quarta-feira, 10 de maio de 2017

A FONTE PRIMÁRIA DA TEOLOGIA

A Fonte Primária da Teologia

Tenho ensinado que devemos iniciar o estudo da Teologia Sistemática pelo estudo da bibliologia (estudo da Bíblia).
Acredito que todo estudante precisa ter a certeza de que a Bíblia é o que ela diz ser: a Palavra de Deus e não palavras de homens sobre Deus. Isso é de suma importância, pois a Bíblia é a fonte primária e autoritária do estudo da Teologia Sistemática. Toda nossa crença teológica deriva da Bíblia.
A concepção que temos da Bíblia regerá todo nosso estudo. Se tivermos uma visão defeituosa sobre a Bíblia, nosso estudo teológico sofrerá revezes.
Estou ciente da proposição de Louis Berkhof de que se começa estudar teologia partindo de Deus. Todavia, também estou ciente da proposição de Bernard Ram que diz que o teólogo não estuda Deus em Si, mas Deus em Sua revelação. Essa revelação está transcrita na Bíblia. Então, mesmo começando o estudo da teologia sistemática com Deus, pois Ele é o objeto supremo do estudo teológico, devemos fazer tal estudo pela Bíblia, visto ser ela a nossa única regra de fé e prática. A Bíblia é o livro que trata da revelação que Deus deu de Si mesmo.
Como deixei bem claro em nossa apostila de Bibliologia:
A doutrina da Bíblia (Bibliologia) é, quem sabe, a mais decisiva e fundamental de todas as doutrinas, pois o que realmente sabemos acerca de Deus e do nosso relacionamento com Ele, procede das Escrituras Sagradas.

O que cremos da Bíblia haverá de determinar, em grande medida, o que cremos acerca das outras doutrinas principais. Toda a nossa religião está baseada nas Escrituras. (pág.1).

Vicente Cheung escreve:
Provamos que a Escritura é a autoridade definitiva no sistema cristão, e que nosso conhecimento de Deus depende dela. Portanto, é apropriado começar o estudo da teologia examinando os atributos da Escritura. (em Teologia Sistemática, pág.12 – texto em PDF).

Então, é de suma importância começar o estudo da Teologia Sistemática sabendo os atributos da Bíblia. Todo nosso estudo e crença dependem de se cremos ou não no que a Bíblia diz.
Vale a pena citar a observação de Louis Berkhof:
As obras de dogmática ou de teologia sistemática geralmente começam com a Doutrina de Deus. A opinião prevalecente tem reconhecido sempre este procedimento mais lógico, e ainda continua apontando na mesma direção. Em muitos casos, mesmo aqueles cujos princípios fundamentais pareceriam exigir outro arranjo, continuam na prática tradicional. Há boas razões para começar com a Doutrina de Deus, se partirmos da admissão que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem são todas as coisas.

Iniciamos o estudo de teologia com duas pressuposições, a saber:
(1) Que Deus existe;
(2) Que Ele se revelou em Sua Palavra divina [Bíblia].

Por esta razão não nos é impossível começar com o estudo de Deus. Podemos dirigir-nos a Sua revelação [contida nas Escrituras Sagradas] para aprender o que Ele revelou a respeito de Si mesmo e a respeito de Sua relação para com as Suas criaturas. (em Teologia Sistemática, pág. 11 – texto em PDF).
Notem que mesmo começando o estudo da Teologia Sistemática com a Pessoa Deus, esse estudo se volta para a Bíblia como o ponto de partida.
Estou convicto de que a Bíblia é a Palavra de Deus e nossa única regra de fé e prática.
Infelizmente, vejo muitos líderes e crentes que não creem e não vivem sobre este fundamento da autoridade da Bíblia, pois usam vários métodos da sabedoria secular tanto para a vida quanto para o ministério cristãos.
Que Deus nos ajude com a graça revelada em Cristo Jesus e sob a égide iluminadora do Espírito Santo a nos submeter à autoridade da Bíblia.

