segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

OS DONS REVELACIONAIS CESSARAM?


OS DONS REVELACIONAIS CESSARAM?
Uma refutação simples a tal ideia!

Dizer que os dons conhecidos como revelacionais ou de elocução serviram apenas para formação do cânon, ou seja, da Bíblia, é simplesmente desconhecer a natureza e o propósito de tais dons. Quando lemos a Bíblia não encontramos uma única referência de que os dons de profecia, Palavra da Ciência, O Discernimento de espíritos, Palavra da Sabedoria, Línguas e interpretação de línguas foram dados com o objetivo de construção das Escrituras Sagradas. Muito menos vemos que tais dons foram dados unicamente para os apóstolos e profetas que foram, por assim dizer, responsáveis pelo fundamento ou doutrinas da igreja (cf. Ef 2.20). As abundantes referências são que tais dons foram dados para a igreja objetivando edificação e até a evangelização. A manifestação do Espírito Santo distribuindo estes dons na Igreja em Corinto para os irmãos coloca por terra a ideia de que tais dons foram dados com objetivos canônicos ou que tiveram unicamente essa natureza. O ponto é que não somente os apóstolos e líderes receberam tais dons, mas todos aqueles irmãos e irmãs que o Espírito Santo quis manifestar e dá tais dons.
Quando analisamos, por exemplo, o dom de profecia que alguns querem identificar exclusivamente como pregação expositiva (não que eu negue que a pregação tenha caráter proféteico), notamos que tinha como propósito a “edificação, exortação e consolação” (1Co 14.3) da igreja.
Ainda postulamos que a profecia fala aos homens, e as línguas fala unicamente a Deus (vv.2-3). Coloco isso aqui por que tem alguns que não aceitam que as línguas sejam uma linguagem que somente Deus entende e que difere de idiomas humanos (no entanto, não descarto que Deus também posso dá-las como vemos em Atos 2). Essa noção é totalmente incorreta, pois Paulo diz: “o que fala em línguas fala somente a Deus” (v.2) e “o que profetiza fala aos homens” (v.3). Claramente subentende-se que línguas não são meros idiomas falado noutros lugares e desconhecidos ou não aprendido pela pessoa que fala (pessoa que recebeu o dom do Espírito), pois, repito, somente Deus entende. Se as línguas fossem meros idiomas humanos Paulo não teria dito que somente Deus entende, mas teria dito que tal línguas pode ser entendida por outras pessoas de outros lugares. Todavia, o remate de Paulo foi “Porque o que fala em línguas desconhecida não fala aos homens (de qualquer idioma), mas senão a Deus; porque ninguém (qualquer outra pessoa que não receba a interpretação pelo Dom de Interpretação também dado pelo Espírito Santo) o entende, e em espírito fala mistérios (e não outro idiomas!) (v.2). Outro detalhe, é que línguas desconhecidas é produzida no espírito de quem fala e não na mente como algo que poderia ser aprendido caso fosse estudado. Veja que no contexto de 1ª Coríntios 14 Paulo distingue claramente a mente/entendimento do espírito da pessoa que recebe o dom seja de profecia ou de línguas (cf. v.14-15). Outro detalhe ainda, Paulo não diz para a pessoa que fala em línguas procurar saber qual idioma está falando e depois estuda-lo para compreender, mas claramente ele diz: “Por isso, o que fala em língua desconhecida, ORE PARA QUE POSSA INTERPRETAR” (v.13). Paulo não diz “estude o idioma”, mas diz: “ore para que possa interpretar”. Cai por terra a noção de línguas estranhas como mero idioma!

Ainda queremos pontuar que em nenhum lugar se diz que dons revelacionais foram dados somente aos apóstolos responsáveis pela formação do conjunto de crenças e doutrinas para a igreja. Lemos em 1ª Coríntios 12.7: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil”; “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”. Não há menção de que tais dons foram dados unicamente aos apóstolos. Mas claramente tais dons foram dados para os crentes que o Espírito Santo quis dá, objetivando a edificação, consolação e exortação dos salvos. Caso, fosse somente para os apóstolos nós deveríamos aceitar o pensando de que Paulo estivesse corrigindo certos apóstolos pelo mau uso dos dons. Isso é claramente insustentável. Por isso, advogamos que tais dons não cessaram com a morte dos apóstolos, mas que são dádivas de Deus Espírito Santo para Sua igreja em toda a dispensação até a vinda do Senhor Jesus Cristo. Paulo disse: “De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.9).

