Pentecostais e os últimos dias!
No início do Pentecostalismo os pentecostais ansiavam por uma “nova” era do Espírito nos últimos dias antes da volta de Cristo ("as últimas chuvas"), na qual os cristãos seriam batizados no Espírito Santo para lhes conceder uma consciência mais intensa da presença de Deus, maior unidade e maior poder para a missão, especialmente com sinais carismáticos como cura divina, profecia, unção na pregação, ousadia na evangelização e o falar línguas.
Lembro-me
que ao receber o batismo no Espírito Santo a nossa juventude (e todos os novos
convertidos!) Postulavam três grandes temas: (1) santificação; (2)
evangelização e o (3) arrebatamento
da Igreja. Esses temas visíveis no contexto prático litúrgico do
pentecostalismo assembleiano são pertencentes aos cinco pilares cristológico do
pentecostalismo histórico e pneumático: Jesus salva, Jesus cura, Jesus
santifica, Jesus batiza no Espírito Santo e fogo e Jesus voltará brevemente
como Rei para governar nesta Terra.
Vale
lembrar que foram os críticos do Movimento que enfatizavam as línguas como
distintivo identificatório do pentecostalismo, e não os próprios pentecostais.
Honestidade deveria permear aqueles críticos que dizem que o Pentecostalismo é
meramente um "Movimento de Línguas". Lerdo engano! É, sim, um
movimento do Espírito Escatológico manifestando na comunidade cristã os
carismas e os poderes do Escaton
(porvir). A pregação do Reino de Deus com poder do Espírito manifestado em
salvação, libertação, curas, exorcismos, novas línguas e milagres fazem parte
da imagem pentecostal raiz da crença dos pentecostais (Marcos 16.15-20; Atos
2.17-21). Assim como o dia de Pentecostes foi marcante para os primeiros
cristãos trazendo os “últimos dias” como uma Era do Espírito com poder, os
primeiros pentecostais também acreditavam que estavam (e estão!) vivendo nos
“últimos dias” ao usar a imagem das “últimas chuvas” como determinante para uma
vida de santificação e testemunho missional ante a expectativa da volta
iminente de Cristo Jesus para arrebatar a Igreja.
Pode-se
afirmar que a escatologia bíblica fornece o impulso inicial da pregação
pentecostal e a orientação para o pensamento renovador para uma construção de
uma Teologia Pentecostal distinta em vez de ser relegada, como notado
historicamente nas demais Teologias Sistemáticas, a uma reflexão tardia do
fazer teológico.
Escatologia pentecostal do peregrino!
Os pentecostais afirmam altissonante: “Não somos daqui, somos dos céus!”. Os pentecostais são um povo do Espírito e, consequentemente do Reino e do Porvir. Os pentecostais acreditam que são o povo dos últimos dias, um povo escatológico, um povo do porvir, um povo do céu, um povo que aguarda a plenitude da Nova Era, pelo Espírito, por ocasião da Vinda do Senhor Jesus. Os pentecostais se alinham a Paulo quando disse: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3.20, ARA), e ao escritor de Hebreus quando descreve os “Heróis da Fé”: “[...] confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra” (11.13). Pedro fala que os cristãos devem se portar “com temor durante o tempo da vossa peregrinação” (1Pedro 1.17). Todavia, nota-se atualmente um “pentecostalismo” prostituto, mundano e enamorado com o secularismo, o pragmatismo e o entretenimento, e viciado nas campanhas mirabolantes norteadas pelas teologias da prosperidade e do empreendedorismo coaching se afastou da escatologia pentecostal do peregrino que almeja chegar ao lar feliz!
O gemido escatológico pentecostal!
