Santo Ireneu descreveu os hereges como
aqueles “que abandonam a doutrina da Igreja”. Ele diz que os hereges acusam de
“ingenuidade” e simplicidade os líderes da igreja, pensando que encontraram
“algo superior à verdade” (Adv. Haer. V,
20.2). Isso soa (“algo superior”) semelhante as palavras que o Cristo
glorificado condenou nas heresias da profetisa Jezabel: “profundezas de
Satanás” (Apocalipse 2.24). Essas “profundezas de Satanás” equivalem a
doutrinas falsas ou mesmo a “algo superior” que a igreja normalmente ensina.
Notem que os seguidores de Jezabel caçoavam dos cristãos “que não conheciam as
profundezas de Satanás” (v.24). Mas Cristo diz para estes cristãos: “[...]
Outra carga não jogarei sobre vós” (v.24). O Senhor ressurreto vai guarda-los
destes hereges jezabelitas. O Cristo glorificado condena fortemente os falsos
ensinos!
Heresias
nada mais são do que “profundezas de Satanás” produzidas na “sinagoga de
Satanás” vindo direto do “Trono de Satanás” (Apocalipse 2.9,13). Os cristãos
devem ter cuidado com aqueles que se dizem possuidores de “verdades superiores
e reveladas”, mas que diferem gritantemente das doutrinas essenciais da Igreja
Cristã.
Normalmente
os hereges dizem que encontraram uma “nova verdade” ou “verdades profundas” que
os líderes da igreja não conseguiram detectar. O herege sempre sai, segundo
eles, da “bolha religiosa”, postulando novas revelações.
Santo
Ireneu diz que os tais hereges
“[...] andam por caminhos tortuosos, sempre novos e inseguros, mudam
continuamente de opinião e como cegos conduzidos por cegos fatalmente cairão na
fossa da ignorância aberta diante deles, destinados a procurar sempre e nunca
encontrar a verdade” (Adv. Haer. V, 20.2).
Pode-se dizer que os tais nunca chegarão ao conhecimento da verdade. Os hereges
são homens que resistem à verdade como Janes e Jambres. São pessoas “de todo
corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante;
porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a
daqueles” (2Timóteo 3.7-9). Um herege se autodestruirá, pois, disse o apóstolo
Paulo “nada podemos contra a verdade senão em favor da própria verdade”
(2Coríntios 13.8).
Igreja: Refúgio contra as heresias e Seio
para alimentar os crentes!
As
igrejas devem ser refúgios contra as heresias perniciosas. As igrejas locais devem
ser o seio da educação doutrinária. Posso dizer altissonante que o Espírito
Santo alimenta os novos convertidos nos seios da Igreja-Mãe por meio de mestres
ungidos. Os mestres são como pais e mães dos cristãos (1Tessalonicenses
2.7,11,12; 2Timóteo 2.1), existe tanto o cuidado disciplinar e firme do pai
quanto o afeto, a ternura e o amamentar da mãe. Os Pais já diziam que aqueles
que não tem a igreja como Mãe não podem ter a Deus como Pai. São Cipriano de Catargo escreveu: “Não
pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Como ninguém se pôde
salvar fora da arca de Noé, assim ninguém se salva fora da Igreja”. São Cipriano fala dos obstinados que, conhecendo a verdade, insistem,
por ódio ou comodismo pagão, em se apartar da Igreja de Cristo. As palavras de
São Cipriano devem ser entendidas no contexto daqueles que estão nas
congregações locais e promovem cismas, divisões, dissensões e acabam por
prejudicar a unidade congregacional. Sobre os tais o apóstolo Paulo falou que o
próprio Deus os destruirá (1Coríntios 3.16,17).
Os
pastores devem se dedicar para proporcionar um ambiente de refúgio nas congregações locais aos santos contra as heresias. Os pastores devem proporcionar um ambiente
materno nas congregações para alimentar bem os novos convertidos. Os hereges
não dormitam em sua semeadura herege. Os pastores devem vacinar os cristãos com
a verdade do evangelho para resguardá-los dos vírus mortais dos falsos ensinos.
Nós,
disse João, não precisamos que os hereges nos ensinem suas profundezas porque
já temos a Unção do Santo que nos ensina todas as coisas e essa Unção é
verdadeira (1João 2.20,27). O crente não precisa destes falsos mestres com suas
“revelações” e verdades “profundas”, pois o Espírito Santo já vem educando os
cristãos por meio de mestres capacitados e ungidos por Ele.
A
tonalidade bíblica é que qualquer um que não fale de acordo com o evangelho de
Cristo Jesus seja amaldiçoado por Deus! Até mesmo, disse Paulo, se um anjo
anunciar outro evangelho (ou perverter o evangelho que recebemos) deve ser
rejeitado peremptoriamente (Gálatas 1.6-9). Esses ditos mestres querem
“perturbar” a paz doutrinal da Igreja (Gálatas 1.7), e aliciar os incautos e
inconstantes que não se firmam na verdade da fé doutrinal. Paulo salientou em Efésios
4.14 que os tais usam de artimanha e astúcia para conduzir os “meninos” ao
erro.
Paulo salientou que a igreja deve ser a
coluna e firmeza da verdade (1Timóteo 3.15). Ireneu escreveu que “com efeito, em todo lugar, a Igreja prega a
verdade, verdadeiro candelabro de sete braços, trazendo a luz de Cristo” (Adv. Haer. V, 20,1). Para o grande bispo
de Lyon “A Igreja é como paraíso plantado neste mundo. Portanto, comereis do
fruto de todas as árvores do paraíso, diz o Espírito de Deus, o que significa:
alimentai-vos de todas as Escrituras divinas, mas não o façais com intelecto orgulhoso
e não tenhais nenhum contato com a dissensão dos hereges. Eles afirmam
possuírem o conhecimento do bem e do mal e elevam seus pensamentos acima do
Deus que os criou, e com a sua inteligência ultrapassam a medida da
inteligência” (Adv. Haer. V, 20,2).
Os
hereges sempre apontam para o “fruto do conhecimento do bem e do mal” como um
passo para alcançar a divindade. Nós, os cristãos, devemos nos deleitar no
conhecimento de Deus que foi revelado em Cristo e que nos é ensinado pelo
Espírito da Verdade (João 14.17). Nós, os cristãos, não precisamos conhecer as
grandes “gnoses” da “árvore do conhecimento do bem e do mal” proposta pelos
hereges, pois já temos o Paraklêtos que nos guia em toda a verdade
substancializada nas coisas do porvir e na glorificação do Cristo (João
16.13,14).
Nós,
cristãos, não precisamos, tal como os hereges, conhecer as “profundezas de
Satanás”, pois já temos conhecimento pelo Espírito Santo das “profundezas de
Deus” (1Coríntios 2.10) e estamos, pelo mesmo Espírito, crescendo para alcançar
o pleno conhecimento do Cristo (Colossenses 1.9,10).
Concluo com as palavras do grande bispo de Lyon: “Todos os hereges são estúpidos e ignorantes quando tratam da economia de Deus e estão por nada ao corrente das obras relativas ao homem, e como cegos, diante da verdade, eles próprios se levantam contra a sua salvação” (Adv. Haer. V, 19.2).
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