A Fonte Primária da Teologia
Tenho ensinado
que devemos iniciar o estudo da Teologia Sistemática pelo estudo da bibliologia
(estudo da Bíblia).
Acredito que
todo estudante precisa ter a certeza de que a Bíblia é o que ela diz ser: a
Palavra de Deus e não palavras de homens sobre Deus. Isso é de suma
importância, pois a Bíblia é a fonte primária e autoritária do estudo da
Teologia Sistemática. Toda nossa crença teológica deriva da Bíblia.
A concepção que
temos da Bíblia regerá todo nosso estudo. Se tivermos uma visão defeituosa
sobre a Bíblia, nosso estudo teológico sofrerá revezes.
Estou ciente da
proposição de Louis Berkhof de que
se começa estudar teologia partindo de Deus. Todavia, também estou ciente da
proposição de Bernard Ram que diz
que o teólogo não estuda Deus em Si, mas Deus em Sua revelação. Essa revelação
está transcrita na Bíblia. Então, mesmo começando o estudo da teologia
sistemática com Deus, pois Ele é o objeto supremo do estudo teológico, devemos
fazer tal estudo pela Bíblia, visto ser ela a nossa única regra de fé e
prática. A Bíblia é o livro que trata da revelação que Deus deu de Si mesmo.
Como deixei bem
claro em nossa apostila de Bibliologia:
A doutrina da Bíblia (Bibliologia) é, quem sabe, a
mais decisiva e fundamental de todas as doutrinas, pois o que realmente sabemos
acerca de Deus e do nosso relacionamento com Ele, procede das Escrituras
Sagradas.
O que cremos da Bíblia haverá de determinar, em grande
medida, o que cremos acerca das outras doutrinas principais. Toda a nossa religião
está baseada nas Escrituras. (pág.1).
Vicente Cheung escreve:
Provamos que a Escritura é a autoridade definitiva no
sistema cristão, e que nosso conhecimento de Deus depende dela. Portanto, é
apropriado começar o estudo da teologia examinando os atributos da Escritura.
(em Teologia Sistemática, pág.12 –
texto em PDF).
Então, é de
suma importância começar o estudo da Teologia Sistemática sabendo os atributos
da Bíblia. Todo nosso estudo e crença dependem de se cremos ou não no que a
Bíblia diz.
Vale a pena
citar a observação de Louis Berkhof:
As obras de dogmática ou de teologia sistemática
geralmente começam com a Doutrina de Deus. A opinião prevalecente tem
reconhecido sempre este procedimento mais lógico, e ainda continua apontando na
mesma direção. Em muitos casos, mesmo aqueles cujos princípios fundamentais
pareceriam exigir outro arranjo, continuam na prática tradicional. Há boas
razões para começar com a Doutrina de Deus, se partirmos da admissão que a
Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e
para quem são todas as coisas.
Iniciamos o
estudo de teologia com duas pressuposições, a saber:
(1) Que Deus existe;
(2) Que Ele se revelou em Sua Palavra
divina [Bíblia].
Por esta razão
não nos é impossível começar com o estudo de Deus. Podemos dirigir-nos a Sua
revelação [contida nas Escrituras Sagradas] para aprender o que Ele revelou a
respeito de Si mesmo e a respeito de Sua relação para com as Suas criaturas.
(em Teologia Sistemática, pág. 11 –
texto em PDF).
Notem que mesmo
começando o estudo da Teologia Sistemática com a Pessoa Deus, esse estudo se
volta para a Bíblia como o ponto de partida.
Estou convicto
de que a Bíblia é a Palavra de Deus e nossa única regra de fé e prática.
Infelizmente,
vejo muitos líderes e crentes que não creem e não vivem sobre este fundamento
da autoridade da Bíblia, pois usam vários métodos da sabedoria secular tanto
para a vida quanto para o ministério cristãos.
Que Deus nos
ajude com a graça revelada em Cristo Jesus e sob a égide iluminadora do
Espírito Santo a nos submeter à autoridade da Bíblia.
Teologia
sem Bíblia!
