O
Movimento Pentecostal e as Assembleias de Deus
Pentecostalicidade
Eclesiástica
O Movimento Pentecostal e as Assembleias
de Deus têm mais de cem anos. É ainda um movimento jovem na Cristandade
comparado a outras Tradições do Cristianismo. Apesar de sua jovialidade o
Movimento Pentecostal e as Assembleias de Deus já possuem uma corpo articulado
de crenças e uma hermenêutica particular. Seus pilares e distintivos devem ser
encontrados no querigma (pregação) do Movimento. Apesar de estar ciente da
perspectiva Quadrilátera e da Trilogia (mormente nas Assembleias de Deus do
Brasil) tenho enfatizado os Cinco Pontos do Pentecostalismo como necessários
para alçar sua identidade completa como visto no Movimento. Nós podemos chamar
isso de Evangelho Pleno (Full Gospel) ou ainda, numa articulação teológica, de
Pentecostalismo Integral.
Com isso em mente chamo a atenção dos
nobres irmãos para o pensamento de que normalmente não pensamos em crianças de
cem anos vivendo no auge de suas faculdades intelectuais e físicas. Passado um
certo ponto, o aumento da idade diminui as capacidades das pessoas, não as
fortalece. As pessoas mais velhas dependem cada vez mais de desenvolvimentos na
ciência médica para se manterem saudáveis, vigorosas e ativas.
Com essa analogia em mente, a pergunta
surge: Será que o Movimento Pentecostal e
as Assembleias de Deus têm diminuído suas capacidades e seu fervor como
aconteceu com outros Movimentos depois dos cem anos de existência?
Será que nossa Irmandade tem perdido a
eficácia, eficiência e o fervor na vida e no ministério? Será que temos
dependido mais das técnicas do mercado religioso do que do poder do Espírito
Santo? Será que nossos melhores dias estão nos tempos passados e agora vivemos
como Museus Religiosos marcado por um denominacionalismo doentio e cancerígeno?
A resposta pode ser tanto negativa quanto
positiva por um lado. No primeiro caso, eu tenho visto muitas de nossas
Assembleias de Deus perderem o fogo e o fervor, a consistência da doutrina
pentecostal, o labor missionário que marcou profunda e particularmente minha
vida quando jovem nos anos 90 – e, é claro, os primórdios do Movimento. Tenho
notado em muitos Estados do Brasil que muitas Assembleias de Deus já se
despentecostalizaram ou perderam o que podemos chamar de pentecostalicidade
como marca de sua eclesiologia. A pentecostalicidade eclesiástica como marca da
igreja tem a ver com sua dependência do Espírito Santo (eclesiologia
pneumática), com sua pregação e ensino capacitados pelo Espírito (querigma
pneumático) e com sua dependência do poder e revestimento do Espírito Santo
para a evangelização e missão (missiologia pneumática).
Por outro lado, eu continuo louvando a
Deus, pois Ele tem levantado jovens obreiros, estudiosos, pregadores e teólogos
comprometidos com os distintivos históricos, interpretativo, querigmáticos e
doutrinários do Movimento Pentecostal dentro das Assembleias de Deus. Estes
amados irmãos e irmãs têm estudado, debruçado e se esmerado nos grandes temas e
lutado para resgatar a pentecostalicidade de nossas Assembleias de Deus. É claro
que nós devemos sempre ter cuidado com o denominacionalismo (ou o clericalismo,
credalismo e qualquer “ismo” por aí!) que pode engessar e nos dá uma viseira
teológica. O Movimento Pentecostal e seus desdobramentos não foram e não devem
ser limitados, circunscritos a uma denominação e a obra do Espírito Santo não é
propriedade de ninguém, visto que o Espírito sopra a onde quer!
Nós sabemos que o denominacionalismo, que
definimos como um sistema engessado, rígido, gélido e paupérrimo que a máquina
denominacional e clerical podem produzir, é mortífero para qualquer movimento
de avivamento (e normalmente são contra aos movimentos avivalistas e restauracionista),
visto que ele não aceita nada que não esteja postulado em suas construções
teológicas credais. Eles limitam, por assim dizer, a obra do Espírito Santo. O Espírito
Santo sopra onde seus particulares determinam. Eles extinguem o Espírito.
Apagam o Espírito. Entristecem o Espírito Santo e em certos rincões beira à
blasfêmia contra o Espírito Santo.
TODAVIA, Eu acredito, como crente,
pregador, pastor e membro das Assembleias de Deus que nós pentecostais não
devemos perder de vista dois fatores importantes para o Movimento Pentecostal e
para as Assembleias de Deus. Observando eles manteremos a robustez, o vigor, a
grandeza e o foco do Movimento Pentecostal e também salvaguardaremos a pentecostalicidade
de nossa eclesiologia assembleiana.
O
PRIMEIRO FATOR É DIVINO.
Os fundadores do pentecostalismo apoiaram-se fortemente em Hebreus 13.8 na articulação
de sua hermenêutica e querigma bíblicos: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e
para sempre.” Visto que Jesus Cristo não mudou ao longo dos séculos, eles
creram que devemos esperar que Ele opere hoje da mesma maneira que Ele operou
na igreja apostólica.
