As Obras do Espírito Santo.
(2a Parte)
O Espírito Santo como Ser
Pessoal é o agente executivo da Trindade: Tudo quanto Deus faz, Ele o faz por
meio de Seu Espírito[1].
Todavia, deve-se ressaltar que Ele é o agente, não uma agência[2].
Outra coisa que devemos
ter em mente com respeito à obra do Espírito Santo, é que precisamos lembrar a
verdade que todas as Pessoas da Trindade são ativas na obra de cada Pessoa
individual. Alguns nos dizem que Deus Pai operou na Criação, que Deus Filho
operou na Redenção e que Deus Espírito Santo operou na Salvação. Mas isso não é
verdade, pois em cada manifestação das obras de Deus, a Trindade total se
mostra ativa; o Pai é o Autor, o Filho é o Executor e o Espírito Santo é o
Ativador de cada ato[3].
Destaca-se que o ato de cada Pessoa da Trindade é um ato de um único Ser. Por
isso, podemos afirmar que o Pai amou o mundo (Jo 3.16), o Filho amou o mundo e
o Espírito Santo amou o mundo. Mas, ao mesmo tempo, devemos reconhecer os
papeis funcionais de cada Pessoa da Trindade. Ou seja, não foi o Pai que morreu
na cruz, mas o Filho; não foi o Filho que veio no dia de Pentecoste, mas o
Espírito Santo[4]. Em
especial, destacamos as obras do Espírito Santo.
1. Sua Obra:
1)
Em Relação ao Universo Material.
a) Criação – Gn 1.2,3; Jó 33.4; Sl 33.6.
b) Preservação e governo – Jó 26.13;
33.4; Sl 104.30; Is 40.7.
2)
Em Relação aos Homens Não-Regenerados.
a) O Espírito luta com eles (Gn 6.3).
b) O Espírito Santo testifica-lhes[5]
(Jo 15.16; At 5.30-32).
c) O Espírito Santo convence-os[6]
(Jo 16.8-11).
3)Em
Relação aos Crentes.
a) O Espírito Santo regenera (Jo 3.5,6;
Tt 3.5).
b) O Espírito Santo batiza no Corpo de
Cristo (1Co 12.12,13).
c) O Espírito Santo habita na Igreja
(1Co 3.16,17; Rm 8.9). E Governa a Igreja:
(1) Decisões – At 15.28 e
(2) Vocação de Seus servos – At 13.2;
20.28.
d) O Espírito Santo habita no crente
(1Co 6.15-19; Rm 8.9,11).
e) O Espírito Santo é o selo, tornando o
crente em Cristo Sua propriedade (Ef 1.13; 4.30; 2Co 1.22).
f) O Espírito Santo é o penhor, garantia
da redenção dos santos (Ef 1.14).
g) O Espírito Santo guia a todos os
filhos de Deus (Rm 8.14). O Espírito Santo nos guia:
(1) em toda a verdade (Jo 16.13);
(2) para serviços especiais (At 13.2,4);
(3) em serviço (At 8.27-29).
h) O Espírito Santo testifica da nossa
filiação (Rm 8.15,16).
i)
O Espírito Santo
vivificará os corpos dos santos (Rm 8.11).
j) Pelo Espírito Santo os santos
mortificam as obras do corpo (Rm
8.13).
l) O Espírito Santo ajuda em nossas fraquezas (Rm 8.26).
m) O Espírito Santo intercede pelos santos (Rm 8.26,27).
n) O Espírito Santo transforma os santos
de glória em glória (2Co 3.18).
o) O Espírito Santo fortalece os santos
(Ef 3.16).
p) O Espírito Santo enche os santos (Ef
5.18-20).
q) O Espírito Santo liberta[7] os
crentes (Rm 8.2).
r) O Espírito Santo equipa para o
trabalho:
(1) iluminando (1Co 2.12,14);
(2) instruindo (Jo 16.13,14) e
(3) capacitando (At 1.8; 1Ts 1.5; 1Co
2.1-5).
s) O Espírito Santo produz o fruto das
graças cristãs (Gl 5.22,23; comp. Rm 5.5; 14.17; 15.13).
t) O Espírito Santo possibilita todas as
formas de comunhão com Deus, através da:
(1) oração (Jd 20; Ef 6.18; Rm 8.26,27);
(2) adoração e louvor (Fp 3.3; At 2.11) e
do
(3) agradecimento[8]
(Ef 5.18-20).
u) O Espírito Santo confere dons – 1Co
12.4-44.
v) O Espírito Santo opera a santificação
– 2Ts 2.13; 1Pe 1.2.