Lamento profundamente
que muitos conhecem mais os sistemas teológicos do que as próprias Escrituras
Sagradas que são o ponto fundamental de toda verdadeira teologia. Sabemos que o
ponto de partida de toda autêntica teologização é a Bíblia. Então, devemos
submeter qualquer sistema teológico às Escrituras e não o contrário.
Infelizmente, muitos
estudam os grandes compêndios de teologia com afinco e dedicação (não sou contra,
pois também estudo), porém negligenciam o estudo detido e devoto das Escrituras
Sagradas.
Creio que a teologia
tem que ser sistemática, mas também bíblica. Em outras palavras, a
sistematização precisa ser das verdades bíblicas e não das especulações das
mentes carnais e da sabedoria mundana. Não adianta organizar os assuntos
bíblicos e dá asas aos pensamentos embebendo-se das águas turvas de outras
ciências humanas, negligenciando a própria revelação de Deus de Si mesmo. Como
já dizia o teólogo Bernard Ramm, “o
teólogo não estuda Deus em Si, mas em Sua revelação”. Sabemos que essa
revelação está contida na Bíblia Sagrada. Por isso, necessitamos submeter
qualquer sistema teológico ao tribunal da Palavra de Deus, e não procurar
textos provas que cabem em meu sistema particular de teologia e lançar os
demais fora.
Nosso deleite precisa
estar na revelação de Deus em Sua Palavra:
Terei prazer nos Teus mandamentos, os quais eu amo (Sl
119.47).
Baixem sobre mim as Tuas misericórdias, para que eu
viva; pois na Tua Lei está o meu prazer (Sl 119.77).
Não fosse a Tua Lei ter sido o meu prazer, há muito
já teria eu perecido na minha angústia (Sl 119.92).
Quanto amo a Tua Lei! É a minha meditação todo o
dia (Sl 119.97).
Dizia-se dos crentes
pastoreados pelo grande pregador londrino Charles
Spurgeon que conheciam mais a Bíblia do que os teólogos da época. Hoje,
muitos conhecem mais os sistemas dos teólogos do que as Escrituras Sagradas.
Por isso, muitos, são gélidos na vida e no ministério cristão. A igreja local
deles é formatada por uma teologia intelectualista, psicologizada, humanista e
pobre de piedade e fervor espiritual, como se a teologia levasse-nos para longe
de uma vida cheia do Espírito Santo. Em Atos
2.42, lemos que como resultado do derramamento do Espírito Santo, os salvos
se dedicavam ao estudo da doutrina, a uma vida de comunhão e oração, e ao culto
memorial da Ceia do Senhor com louvores ao Senhor no templo.
O grande reformador
genebrino, João Calvino, esclareceu
sua intenção ao escrever sua magnus opus,
as Institutas da Religião Cristã:
Minha
intenção nesta obra foi preparar e treinar de tal modo na leitura da Palavra
Divina os aspirantes à teologia sagrada que eles possam ter fácil acesso à
mesma e depois nela prossigam sem tropeçar. Pois penso que abrangi de tal
maneira a suma da religião em todas as suas partes, dispondo-a em ordem, que
todos os que a assimilarem corretamente não terão dificuldade em determinar
tanto o que devemos buscar de modo especial nas Escrituras quanto para que
objetivo devem direcionar tudo o que está contido nas Escrituras.
Nosso labor teológico
deve nos encaminhar nos caminhos delineados pelas Escrituras Sagradas sem
tropeçar pelo caminho em alguma ideia lançada ali pelas ciências humanas. Tudo
o que está contido nas Escrituras devemos abraçar, e quedarmos em adoração ao
Deus que conhecemos por meio de Jesus Cristo sob o poder regenerador e
renovador do Espírito Santo que nos guia em toda a verdade.
A verdadeira teologia
deve se manter dentro dos limites da revelação como sua norteadora. A função
principal das Escrituras é a nossa edificação, crescimento, fortalecimento e
maturidade, capacitando-nos a ver o que de outro modo seria impossível. Seu
propósito é revelar o que precisamos saber sobre Deus e nós mesmos.
Soli Deo Gloria!
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