segunda-feira, 8 de maio de 2017

MAGIA DO FIM DE ANO, PROJETOS PROFÉTICOS E ETC

A MAGIA DO FIM DE ANO, OS PROJETOS PROFÉTICOS, O EMPREENDEDORISMO DO PALCO ECLESIÁTICO E A TEOLOGIA COACHING


Graças a Deus chegamos ao término de mais um ano e o próximo ano se avizinha. Como sempre os sentimentos e as emoções dominam as pessoas (isso é bom). Ouvimos e vemos renovação de laços de amizades, e grandes promessas na igreja local e por aí vai. Muitos se vestem de branco, outros de vermelho e ainda têm os que gostam de preto, acendem velas e verbalizam muitas promessas e decisões. Claro que no meio gospel não está diferente. Lemos, vemos e ouvimos essa “magia” do fim de ano presente nas preparações de final de ano. Pessoas que nada fizeram durante o ano que se passou, agora se erguem com promessas mirabolantes para o próximo ano. Outros elencam projetos proféticos para as igrejas locais como se num passe de mágica as coisas mudassem sem nenhuma perseverança, meditação nas verdades do evangelho, e sem nenhuma filosofia de ministério teologicamente sadia e implantada paciente e persistentemente ao longo dos tempos. Claro que isso não nos admira, pois é apenas a colheita da semeadura do pragmatismo e das campanhas mirabolantes.
Às vezes me pergunto: “Porque nossos pastores não leem a Bíblia para entender o que Deus quer de Sua igreja e daí elabora uma filosofia ministerial e eclesiástica e perseverantemente durante dias, meses e anos a colocam em prática, independente da “magia” do fim de ano?”.
Muitos não sabem ou ignoram que Deus já esboçou o PROJETO ministerial e eclesiástico. O que devemos fazer é deixar de sermos tolos e de ficar encantados com o canto da sereia do pragmatismo, da teologia da prosperidade e do entretenimento gospel. Precisamos de pastores que sejam cheios do Espírito Santo e da Palavra (as duas coisas são sinônimas: Ef 5.18 e Cl 3.16). Líderes que guiem o rebanho de Deus diária e perseverantemente nas verdades do evangelho, não apenas quando contagiados pela “magia” do fim de ano. Eu creio que Deus é poderoso para levantar pastores sábios e inteligentes para liderar continuamente o Seu povo nas grandes verdades do santo evangelho!

A TEOLOGIA COACHING
E para complicar mais e mais as coisas no mundo gospel brasileiro, presenciamos uma nova teologia (alguns dizem que é a substituta da teologia da prosperidade, pois essa já está desacreditada) adentrando sorrateiramente nossos arraias eclesiásticos. A Cultura do Coaching penetra a filosofia ministerial e eclesiástica desvirtuando as pessoas mais e mais do santo evangelho. O Coach (treinador) gospel tem a função de estimular, apoiar e despertar em seu cliente (os crentes), também conhecido como Coachee (Coachrentes – kkk), o seu potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja. Se na teologia da prosperidade Deus era um meio (como um gênio de uma lâmpada) para minhas conquistas e enriquecimento, na Teologia Coaching Deus é descartado, pois EU TENHO A FORÇA INFINITA PARA REALIZAR O QUE DESEJO. Para isso basta eu saber configurar minha mente (MindSet) para encontrar o meu potencial e o caminho do sucesso. Tudo num passe de mágica! Nesta teologia não há espaço para trabalho duro, perseverança na doutrina, na oração e na comunhão da igreja local. Tudo depende do meu treinador (Coach) me ensinar a despertar a força que está dentro de mim. Os novos H-Mans gospel já estão em cena com seus Castelos de Grayskull’s. Os fazedores de Campanhas (os Coaching gospel) terão um prato cheio para atrair os coachrentes.....
Junto com a Teologia do Coaching cresceu o que chamo de “Empreendedorismo de Pacto Eclesiástico”. São líderes que fazem seminários nas igrejas ou em hotéis e etc., e trabalham com palestras motivacionais (ou uma espécie do evangelho psicologizado e terapeutizado e etc). Faço uma citação penetrante de ÍCARO DE CARVALHO no seu artigo POR QUE O EMPREENDEDORISMO DE PALCO IRÁ DESTRUIR VOCÊ?
O empreendedorismo é a nova religião do homem moderno. Materialista e secular, ele substituiu os Santos do seu altar por fotografias de homens bem sucedidos; os seus Evangelhos são livros como “O sonho grande” e “A força do Hábito”. Ele acredita, de alguma maneira, que tudo aquilo irá aproximá-lo do seu objetivo principal: sucesso, fama e dinheiro…de preferência agora!

