Particularmente é difícil acreditar que estudiosos como Harold R. Eberle & Martin Trench (preteristas parciais) acusem descaradamente os que creem na doutrina do arrebatamento iminente de derrotismo, negligência, pessimismo, indiferença social e etc., afirmando que “Precisamos de uma mudança que conduza a Igreja de uma mentalidade de arrebatamento a uma teologia de colheita”. Tal crítica é por demais infundada. Por que devemos mudar a mentalidade de arrebatamento? Ela não é bíblica? Claro que é! É difícil acreditar nas palavras encontrada no livro: “Os cristãos que estão focados na colheita não têm realmente muito tempo para se preocupar com o arrebatamento. Seu objetivo é levar tantas pessoas quanto possível para o Reino nessa preparação para as bodas [olá, não existe bodas sem arrebatamento da igreja!]. Uma escatologia vitoriosa deixará a mentalidade de arrebatamento para trás e colocará a obra da colheita diante de você”[1]. Como assim? Não devo me preocupara com o arrebatamento da Igreja? Os autores tentam nos fazer acreditar que a “mentalidade de colheita” é incompatível com a “mentalidade de arrebatamento”! Isso é ridículo! Por exemplo, hoje o Movimento Pentecostal, mentalidade de arrebatamento pré-tribulacional, é a maior força missionária, principalmente no Sul Global. É fundamental sobre a nossa crença de um arrebatamento a qualquer momento que façamos missões hoje no poder do Espírito Santo, pois não sabemos a que horas virá o Senhor! É fundamental à crença na doutrina do arrebatamento da igreja que “vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tito 2.12, ARA e 13, NVI).
Com os autores eu afirmo altissonante que nós
que acreditamos num arrebatamento a qualquer momento não somos uma “Igreja
fracassada, que foge pela porta dos fundos enquanto o diabo entra com violência
pela porta da frente”[2].
Pelo contrário, os pentecostais invadem até mesmo as periferias e os mais
distantes lugares para destronar Satanás, expulsar demônios, impor as mãos
sobre os enfermos e até a falar novas línguas em nome de Jesus Cristo!
A visão destes dois preteristas parciais
sobre o dispensacionalismo pré-tribulacional é absurdamente incorreta, falsa e
criadora de um espalho para eles mesmos esbofetear. Ridícula exposição destes
dois teólogos!
Se eles analisassem o impacto do Movimento
Pentecostal – cuja o pivô evangelístico e avivalista advém da crença na Vinda
do Senhor pré-tribulacional – nas vidas
e na sociedade como um todo teriam uma abordagem diferente ou honesta e mais
respeitosa. Eles deveriam entender a visão de vitória dos pentecostais, o
vitorioso Cristo venceu e é poderoso para salvar. Os pentecostais creem que
Jesus continua o mesmo ontem, hoje e eternamente, e por isso pregam que Ele
continua curando e libertando as pessoas. Quantas vidas e famílias inteiras não
foram salvas e ressocializadas? As igrejas pentecostais pré-tribulacionistas
estão bem presentes nas periferias mais do que outras (poderia traçar uma dura
crítica aqui a outras denominações, mas não o farei!). As pregações
autenticamente pentecostais trazem impacto no ser humano demandando aos que
creem uma vigilante santificação, bem como uma viva esperança no arrebatamento
da Igreja. Isso não tem nada de derrotismo e pessimismo, pelo contrário, a
escatologia pentecostal é triunfante, pois o Cristo glorificado continua
fazendo milagres poderosos pelo Espírito Santo na Igreja e através dela no
campo evangelístico e missional.
Acusar os pré-tribulacionistas e, consequentemente
pentecostais que creem no arrebatamento da Igreja a qualquer momento de “escapismo”
e “derrotismo” é ser bastante ignorante do impacto eclesial, santificante, missional
e social que estas verdades causaram, estão causando e podem causar, mormente quando
os pentecostais começarem a rejeitar ensinos alienígenas ao seu curriculum
histórico e, concomitantemente a retomar no poder do Espírito os cinco pilares
do querigma (pregação) e da disdakalia (ensino) pentecostal.
