domingo, 28 de maio de 2017

O ENGANO DE DARWIN


Um Tratado da Doutrina do Homem


No ensino básico, me ensinaram que um sapo transformando-se num príncipe era um conto de fadas. Na universidade, me ensinaram que um sapo transformando-se num príncipe era um fato![1]
RON CARLSON

Charles Darwin, nascido em 1809 e falecido em 1882, era natural de Shrewbury, na Inglaterra. Foi educado em Cambridge e trabalhou como naturalista. Com base em suas próprias pesquisas e em ideias alheias, ele produziu sua grande obra sobre a origem das espécies, que apareceu pela primeira vez a 24 de novembro de 1859.
Ele acredita que a origem e a história do homem, que seria apenas uma espécie animal entre outras, podem ser explicadas por meio da hipótese de uma seleção natural em que as variações favoráveis sobrevivem, e as desfavoráveis perecem. Esse fator também traz à existência novas espécies, de tal modo que ocorre a sobrevivência das espécies mais aptas. Por detrás da mesma, naturalmente, temos de pensar na suposição de que a matéria inanimada foi a fonte da primeira célula viva, produzida por processos químicos.

O problema difícil
De onde veio a primeira vida? Esse é o problema mais difícil para os darwinistas. Se os darwinistas não têm explicação para a primeira vida, então qual a razão de se falar sobre novas formas de vida? O processo de macroevolução, se é que é possível, não pode nem mesmo ter início a não ser que haja uma vida preexistente.
A posição dos darwinistas é ainda mais problemática quando se considera que nem mesmo têm uma explicação para a fonte dos elementos químicos inanimados, quanto mais uma explicação para a vida. Uma das mais profundas perguntas a serem feitas é: "Se não existe Deus, por que existe alguma coisa além de nada?". Os ateus não têm uma resposta plausível para essa pergunta. Sugerir uma possibilidade não é suficiente – eles precisam apresentar provas, se quiserem ser científicos.

Microevolução versus macroevolução
Chandra Wickramasinghe [que é ateu] disse: "Acreditar que a vida surgiu por acaso é como acreditar que um Boeing 747 surgiu depois de um tornado ter passado por um ferro-velho". Você precisa ter muita fé para acreditar nisso!