Essa cultura construída em torno do coaching e do Empreendedorismo de Palco é em sua maioria materialista. O objetivo de muitos é o sucesso financeiro, e isso significa enriquecer. Com um fator especial: o mais rápido possível. É comum ler e ouvir grandes promessas e ensinamentos sobre como trabalhar menos e ganhar mais. O foco está no esforço intelectual e físico daquele que está buscando seu lugar ao sol. É dessa cultura de palco, sonhos, riquezas e promessas que estou falando. Já viu onde isso vai chegar à igreja? Vamos falar disso agora! (apud Pedro Pamplona).

O Coaching na Igreja (aqui transcrevo a excelente exposição de Pedro Pamplona com algumas observações minhas).
Eu já vi (Pedro Pamplona) palestras de coaching acontecendo onde deveria haver uma pregação da Palavra. Isso mesmo, em pleno culto público. Infelizmente essa cultura chegou a muitas igrejas. E se eu já não me dou bem com ela no mercado de trabalho, na igreja não tenho medo de dizer que ela é minha inimiga. Assim como repudio a Teologia da Prosperidade também o faço com essa nova onda da Teologia do Coaching. Em alguns sentidos essa segunda chega a ser pior do que a primeira. Vamos analisar três pontos que constroem a Teologia do Coaching.

HUMANISMO: O coaching utiliza de técnicas humanas num indivíduo que é o centro de tudo para que este alcance seus objetivos humanos. Muitos pastores e líderes têm enveredado por esse caminho. Tratam suas pregações como palestras motivacionais da fé que confundem fé com força e vontade, evangelho com motivacionismo e Cristo com um palestrante. O foco está naquilo que o homem pode fazer através da sua fé pessoal. A TUA FÉ GERA – VOCIFERA MUITOS NAS CAMPANHAS. Fé essa que passa por Cristo, mas que tem seu objeto na própria pessoa e nos seus esforços dirigidos. Muitas “pregações” tem o mesmo objetivo do coaching, ou seja, estão “visando à conquista de grandes e efetivos resultados [pragmatismo] em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro”. O apelo pode ser até espiritual, mas ainda assim você já deve ter escutado muito coisas do tipo “como ser o melhor marido”, “como atrair e fidelizar pessoas para o reino”, “alcançando sucesso através da fé.”. Tudo isso travestido de espiritualidade…

MATERIALISMO: há um desejo enorme em conquistar coisas. Sejam elas produtos do mercado como carros, casas, roupas, viagens ou algo mais “espiritual” como paz, pessoas, bom casamento, filhos educados, castidade, etc. As pessoas querem conquistar, possuir e avançar, sendo tudo isso fruto não da humilhante auto confrontação e negação de si mesmo, mas da autoafirmação. O papel do pastor se tornou muito parecido com o do coach: “estimular, apoiar e despertar em seu cliente (ovelha)… o seu potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja”. É exatamente isso que essa mistura humanista-materialista busca: o potencial infinito de cada ser humano para conquistar aquilo que ele deseja [VOCÊS SÃO DEUSES – A AFIRMAÇÃO DA SERPENTE PARA EVA: “SERÃO DEUSES!”]. Há uma conexão com o existencialismo, onde o indivíduo e sua busca pessoal por significado em si mesmo passa a ser o centro do pensamento filosófico.