Teologia sem Bíblia!
Lamento profundamente que muitos conhecem mais os sistemas teológicos do que as próprias Escrituras Sagradas que são o ponto fundamental de toda verdadeira teologia. Sabemos que o ponto de partida de toda autêntica teologização é a Bíblia. Então, devemos submeter qualquer sistema teológico às Escrituras e não o contrário.
Infelizmente, muitos estudam os grandes compêndios de teologia com afinco e dedicação (não sou contra, pois também estudo), porém negligenciam o estudo detido e devoto das Escrituras Sagradas.
Creio que a teologia tem que ser sistemática, mas também bíblica. Em outras palavras, a sistematização precisa ser das verdades bíblicas e não das especulações das mentes carnais e da sabedoria mundana. Não adianta organizar os assuntos bíblicos e dá asas aos pensamentos embebendo-se das águas turvas de outras ciências humanas, negligenciando a própria revelação de Deus de Si mesmo. Como já dizia o teólogo Bernard Ramm, “o teólogo não estuda Deus em Si, mas em Sua revelação”. Sabemos que essa revelação está contida na Bíblia Sagrada. Por isso, necessitamos submeter qualquer sistema teológico ao tribunal da Palavra de Deus, e não procurar textos provas que cabem em meu sistema particular de teologia e lançar os demais fora.
Nosso deleite precisa estar na revelação de Deus em Sua Palavra:
Terei prazer nos Teus mandamentos, os quais eu amo (Sl 119.47).
Baixem sobre mim as Tuas misericórdias, para que eu viva; pois na Tua Lei está o meu prazer (Sl 119.77).
Não fosse a Tua Lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia (Sl 119.92).
Quanto amo a Tua Lei! É a minha meditação todo o dia (Sl 119.97).

Dizia-se dos crentes pastoreados pelo grande pregador londrino Charles Spurgeon que conheciam mais a Bíblia do que os teólogos da época. Hoje, muitos conhecem mais os sistemas dos teólogos do que as Escrituras Sagradas. Por isso, muitos, são gélidos na vida e no ministério cristão. A igreja local deles é formatada por uma teologia intelectualista, psicologizada, humanista e pobre de piedade e fervor espiritual, como se a teologia levasse-nos para longe de uma vida cheia do Espírito Santo. Em Atos 2.42, lemos que como resultado do derramamento do Espírito Santo, os salvos se dedicavam ao estudo da doutrina, a uma vida de comunhão e oração, e ao culto memorial da Ceia do Senhor com louvores ao Senhor no templo.
O grande reformador genebrino, João Calvino, esclareceu sua intenção ao escrever sua magnus opus, as Institutas da Religião Cristã:
Minha intenção nesta obra foi preparar e treinar de tal modo na leitura da Palavra Divina os aspirantes à teologia sagrada que eles possam ter fácil acesso à mesma e depois nela prossigam sem tropeçar. Pois penso que abrangi de tal maneira a suma da religião em todas as suas partes, dispondo-a em ordem, que todos os que a assimilarem corretamente não terão dificuldade em determinar tanto o que devemos buscar de modo especial nas Escrituras quanto para que objetivo devem direcionar tudo o que está contido nas Escrituras.

Nosso labor teológico deve nos encaminhar nos caminhos delineados pelas Escrituras Sagradas sem tropeçar pelo caminho em alguma ideia lançada ali pelas ciências humanas. Tudo o que está contido nas Escrituras devemos abraçar, e quedarmos em adoração ao Deus que conhecemos por meio de Jesus Cristo sob o poder regenerador e renovador do Espírito Santo que nos guia em toda a verdade.
A verdadeira teologia deve se manter dentro dos limites da revelação como sua norteadora. A função principal das Escrituras é a nossa edificação, crescimento, fortalecimento e maturidade, capacitando-nos a ver o que de outro modo seria impossível. Seu propósito é revelar o que precisamos saber sobre Deus e nós mesmos.


Soli Deo Gloria!

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