A Urgente Carência de uma
Liderança Apaixonada
Leitura Seleta: Mateus 9.35-38.
E
percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o
evangelho do Reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.
Vendo
Ele as multidões, compadeceu-Se delas, porque estavam aflitas e exaustas como
ovelhas que não têm pastor.
E
então se dirigiu a Seus discípulos: A seara na verdade é grande, mas os
trabalhadores são poucos.
Rogai,
pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a Sua seara.
I. Um líder cristão está ciente de suas prioridades: “E percorria
Jesus [...] ensinando [...], pregando [...] e curando [...]” (v.35).
Esta é a
segunda vez no Evangelho Segundo Mateus que aparece essa descrição sobre o
tríplice ministério do Senhor Jesus (cf. Mt 4.23). Temos aqui um resumo
fundamental do poderoso ministério do Senhor Jesus. Mateus no revela a suprema
ocupação do supremo pastor.
1. Um líder está em movimento: “E percorria Jesus” (Καὶ περιῆγεν ὁ Ἰησοῦς τὰς
πόλεις πάσας καὶ τὰς κώμας).
Nosso Senhor
Jesus era um líder em movimento. Um verdadeiro missionário. Como verdadeiro
missionário Jesus percorre diversos
lugares do país; não espera que as pessoas venham até Ele, mas Ele vai até elas[1].
É lamentável
ver a estagnação espiritual e moral dos pastores e dos obreiros. Muitos fazem
programas para atrair as pessoas, nosso Senhor ia até às pessoas.
A prioridade do
Senhor Jesus era as pessoas. Onde estivesse um pecador perdido ali estaria o
Salvador. Ele percorria todas as cidades e aldeias para alcançar os perdidos.
Não há limites para um líder que crer em Deus e está envolvido em Sua obra.
O grande John Wesley disse: o mundo é minha
paróquia!
Muitos obreiros
se limitam a si mesmo e seus liderados por ter uma pequena visão do campo e do
alcance da missão. Jesus disse que o campo é o mundo!
As Convenções
humanas colocam limites, mas o supremo Senhor disse que nosso campo de ação e
ministério é o mundo. Claro que nosso Senhor tinha Seu ponto de partida e
vinda, mas não se limitava a alguns cantos. Ele percorria todas as cidades!
2. Um líder prioriza o ensino: “ensinando nas sinagogas” (διδάσκων ἐν ταῖς
συναγωγαῖς).
Um grande
escritor brasileiro escreveu uma série de livros intitulando nosso Senhor como
o Mestre dos mestres. Jesus Cristo era o mestre por excelência. Ele não é
apenas o Mestre dos mestres, mas também Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele
é o Pastor dos pastores. O ensino era prioridade no ministério de Cristo Jesus.
A Escritura
ensina que um líder deve ser “apto para ensinar”. Ser apto para ensinar
significa está apto para aprender. É triste ver o analfabetismo bíblico de
muitos pastores. Muitos estão doutrinariamente confusos. São preguiçosos em
seus estudos diários. Não leem mais a Bíblia! Não buscam no santo Livro do
Senhor, por isso eles e o povo estão sendo destruídos por falta de conhecimento
de Deus.
Vale lembrar
que nosso Senhor não entretinha as multidões, mas ensinava-as as coisas do
Reino de Deus.
Não encontrei
nenhum lugar nas Escrituras do Novo Testamento Jesus Cristo animando
auditórios, contando anedotas para o povo rir. Com isso não quero dizer que Ele
não teve momentos de lazer, descanso e distração. Mas no que concerne o
ministério nosso Senhor não divertia as multidões com palestras motivacionais e
chavões religiosos, Ele as ensinava como ser novas criaturas e viver uma vida
de arrependimento.
Um líder
cristão é aquele que não perde o seu tempo com lorotas, mas ensina o povo as
grandes verdades de Deus.
3. Um líder é um pregador apaixonado: “pregando o evangelho do Reino” (κηρύσσων τὸ εὐαγγέλιον
τῆς βασιλείας).