Os pentecostais escatológicos bíblicos gemem com o Espírito e a criação porque sabem que estão nos “últimos dias” e aguardam, a qualquer momento, a vinda do Senhor Jesus, “a adoção”, para libertá-los deste “corpo de humilhação” (Romanos 8.23; Filipenses 3.21). Eles não são daqui! Nós pentecostais não aguardamos a vinda do Anticristo, a Grande Tribulação ou mesmo o Dia de YHWH (SENHOR), e muito menos temos pretensão de implantar um “reino” da igreja aqui na terra, infelizmente muitas denominações têm se desviado por este caminho – “império dos homens”. Os pentecostais pneumáticos e escatológicos, tal como os primeiros cristãos, aguardam a Bendita Esperança que pode ocorrer a qualquer momento para os arrebatar “num abrir e fechar de olhos” para o encontro do Senhor nos ares. Como diz um dos nossos cânticos congregacionais: “Nossa esperança é a Sua Vinda, O Rei dos reis vem nos buscar, Nós aguardamos, Jesus, ainda, Té a luz da manhã raiar” (Harpar Cristã, 300). Isso é confuso à mentalidade dos “pentecostalismos” mundanos e que seguem a agenda secular do entretenimento e do empreendedorismo. Estes são descritos na visão do vidente de Patmos como aqueles que se prostituíram, juntamente com os reis da terra, com o vinho da devassidão da “grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas” que embebeda “os que habitam na terra” (Apocalipse 17.1,2). Tais “pentecostalismos” devem ser rejeitados pelos pentecostais pneumáticos que almejam e aguardam a Vinda do Senhor e de Seu reino. Os pentecostais escatológicos cantam: “Eu avisto uma terra feliz, Onde irei para sempre morar; Há mansões nesse lindo país, Que Jesus foi pra nós preparar. Vou morar, vou morar; Nessa terra, celeste porvir!” (Harpa Cristã, 614). Aleluia!
Escaton pentecostal!
Deve-se
pontuar que a ênfase pneumatológica pentecostal perpassa a centralidade
cristológica (os Cinco Pontos) e visa a esperança escatológica do Reino de Deus
em sua plenitude que se dará na volta pré-tribulacional e pré-milenar do
Cristo.
Para os
pentecostais, seguindo Pedro (Atos 2.17-21), os “últimos dias” chegaram com o
nascimento da nova comunidade, a Igreja, evidenciado pelo/no derramamento do
Espírito Santo com Seus dons: “profecias, visões, sonhos, maravilhas, prodígios
e sinais”. Na perspectiva do escaton pentecostal os δυνάμεις τε μέλλοντος αἰῶνος, “os
poderes do mundo vindouro” (ACF) ou “os poderes da Era que há de vir” (NVI) ou
ainda “o dinamismo da Era futura” (BP), são desfrutados e experimentados agora
porque o cristão tem as primícias do Espírito e são selados e possuem o penhor
do Espírito escatológico. O desfrute dos poderes do escaton agora, garante, pelo Espírito, o desfrute da plenitude na
Vinda de Cristo Jesus. Se aqui desfrutamos e experimentamos as primícias do
Espírito escatológico com Seus carismas e poderes quanto mais por ocasião da vinda do
Senhor, nós, os que cremos, desfrutaremos e experimentares a plenitude do
Espírito (pneuma), do Reino (basileia) e dos poderes do Porvir (escaton)!
Escatologia pentecostal enraizada no Pentecostes!
A escatologia pentecostal é uma doutrina enraizada no Evento de Pentecostes à luz da hermenêutica de Pedro de que os últimos dias chegaram (Escaton) no derramamento do Espírito (Pneuma) empoderando a Igreja para a proclamação do evangelho do Reino (Basileia) de Deus. Daí minha postulação e proposta para uma escatologia pentecostal sobre os fundamentos do Espírito (pneuma), do Reino (basileia) e do porvir (escaton).
O pentecostal escatológico é pneumático (Espírito e carismas), querigmático (pregação centrada no Rei Jesus) e missional porque experimenta, pelo Espírito, os poderes do mundo vindouro, e proclama “as virtudes Daquele que o chamou e o libertou das trevas transportando-o para o Reino do Filho do Seu amor, e para a Sua maravilhosa luz” (1Pedro 2.9; Colossenses 1.13), e ainda vive na expectativa de que a qualquer momento o Senhor virá arrebatar a Sua Igreja.
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