A
PSICOLOGIA DA GESTALT E O ELEFANTE APALPADO PELAS TRADIÇÕES
Eu entendo que tanto o calvinismo
quanto o arminianismo são Sistemas legítimos do fazer teológico, e que de ambos
os lados existem homens e mulheres cristãos piedosos, todavia nenhum deles
retêm a perfeição do fazer-teológico. Nenhum deles são perfeitos em suas
articulações das questiúnculas doutrinárias. Nenhum deles são plenos e
aperfeiçoados em teologia e, nenhum deles DEVE ser dogmático. E nenhum deles
deve dizer que seu Sistema é verdadeiro, pois isso é ir além do evangelho. Um
erro subsequente é dizer que o seu sistema é o evangelho. O evangelho, as boas
novas, está bem claro e delineado nas Escrituras (cf. 1Coríntios 15.1-8;
Gálatas 1.6-12; 2.2,4-5,7,14,16; 3.8-9,11,14). Anatematizar um Sistema por que
não se encaixa no seu é ir além das Escrituras e cair em loquacidades frívolas.
A obra de Deus na salvação em
nosso coração é tão gloriosa, pungente, perfeita, completa, misteriosa,
altaneira e complexa que as próprias Escrituras usam diversos termos, imagens e
ilustrações para descrevê-la. É impossível pregar o evangelho de maneira
completa se usarmos unicamente uma dessas muitas imagens ou mesmo enfatizar
verdades ilustradas por elas, pois a inteireza do evangelho consiste no uso
EQUILIBRADO de todas elas.
O ponto é que nenhuma linguagem
humana consegue expressar adequadamente a obra de Deus em nossa alma, e nenhuma
ilustração humana consegue explica-la adequada e completamente. Apesar de que o
essencial da obra salvadora de Deus é bastante claro e poderoso para nos salvar
e para uma vida crescente, todavia detalhes e questiúnculas da doutrina requer
cautela na articulação. Esticar ou comprimir certos textos para adaptá-los a
certo Sistema particular do pensar teológico é perigo e infrutífero, pois como
disse Paulo traz mais discussões tolas do que serviço de Deus, na fé (1Timóteo
1.5).
TEÓLOGOS-CEGOS
APALPANDO O ELEFANTE-TEOLÓGICO
A psicologia da Gestalt nos
ensinou que o todo é sempre maior do que a soma de suas partes. Acredito que
todos já ouviram a “História dos seis cegos indianos” que foram examinar um
elefante, e cada um tocou determinada parte do animal. Cada um insistia que ele
sabia agora, por experiência, como era um elefante. Mas aquele que agarrou a
cauda pensava que o elefante era como uma corda, e o que colocou os seus braços
ao redor da perna do elefante pensou que ele fosse como uma árvore. O que
sentiu o lado do elefante pensou que ele fosse igual a uma parede, enquanto o
que agarrou a tromba do elefante estava igualmente certo de que o elefante era
como uma cobra. Nota-se que cada um possuía uma parte do verdadeiro
conhecimento, cada um estava certo de que possuía a última palavra, e ainda
assim é impressionante como cada homem carecia do conhecimento completo do que
é um elefante.
Esses homens são como alguns
sinceros, mas equivocados filhos de Deus que vivem argumentando sobre
“chiboletes” e vários outros aspectos da verdade divina e causando,
lamentavelmente, divisões e não serviço de Deus, na fé. Deus é maior do que
todas as palavras que podemos usar para descrevê-lo. Sua salvação, eleição,
justificação, regeneração e etc., são maiores do que as partes que enfatizamos
e até mesmo do que todas as palavras que podemos usar para descrever. Nenhuma
descrição humana no fazer teológico é adequada e perfeita para descrever a
totalidade e plenitude da salvação de Deus em Cristo Jesus no Espírito Santo.
Em certos pontos doutrinários estamos balbuciando como crianças que estão
aprendendo a falar. Somos como os indianos que pelo conhecimento e experiência
próprios elencam o que apalparam e entenderam, mas não conseguem compreender o
todo.
O fazer teológico e suas
tradições iluminam nossa mente e nosso coração, abençoam nossa alma e nos
ajudam a compreender, mas devemos nos lembrar de suas limitações. Há certos
pontos que devemos nos calar e não especular! Há certos pontos que devemos nos
inundar na doxologia do conhecimento e plano de Deus, no lugar de querer
articular detalhes que estão infinitamente além de nossa compreensão finita. Paulo
fez isso em Romanos! No ápice de sua exposição ele pausou e louvou ao Senhor: “Ó
profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão
insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos! Quem,
pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o Seu conselheiro? Ou quem
primeiro deu a Ele para que lhe venha a ser restituído? Porque d’Ele, e por
meio d’Ele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente.
Amém! (Romanos 11:33-36).
Chega-se a um ponto no fazer
teológico que devemos pausar, dobrar os joelhos e adorar por causa da
profundidade do conhecimento de Deus e pelos Seus insondáveis caminhos!
Todavia, é triste perceber que muitos seguem o caminho da especulação a da
doxologia.
Quão equivocados alguns sinceros
filhos de Deus têm sido ao argumentarem com respeito a termos e ilustrações
para descrever a obra salvadora de Deus em Cristo no Espírito Santo! Quantas
discussões nada santas têm acontecido a respeito da doutrina e da experiência
da salvação. Porque Deus conhece muito melhor do que nós como nossas palavras e
experiências humanas são, Ele é generoso nos termos e nas imagens que nos dá
para compreender Sua preciosa obra em Cristo pelo Espírito. Todavia, exagerar
ou negligenciar qualquer uma delas significa abrir uma lacuna na inteireza da
revelação divina, colocar-nos de forma inadequada em nossa experiência pessoal
da graça de Deus, formularmos uma doutrina deficiente, extremista e fazermos
uma apresentação trôpega e incompleta do evangelho.
Nós devemos ensinar e enfatizar o
todo da verdade da Palavra de Deus, pois o todo é maior do que a soma de suas
partes!
Rumo a um Evangelho Pleno: Sinai,
Calvário e Pentecostes!
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