Consequentemente, alguém ouve os
fundadores do pentecostalismo falando insistentemente de “fé apostólica”, “métodos
apostólicos”, - e podemos acrescentar – “igreja apostólica”, “ministério
apostólico”, “missão apostólica” (realmente o Movimento Pentecostal resgatou a
marca niceno-constantinopolitano da “apostalicidade” da igreja, e acrescentou
outra importante marca, a “pentecostalicidade”, “assumindo a ação do Espírito
Santo de maneira ativa na Igreja para glorificar a Jesus”). Nós devemos crer no
que os apóstolos acreditavam e fazer o que os apóstolos faziam (os apóstolos
morreram, mas não sua doutrina!). Para os fundadores do pentecostalismo, os
Evangelhos e o Livro de Atos não eram uma mera biografia de Jesus Cristo ou uma
mera história da igreja do primeiro século, mas um livro de instruções para a
Igreja em cada século.
Ao lerem as páginas do Novo Testamento, nossos
antepassados pentecostais discerniram o “Evangelho Quádruplo” ou “Evangelho Quíntuplo”
– o Evangelho Pleno. Essa é a doutrina fundamental das Assembleias de Deus até
os dias atuais (apesar de que fala-se da Triologia, no entanto deve-se entender
que os outros pontos estão implícitos). Jesus Cristo é Salvador, Curador,
Santificador, Batizador no Espírito Santo e Rei que Vem em Breve. Na ocasião,
alguém ouvirá críticos do pentecostalismo argumentarem que estamos muito
focados na pessoa e obra do Espírito Santo, não o suficiente na pessoa e obra
do Filho de Deus. Esses críticos, no entanto, perdem a marca, o distintivo de
nossa teologia, os pilares de nosso querigma e ainda a pentecostalicidade de
nossa eclesiologia e não os entendem (ou até ignoram propositadamente para
firmar suas caricaturas e espantalhos). Os pentecostais são, em primeiro lugar
e acima de tudo – e de forma completa e consistente – o povo de Jesus. Se
enfatizarmos o Espírito Santo, é porque Jesus o derramou sobre toda a carne nos
últimos dias (Atos 2:33). Somos pessoas do Espírito, porque somos pessoas de
Jesus primeiro. Por isso, tenho afirmado que a igreja é pneumática e
cristocêntrica. Ou ainda, a igreja é cruciforme e pentecostal!
Se Jesus Cristo é o mesmo, e se Ele é
Salvador, Curador, Santificador, Batizador no Espírito Santo e Rei que Vem em
Breve, então temos uma forte razão para acreditar que nossa Irmandade – na verdade,
a Igreja como um todo – não passou seu primor, pujança, frescor e vigor. O FATOR DIVINO nos assegura que os
propósitos de Deus para a humanidade, realizados em Cristo e fortalecidos pelo
Espírito, avançam sem mudança.
E isso nos leva ao segundo FATOR, O HUMANO. Se Deus deseja que
nossas Assembleias de Deus aumentem sua eficácia missional – como certamente o
faz! – então por que tantas Assembleias de Deus decaíram ao longo dos séculos?
Se Deus avança sem mudança, por que as igrejas mudam? Por que as denominações
sobem e descem?
A resposta, parece-me, deve ser
encontrada em 1 Coríntios 3: 6-7: “Eu plantei a semente [do evangelho], Apolo a
regou, mas Deus a fez crescer. Assim, nem aquele que planta nem o que rega é
alguma coisa, mas somente Deus, que faz as coisas crescerem”. Observe que Paulo
destaca o FATOR DIVINO nesses
versículos. Com o apóstolo, devemos dizer que se as Assembleias de Deus
cresceram nos primeiros cem anos de sua existência, é por causa de Deus. “O
Senhor fez isso e é maravilhoso aos nossos olhos” (Mateus 21:42).
E, no entanto, Deus fazendo algo não
significa que não temos nada para fazer. Paulo plantou. Apolo regou. A eficácia
desse trabalho está nas mãos de Deus, mas, se fazemos o trabalho que temos sido
designado por Deus, Ele está no nosso. A eficácia missional resulta de nossa
obediência responsável ao chamado de Deus em nossas vidas, de fazer o que Ele
nos ordena quando Ele nos ordena para fazê-lo, e então dá-Lhe a glória pelos
resultados. Negligenciar isso, resulta em declínio! Nossas Assembleias de Deus
estão ficando inchadas com o mecanismos e jeitinhos humanos denominacional e
convencional ao ponto de perder e negligenciar sua pentecostalicidade
eclesiástica e missional. Arrependamo-nos, pois e creio que Deus nos dará outro
pentecostes!
É exatamente nesta sinergia pentecostal
(Fator Divino e Fator Humano) que testemunharemos o Movimento Pentecostal e as
Assembleias de Deus sendo pentecostais de mente e coração!
Que Deus nos ajude!
Ivan Teixeira
Pentecostal de Mente e Coração
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