4)
Em Relação ao Senhor Jesus Cristo.
a) O Espírito Santo glorificá-lo-á (Jo
16.14).
b) O Espírito Santo testificará dEle (Jo
15.26).
c) O Espírito Santo convencerá[9] o
mundo da fé em Cristo, da justiça de Cristo e do juízo de Cristo Jesus (cf Jo
16.8-11).
d) O Espírito Santo lembrará as Palavras
de Cristo (Jo 14.26).
4.1.
Outras Relações do Senhor Jesus com o
Espírito Santo:
a) Concebido pelo Espírito Santo (Lc
1.35).
b) Ungido com o Espírito Santo (At
10.38; cf. Is 61.1; Lc 4.14-18; Is 11.2; Mt 12.17,18).
c) Guiado pelo Espírito Santo (Mt 4.1).
d) Cheio do Espírito Santo (Lc 4.1; Jo
3.34).
e) Realizou Seu ministério no poder do
Espírito Santo (Lc 4.18,19).
f) Realizou milagres pelo Espírito Santo
– Mt 12.28.
g) Ofereceu-Se em sacrifício pelo
Espírito Santo (Hb 9.14).
h) Ressuscitado pelo poder do Espírito
Santo (Rm 1.4; 8.11).
i) Deu mandamentos aos apóstolos após a
ressurreição por intermédio do Espírito Santo (At 1.1,2).
j) Doador do Espírito Santo (At 2.33).
5.
Em Relação às Escrituras Sagradas.
a) O Espírito Santo é o Autor das
Escrituras (2Pe 1.20,21; 2Tm 3.16[10]).
b) O Espírito Santo é o Perscrutador das
Escrituras (1Co 2.10,11).
c) O Espírito Santo é o Revelador das
Escrituras (1Co 2.10,12).
d) O Espírito Santo é o Inspirador das
Escrituras (1Co 2.13).
e)
O Espírito Santo é o
Intérprete das Escrituras (Ef 1.17; 1Co 2.9-14; Jo 16.14-16).
f) O Espírito Santo é o Iluminador das
Escrituras (1Co 2.13-15; Ef 1.17,18[11]).
g) Revela os eventos futuros – Lc 2.26;
Jo 16.13; At 11.28; 1Tm 4.1.
O Espírito Santo é o Autor das Escrituras, pois foi Ele que
moveu ou impeliu os escritores bíblicos. A NVI[12]
diz: “...pois jamais a Profecia teve
origem na vontade humana, mas homens [santos] falaram da parte de Deus,
impelidos[13] pelo Espírito Santo” (2Pe 1.20,21).
Sim, a origem das Escrituras não se reporta aos escritores, mas ao Espírito
Santo que os movera dando-lhes as Palavras e garantindo que aquilo que
escrevessem era precisamente aquilo que Deus tencionava que escrevessem para a
comunicação da Sua verdade. Ou seja, “A Escritura nem é dada pelo homem (v.21)
nem por ele interpretada (v.20); o Espírito realiza as duas tarefas”[14].
O Espírito Santo sonda as profundezas de Deus e conhece os
pensamentos de Deus. E então, Ele revelou Suas descobertas aos apóstolos e
profetas (Ef 2.20-22). E comunicou através
destes servos de Deus aquilo que revelou para
eles, fornecendo-lhes pessoalmente as Palavras. Como também, Ele iluminou a
mente dos ouvintes, de modo que pudessem discernir ou interpretar aquilo que
havia revelado os apóstolos e profetas (e através deles); e continua essa obra
de iluminação, bem com de interpretação, hoje, naqueles que desejam recebê-la[15].
IVAN TEIXEIRA
Ministério Verbi Divini
Esse material faz parte de nosso curso BÁSICO AVANÇADO EM TEOLOGIA (SETEBS). Cite a fonte.
copyright@ F. Ivan Teixeira da Silva
[2] Charles Hodge, idem ibidem.
[3] Emery H. Bancroft em Teologia Elementar – Editora Batista Regular.
[4]
Como foi dito no Módulo 04 – Teontologia: Um Tratado do Ser de Deus, pg.
45: “Quando as Escrituras abordam o modo como Deus Se relaciona com o mundo,
tanto na criação quanto na redenção, afirmam que as Pessoas da Trindade têm
funções ou atividades primordiais diferentes. Isso já foi chamado de “economia
da Trindade”, sendo o termo economia
usado no sentido obsoleto de “ordenamento de atividades””. Para maiores
detalhes consultes as Teologias Sistemáticas, como por exemplo a de teólogos
como: Wayne Grudem; Charles Hodge; Chafer e outros.
