quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A IGREJA O REFÚGIO CONTRA AS HERESIAS

 


Santo Ireneu descreveu os hereges como aqueles “que abandonam a doutrina da Igreja”. Ele diz que os hereges acusam de “ingenuidade” e simplicidade os líderes da igreja, pensando que encontraram “algo superior à verdade” (Adv. Haer. V, 20.2). Isso soa (“algo superior”) semelhante as palavras que o Cristo glorificado condenou nas heresias da profetisa Jezabel: “profundezas de Satanás” (Apocalipse 2.24). Essas “profundezas de Satanás” equivalem a doutrinas falsas ou mesmo a “algo superior” que a igreja normalmente ensina. Notem que os seguidores de Jezabel caçoavam dos cristãos “que não conheciam as profundezas de Satanás” (v.24). Mas Cristo diz para estes cristãos: “[...] Outra carga não jogarei sobre vós” (v.24). O Senhor ressurreto vai guarda-los destes hereges jezabelitas. O Cristo glorificado condena fortemente os falsos ensinos!

Heresias nada mais são do que “profundezas de Satanás” produzidas na “sinagoga de Satanás” vindo direto do “Trono de Satanás” (Apocalipse 2.9,13). Os cristãos devem ter cuidado com aqueles que se dizem possuidores de “verdades superiores e reveladas”, mas que diferem gritantemente das doutrinas essenciais da Igreja Cristã.

Normalmente os hereges dizem que encontraram uma “nova verdade” ou “verdades profundas” que os líderes da igreja não conseguiram detectar. O herege sempre sai, segundo eles, da “bolha religiosa”, postulando novas revelações.

Santo Ireneu diz que os tais hereges “[...] andam por caminhos tortuosos, sempre novos e inseguros, mudam continuamente de opinião e como cegos conduzidos por cegos fatalmente cairão na fossa da ignorância aberta diante deles, destinados a procurar sempre e nunca encontrar a verdade” (Adv. Haer. V, 20.2). Pode-se dizer que os tais nunca chegarão ao conhecimento da verdade. Os hereges são homens que resistem à verdade como Janes e Jambres. São pessoas “de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles” (2Timóteo 3.7-9). Um herege se autodestruirá, pois, disse o apóstolo Paulo “nada podemos contra a verdade senão em favor da própria verdade” (2Coríntios 13.8).

 

Igreja: Refúgio contra as heresias e Seio para alimentar os crentes!

As igrejas devem ser refúgios contra as heresias perniciosas. As igrejas locais devem ser o seio da educação doutrinária. Posso dizer altissonante que o Espírito Santo alimenta os novos convertidos nos seios da Igreja-Mãe por meio de mestres ungidos. Os mestres são como pais e mães dos cristãos (1Tessalonicenses 2.7,11,12; 2Timóteo 2.1), existe tanto o cuidado disciplinar e firme do pai quanto o afeto, a ternura e o amamentar da mãe. Os Pais já diziam que aqueles que não tem a igreja como Mãe não podem ter a Deus como Pai. São Cipriano de Catargo escreveu: “Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Como ninguém se pôde salvar fora da arca de Noé, assim ninguém se salva fora da Igreja”. São Cipriano fala dos obstinados que, conhecendo a verdade, insistem, por ódio ou comodismo pagão, em se apartar da Igreja de Cristo. As palavras de São Cipriano devem ser entendidas no contexto daqueles que estão nas congregações locais e promovem cismas, divisões, dissensões e acabam por prejudicar a unidade congregacional. Sobre os tais o apóstolo Paulo falou que o próprio Deus os destruirá (1Coríntios 3.16,17).

Os pastores devem se dedicar para proporcionar um ambiente de refúgio nas congregações locais aos santos contra as heresias. Os pastores devem proporcionar um ambiente materno nas congregações para alimentar bem os novos convertidos. Os hereges não dormitam em sua semeadura herege. Os pastores devem vacinar os cristãos com a verdade do evangelho para resguardá-los dos vírus mortais dos falsos ensinos.

Nós, disse João, não precisamos que os hereges nos ensinem suas profundezas porque já temos a Unção do Santo que nos ensina todas as coisas e essa Unção é verdadeira (1João 2.20,27). O crente não precisa destes falsos mestres com suas “revelações” e verdades “profundas”, pois o Espírito Santo já vem educando os cristãos por meio de mestres capacitados e ungidos por Ele.

A tonalidade bíblica é que qualquer um que não fale de acordo com o evangelho de Cristo Jesus seja amaldiçoado por Deus! Até mesmo, disse Paulo, se um anjo anunciar outro evangelho (ou perverter o evangelho que recebemos) deve ser rejeitado peremptoriamente (Gálatas 1.6-9). Esses ditos mestres querem “perturbar” a paz doutrinal da Igreja (Gálatas 1.7), e aliciar os incautos e inconstantes que não se firmam na verdade da fé doutrinal. Paulo salientou em Efésios 4.14 que os tais usam de artimanha e astúcia para conduzir os “meninos” ao erro.

Paulo salientou que a igreja deve ser a coluna e firmeza da verdade (1Timóteo 3.15). Ireneu escreveu que “com efeito, em todo lugar, a Igreja prega a verdade, verdadeiro candelabro de sete braços, trazendo a luz de Cristo” (Adv. Haer. V, 20,1). Para o grande bispo de Lyon “A Igreja é como paraíso plantado neste mundo. Portanto, comereis do fruto de todas as árvores do paraíso, diz o Espírito de Deus, o que significa: alimentai-vos de todas as Escrituras divinas, mas não o façais com intelecto orgulhoso e não tenhais nenhum contato com a dissensão dos hereges. Eles afirmam possuírem o conhecimento do bem e do mal e elevam seus pensamentos acima do Deus que os criou, e com a sua inteligência ultrapassam a medida da inteligência” (Adv. Haer. V, 20,2).

Os hereges sempre apontam para o “fruto do conhecimento do bem e do mal” como um passo para alcançar a divindade. Nós, os cristãos, devemos nos deleitar no conhecimento de Deus que foi revelado em Cristo e que nos é ensinado pelo Espírito da Verdade (João 14.17). Nós, os cristãos, não precisamos conhecer as grandes “gnoses” da “árvore do conhecimento do bem e do mal” proposta pelos hereges, pois já temos o Paraklêtos que nos guia em toda a verdade substancializada nas coisas do porvir e na glorificação do Cristo (João 16.13,14).

Nós, cristãos, não precisamos, tal como os hereges, conhecer as “profundezas de Satanás”, pois já temos conhecimento pelo Espírito Santo das “profundezas de Deus” (1Coríntios 2.10) e estamos, pelo mesmo Espírito, crescendo para alcançar o pleno conhecimento do Cristo (Colossenses 1.9,10).

Concluo com as palavras do grande bispo de Lyon: “Todos os hereges são estúpidos e ignorantes quando tratam da economia de Deus e estão por nada ao corrente das obras relativas ao homem, e como cegos, diante da verdade, eles próprios se levantam contra a sua salvação” (Adv. Haer. V, 19.2).

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