Encontramos no Evangelho Segundo Marcos um dos motivos
da vinda do Senhor Jesus a este mundo: “Jesus, porém, lhes disse: Vamos a
outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que Eu pregue também ali, pois
para isso é que Eu vim” (Mc 1.38). Notem que o Senhor Jesus veio para
pregar! A prioridade máxima de um pastor é pregar o evangelho.
Um dos maiores
desejos de Paulo era ir a Roma
objetivando pregar o evangelho do qual ele não se envergonhava porque sabia que
era o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).
Nós pastores
precisamos cumprir nosso ministério de evangelista por meio da pregação do
santo evangelho (2Tm 4.5).
Todos os
cristãos e, especialmente, os pastores são chamados a pregar o evangelho a toda
a criatura (Mc 16.15).
4. Um líder é um terapeuta de pessoas:
“curando toda sorte de doenças e
enfermidades” (θεραπεύων πᾶσαν νόσον καὶ πᾶσαν μαλακίαν). O verbo qerapeuw/ equivale a curar, libertar, sanar.
Aqui sanando[2].
Um pastor
torna-se instrumento de Deus para sarar as pessoas de suas molestas, doenças e
enfermidades.
Os grandes
puritanos eram conhecidos como médicos da alma.
Há um santo na
história da igreja que é conhecido como “médico e pastor das almas”. O bispo São Brás[3]
que era um médico que posteriormente se converteu a Cristo e dedicou sua vida a
cura das almas perdidas.
Tiago orientou ao povo de Deus: “Está
alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração
sobre ele, ungindo-o com óleo, em Nome do Senhor” (Tg 5.14). Nós pastores
devemos orar em Nome do Senhor Jesus para curas no meio do povo de Deus.
Nosso Senhor
Jesus disse: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em Meu Nome,
expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma
coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos,
eles ficarão curados” (Mc 16.17-18).
Nosso
ministério é de cura total!
Sei que nem
todos sobre os quais oramos serão curados (2Tm 4.20: “Quanto a Trófimo,
deixei-o doente em Mileto”), mas vamos continuar orando em Nome do Senhor! Se
os enfermos forem curados, glórias a Deus! Se eles não forem, o Nome de Cristo
continuará a ser engrandecido quer na vida quer na morte (Fp 1.20)!
II. Um líder precisa ter uma visão das multidões: “Vendo Ele as
multidões” (v.36).
Nosso Senhor
tinha um olho em Deus e nas multidões. Ele enxergava a glória de Deus e a
necessidade das multidões da salvação de Deus.
Obreiros de um olho só!
O líder bíblico
não é um obreiro de olho só. Há lideres aqueles que têm uma grande ortodoxia,
uma visão correta de Deus. Mas, não tem nenhuma visão das almas. Por outro lado
há muitos que tem uma visão social, política, psicológica e filosófica da
sociedade, porém falta-lhes uma visão teológica. SÃO OBREIROS DE UM OLHO SÓ!
Somos chamados
para ser obreiros de dois olhos! É claro que não é nossa visão da multidão que
norteará nossa visão de Deus, mas é a visão de Deus que norteará a visão da
sociedade. Não é nossa sociologia, política, psicologia ou filosofia que regerá
nossa teologia. É a nossa teologia que regerá todas as demais ciências.
1ª Samuel capítulo 11: O nome Naás, no original significa “serpente”.
Os homens de Jabes queriam fazer uma
aliança com Naás. Será que uma aliança com uma serpente seria a melhor saída? Da
última vez que o homem ouviu a serpente foi no Éden, e se deu mal. Naás, a
serpente agia com estratégia assim como o diabo. Naás propôs vazar um dos olhos
de todo o homem em Jabes. Eles eram homens de guerra. Uma das armas mais
importantes na guerra era o escudo, e por incrível que possa parecer, o uso do
escudo requereria desses homens o uso dois olhos! Se um dos dois olhos fosse vazado,
dependendo da posição do soldado na batalha, teria ele que erguer um pouco mais
a cabeça para observar o inimigo. Esse pequeno detalhe poderia deixá-lo
vulnerável. Espiritualmente, isso significa a brecha que o inimigo de nossas
almas procura. Com a mente descoberta do escudo da fé, o obreiro de Deus
torna-se alvo fácil para as investidas de Satanás. No caso de Sansão, os seus dois olhos foram
vazados, simbologia da perda da visão espiritual, no caso dos homens de Jabes a
serpente queria vazar apenas um dos olhos tornando assim aqueles homens vulneráveis
nas batalhas. Jamais poderiam guerrear com um olho só! Normalmente ninguém cai
da noite para o dia, tudo começa com uma seta que tenta nos cegar. Um pequeno
cisco, que embaça a visão, mas que se não for removido poderá fazer-nos
obreiros de um olho só.
