CONSTRUINDO UMA
TEOLOGIA DE PREGAÇÃO PENTECOSTAL
Nota-se que no grande avivamento e
derramamento do Espírito Santo no início do século XX, a pregação desempenhou
um papel crucial no Movimento Pentecostal e continua a ser um componente vital
da experiência pentecostal.
Na tradição pentecostal os pregadores
serviram como intérpretes autoritativos das Escrituras e formuladores de uma
teologia mais simples para um pouco quase ignorante.
Na língua portuguesa desconheço uma
obra que trate exclusivamente sobre a pregação pentecostal. Atualmente estou
envolvido na produção de uma obra simples e objetiva sobre a temática Pregação e Pregadores Pentecostais,
querendo Deus lançarei nos próximos dias.
Estudiosos pentecostais tem observado
que há uma necessidade de recursos pentecostais na pregação. Entende-se que a
falta de tratamento acadêmico da pregação pentecostal se deve a inúmeras
razões, porém pode-se pontuar três, na quarta faço uma análise do cenário atual:
PRIMEIRO
LUGAR, a
pobreza de exegese, teologia falida e excessos emocionais entre pregadores
pentecostais abriram as portas para as críticas e obscurecerem os elementos
benéficos e poderosos de uma abordagem pentecostal.
Os pregadores e a pregação pentecostal
na história do movimento é de grande riqueza para nós. Precisamos resgatar os
elementos benéficos e poderosos da pregação pentecostal, visto que Deus usou a
pregação pentecostal poderosamente no século XX.
Em SEGUNDO
LUGAR, entende que uma boa parte dos eruditos pentecostais recebem estudos
de graduação e pós-graduação em escolas não-pentecostais e até mesmo em escolas
anti-pentecostais.
Isso sem falar daqueles que um dia eram
pentecostais e deixaram de ser se tornando críticos cegos do Movimento. Muitos deles
tiveram experiências ruins em suas origens eclesiásticas e ministeriais e agora
culpam cegamente todo o movimento. Para muitos a palavra “pentecostal” é coisa
dos demônios, é um movimento herege e coisa do capeta!
Em TERCEIRO
LUGAR, a erudição pentecostal ainda está em seus estágios iniciais de
desenvolvimento; e, até esse ponto, os estudiosos se concentraram
principalmente em preocupações teológicas fundamentais, em vez de em práticas
de espiritualidade e adoração. Nós simplesmente não tivemos estudiosos
suficientes com tempo suficiente para se engajar construtivamente e
profundamente com toda doutrina e prática pentecostal.
Meu engajamento em produzir uma obra na
temática não se encaminha para o campo da erudição, mas apenas no campo da práxis
pastoral. É um pastor pentecostal numa pregação pentecostal exortando e
norteando outros pastores e pregadores pentecostais!
Em QUARTO
LUGAR, eu tenho visto desde cedo uma negligência e até uma preguiça por
parte de meus colegas pregadores pentecostais para estudar mais e mais o
conceito da pregação e, principalmente da pregação pentecostal – se é que um
dia eles ouviram isso! Se eu perguntasse para muitos pares ministeriais o que
define e caracteriza um pregador e uma pregação pentecostal talvez muitos deles
falariam de seus estilos, pulos, sapateios e de sua forma de entrega de sermões
e não da natureza e propósito da pregação pentecostal.
A riqueza da tradição da pregação
pentecostal atesta a amplitude do chamado de Deus e a diversidade das dádivas
de Deus; consequentemente, colocar restrições demais em estilos e modelos
determinados pelo contexto equivaleria a extinguir o Espírito Santo. Desacordos
sobre o que constitui uma boa pregação podem ser devidos a diferentes
fundamentos teológicos, mas às vezes os conflitos surgem de perspectivas míopes
e sem imaginação sobre a pregação. Uma abordagem holística (mais ampla) para a
pregação é necessária que examina a pregação pentecostal a partir de uma
variedade de pontos de vista, contextos e disciplinas acadêmicas. Devemos
permitir uma ampla diversidade de estilos de pregação, e devemos resistir à
tentação de defender a superioridade de nosso próprio estilo e método
preferidos. Não apenas devemos reconhecer a diversidade dos estilos de
pregações pentecostais, mas devemos celebrá-la.
Eu conheço muitos pastores e pregadores
pentecostais que são em suas exposições superficiais, trôpegos, desinteressados,
sem clareza, perdidos em suas falas, andarilhos em seus pensamentos, sem
fundamentação teológica nas pregações, populistas, palhaços, inventores de proposições,
embebidos por chavões e etc., (a lista seria grande!)
Nossos pregadores pentecostais são
rasos, superficiais e até mesmo artificiais, e alguns, digo com tristeza são
palradores frívolos. Muitos pastores e pregadores pentecostais já aderiram a
teologia da prosperidade, ao pragmatismo, as metodologias das campanhas
mirabolantes, à psicologização da fé, a uma cosmovisão reducionista e
inclusivista do Cristianismo para se tornarem mais palatáveis; outros já estão
enamorados da teologia coaching e outros já se perderam nos próprios gritos. E como
pregador e pastor pentecostal eu tenho lamentado isso, pois vejo pastores e
pregadores que têm um tempo livre que deveria ser dedicado a oração e ao
ministério da Palavra, estudando, articulando e crescendo no conhecimento, mas
não fazem isso por pura preguiça, negligência e até por conveniência. Tais deveriam
descer do púlpito e voltar para o seminários e aprender mais e mais. Ou então,
já que não podem retoma o seminário, lerem livros e estudarem como autodidatas
(Spurgeon foi autodidata!)
Minha pequena contribuição visa alertar
e instruir estes nobre companheiros. Creio que Deus me dará forças e clareza de
entendimento para ser o mais simples, sem ser simplista, para ajudar e nortear
meus pares ministeriais.
O campo do Pentecostalismo é amplo, e
nós precisamos a cada dia meditar, orar, estudar e expor seus elementos. Em sua
teologia, espiritualidade e práticas, a tradição pentecostal compartilha muito
com o Cristianismo Histórico, e nós não podemos descartar os distintivos que
antecederam o Movimento Pentecostal (o que chamo de teologia de viseira!),
todavia nós devemos postular as riquezas que o Pentecostalismo trouxe para o
Cristianismo Histórico. Hoje o Pentecostalismo é uma das grandes forças ou
vertentes do Cristianismo e suas ênfases e distintivos são de grande valia para
a Cristandade. E, particularmente creio, que a herança dos pregadores e da
pregação pentecostal na História do Movimento precisa ser articulada,
enriquecida e esclarecida mais e mais. Eu estou envolvido nisso como pregador
pentecostal e, creio que Deus Espírito Santo nos iluminará no processo para
ajudar, auxiliar, exortar e nortear nossos irmãos pentecostais no caminho de
uma teologia pentecostal da pregação. Querendo Deus, em breve, lançaremos uma
contribuição nesta área visando orientar os pregadores pentecostais iniciantes
e também aqueles que como eu labutam alguns anos nesta ditosa área.
IVAN TEIXEIRA.
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