A MAGIA DO FIM DE ANO, OS PROJETOS
PROFÉTICOS, O EMPREENDEDORISMO DO PALCO ECLESIÁTICO E A TEOLOGIA COACHING
Graças a Deus
chegamos ao término de mais um ano e o próximo ano se avizinha. Como sempre os
sentimentos e as emoções dominam as pessoas (isso é bom). Ouvimos e vemos
renovação de laços de amizades, e grandes promessas na igreja local e por aí
vai. Muitos se vestem de branco, outros de vermelho e ainda têm os que gostam
de preto, acendem velas e verbalizam muitas promessas e decisões. Claro que no
meio gospel não está diferente. Lemos, vemos e ouvimos essa “magia” do fim de
ano presente nas preparações de final de ano. Pessoas que nada fizeram durante
o ano que se passou, agora se erguem com promessas mirabolantes para o próximo
ano. Outros elencam projetos proféticos para as igrejas locais como se num
passe de mágica as coisas mudassem sem nenhuma perseverança, meditação nas
verdades do evangelho, e sem nenhuma filosofia de ministério teologicamente
sadia e implantada paciente e persistentemente ao longo dos tempos. Claro que
isso não nos admira, pois é apenas a colheita da semeadura do pragmatismo e das
campanhas mirabolantes.
Às vezes me
pergunto: “Porque nossos pastores não leem a Bíblia para entender o que Deus
quer de Sua igreja e daí elabora uma filosofia ministerial e eclesiástica e
perseverantemente durante dias, meses e anos a colocam em prática, independente
da “magia” do fim de ano?”.
Muitos não
sabem ou ignoram que Deus já esboçou o PROJETO ministerial e eclesiástico. O
que devemos fazer é deixar de sermos tolos e de ficar encantados com o canto da
sereia do pragmatismo, da teologia da prosperidade e do entretenimento gospel.
Precisamos de pastores que sejam cheios do Espírito Santo e da Palavra (as duas
coisas são sinônimas: Ef 5.18 e Cl 3.16). Líderes que guiem o rebanho de Deus
diária e perseverantemente nas verdades do evangelho, não apenas quando
contagiados pela “magia” do fim de ano. Eu creio que Deus é poderoso para levantar
pastores sábios e inteligentes para liderar continuamente o Seu povo nas
grandes verdades do santo evangelho!
A TEOLOGIA COACHING
E para
complicar mais e mais as coisas no mundo gospel brasileiro, presenciamos uma
nova teologia (alguns dizem que é a substituta da teologia da prosperidade,
pois essa já está desacreditada) adentrando sorrateiramente nossos arraias
eclesiásticos. A Cultura do Coaching penetra a filosofia ministerial e
eclesiástica desvirtuando as pessoas mais e mais do santo evangelho. O Coach
(treinador) gospel tem a função de estimular, apoiar e despertar em seu cliente
(os crentes), também conhecido como Coachee (Coachrentes – kkk), o seu
potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja. Se na teologia da
prosperidade Deus era um meio (como um gênio de uma lâmpada) para minhas
conquistas e enriquecimento, na Teologia Coaching Deus é descartado, pois EU
TENHO A FORÇA INFINITA PARA REALIZAR O QUE DESEJO. Para isso basta eu saber
configurar minha mente (MindSet) para encontrar o meu potencial e o caminho do
sucesso. Tudo num passe de mágica! Nesta teologia não há espaço para trabalho
duro, perseverança na doutrina, na oração e na comunhão da igreja local. Tudo
depende do meu treinador (Coach) me ensinar a despertar a força que está dentro
de mim. Os novos H-Mans gospel já estão em cena com seus Castelos de
Grayskull’s. Os fazedores de Campanhas (os Coaching gospel) terão um prato
cheio para atrair os coachrentes.....
Junto com a
Teologia do Coaching cresceu o que chamo de “Empreendedorismo de Pacto
Eclesiástico”. São líderes que fazem seminários nas igrejas ou em hotéis e
etc., e trabalham com palestras motivacionais (ou uma espécie do evangelho
psicologizado e terapeutizado e etc). Faço uma citação penetrante de ÍCARO DE CARVALHO no seu artigo POR QUE
O EMPREENDEDORISMO DE PALCO IRÁ DESTRUIR VOCÊ?
