O perigo de se concentrar em pessoas que
desanimam!
SUICÍDIO NÃO É A OPÇÃO!
O ministério e
a vida cristã são maravilhosos, grandiosos e um grande privilégio dado por Deus
para todos aqueles que se dedicam diligentemente ao labor do Reino de Deus. No entanto,
por vivermos deste lado de cá da eternidade, tanto a vida quanto o ministério
cristão são campos de batalhas. São terrenos férteis para decepções, traições,
abandonos e etc., pois somos humanos e sujeitos às paixões desta vida. Apesar disso,
entendo que o Deus que nos chamou é poderoso para colocar pessoas ao nosso lado
que nos servem de amparo, ânimo, encorajamento e instrução. São pessoas cuja
presença é terapêutica. Cujas mãos são baluartes que nos sustentam. Cujos pés
são ligeiros mais do que as da corça para nos socorrer. E cujas palavras são
como bálsamo em nosso coração ferido. Essas pessoas colocadas por Deus em nossa
vida e em nosso ministério exercem poderosa influência a ponto de nos alertar,
encorajar, instruir, ajudar, curar e renovar nossas forças. Elas são dádivas de
Deus!
Particularmente
chamo estas pessoas de crentes-Onesíforo ou obreiros-Onesíforo. Sabemos muito
pouco sobre este grandioso homem de Deus, porém as duas referências bíblicas
sobre ele revelam grandes coisas. O apóstolo Paulo escreveu sobre ele quando
citou dois desertores ministeriais.
2ª Timóteo 1.15-18:
Estás
ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Figelo e
Hermógenes. Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas
vezes me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas. Antes, tendo ele
chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. O Senhor lhe
conceda, naquele dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor
do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso (cf. 2Tm 4.19).
É provável que,
quando Paulo foi levado para sua última prisão em Roma, ele foi abandonado por
muitos. Alguns se afastariam dele por medo - temem que sua identificação com
ele possa levar à sua prisão. A traição de Figelo e Hermogenes, quem quer que
tenham sido, foi especialmente irritante para Paulo. Talvez eles tenham sido
amigos muito especiais para ele. Se assim for, não é muito difícil identifica-se
com seus sentimentos de que “todos” o abandonaram. É bastante normal sentir
pena de si mesmo em tais circunstâncias. E como todo ser humano, Paulo sentiu
auto-piedade[1].
Porém,
diferente de muitos, Paulo não experimentou por muito tempo. Em vez de ficar
empolgado com os negativos, ele se concentra em uma realidade positiva. Ele
poderia ter escrito uma diatribe sobre Figelo e Hermógenes, mas ele escolheu
com sabedoria se concentrar em Onesíforo. Há uma ótima lição aqui. Raramente
existe uma situação sem algo positivo. Mas é fácil ficar tão dobrado com o
negativo que nem podemos achar o bom ou o esperançoso. Então, nós nos afundamos
em auto-piedade.
Exorto você a não
se concentrar naqueles que te abandonaram, desprezaram, caluniaram ou
injuriaram; concentre-se naquelas pessoas que Deus colocou na tua vida para te
animar! Não dê muita atenção aos obreiros-(cristãos?)-Figelo-Hermógenes;
concentre-se naquelas pessoas-Onesíforo.
Paulo escolheu
se concentrar em Onesíforo e não nos dois desertores. E ele evita o poço do
desespero. Todo mundo precisa de um Onesíforo! O amigo que fica aqui com você,
não importa o quê aconteça. O amigo que arrisca seu próprio pescoço apenas para
estar com você. Eu te pergunto: “Você tem alguém que está realmente interessado
em ti ajudar nas necessidades e fraquezas?”. Se você não tem alguém, você
precisa de alguém. E é por isso que a igreja cristã deveria se concentrar nisso.
A igreja deve fornecer o clima em que essas relações possam ser encontradas,
encorajadas e nutridas. Grupos pequenos de oração, estudo, palestras e etc.,
fornecem a configuração mais provável para que isso aconteça.
