domingo, 17 de fevereiro de 2019

MOVIMENTO PENTECOSTAL E O MINISTÉRIO FEMININO


O PENTECOSTALISMO E O MINISTÉRIO DE MULHERES


Esse é um ponto digno de ser levantado e colocar certas observações. Estudiosos têm afirmado, e com razão, que o século XX foi o “século do Espírito”. Particularmente eu não tenho dúvidas de que também podemos chamar de “século das mulheres”. Deus pela Sua infinita graça levantou (e tem levantado) mulheres capacitadas pelo Seu Espírito como instrumentos para edificação de Sua igreja e evangelização do mundo. É claro que isso não é peculiar ao pentecostalismo – mesmo que no mesmo vemos em abundância, pois é notório que em muitos movimentos de avivamentos e reformas na História da igreja as mulheres também se destacaram, apesar das barreiras e limitações erguidas pelo institucionalismo, clericalismo ou denominacionalismo.

Historicamente têm havido um certo medo ou repulsa ao ministério de mulheres na igreja local. Certa ala de homens tradicionalistas enfatizam ilimitadamente a liderança masculina exclusiva na igreja, e relegam exemplos de mulheres na liderança às margens da vida da igreja cristã. “Eles sugerem que a história apoia sua oposição às mulheres no ministério e que abrir a porta para as mulheres em papéis de liderança se moveria contra uma tradição eclesiástica de quase dois mil anos”[1].
Neste ritmo observamos que estudiosos tendem a pensar que a defensa das mulheres para o ministério seja adotar alguma teologia liberal, secularizar a igreja por causa da agenda feminista em sua luta pela questão de gênero ou classifica-se como mundaneidade do Cristianismo Ocidental. Particularmente eu lamento que tais estudiosos falem neste tom. Essas ideias têm prejudicado e muito a amplitude do ministério da igreja local em certo sentido, pois poderíamos estar aproveitando os dons que Deus tem dado às mulheres para conjuntamente exercer o ministério conosco. Pessoas que já estiveram sob os auspícios de nosso pastorado sabem o quanto temos valorizado e ensinado sobre a importância do ministério feminino. E Deus, comprovadamente, tem levantado grandes obreiras, cooperadoras, líderes e missionárias assim como levantou grandes mulheres líderes na Igreja Primitiva – e na História também!
Por outro lado, há grandes estudiosos e estudiosas que estão convencidos da importância do ministério feminino na igreja local. Eles acreditam que, em vez de ser o resultado de ideias seculares prejudiciais ou do liberalismo teológico que invadem a igreja, a questão da ordenação e liderança de mulheres representa a obra do Espírito. E capacitar as mulheres para o ministério poderia revitalizar a igreja contemporânea (Hoje nos EUA, igrejas Batistas, Presbiterianas, Metodistas, Igreja de Deus e Assembleia de Deus já ordenam mulheres ao santo ministério com algumas diferenças nas ênfases)[2].
Estudiosos têm pontuado que a exclusão de mulheres tem estado presente naquela igrejas estilizadas demais, rígidas, clericalizadas e desatualizadas de qualquer maneira. E nós sabemos que o clericalismo e o institucionalismo já foram problemas na História da Igreja e que foi necessário Reforma e Avivamento para revitalizar as igrejas mortas e engessadas pelo institucionalismo. E hoje não é diferente. O institucionalismo ou o denominacionalismo tem “matado” muitos obreiros. Obreiros e obreiras têm sido massacrados pela manobra institucional. É claro que defendo a instituição chamada “igreja local”, mas as convenções, ministérios e igrejas locais têm abusado do poder e machucado, barrado, neutralizado e acabado com muita gente que outrora estavam envolvidos de coração na obra. Não é à toa que o movimento dos desigrejados tem crescido. E como tenho dialogado com estes irmãos, sempre falo que eles detectaram o problema (e que precisamos resolver!), mas o abandono como solução e se voltar para uma reinterpretação das Escrituras em detrimento da igreja local é outro mal que deve-se evitar. As Escrituras e a História mostram que devemos lutar pela renovação, reforma e revitalização.
Agora, voltando ao ponto das mulheres no ministério, nós devemos entender que certa atitudes e estruturas que restringem as mulheres também frustram muitos homens no ministério – conheço muitos! Por isso, nós devemos lutar para recrutar homens e mulheres no trabalho de trazer um novo rosto para a igreja contemporânea. Uma igreja que abraça e apoia uma liderança masculina e feminina para a expansão do evangelho. Estudiosos têm afirmado e visto uma crescente parceria entre mulheres e homens na liderança cristã como um meio da obra de Deus em despertar uma visão e propósito verdadeiramente bíblicos.
Nós temos exemplos na História que as estruturas institucionais decaem e que precisamos de um modo novo (não me refiro aqui a inovações!) de pensar no ministério para renovar as igrejas locais. É neste ponto que Deus sempre tem levantado instrumentos para uma reforma e avivamento. É aqui que o pentecostalismo têm sido um movimento que tem valorizado o ministério feminino e Deus tem levantado grandes mulheres neste período com uma liderança capacitada pelo Espírito Santo e reconhecida pela a igreja e até pelo o mundo.
Historiadores competentes têm notado que a História tem registrado o surgimento de repetidamente de mulheres líderes. Eles observaram que o surgimento da liderança feminina tem sido um “padrão histórico” e não um exceção. Deus sempre tem levantado mulheres líderes e capacitadas pelo Seu Espírito na História. Isso não pode ser negado!
O fluxo e refluxo da participação das mulheres na liderança não flutua apenas de acordo com mudanças na exegese bíblica ou na interpretação reinante de passagens particulares das Escrituras. Pelo contrário, o padrão também pode ser atribuído à institucionalização da igreja (o desenvolvimento de estruturas organizacionais), influências da cultura circundante e da teologia da liderança em ação na igreja local.
Maria L. Boccia descreve esse padrão, que ela afirma que se repete na história da igreja:
Quando a liderança envolveu a escolha carismática de Deus dos líderes por meio do dom do Espírito Santo, as mulheres estão incluídas. Com o passar do tempo, a liderança é institucionalizada [o clericalismo patriarcal e hierárquico dominam], a cultura secular patriarcal [caída] é filtrada para a Igreja e as mulheres são excluídas[3].

