Todo estudioso das Escrituras que se empenha
no estudo da teologia SISTEMÁTICA precisa ter cuidado para não cometer o erro
que denomino de “aspectos alienígenas no texto bíblico”. Com isso quero dizer que
qualquer estudioso (autodidata, erudito e etc.,) pode levar pressupostos (ou
pressuposições) teológicos de sua herança SISTEMÁTICA (Reforma, calvinista,
arminiana, pentecostal, wesleyana e etc.,) ao texto da Bíblia e perder de vista
o significado do texto no seu contexto e intenção original do autor sagrado.
Esse perigo faz com que manipulemos o textos para embasar nosso SISTEMA preferido
de teologia. Nesse caminho, não vamos ao texto em busca de compreendê-lo em seu
contexto e intenção original do autor, mas, sim, às vezes descaradamente,
buscando apoio para defesa de nosso SISTEMA preferido de teologia – seja pentecostal,
reformado e etc.,
Precisamos de certos tipos de freios e
contrapesos para refrear a EIXEGESE de textos movidos por PRESSUPOSTOS
TEOLÓGICOS alienígenas!
O problema que vejo a princípio, de sermos
movidos pelos nosso pressupostos teológicos de nossos sistemas, é não fazermos
uma EXEGESE do texto (extrair a mensagem do texto), mas uma EISEGESE (levar
nosso tema sistemático e forçar o texto para apoiá-lo). Muitos estudiosos criam
seus próprios SISTEMAS e PRESSUPOSTOS e vão procurar textos das Escrituras para
apoiar seus esforços teologizantes.
Não é à toa que hoje muitos se acham “senhores
feudais” de tais sistemas ou por que os herdaram no seu contexto eclesiástico
ou por que leram muito dessa literatura e agora se tornam donos de tais
sistemas. Para estes, se as pessoas não abraçam todo o sisteminha fechado ela é
descartada como não fazendo parte da preciosa herança. O exemplo disso é quando
você se denomina um pentecostal reformado ou um reformado pentecostal. Em ambos
os lados do espectro teológico você ouvirá gritos como de trombetas afirmando
que isso é impossível! Uns abestados já me disseram que isso é heresia! (rsrsrs).
Será que para uma pessoa ser reformada tem-se que abraçar todo um sistema
fechado que uma denominação, concílio ou sínodo prescreveu? Ou a herança
reformada é mais rica do que certo sisteminha? Creio que tanto a herança
reformada e pentecostal não devem ser enclausuradas num sisteminha
denominacional e muito menos numa sistematização de certo pensador da herança
que postula.
E aqui nem vou tocar no absurdo das denominações
em “excluir” pessoas que pensam diferente de certos aspectos secundários de
seus credos!
Voltando ao meu ponto: Podemos, sim, abraçar
os grandes e essenciais distintivos da reforma, bem como abraçar os grandes e
essenciais distintivos do pentecostalismo. Claro, que devemos ter o cuidado
(mesmo que necessário para o estudo) de criar um sisteminha fechado em cujo os
ouvidos do estudioso estejam tapados para não ouvir outros lhe falar de suas
riquezas teológicas. Posso dizer que essa interação SISTEMÁTICA nos enriquece e
não nos empobrece!
Como pregador, pastor e cristão entendo a
importância de abraçar toda a herança da História da Igreja analisando seus
postulados hermenêuticos e teológicos à luz das Sagradas Escrituras. Se um
postulado da reforma afirma a autoridade e a inspiração das Escrituras e um
postulado do pentecostalismo afirma a busca pelo revestimento de poder para
missões por que devo colocar essas duas heranças e distintivos num ringue e
torcer para que uma delas sobreviva no contexto eclesiástico? Por que não
entender isso como uma grande orquestra teológica e afinar os instrumentos
tocando-os e envolvendo-os no todo da orquestra para que possam tocar em
harmonia e assim apreciarmos a grandeza dos aspectos da teologia bíblica?!
Creio que devemos nos esforçar por este último, e lutar contra o primeiro!
A desgraça dessa digladiação é que usamos
nossos sistemazinhos fechados para ir às Escrituras e encontrar textos-provas
afim de ganhar nossas lutas!
Que Deus nos ajude e que nos esforcemos a
frear EISEGESES de textos bíblicos movidos por PRESSUPOSIÇÕES TEOLÓGICAS
ALIENÍGENAS!
Ivan Teixeira.
Olha ai, mais um "open source" na trincheira. Kkkk Está quase um Charles Ryrie.
ResponderExcluirPela consciência cristã e pela fidelidade ao texto.
Parabéns!
Tu és uma epopeia profundidade!
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