segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

CONCENTRE-SE NAS PESSOAS QUE TE ANIMAM!


O perigo de se concentrar em pessoas que desanimam!

SUICÍDIO NÃO É A OPÇÃO!

O ministério e a vida cristã são maravilhosos, grandiosos e um grande privilégio dado por Deus para todos aqueles que se dedicam diligentemente ao labor do Reino de Deus. No entanto, por vivermos deste lado de cá da eternidade, tanto a vida quanto o ministério cristão são campos de batalhas. São terrenos férteis para decepções, traições, abandonos e etc., pois somos humanos e sujeitos às paixões desta vida. Apesar disso, entendo que o Deus que nos chamou é poderoso para colocar pessoas ao nosso lado que nos servem de amparo, ânimo, encorajamento e instrução. São pessoas cuja presença é terapêutica. Cujas mãos são baluartes que nos sustentam. Cujos pés são ligeiros mais do que as da corça para nos socorrer. E cujas palavras são como bálsamo em nosso coração ferido. Essas pessoas colocadas por Deus em nossa vida e em nosso ministério exercem poderosa influência a ponto de nos alertar, encorajar, instruir, ajudar, curar e renovar nossas forças. Elas são dádivas de Deus!
Particularmente chamo estas pessoas de crentes-Onesíforo ou obreiros-Onesíforo. Sabemos muito pouco sobre este grandioso homem de Deus, porém as duas referências bíblicas sobre ele revelam grandes coisas. O apóstolo Paulo escreveu sobre ele quando citou dois desertores ministeriais.
2ª Timóteo 1.15-18:
Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Figelo e Hermógenes. Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas. Antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. O Senhor lhe conceda, naquele dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso (cf. 2Tm 4.19).

É provável que, quando Paulo foi levado para sua última prisão em Roma, ele foi abandonado por muitos. Alguns se afastariam dele por medo - temem que sua identificação com ele possa levar à sua prisão. A traição de Figelo e Hermogenes, quem quer que tenham sido, foi especialmente irritante para Paulo. Talvez eles tenham sido amigos muito especiais para ele. Se assim for, não é muito difícil identifica-se com seus sentimentos de que “todos” o abandonaram. É bastante normal sentir pena de si mesmo em tais circunstâncias. E como todo ser humano, Paulo sentiu auto-piedade[1].
Porém, diferente de muitos, Paulo não experimentou por muito tempo. Em vez de ficar empolgado com os negativos, ele se concentra em uma realidade positiva. Ele poderia ter escrito uma diatribe sobre Figelo e Hermógenes, mas ele escolheu com sabedoria se concentrar em Onesíforo. Há uma ótima lição aqui. Raramente existe uma situação sem algo positivo. Mas é fácil ficar tão dobrado com o negativo que nem podemos achar o bom ou o esperançoso. Então, nós nos afundamos em auto-piedade.
Exorto você a não se concentrar naqueles que te abandonaram, desprezaram, caluniaram ou injuriaram; concentre-se naquelas pessoas que Deus colocou na tua vida para te animar! Não dê muita atenção aos obreiros-(cristãos?)-Figelo-Hermógenes; concentre-se naquelas pessoas-Onesíforo.
Paulo escolheu se concentrar em Onesíforo e não nos dois desertores. E ele evita o poço do desespero. Todo mundo precisa de um Onesíforo! O amigo que fica aqui com você, não importa o quê aconteça. O amigo que arrisca seu próprio pescoço apenas para estar com você. Eu te pergunto: “Você tem alguém que está realmente interessado em ti ajudar nas necessidades e fraquezas?”. Se você não tem alguém, você precisa de alguém. E é por isso que a igreja cristã deveria se concentrar nisso. A igreja deve fornecer o clima em que essas relações possam ser encontradas, encorajadas e nutridas. Grupos pequenos de oração, estudo, palestras e etc., fornecem a configuração mais provável para que isso aconteça.
Onesíforo também é um exemplo de nossa definição de cada crente ser chamado ao ministério. “E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso” (v.18). Aqui está um crente “desconhecido” que fornece ministério ao proeminente apóstolo. Podemos nomear Onesíforo o “santo padroeiro” do ministério dos leigos! Este tipo de crente ou obreiro serve aos líderes trazendo ânimo e encorajamento. Eu sei que há muitas pessoas, obreiros e crentes, que nos desanimam, que nos desencorajam e nos abandonam, mas Deus é poderoso para levantar pessoas que nos animam!

Torne-se um pastor-Onesíforo! (ou cristão ou obreiro).
Talvez você pergunte: “O que você faz se não tiver um Onesíforo?”. Minha resposta é: “Torne-se um!”. Estou convencido de que “é mais abençoado dar do que receber”, como Jesus disse (Atos 20.35). Não só existe uma necessidade básica para cada pessoa ter um Onesíforo, mas também é preciso ser um! Comumente você não terá um Onesíforo, mas você pode ser um para a glória de Deus e edificação das pessoas na igreja local. Frequentemente, nós pastores consolamos a muitos, mas poucos (às vezes ninguém!) nos consolam. No entanto, nós devemos entender que Deus permite tais situações. Paulo escreveu em 2ª Coríntios 1.4 que é Deus “que nos conforta em toda a nossa tribulação”. Se as pessoas não nos consolam, se em dado momento não tivermos um Onesíforo, o próprio Deus nos consolará! Essa é a glória do ministério! Aproveito para dizer que é inadmissível afirmar que o ministério é um campo fértil para o suicídio como se tem demonstrado atualmente (pelo menos por implicação). Particularmente não creio que uma pessoa suicidou-se porque era um pastor e as pressões, abandonos, decepções, traições e etc., no contexto ministerial o levaram a isso e, então devemos choramingar feito criancinhas desamparadas. Não! Mil vezes NÃO! Temos um Deus que mesmo que as pessoas nos abandonem e não nos consolem Ele é poderoso para nos consolar, e “com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” consolamos aqueles que estiverem em qualquer angústia (2Co 1.4). Paulo deixou claro meu nobre pastor e irmão em Cristo Jesus que se você e eu “somos atribulados, é para o conforto e salvação [da igreja]; se somos confortados [por Deus], é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos” (2Co 1.6).
A lição é perene e poderosa! Não se deixe amargurar. Não se enclausure em auto-piedade, não permita que as traições, decepções, abandonos, calúnias e outros males desta vida praticados por pessoas te cubram de grandes pedras ao ponto de te sufocar. Creia que Deus é poderoso para levantar um Onesíforo para te animar. Se não, então se torne um!
Particularmente estou convencido que se Deus não quer levantar um Onesíforo para te confortar, eu creio que Ele quer que você (talvez neste momento, nesta situação) seja um Onesíforo! E da mesma forma “como [os] sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo” (2Co 1.5). Sim, “a nossa consolação” “com que nós mesmos somos contemplados por Deus” irá “transbordar por meio de Cristo” para edificação do povo de Deus e evangelização dos perdidos. Ó Bendito sofrimento! Ó bendita consolação! É maravilhoso ter um Onesíforo, mas é grandioso ser um para a glória de Deus!

Ivan Teixeira
Servus Dei et Ecclesiae!




[1] DEMAREST, G. W., & OGILVIE, L. J. (1984). 1, 2 Thessalonians / 1, 2 Timothy / Titus (Vol. 32. p.257). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.

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