É claro que nós pentecostais também acreditamos
que “a Igreja se levantará em vitória e poder antes da volta de Jesus Cristo”[3].
Isso tem sido verdade no Movimento Pentecostal, apesar dos seus devaneios!
Nossa escatologia
também é vitoriosa, pois cremos que Cristo virá pessoalmente para implantar
o Seu Reino com poder e glória. Cristo, não a Sua Igreja, diferentemente da
crença dos autores, é quem irá estabelecer o Reino de Deus aqui na Terra (cf.
Daniel 2.34,35,44,45; João 18.36; 2Timóteo 4.1; Apocalipse 2.26—28; 19.11–20.9).
Nenhum cristão edifica o Reino de Deus, e nem a igreja implanta o Reino de
Deus. É o Cristo que o faz! Posso dizer que uma “escatologia vitoriosa” é
cristológica e não eclesiológica. Noutras palavras, a vitória escatológica da igreja
encontra-se e resulta da cristologia, do Cristo vitorioso (Apocalipse 3.21). E,
como pentecostal, creio e ensino que a vitória cristológica é evidenciada
pneumaticamente na igreja. O Espírito de Deus sempre conduz a Igreja no cortejo
triunfal de Cristo (2Coríntios 2.14).
Cristo é o Rei dos reis e o Senhor dos
senhores (19.16). A igreja é mais do que vencedora por meio daquele que a amou!
(Romanos 8.37). Temos uma escatologia vitoriosa não porque a igreja irá implantar
o Reino, ou rejeitar a “mentalidade de arrebatamento”, mas porque Cristo já
venceu na cruz, foi assunto aos céus, está a destra do Pai, derramou o Espírito
Santo e voltará outra vez pessoalmente para estabelecer o Seu reino aqui na
terra, e, juntamente com Sua eleita, a igreja, Ele regerá as nações como o Rei
dos reis e Senhor dos senhores com vara de ferro (Daniel 7.13,14,18,22,27;
Apocalipse 2.26-28; 12.5; 19.15; 20.4). Isso é escatologia vitoriosa!
Como pentecostal subscrevo uma escatologia
vitoriosa como cristológica em sua natureza (morte e ressurreição de Cristo),
pneumática em sua realização (revestimento de poder missional) e eclesial em
sua instrumentalidade (a igreja como instrumento do Espírito na implantação do Reino
de Deus).
Nós pentecostais não adotamos uma escatologia
derrotista, uma “mentalidade de arrebatamento” sem missões ou mesmo uma “visão
pessimista do futuro” como afirmam os autores Eberle & Trench sobre
aqueles que adotam a doutrina do arrebatamento da Igreja. Nós não negamos,
juntamente com Paulo, que “os homens
perversos e impostores irão de mal a pior,
enganando e sendo enganados” (2Timóteo 3.13), e que nos últimos dias sobrevirão
tempos difíceis (3.1), e que ainda os homens serão mais “amigos dos prazeres
que amigos de Deus” (v.4), e, afirmamos que nos últimos dias as pessoas “não
suportarão a são doutrina” (4.3), todavia, nós também cremos que Deus nos
últimos continua derramando o Seu Espírito sobre os Seus filhos e filhas para
exercerem um ministério carismático e de poder testemunhal do Cristo que virá
(Atos 2.17,18). Isso, senhores, não é escatologia pessimista e derrotista, mas
realista, esperançosa e pneumática!
Assim é uma escatologia de um pentecostal
pneumático!
[1] EBERLE, Harold R. & TRENCH, Martin.
Escatologia Vitoriosa: Uma Visão
Preterista Parcial, p.12. Brasília, DF, Brasil: Editora Chara, 2014.
[2]
EBERLE, Harold R. & TRENCH, Martin. Escatologia
Vitoriosa: Uma Visão Preterista Parcial, p.12. Brasília, DF, Brasil:
Editora Chara, 2014. Essa frase vem de Cal Pierce no Prefácio, mas claramente
reflete a ideia dos autores.
[3] EBERLE, Harold R. & TRENCH,
Martin. Escatologia Vitoriosa:
Uma Visão Preterista Parcial, p.11. Brasília, DF, Brasil: Editora Chara,
2014.