CETICISMO: Humanismo e materialismo são marcas de seres céticos. A crença no Deus da Bíblia é cada vez mais fraca onde esse tipo de cultura se manifesta. Como eu já disse, a Teologia do Coaching busca descobrir o potencial de todas as pessoas para que ela alcance seus próprios objetivos. Dependência de Deus é algo apenas fantasiado. Orações são feitas apenas para que Deus abençoe nossos planos e para que Ele nos dê apoio em nossa própria empreitada. O sobrenatural é esquecido e Deus vai ficando cada vez mais distante. Na Teologia do Coaching o soberano é o indivíduo com suas decisões de fé e sucesso. Em muitas igrejas tudo que você vai encontrar nos púlpitos são mensagens sobre o que os homens podem fazer para serem alguma coisa melhor do que já são. Até a mistura com conteúdos de coaching, marketing pessoal e psicologia você encontrará. Aliás, tem sido comum pastores e líderes entrarem nesses cursos e palestras para serem mais persuasivos, contagiantes e teatrais (pra não usar manipuladores). O Espírito Santo não tem muito espaço na Teologia do Coaching, mesmo que usem seu nome. [A PREGAÇÃO BÍBLICA EXPOSITIVA É DESCARTADA COMO ANTIQUADA E SEM SUCESSO].

A SUBSTITUTA DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, TODAVIA MAIS MORTÍFERA
São por esses motivos principais que digo que a Teologia do Coaching está substituindo a Teologia da Prosperidade. Esse discurso tem atraído jovens, empresários, profissionais liberais, e todo o tipo de gente, principalmente na classe média. E aqui está a transição entre as duas abordagens. A Teologia da Prosperidade faz uma barganha com Deus crendo que Ele efetuará milagres para benefício material e espiritual do homem. A Teologia do Coaching eliminou a barganha ao deixar Deus de longe, mas passou a ter no próprio homem a força “milagrosa” para seu benefício material e espiritual. Na Teologia da Prosperidade ainda há certa dependência de Deus e seu agir sobrenatural, enquanto na Teologia do Coaching o homem declarou sua independência. O relacionamento de barganha foi substituído para o relacionamento de plateia. O Deus da Teologia do Coaching está assistindo e torcendo pelos grandes empreendedores no palco da fé. Talvez você ache ruim o uso da palavra coaching, mas pelo que você entenda a expressão completa “teologia do coaching” que estou usando para definir esse tipo de abordagem.
Essa é uma teologia mais sutil, que parece mais humilde, mas na verdade transborda soberba ainda mais do que a tenebrosa Teologia da Prosperidade. Seu ambiente menos escandaloso e mais conformado a cultura secular permite que esse tipo de abordagem lote igrejas e obtenha grande aceitação. Geralmente se fala o que as pessoas querem ouvir e pecados são tratados como pedra e obstáculos no caminho que devem ser superados [ALIÁS, VOCÊ SUPERA TUDO – AUTOAJUDA E NÃO AJUDA DO ALTO. AQUI NÃO PRECISA DO EVANGELHO]. A pregação fica até mais dinâmica, com uso de mídias, frases de efeito e motivação mútua. Tudo isso associado com o desejo material dos nossos dias só contribuem para que a Teologia do Coaching ganhe terreno. Logo nós teremos grandes problemas com ela e talvez ela chegue ao mesmo patamar da Teologia da Prosperidade. Que Deus nos livre e proteja disso!

Tenho me preocupado com o rumo que os líderes e as igrejas locais têm tomado por conta disso.
Precisamos voltar para o CRISTIANISMO PURO E SIMPLES exposto por C. S. LEWIS; precisamos entender a CONTRA CULTURA de JOHN STOTT; precisamos abraçar SIMPLESMENTE CRENTE ensinado por MICHAEL HORTON e também precisamos de uma IGREJA ORDINÁRIA mensagem pregada por JOHN MACARTHUR.

FELIZ 2017!
QUE DEUS ESPÍRITO SANTO NOS GUIE PARA SUA PALAVRA!

Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini

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