O
empreendedorismo é a nova religião do homem moderno. Materialista e secular,
ele substituiu os Santos do seu altar por fotografias de homens bem sucedidos;
os seus Evangelhos são livros como “O sonho grande” e “A força do Hábito”. Ele
acredita, de alguma maneira, que tudo aquilo irá aproximá-lo do seu objetivo
principal: sucesso, fama e dinheiro…de preferência agora!
Essa cultura
construída em torno do coaching e do Empreendedorismo de Palco é em sua
maioria materialista. O objetivo de muitos é o sucesso financeiro, e isso
significa enriquecer. Com um fator especial: o mais rápido possível. É comum
ler e ouvir grandes promessas e ensinamentos sobre como trabalhar menos e
ganhar mais. O foco está no esforço intelectual e físico daquele que está
buscando seu lugar ao sol. É dessa cultura de palco, sonhos, riquezas e
promessas que estou falando. Já viu onde isso vai chegar à igreja? Vamos falar
disso agora! (apud Pedro Pamplona).
O Coaching na Igreja (aqui transcrevo a
excelente exposição de Pedro Pamplona com algumas observações minhas).
Eu já vi (Pedro
Pamplona) palestras de coaching
acontecendo onde deveria haver uma pregação da Palavra. Isso mesmo, em pleno
culto público. Infelizmente essa cultura chegou a muitas igrejas. E se eu já
não me dou bem com ela no mercado de trabalho, na igreja não tenho medo de
dizer que ela é minha inimiga. Assim como repudio a Teologia da Prosperidade também o faço com essa nova onda da Teologia do Coaching. Em alguns sentidos
essa segunda chega a ser pior do que a primeira. Vamos analisar três pontos que
constroem a Teologia do Coaching.
HUMANISMO: O coaching utiliza de técnicas humanas num indivíduo que é o centro
de tudo para que este alcance seus objetivos humanos. Muitos pastores e líderes
têm enveredado por esse caminho. Tratam suas pregações como palestras
motivacionais da fé que confundem fé com força e vontade, evangelho com
motivacionismo e Cristo com um palestrante. O foco está naquilo que o homem
pode fazer através da sua fé pessoal. A
TUA FÉ GERA – VOCIFERA MUITOS NAS CAMPANHAS. Fé essa que passa por Cristo,
mas que tem seu objeto na própria pessoa e nos seus esforços dirigidos. Muitas
“pregações” tem o mesmo objetivo do coaching,
ou seja, estão “visando à conquista de grandes e efetivos resultados [pragmatismo] em qualquer contexto, seja
pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro”. O apelo
pode ser até espiritual, mas ainda assim você já deve ter escutado muito coisas
do tipo “como ser o melhor marido”, “como atrair e fidelizar pessoas para o
reino”, “alcançando sucesso através da fé.”. Tudo isso travestido de espiritualidade…
MATERIALISMO: há um desejo enorme em
conquistar coisas. Sejam elas produtos do mercado como carros, casas, roupas,
viagens ou algo mais “espiritual” como paz, pessoas, bom casamento, filhos
educados, castidade, etc. As pessoas querem conquistar, possuir e avançar,
sendo tudo isso fruto não da humilhante auto confrontação e negação de si
mesmo, mas da autoafirmação. O papel do pastor se tornou muito parecido com o
do coach: “estimular, apoiar e
despertar em seu cliente (ovelha)… o seu potencial infinito para que este
conquiste tudo o que deseja”. É exatamente isso que essa mistura
humanista-materialista busca: o potencial infinito de cada ser humano para
conquistar aquilo que ele deseja [VOCÊS SÃO DEUSES – A AFIRMAÇÃO DA SERPENTE
PARA EVA: “SERÃO DEUSES!”]. Há uma conexão com o existencialismo, onde o
indivíduo e sua busca pessoal por significado em si mesmo passa a ser o centro
do pensamento filosófico.