De fato, o avivamento e a renovação, e o Pentecostalismo em particular, não apenas romperam as distinções de gênero no que se refere ao ministério, mas também questionam as barreiras da classe socioeconômica e da profissionalização. As dicotomias de ricos versus pobres, velhos versus jovens, educados versus não instruídos, ordenados versus leigos, são deixados de lado quando o Espírito de Deus visita a igreja com reavivamento. Deus por meio da glorificação e exaltação de Cristo derramou o Espírito Santo sobre jovens e velhos, servos e servas, filhos e filhas, brancos e negros, ou seja, sobre pessoas de todas as tribos, línguas, raça, povos e nações. Como as paredes que dividem as pessoas desmoronam, a igreja experimenta uma nova unidade em Cristo, de acordo com a visão de Paulo: "Não há mais judeu ou grego, não há mais escravo ou livre, não há mais macho e fêmea; tu és um em Cristo Jesus "(Gl 3:28).
Quando se lê sobre algumas das grandes mulheres da história do Pentecostalismo, como Agnes Ozman, Lucy Farrow, Aimee Semple McPherson, Alice Belle Garrigus, Maria Woodworth-Etter, Marie Burgess, Kathryn Kuhlman e Mae Eleanore Frey, é encorajador saber que essas mulheres extremamente talentosas ministraram com grande sucesso em um momento da história que não facilitou a vida para elas. Seu chamado para pregar parecia suplantar tudo o mais em suas vidas, motivando-as a pagar um preço difícil para cumprir a vontade de Deus. Sua fidelidade é de grande encorajamento para todas as mulheres pentecostais no ministério hoje.
O Pentecostalismo tem sido um dos maiores Movimentos de avivamento, e seus distintivos históricos, interpretativos, querigmáticos (pregação) e teológicos unem-se para apoiar o ministério feminino como uma poderosa força para edificação, crescimento e maturidade das igrejas locais e para a evangelização do mundo. É notório que o século XX não foi apenas marcado por grandes pregadoras, líderes femininas, mas também por grandes educadoras (teólogas) evangelistas e missionárias. O mesmo Espírito que capacitou Maria, Isabel, Hulda, Febe, Priscila, as filhas de Felipe, Ninfa, Áfia, a “senhora eleita” e outras continua capacitando e levantando mulheres para a obra do ministério queiramos ou não, pois o Espírito Santo sopra onde quer!


IVAN TEIXEIRA.
  




[1] GRENZ, Stanley J. & KJESBO, Denise Muir. Women in the Church: A Biblical Theology of Women in Ministry, p.46. Inter Varsity Press Downers Grove, ILLinois, USA, 1995. – (minha tradução e paginação em Word).
[2] Nos Estados Unidos, a Igreja Presbiteriana dos USA, a Igreja Episcopal dos USA, a Igreja de Cristo Unida, a Igreja Metodista Unida, a Igreja Reformada na América, a Igreja Evangélica Luterana na América, a Igreja dos Irmãos, e a Igreja Cristã (Discípulos de Cristo) são somente um pouco das muitas principais denominações que ordenam mulheres como ministras e as encorajam a servir como pastoras e bispas de congregações locais.
[3] BOCCIA, Maria L., "Hidden History of Women Leaders of the Church," Journal of Biblical Equality, September 1990, p. 58.

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