Visão bíblica!
O líder bíblico
precisa enxergar as multidões. O líder precisa ter sua visão posta nas
multidões não para segui-las, mas para guiá-las. Precisa olhar para as
multidões não para adaptar-se a elas, mas para adaptá-las às verdades de Deus.
O líder precisa ver as multidões não para ser impactado por elas, mas para
impactá-las sob a virtude do Espírito Santo.
III. Um líder deve ter compaixão pelas multidões: “compadeceu-Se
delas” (ἐσπλαγχνίσθη
περὶ αὐτῶν). Splagxni/zomai (5–21) “ter compaixão, estar cheio de
compaixão, ternura”.[4].
Literalmente “ser movido pelas entranhas de si mesmo, sentir compaixão”[5].
Fala de uma emoção forte e íntima. É algo que mexe com nossa estrutura.
Lemos também em
Marcos 6.34: “Ao desembarcar, viu
Jesus uma grande multidão e compadeceu-se
deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes
muitas coisas”.
Nosso Senhor
era todo compaixão! Ele movia-se intimamente pelas pessoas! Ele doava pelas
pessoas! O amor-agapê é um amor que doa-se sacrificialmente pelas multidões.
Precisamos de
ministros como o grande médico missionário David
Livingstone, que se entregou completamente pelas vidas dos africanos[6].
É lamentável
presenciar uma liderança que não tem paixão pelas almas. Neste texto claramente
vemos o quanto nosso Senhor compadecia-se das pessoas que estavam perecendo.
O líder bíblico
tem compaixão pelos perdidos. O líder bíblico está movido pelo amor de Deus em
Cristo a compadecer-se das multidões. Sem paixão pelas almas não teremos uma
liderança bíblica e eficaz.
Obreiros que
não amam as almas é um grande obstáculo na obra da igreja local. Obreiros que
não se compadecem das vidas perdidas são dignos de lástimas. Obreiros que não
tem compaixão pelas almas precisam de compaixão. Obreiros que não tem amor
pelas almas precisam ser alcançados pelo amor de Deus.
As dores do
povo são as dores do líder. Ele geme com os que gemem e chora com os que
choram. O líder bíblico sofre juntamente com o povo de Deus e se prontifica a
ajudá-los.
A maior
urgência de hoje não é de líderes “carismáticos”, “intelectuais”,
“moderninhos”, “bacanas”, “legais”, “loucos” e populares. A maior carência é de
líderes apaixonados pelas almas!
Líderes que
amam a Cristo são servos da igreja de Cristo: “Porque não nos pregamos a nós
mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor, e a nós mesmos como vossos servos por
amor de Cristo” (2Co 4.5).
Paulo escreveu: “Pois o amor de Cristo
nos constrange (ἀγάπη τοῦ Χριστοῦ), julgando nós isto: um morreu por todos, logo
todos morreram” (2Co 5.14). Podemos ter um genitivo objetivo “o amor de Paulo a
Cristo” ou um genitivo subjetivo “o amor de Cristo por Paulo”. É melhor
considerar como um genitivo subjetivo indicando o amor que se origina ou
termina com Deus em Cristo, isto é, o amor de Cristo por ele que é o primeiro,
e explica o seu amor por Cristo.
A palavra grega
para “constrange” é συνέχει (presente do indicativo da voz ativa), “constranger”. O
verbo indica uma pressão que confina e restringe, além de controlar. O presente
indica o ato contínuo.
Os líderes
cristãos são continuamente constrangidos e controlados pelo amor de Cristo por
eles e por amor a Cristo eles amam o rebanho.