Aqueles que dizem que o dom de profecia significa o dom de exposição bíblica não observam a distinção paulina. Paulo escreveu: “E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveita, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?” (1Co 14,6). Claramente Paulo distingue a profecia da doutrina. E, não tenho dúvidas, de que a doutrina é feita por meio da pregação. Dizer que a profecia é meramente pregação expositiva é forçar o texto bíblico para dizer o que certo sistema quer dizer (neste caso, cessacionismo) e não o que os escritores entendiam pelo termo.

Ampliando a ideia: Para Paulo, como salientamos acima, as línguas não eram meros idiomas dados pelo Espírito às pessoas que não os havia aprendido, mas uma linguagem misteriosa que só Deus entende e que edifica unicamente a pessoa que fala com Deus em oração, caso não haja interprete, ou o dom de interpretação para edificar a igreja (1Co 14.2,4ª). Dizer que as “línguas” são meros idiomas não faz sentido à luz da linguagem de Paulo quando diz: “E eu quero que todos vós faleis em línguas, [...]” (1Co 14.5) e “[...], e não proibais falar línguas” (v.40). Por que Paulo incentivaria falar em línguas como idiomas numa igreja que todos falavam o mesmo idioma? É como se Paulo dissesse a uma igreja de brasileiros: “Eu quero que todos vocês falem noutras línguas (inglês, francês, alemão ou qualquer um dos milhares de dialetos) para que vocês falem com Deus (v.2), edifique-se a si mesmos (v.4), orem bem (v.14), e dou graças bem (v.16,17).
O que Paulo corrige é o usar o dom de línguas em culto público de forma exacerbada ou desordenadamente ao ponto dos visitantes incrédulos não compreenderem nada do que se fala. Já imaginou eu pegar o microfone num oportunidade para pregar e só falar em línguas estranhas? Como disse Paulo, os incrédulos dirão: “estais loucos” (v.23)! Mas, se eu for usado na profecia, na Palavra da Ciência, na Palavra da Sabedoria, na doutrina ou na revelação, e ainda com o Dom de Interpretação quando alguém estiver falando em línguas Paulo diz que “os segredos do seu coração [do incrédulos] ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós” (1Co 14.25). Não é ordeiro e sábio fazer um culto com todo mundo só falando em línguas estranhas. As pessoas que falam podem até serem edificadas, mas outros irmãos e os descrentes vão ficar boiando, por assim dizer. Então, como devemos configurar nossas reuniões congregacionais? Paulo nos orienta: “[...] Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. [...] Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. [...] Portanto, irmãos, procurai com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (vv.26, 33, 39-40).

Portanto, dizer que tais dons, especialmente profecia e línguas, foram reservados apenas aos apóstolos ou somente para a igreja nos primeiros dias é ir contra as Escrituras e contra o desejo, instrução e oração de Paulo de que todos falemos em línguas estranhas e a interpretemos para sermos edificados em nossas orações privadas com Deus.

Ainda podemos pontuar, contra aqueles que dizem que se tivermos profecia hoje teremos que acrescentar palavras à Bíblia, que nem todas as palavras das profecias proferidas pelos cristãos do Novo Testamento foram registradas ou tem caráter canônico. Esse é outro erro do campo cessacionista. Por exemplo, a Bíblia fala de um profeta por nome Ágabo que falou certas profecias aos quais Lucas registrou no livro de Atos. Todavia, claramente ele falou outras profecias que não estão registradas. E o que dizer dos profetas da igreja de Antioquia em Atos 13? Será que eles também não profetizavam assim como os doutore ensinavam? E ainda, Lucas fala das filhas de Felipe o evangelistas que profetizaram (At 21.9). Se as profecias tivessem única e exclusivamente caráter canônico então onde estão as palavras destas jovens que não foram colocadas na Bíblia? E ainda, Paulo fala sobre algumas mulheres em Corinto que profetizavam (1Co 11.5). Onde estão as profecias delas para colocarmos no Cânon Sagrado? Estes exemplos destroem o argumento de que profecia tem caráter canônico e que se alguém profetizar hoje vai equiparar-se as Escrituras.
Eu, particularmente, prefiro um milhão de vezes ficar com o que as Escrituras dizem do que com aquilo que certo sistemazinho postula. Deixemos pois essa “teologia de viseira” e abracemos uma “teologia de lente”.
Eu poderia também elencar várias profecias de homens e mulheres de Deus na História que se cumpriram, como também falar de profecias que a mim me foram entregues e que Deus cumpriu, outras estão cumprindo e ainda outras, eu creio, se cumprirão para a glória de Deus. E nenhumas delas foram contra as Escrituras, pelo contrário permaneceram em sua natureza e propósito de consolar, exortar e edificar.

IVAN TEIXEIRA.

Um comentário:

  1. doutrinacalvinista.blogspot.com/2008/02/os-dons-revelacionais-so-para-hoje.html

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