Trindade, que é declarativa, não simplesmente de Trindade, mas de Três-Unicidade. Que esta palavra não é encontrada nas Escrituras não é objeção a ela, quando a doutrina, expressa por ela, é tão claramente apresentada.


IVAN TEIXEIRA

quinta-feira, 19 de abril de 2018

𝐄𝐍𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄𝐂𝐈𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐔𝐌𝐀 𝐋𝐈𝐃𝐄𝐑𝐀𝐍Ç𝐀 𝐁Í𝐁𝐋𝐈𝐂𝐀!

LIDERANÇA USADA POR DEUS!

O SENHOR Deus de Israel escolheu Josué para uma grande obra: ser o sucessor de Moisés e introduzir os israelitas na Terra Prometida. Essas eram a tarefa e o ministério supremos de Josué como líder escolhido de Deus.
Para cumprir o desígnio de Deus Josué deveria ser um líder bíblico, ou seja, um homem apegado à Lei de Deus. Toda sua vida e ministério deveriam ser pautados nas Palavras de Deus registradas na Lei de Moisés. O sucesso e a prosperidade de Josué dependeriam de sua obediência e dedicação à Palavra de Deus (Js 1.8).
O verdadeiro sucesso na liderança e no ministério advém do sucesso da Palavra. Nossa prosperidade na vida e no ministério cristão depende de nossa dedicação à Palavra de Deus. Foi assim com Josué, e ainda é assim com todos nós. Em Atos 6 lemos que o sucesso dos apóstolos e da igreja foi resultado do compromisso na oração e na consagração ao ministério da Palavra (vv.4,7).

A travessia do Jordão pelos israelitas seria uma demonstração visível de que Deus estava com Josué como esteve com Moisés. Assim como Deus exaltou a liderança de Moisés, Ele iria exaltar a liderança de Josué. Lemos em Josué 3.7: “Então disse o SENHOR a Josué: Hoje começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que, como fui com Moisés, assim serei contigo”. Depois da travessia, lemos em Josué 4.14: “Naquele dia o SENHOR engrandeceu a Josué na presença de todo o Israel: e respeitaram-no todos os dias da sua vida, como haviam respeitado a Moisés”.
O respeito do povo a um líder deve vir da marcante presença de Deus na vida e ministério deste líder. O povo respeitou Josué porque viram que Deus estava com ele. O próprio povo advertiu a Josué: “Como em tudo obedecemos a Moisés, assim obedeceremos a ti: tão somente seja o SENHOR teu Deus contigo, como foi com Moisés” (Js 2.17).
Um pastor só deve ser respeitado e seguido se ele for um homem compromissado com a Palavra de Deus. Pois, sua autoridade advém da Palavra e não de si mesmo!