IV. Um líder deve conhecer os males, os perigos e as enfermidades que
solapam as pessoas: “porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não
têm pastor”; ὅτι ἦσαν ἐσκυλμένοι καὶ ἐρριμμένοι ὡσεὶ πρόβατα μὴ ἔχοντα ποιμένα
(v.36).
As necessidades
espirituais das pessoas eram ainda mais profundas do que sua necessidade de
cura física. São necessários mais trabalhadores para satisfazer essas
necessidades espirituais por meio do poder de Deus.
O texto nos
apresenta duas palavras:
1. Aflitas (gr.Eskulme/noi): atribuladas.
Vem de skúllõ, basicamente significa esfolado, então completamente desgastado, fatigado, exausto.
2. Exaustas (gr.E0rrimme/noi): vem de ríptw significa lançado
(aqui, contra o solo), e, portanto se
encontra numa condição de absoluto desamparo e abandono. Lançar, deitar
abaixo; aqui deitado no chão, estar prostrado, desamparado, desvalido[7].
Desgarradas. As pessoas estão desemparadas e incapazes de se salvar ou de
escapar de seus atormentadores[8]. O
texto aponta para pessoas maltratadas, molestadas, importunadas e desnorteadas
por aqueles que deveriam ter sidos seus ensinadores e líderes.
Como o povo
perece quando não há líderes apaixonados!
É lamentável
que os líderes religiosos da época de Jesus sobrecarregavam as pessoas com
sutilezas legalistas sobre sábados, jejuns, filactérios e um montão de outras
coisas. Essas pobres pessoas acham-se esmagadas sob os fardos que os fariseus
punham sobre eles. As pessoas eram como ovelhas que não tinha pastor. Os
líderes eram opressores, não cuidadores do rebanho de Deus.
Escreveu William Hendriksen:
Tais
ovelhas estão “exaustas e abandonadas", “angustiadas e desnorteadas”. Estão
completamente exaustas e expostas às feras esfomeadas, ao vento e intempérie, à
fome e sede. Que animal é mais dependente, daí mais indefeso quando deixado à
própria sorte, do que a ovelha? Uma ovelha descuidada, desprotegida e que não é
procurada - que quadro de pecadores entregues a si próprios ou acossados pelos
rabinos daqueles dias! O povo, como ovelhas, carece de genuínos guias e
pastores[9].
Precisamos de
grandes líderes usados por Deus para guiar e pastorear o povo de Deus!
Queira Deus
levantar obreiros e líderes que pastoreiem o povo de Deus com inteligência,
entendimento e amor!
Temos a
seguinte promessa em Jeremias 3.15:
“Dar-vos-eis pastores segundo o Meu coração, que vos apascentem com conhecimento
e com inteligência”; 23.4: “Levantarei
sobre elas pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem se
espantarão; nem uma delas faltará, diz o SENHOR”.
Paulo exortou aos obreiros da cidade de
Éfeso: “Atendei por vós e por todo o reganho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o
Seu próprio sangue” (At 20.28).
Há uma grande
necessidade de líderes/obreiros que sejam responsáveis e reúnam e liderem
desinteressadamente, buscando somente o bem do povo de Deus[10].
V. Um líder deve se dirigir àqueles obreiros que estão envolvidos
diretamente com obra: “E então se dirigiu
a Seus discípulos” (v.37).
Nosso Senhor
não se dirigiu aos fariseus, aos escribas ou a qualquer outro grupo religioso e
cível da época. Ele se dirigiu aos Seus discípulos, exatamente àqueles que Ele
chamou para estar junto a Ele.
As necessidades
e realidades da obra devem ser compartilhadas com aqueles que estão envolvidos
diretamente com a obra. Não devemos expor certas necessidades para pessoas que
não estão envolvidas diretamente com a obra do santo ministério.
O texto nos
ensina que o Senhor Jesus “se dirigiu a Seus discípulos” não a um grupo de
seguidores distantes, mas àquelas pessoas que foram escolhidas e estavam com
Ele.
VI. Um líder é aquele que instrui os liderados sobre a necessidade e a
realidade da obra: “A seara na verdade
é grande, mas os trabalhadores são
poucos” (v.37).