CETICISMO: Humanismo e materialismo são
marcas de seres céticos. A crença no Deus da Bíblia é cada vez mais fraca onde
esse tipo de cultura se manifesta. Como eu já disse, a Teologia do Coaching busca descobrir o potencial de todas as
pessoas para que ela alcance seus próprios objetivos. Dependência de Deus é
algo apenas fantasiado. Orações são feitas apenas para que Deus abençoe nossos
planos e para que Ele nos dê apoio em nossa própria empreitada. O sobrenatural
é esquecido e Deus vai ficando cada vez mais distante. Na Teologia do Coaching o soberano é o indivíduo com suas decisões de
fé e sucesso. Em muitas igrejas tudo que você vai encontrar nos púlpitos são
mensagens sobre o que os homens podem fazer para serem alguma coisa melhor do
que já são. Até a mistura com conteúdos de coaching, marketing pessoal e
psicologia você encontrará. Aliás, tem sido comum pastores e líderes entrarem
nesses cursos e palestras para serem mais persuasivos, contagiantes e teatrais
(pra não usar manipuladores). O Espírito Santo não tem muito espaço na Teologia
do Coaching, mesmo que usem seu nome. [A PREGAÇÃO BÍBLICA EXPOSITIVA É
DESCARTADA COMO ANTIQUADA E SEM SUCESSO].
A SUBSTITUTA DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE,
TODAVIA MAIS MORTÍFERA
São por esses
motivos principais que digo que a Teologia
do Coaching está substituindo a Teologia
da Prosperidade. Esse discurso tem atraído jovens, empresários,
profissionais liberais, e todo o tipo de gente, principalmente na classe média.
E aqui está a transição entre as duas abordagens. A Teologia da Prosperidade faz uma barganha com Deus crendo que Ele
efetuará milagres para benefício material e espiritual do homem. A Teologia do Coaching eliminou a barganha
ao deixar Deus de longe, mas passou a ter no próprio homem a força “milagrosa”
para seu benefício material e espiritual. Na Teologia da Prosperidade ainda há certa dependência de Deus e seu
agir sobrenatural, enquanto na Teologia
do Coaching o homem declarou sua independência. O relacionamento de
barganha foi substituído para o relacionamento de plateia. O Deus da Teologia do Coaching está assistindo e
torcendo pelos grandes empreendedores no palco da fé. Talvez você ache ruim o
uso da palavra coaching, mas pelo que
você entenda a expressão completa “teologia do coaching” que estou usando para
definir esse tipo de abordagem.
Essa é uma
teologia mais sutil, que parece mais humilde, mas na verdade transborda soberba
ainda mais do que a tenebrosa Teologia da
Prosperidade. Seu ambiente menos escandaloso e mais conformado a cultura
secular permite que esse tipo de abordagem lote igrejas e obtenha grande
aceitação. Geralmente se fala o que as pessoas querem ouvir e pecados são
tratados como pedra e obstáculos no caminho que devem ser superados [ALIÁS,
VOCÊ SUPERA TUDO – AUTOAJUDA E NÃO AJUDA DO ALTO. AQUI NÃO PRECISA DO
EVANGELHO]. A pregação fica até mais dinâmica, com uso de mídias, frases de
efeito e motivação mútua. Tudo isso associado com o desejo material dos nossos
dias só contribuem para que a Teologia do
Coaching ganhe terreno. Logo nós teremos grandes problemas com ela e talvez
ela chegue ao mesmo patamar da Teologia
da Prosperidade. Que Deus nos livre e proteja disso!
Tenho me
preocupado com o rumo que os líderes e as igrejas locais têm tomado por conta
disso.
Precisamos
voltar para o CRISTIANISMO PURO E SIMPLES exposto por C. S. LEWIS; precisamos
entender a CONTRA CULTURA de JOHN STOTT; precisamos abraçar SIMPLESMENTE CRENTE
ensinado por MICHAEL HORTON e também precisamos de uma IGREJA ORDINÁRIA
mensagem pregada por JOHN MACARTHUR.
FELIZ 2017!
QUE DEUS
ESPÍRITO SANTO NOS GUIE PARA SUA PALAVRA!
Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini
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