Onesíforo também é um
exemplo de nossa definição de cada crente ser chamado ao ministério. “E tu
sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso” (v.18). Aqui
está um crente “desconhecido” que fornece ministério ao proeminente apóstolo.
Podemos nomear Onesíforo o “santo padroeiro” do ministério dos leigos! Este tipo
de crente ou obreiro serve aos líderes trazendo ânimo e encorajamento. Eu sei
que há muitas pessoas, obreiros e crentes, que nos desanimam, que nos
desencorajam e nos abandonam, mas Deus é poderoso para levantar pessoas que nos
animam!
Torne-se um pastor-Onesíforo! (ou cristão ou obreiro).
Talvez você
pergunte: “O que você faz se não tiver um Onesíforo?”. Minha resposta é: “Torne-se
um!”. Estou convencido de que “é mais abençoado dar do que receber”, como Jesus
disse (Atos 20.35). Não só existe uma necessidade básica para cada pessoa ter
um Onesíforo, mas também é preciso ser um! Comumente você não terá um
Onesíforo, mas você pode ser um para a glória de Deus e edificação das pessoas
na igreja local. Frequentemente, nós pastores consolamos a muitos, mas poucos (às
vezes ninguém!) nos consolam. No entanto, nós devemos entender que Deus permite
tais situações. Paulo escreveu em 2ª Coríntios 1.4 que é Deus “que nos
conforta em toda a nossa tribulação”. Se as pessoas não nos consolam, se em
dado momento não tivermos um Onesíforo, o próprio Deus nos consolará! Essa é a
glória do ministério! Aproveito para dizer que é inadmissível afirmar que o
ministério é um campo fértil para o suicídio como se tem demonstrado atualmente
(pelo menos por implicação). Particularmente não creio que uma pessoa suicidou-se
porque era um pastor e as pressões, abandonos, decepções, traições e etc., no
contexto ministerial o levaram a isso e, então devemos choramingar feito
criancinhas desamparadas. Não! Mil vezes NÃO! Temos um Deus que mesmo que as
pessoas nos abandonem e não nos consolem Ele é poderoso para nos consolar, e “com a consolação com que
nós mesmos somos contemplados por Deus” consolamos aqueles que estiverem em
qualquer angústia (2Co 1.4). Paulo deixou claro meu nobre pastor e irmão em
Cristo Jesus que se você e eu “somos atribulados, é para o conforto e salvação
[da igreja]; se somos confortados [por Deus], é também para o vosso conforto, o
qual se torna eficaz, suportando com paciência os mesmos sofrimentos que nós
também padecemos” (2Co 1.6).
A lição é
perene e poderosa! Não se deixe amargurar. Não se enclausure em auto-piedade,
não permita que as traições, decepções, abandonos, calúnias e outros males
desta vida praticados por pessoas te cubram de grandes pedras ao ponto de te
sufocar. Creia que Deus é poderoso para levantar um Onesíforo para te animar. Se
não, então se torne um!
Particularmente
estou convencido que se Deus não quer levantar um Onesíforo para te confortar,
eu creio que Ele quer que você (talvez neste momento, nesta situação) seja um
Onesíforo! E da mesma forma “como [os] sofrimentos de Cristo se manifestam em
grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por
meio de Cristo” (2Co 1.5). Sim, “a nossa consolação” “com que nós mesmos somos
contemplados por Deus” irá “transbordar por meio de Cristo” para edificação do
povo de Deus e evangelização dos perdidos. Ó Bendito sofrimento! Ó bendita
consolação! É maravilhoso ter um Onesíforo, mas é grandioso ser um para a
glória de Deus!
Ivan Teixeira
Servus Dei et
Ecclesiae!
[1] DEMAREST, G. W., & OGILVIE,
L. J. (1984). 1, 2 Thessalonians / 1, 2
Timothy / Titus (Vol. 32. p.257). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.
Linda reflexão! Vale a pena ler!
ResponderExcluirVerdade devemos transmitir o conforto de Deus a outras pessoas.
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