Nesse texto
nosso Senhor transforma um problema em uma grande oportunidade para aprendermos
a depender da provisão divina e glorificar o Nome de Deus. O líder bíblico é
aquele que ver os problemas como uma oportunidade para Deus manifestar Seu
poder. Há líderes e obreiros que infelizmente transformam as oportunidades em
problemas. Há líderes que veem as pessoas e pensam: “terei grandes problemas e
dificuldades”; o líder bíblico ver as pessoas e diz: “terei uma grande
oportunidade para orar a Deus e Ele manifestar o Seu poder nas vidas destas
pessoas”.
Nosso Senhor
explica a necessidade e a realidade da obra de Deus. Ele não maquia as
informações. Ele não joga confete para colorir o ministério. Ministério não é
um arco-íris, mas uma tempestade de desafios.
O Senhor Jesus
afirmou claramente a situação carente da obra do Reino de Deus. Precisamos
nortear nossos obreiros e líderes sobre a realidade da obra do Senhor.
Nosso Senhor
nunca deixou ninguém na vereda da dúvida. Ele sempre dizia: “em verdade, em
verdade vos digo...”. Ele não fantasiava as coisas para atrair seguidores.
Nosso Senhor não iludia as pessoas por meio de promessas utópicas. Ele era
realista e expunha a real necessidade do trabalho.
Nosso Senhor
Jesus difere de muitos pastores e líderes atuais que prometem grandes coisas utópicas
para os liderados, mas só Deus sabe o que está nas entrelinhas e nas letras
miúdas do “contrato”. Jesus Cristo expunha a realidade marcante e evidente da
necessidade da obra de Deus aqui na terra. Ele não iludia Seus obreiros.
Quando chamou Paulo Ele disse: “pois, Eu lhe
mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo Meu Nome” (At 9.16). Jesus disse que
Paulo sofreria. Nosso Senhor prometeu sofrimento no labor ministerial. Lutero disse que um obreiro é feito de
oração, estudo e sofrimento.
Paulo escreveu: “Ora, todos quantos
querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12).
Paulo orientou ao jovem obreiro
Timóteo: “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o
trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (2Tm 4.5).
O ministério
não é para obreiros molengas. O ministério não é um suporte ou trampolim para o
sucesso pessoal, mas um campo que precisa ser arado constantemente em meio às
intempéries. Você não pode olhar para trás quando coloca a mão no arado!
Uma das figuras
elencadas por Paulo que descreve o
ministro cristão é o lavrador: “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a
participar dos frutos” (2Tm 2.6).
Uma coisa digna
de observação no texto em apreço é que o Senhor Jesus fixa a atenção dos
discípulos sobre o agudo contraste entre o grande número de pessoas que
constitui a seara e a escassez de trabalhadores que deve tentar ajuntá-lo nela.
VII. Um líder cristão é aquele que ensina os liderados a depender
totalmente do Senhor da seara: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a Sua seara” (v.38).
O Senhor Jesus
não pede ao Pai que envie trabalhadores, mas recomenda aos Seus discípulos que
o façam. É uma maneira de prepará-los para a missão que se segue. A petição os
fará cientes da necessidade e os tornará dispostos a responder a chamada de
Jesus[11].
Somente uma
comunidade que alimenta sua fé mediante a oração poderosa está apta a receber e
gerar mais obreiros pastorais[12].
Nosso Senhor
declara o fato de que as orações dos crentes participam do cumprimento dos
planos de Deus[13].
Nosso Senhor
nos ensina que a metodologia de um ministério eficaz é a oração! Ele também nos
ensina que os instrumentos de Deus são homens e mulheres trabalhadores. Deus
não usa métodos ou programas, mas trabalhadores
(homens e mulheres). Ele usa homens e mulheres de oração.
Nosso Senhor
ensina-nos que a eficácia de nosso trabalho ministerial depende de nossa vida
de oração. Nosso Senhor incitou Seus discípulos a orar para depois capacitá-los
e enviá-los para a seara. Deus usa pessoas de oração para labutar na Sua seara.
Nosso Senhor
declara também o fato de que algo mais do que o simples número de obreiros está em questão, ou seja, Ele quer obreiros
qualificados!
Outra grande
lição é que nosso Senhor quer que entendamos que é o Senhor da seara que envia
Seus obreiros. Devem ser enviados por Deus, e não se designar a si próprios.
