quarta-feira, 18 de abril de 2018

Duas coisas sobre o movimento dos desigrejados


Particularmente estou estudando, ouvindo e procurando entender o movimento dos desigrejados levando as perspectivas, ideias, críticas e as insatisfações do movimento à luz da Bíblia. Ou seja, pretendo analisar as críticas e soluções do movimento à luz da Palavra de Deus e não meramente expor minha opinião ou ideia denominacional.

Quero destacar duas coisas:
1) 62% dos desigrejados são egressos de denominações neopentecostais, cuja ênfase é a teologia da prosperidade;
2) 5 ou 6 anos é o tempo médio de conversão dos desigrejados.

A minha análise sobre o movimento tendo em tela estes dois pontos é que os que se dizem desigrejados se decepcionaram de conceitos denominacionais (igrejas locais, lideranças e etc) distorcidos e alheios ao Novo Testamento prevalecente nas denominacionais neopentecostais e, infelizmente pentecostais, que abraçaram a teologia da prosperidade e CIA. Coisas que tenho combatido peremptoriamente há anos:
1)     Campanhas mirabolantes;
2)     Institucionalismo vazio e sem vida;
3)     Espetáculos coreográficos e danças de anjos e etc.;
4)     Pregações psicologizadas;
5)     Aconselhamentos pastorais com pitadas do humanismo secular;
6)     Shows gospel em vez de cruzadas evangelísticas;
7)     Agenda mundana: ganhar o mundo se parecendo com o mundo;
8)     Ambiguidade doutrinária: não queremos teologia, mas Jesus!
9)     Palestras motivacionais em vez de pregação doutrinária;
10) Teologia Coaching, empreendedorismo gospel, marketing para as igrejas e etc.;
11) E muitas outras “aberrações”.

Meu ponto é esse: A maioria dos desigrejados se decepcionou de denominações com liturgias, costumes, lideranças, administração e metodologias alheias ao Novo Testamento. Eles se decepcionaram de modelos distorcidos de igrejas locais Por outro lado, outra parte se afastou das Igrejas Históricas por causa do liberalismo teológico e suas conhecidas consequências: um Deus sem ira; inferno não existe; um Cristo humanista, revolucionário, socialista e etc.; a Bíblia é mais um livro de religião como muitos outros e etc.
Ainda temos certo número de pessoas que se afastaram do convívio denominacional por causa da ortodoxia morta (doutrina sem vida); liturgia engessada; isolacionismo congregacional (igrejas locais sem preocupação com evangelização e missão).
Esses são apenas alguns pontos, pois se poderia aumentar a lista.

Note também que a maioria esmagadora dos desigrejados é formada de pessoas entre 5 a 6 anos de convertidos. Isso é interessante, pois comprova que eles não presenciaram e participaram de denominações ou igrejas locais nas quais nós que temos mais anos de convertidos participamos. Por exemplo, converti-me numa época de seriedade da liderança: obreiros dedicados na oração e no estudo da Palavra de Deus; juventude que se reunia para orar, jejuar, ler a Bíblia, participava de gincanas de conhecimento bíblico, EBD’s, evangelização e outras atividades de elevo espiritual. Também fomos marcados pelos círculos de orações; vigílias de ‘oração de joelhos’ e pregação bíblica; estudos dos grandes temas doutrinários: escatologia, dons espirituais, missões (as Assembleias de Deus promovia a “Década da Colheita” – Pr. Valdir Bícego e etc.,). Nesse tempo as igrejas pentecostais não tinham sido afetadas pelas campanhas mirabolantes, cura interior (este movimento já beirava nossos arraias), teologia da prosperidade e etc.; Claro que havia pecados, erros e etc., mas tínhamos pastores de oração e dedicados à pregação do evangelho, por isso nossas congregações gozavam da presença marcante de Deus Espírito Santo! A politicagem eclesiástica e convencional era bem escassa! Exortava-se aos novos convertidos a buscar o revestimento do Espírito Santo para serem testemunhas de Jesus Cristo, conforme Atos 1.8.

Concluo afirmando que mesmo que esteja unido às críticas dos desigrejados, todavia não posso me unir a solução que eles propõe. Pois, além de não ser apoiada pelo Novo Testamento, também não tem apoio na História da Igreja. Afastar-se e cair no generalismo (todas as denominações não prestam; não tem nenhuma de Deus e etc.,) não traz solução nenhuma e, particularmente promove mais males do que benefícios.
Creio que podemos lutar como fez Jesus, os apóstolos, os reformadores e muitos outros por igrejas saudáveis sem nos isolar em cafeterias e no conforto das casas particulares. Vamos a lutar por uma igreja saudável!

Ivan Teixeira
Minha consciência é escrava da Palavra de Deus!

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