[5] O Espírito Santo testifica
aos não salvos por meio da verdade concernente a salvação em Jesus Cristo.
[6] O Espírito Santo, mediante o
uso da verdade, pois a verdade é Sua espada (Ef 6.17), luta com os homens, por
assim dizer, e leva-os à convicção.
[7] Há três leis descritas por Paulo nos capítulos 7 e 8 de
Romanos. Paulo fala da “Lei de Deus” (7.22) na qual ele tem prazer. Esta Lei é santa
(7.12). Mas o apóstolo nota “...outra lei, que
batalha contra a lei do [seu] meu entendimento, e [que o] me prende debaixo da lei do pecado que
[estava] está nos meus membros” (7.23). E isto o levou a dizer: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo
desta morte?” (7.24). Louvado seja
Deus, pois o apóstolo encontrou a solução, e então ele exclama: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim
que eu mesmo com o entendimento sirvo à Lei de Deus, mas com a carne à lei do
pecado” (7.25). Agora, em Cristo Jesus , “...nenhuma condenação há...” (8.1), “Porque a Lei do Espírito de Vida, em Cristo Jesus , [o] me livrou da lei do pecado e da morte” (8.2). A Lei do Espírito de Vida, em Cristo Jesus , nos
concede vitória sobre a lei do pecado e da morte.
[8] A vida cheia do Espírito
Santo é uma vida de ações de graças e de ações motivadas pela graça soberana de
Deus.
[9] O Espírito Santo condenará e
desmascarará o pecado, revelando sua natureza verdadeira em termos de
incredulidade, mostrando a necessidade da fé em Cristo para a salvação. Mais
ainda, o Consolador vindicará a justiça de Cristo. Esta justiça será vindicada
pelo fato de o Pai aceitá-LO. Sim, o Pai só reconcilia o pecador Consigo pela
justiça de Cristo (cf 2Co 5.18-21). A vitória do Cristo ressurreto é o penhor
da derrota final do príncipe deste mundo. O juízo resulta inevitavelmente do
ato divino em redenção. O Pai
entregou a Cristo todo o juízo (cf. Jo 5.22-30)
[10] As Escrituras são produto de divina expiração (“soprada
por Deus”) “O que ela afirma é que as Escrituras devem sua origem a uma
atividade de Deus o Espírito Santo e são, no mais elevado e mais verdadeiro
sentido, Sua criação. É sobre este alicerce de origem divina que todos os altos
atributos das Escrituras são construídos”.
Benjamin B. Warfiel em Inspiração
e Autoridade da Bíblia, citado por Geoffrey B. Wilson em As
Epístolas
Pastorais – PES.
[11] A palavra “espírito” aqui tem sido entendida por
diversos comentaristas como referindo-se ao Espírito Santo, ou à Sua influência
(vd. Vincent,
Alfrod, Wuest, Foulkes, Russel Shedd, Champlin, Salmod, Hendriksen, entre
outros).
[12] Nova Versão Internacional.
[13] O termo grego que a NVI traduz por impelidos é fero/menoi = pherómenoi = “sendo levados”. O termo grego é um
particípio presente da voz passiva, “ser levado”, “ser movido”. A palavra era
usada para descrever os navios levados pelo vento (cf. At 27.15,17) e a
metáfora, aqui, é que os profetas levantaram suas velas, por assim dizer (eram
obedientes e receptivos), e o Espírito Santo as inflava e dirigia suas
embarcações na direção que quisesse. Homens falaram: Deus falou. Confira em Chave Lingüística do Novo Testamento Grego – Fritz Rienecker & Cleon Rogers –
Edições Vida Nova, bem como em
Michael Green em Segunda Epístola de Pedro e Judas – Introdução e Comentário – Série Cultura Bíblica
– Edições Vida Nova & Editora Mundo Cristão. A BLH traduziu o termo
grego fero/menoi = pherómenoi = “sendo levados”, como “guiados”. A BJ
concorda com a tradução da NVI, traduzindo como “impelidos”. Já a ARA traduziu
como “movidos”. A Bíblia ACF concorda com a Versão Revista e Atualizada, Tradução Portuguesa da VULGATA LATINA,
Pelo Padre Antônio Pereira de Figueiredo um dos maiores latinistas do seu
tempo, e a traduz como “falaram inspirados”.
[14] Michael Green, idem ibidem.
[15] John R. W. Stott em A
BÍBLIA : O Livro
Para Hoje – ABU Editora S/C.
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