Tenho que discordar das assertivas de eruditos e estudiosos como João Calvino, James I. Packer e Augustus Nicodemus que apontam o ministério do Espírito Santo como um ministério de bastidores ou de holofote. Implicando uma ação às escondidas e na calada da noite eclesiástica. O livro de Atos (e as Epístolas) demonstra que o Espírito Santo atuava no palco central e como o personagem central nas igrejas para ensinar, testificar e glorificar a Cristo Jesus. O Espírito Santo estava bem presente no ministério e nas vidas dos cristãos do primeiro século conforme o registro de Lucas.
Em Atos, a doutrina do Espírito Santo é ensinada em muitos capítulos. Por
causa dessa ênfase, o pai da igreja primitiva, Crisóstomo, se refere a Atos como o Evangelho do Espírito
Santo. O Espírito de Deus fala diretamente por intermédio dos profetas. Na
Antioquia o Espírito usa Ágabo para predizer a fome no mundo (11.28). Mediante
os profetas e em harmonia com a igreja antioquiana, ele torna seu desejo
conhecido a respeito do ministério de Paulo e Barnabé (13.1,2). E em Cesaréia,
o Espírito novamente emprega o profeta Ágabo para falar a Paulo diretamente
(21.10,11).
Paulo experimenta o poder do Espírito Santo que o compelia a ir a Jerusalém
(20.22), onde iria enfrentar dificuldades e aflições (v.23). Paulo obedece à direção
do Espírito. Ele também demonstra sua confiança em Deus (21.13).
Em alguma ocasião antes de Paulo decidir viajar a Jerusalém, ele
escreveu sua Epístola aos Romanos. Nessa epístola ele exortava os cristãos em
Roma a orarem a Deus em seu favor. Ele pediu-lhes que orassem a fim de que ele
pudesse ser livrado dos não-crentes na Judéia e que seus serviços aos santos em
Jerusalém fossem aceitáveis. E ele esperava que em resposta às suas orações ele
pudesse visitar a igreja de Roma (Romanos 15.30-32). Paulo deseja repartir com
os crentes romanos algum dos carismas do Espírito Santo para que fossem
confirmados (Romanos 1.11).
Paulo então confiou que as orações dos santos seriam respondidas e que
o Espírito Santo o guiaria através das dificuldades que ele estava por
enfrentar. Pela fé ele aceitou as palavras do Espírito ditas por intermédio de Ágabo
como sendo uma revelação detalhada de acontecimentos futuros (Atos 21.10,11).
Não há como negar e discordar daqueles que descrevem o ministério do
Espírito como de holofote ou agindo nos bastidores.
CRISÓSTOMO, John. Homilies on the Acts of the Apostles 1.5.
KISTEMAKER,
Simon J. Comentário do Novo Testamento:
Exposição de Atos, Vol.2, p.339,340. São Paulo, SP, Brasil. Editora Cultura
Cristã, 2003.
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