Devem ser homens que amem a Deus e que amem as almas. Deus conhece os Seus
obreiros!
Como pastores
nós precisamos enfatizar o fato de que a obra precisa de obreiros enviados e
preparados por Deus e não de pessoas que se oferecem. Nem toda pessoa que se
oferece pode ser um bom obreiro. Muitas das vezes torna-se um obstáculo na obra
de Deus e em vez de trabalhar dá trabalho para os líderes locais.
Claramente o
intenso desejo de Jesus Cristo de ter trabalhadores e mais trabalhadores para
enviar às searas de almas emana de Sua profunda e infinita compaixão.
Precisamos de obreiros impelidos pelo
Senhor!
O texto do versículo 38 pode ser traduzido: “A
seara [é] abundante, mas os trabalhadores [são] poucos. Roguem, pois, ao Senhor
da seara para impelir trabalhadores
para Sua seara”.
É o Senhor Deus
que impele obreiros para Sua seara.
São escolhidos, chamados, preparados, capacitados e impelidos pelo Senhor. A palavra grega traduzida na nossa versão
(ARA) é ekbálê, significando lançar fora. Nosso Senhor impele, lança
para fora do comodismo e inatividade Seus obreiros.
Lemos em 1ª Coríntios 9.16-17:
Se
anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa
obrigação, porque ai de mim se não pregar o evangelho. Se o faço de livre
vontade, tenho galardão; mas, se constrangido,
é, então, a responsabilidade de
despenseiro que me está confiada.
Paulo escreveu em Romanos 1.14-15: “Pois sou devedor
tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso estou pronto a anunciar o evangelho
também a vós outros, em Roma”.
Paulo foi incumbido e impelido pelo
Senhor anunciar o santo evangelho: “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é
para Mim um instrumento escolhido para
levar o Meu Nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de
Israel” (At 9.15). Pesava sobre ele esta preciosa e majestosa obrigação!
A certeza do êxito na obra!
Nosso Senhor
disse que a seara é grande mais poucos os trabalhadores. Nesta expressão temos
a certeza do êxito da colheita. Ele não disse que a seara é pouca ou escassa,
mas a seara é grande. Ou seja, a seara já está madura para que os trabalhadores
colham.
O Senhor Jesus
disse aos Seus discípulos: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à
ceifa? Eu, porém, vos digo: Erguei os vossos olhos e vede os campos, pois já
branquejam para a ceifa” (Jo 4.35). Essas Palavras do Senhor garantem que
teremos uma colheita!
Não iremos
produzir crentes, apenas colher as vidas que Deus já escolheu para a vida
eterna.
O Senhor Jesus
disse para Paulo quando estava em
Corinto: “[...] Não temas; pelo contrário, fala e não te cales, porquanto Eu
estou contigo e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (At 18.9-10).
A soberania de
Deus torna o êxito ministério dos líderes bíblicos certo!
Não somos
lançados no escuro para fazermos a obra de Deus. A seara é grande e já está
pronta, mas todos nós devemos trabalhar com dedicação para colher almas para a
glória de Deus!
Conclusão: A misericórdia afetiva e
efetiva de nosso Senhor pelas multidões exaustas e aflitas foi seguida de ação,
enviando Seus trabalhadores em Nome do Pai para a grande seara (cf. Mt 10.1ss).
Nosso Senhor
chama (v.1), instrui (v.5), envia (v.5) e capacitada os Seus trabalhadores (v.1,
7-8), tornando-os trabalhadores dignos do sustento (v.10 – emprega a mesma
frase aplicada antes a Jesus, Mt 4.23; 9.35, para sublinhar que os
trabalhadores compartilham Seu poder).
Como escreveu o
comentarista Antonio Rodrígues Carmona:
“Jesús, pues, es el protagonista que actúa en nombre del Padre, dueño de la
mies: llama, capacita, envía, da instrucciones. Sigue el discurso, que consta
de dos grandes códigos: código del enviado (10,5b-16) y código del perseguido
(10,17-39), y de una invitación a recibir a los enviados (10,40-42)”[14].
Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini
Soli Deo Gloria!
[1]
SCHROEDER, Alfredo & BONNET, Luis. Comentario
del Nuevo Testamento: Los Evangelios Sinópticos, Tomo I, p.137. Arimón, 22,
Barcelona, España: Casa Bautista de Publicaciones.
[2]
MILLOS, Samuel Pérez. Comentario
Exegético Al Texto Griego del Nuevo Testamento, p.631. Viladecavalls,
Barcelona, España: Editorial CLIE, 2009.
[3] São Brás nasceu na cidade de Sebaste,
Armênia, no final do século III. Conta a história que, ao se dirigir para o
martírio, uma mãe apresentou-lhe uma criança de colo que estava morrendo
engasgada por causa de uma espinha de peixe na garganta. Ele parou, olhou para
o céu, orou e aquela criança foi curada. Por isso, a Igreja Católica Romana o
canonizou e costuma dar a bênção da garganta aos fiéis na Missa da Festa de São
Brás, no dia 03 de fevereiro. “Peçamos a intercessão de São Brás para que a
nossa mente, a nossa garganta, o nosso coração, a nossa vocação e a nossa
profissão possam comunicar esse Deus, que é amor. São Brás, rogai por nós!”.
[4]
RIENECKER, Fritz. Chave Linguística do
Novo Testamento Grego, p.21. São Paulo, SP, Brasil: Vida Nova, 1995.
[5]
MILLOS, 2009, p.633.
[6]
Por muitos anos sua saúde demonstrava fragilidade, vindo a falecer no dia 1 de
maio de 1873. Os nativos encontraram David
Livingstone morto e ajoelhado ao lado da cama, na aldeia do chefe tribal
Chitambo, localizada no norte do distrito zambiano de Serenje, a cerca de 100
km a sudeste do lago Bangweulu.
David Livingstone morreu por disenteria e malária, orando. Os seus
auxiliares de confiança Chuma, Suza Mniasere e Vchopere, enterraram o seu
coração e as suas vísceras debaixo de uma árvore, onde em 1902 foi erguido o
atual Memorial Livingstone. Depois
disso, eles lavaram o corpo de Livingstone
com sal e aguardente e o puseram para secar ao sol.
Envolto numa manta de lã e
dentro de uma caixa de casca de árvore, o corpo de Livingstone foi levado pelos seus auxiliares até Bagamoyo, de onde
o corpo foi levado de navio até ao Reino Unido. Livingstone foi o primeiro a descrever a geografia, a estrutura
social, os animais e as plantas do continente africano. Contudo, seu trabalho
como missionário teve maior êxito do que o de descobridor. Hoje, os restos
mortais do explorador (exceto o coração e as vísceras) se encontram enterrados
na Abadia de Westminster, em Londres.
[7] HAUBECK, Wilfrid & SIEBENTHAL,
Heinrich von. Nova Chave
Linguística do Novo Testamento Grego: Mateus – Apocalipse, 96. São Paulo,
SP, Brasil: Targumim: Hagnos, 2009.
[8]
CARSON, D. A. O Comentário de Mateus,
p.282. São Paulo, SP, Brasil: Shedd Publicações, 2010.
[9]
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo
Testamento: Exposição do Evangelho Segundo Mateus, vol. 1, p.622. São
Paulo, SP, Brasil. Editora Cultura Cristã, 2001.
[10]
CARMONA, Antonio Rodrígues. Comentarios
a La Nueva Bíblia de Jerusalém: Evangelio de Mateo, p.108. Editorial
Desclée De Brouwe, S.A., 2006.
[11]
MATEOS, Juan & CAMACHO, Fernando. El
Evangelio de Mateo: Lectura Comentada, p.103. Huesca, 30-32, Madrid,
España: Ediciones Cristiandad, 1981.
[12]
VIVIANO, Benedict T. Novo Comentário
Bíblico São Jerônimo: Novo Testamento e artigos sistemáticos/ São Jerônimo,
p.170. Santo André, SP, Brasil: Academia Cristã & Paulus, 2011. –
(editores: Raymond E. Brown, Joseph A. Fitzmyer e Roland E. Murphy).
[13]
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo
MacArthur, p.1223. Barueri, SP, Brasil: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
[14]
CARMONA, 2006, p.109.
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