Você se lembra da macroevolução — do angu até tu, passando pelo zoológico. É a crença de que todas as formas de vida descendem de um ancestral comum — a primeira criatura unicelular — e que tudo isso aconteceu por meio de um processo natural destituído de qualquer intervenção inteligente. Deus não foi envolvido. Foi um processo completamente cego.
Os darwinistas dizem que isso aconteceu por seleção natural. Mas a expressão "seleção natural" é incorreta. Uma vez que o processo de evolução é, por definição, feito sem inteligência, não existe "seleção" em tudo o que está acontecendo. É um processo cego. A expressão "seleção natural" simplesmente significa que as criaturas que sobrevivem são aquelas que melhor se adaptam. E daí? Isso é verdade por definição — o mais adaptado sobrevive (isso é tautologia um argumento circular que não prova coisa alguma). Logicamente essas são as criaturas mais bem equipadas genética ou estruturalmente para lidar com condições ambientais mutáveis (é por isso que elas sobrevivem).
Como exemplo de "seleção natural", considere o que acontece com uma bactéria atacada por antibióticos. Quando a bactéria sobrevive a uma luta com os antibióticos e se multiplica, esse grupo sobrevivente de bactérias pode ser resistente àquele antibiótico. A bactéria sobrevivente é resistente àquele antibiótico porque a bactéria mãe possuía a capacidade genética de resistir ou uma rara mutação bioquímica de algum tipo a ajudou a sobreviver (dizemos "rara" porque mutações são quase sempre prejudiciais). Uma vez que a bactéria sensível morre, a bactéria sobrevivente multiplica-se e passa a ser dominante.
Os darwinistas afirmam que a bactéria sobrevivente evoluiu. Tendo se adaptado ao ambiente, a bactéria sobrevivente nos dá um exemplo de evolução. Muito bem, mas que tipo de evolução? A resposta que estamos prestes a dar é absolutamente crítica. De fato, definir "evolução" é talvez o ponto de maior confusão na controvérsia evolução-criação. É aqui que os erros e as falsas afirmações darwinistas começam a multiplicar-se tal como uma bactéria se não forem verificadas por aqueles que acreditam que a observação é importante para a ciência. É aqui que a observação nos diz: a bactéria que sobreviveu continua sendo bactéria. Ela não evoluiu para outro tipo de organismo. Isso seria macroevolução. Nunca se observou a seleção natural criando novos tipos. A seleção natural pode ser capaz de explicar a sobrevivência de uma espécie, mas não consegue explicar o surgimento de uma espécie.
Mas macroevolução é exatamente aquilo que os darwinistas afirmam dos dados. Eles dizem que essas microtransformações observáveis podem ser extrapoladas para provar que uma macroevolução não observável aconteceu. Não fazem nenhuma diferenciação entre microevolução e macroevolução e, assim, usam a evidência da micro para provar a macro. Ao deixarem de fazer essa distinção fundamental, os darwinistas podem tapear o público em geral, fazendo as pessoas pensarem que qualquer mudança observável em um organismo prova que a vida desenvolveu-se com base em uma primeira criatura unicelular.
Por isso é essencial que se façam as distinções corretas e que todas as suposições ocultas sejam expostas quando se discute a controvérsia criação-evolução. Assim, se alguém um dia perguntar-lhe: "Você acredita na evolução?", você deve responder com a seguinte pergunta: "O que você quer dizer com evolução? Quer dizer micro ou macroevolução?". A microevolução já foi observada; mas não pode ser usada como prova da macroevolução, que nunca foi observada.
Os darwinistas são mestres em definir o termo "evolução" de uma maneira ampla o suficiente de modo que a prova de uma situação possa ser contada como prova de outra. Infelizmente para eles, o público está começando a perceber essa tática, em grande parte devido às obras populares do professor de Direito da Universidade de Berkeley, Phillip E. Johnson. Johnson foi o primeiro a expor o truque de manipulação dos darwinistas em seu livro arrasador intitulado Darwin on Trial [Darwin no tribunal]. É nessa obra que ele destaca que "nenhuma das 'provas' [para a seleção natural] nos dão uma razão persuasiva para acreditar que a seleção natural possa produzir novas espécies, novos órgãos ou quaisquer outras mudanças importantes, nem mesmo mudanças menores que sejam permanentes". O biólogo Jonathan Wells concorda quando escreve que “mutações bioquímicas não podem explicar as mudanças em larga escala nos organismos que vemos na história da vida”.
Confundir processos inteligentes com processos não inteligentes é um erro comum dos darwinistas.

Complexidade irredutível
A complexidade irredutível significa que uma nova vida não pode vir a existir por meio do método darwinista de pequenas e sucessivas mudanças durante um longo período de tempo. O darwinismo é semelhante ao ato de forças naturais — sem nenhuma ajuda inteligente — produzindo o motor de um carro de corrida (i.e., uma ameba) e depois modificando o motor irredutivelmente complexo em sucessivos motores intermediários até que as forças naturais finalmente produzam o ônibus espacial (i.e., o ser humano). Os darwinistas não podem explicar a fonte dos materiais que compõem o motor, muito menos de que maneira o primeiro motor irredutivelmente complexo veio a existir. Também não podem demonstrar o processo não inteligente por meio do qual qualquer motor tenha evoluído até se transformar num ônibus espacial enquanto fornecia algum tipo de propulsão nos passos intermediários. Isso fica evidente com base na completa ausência de explicações darwinistas sobre a maneira pela qual um sistema irredutivelmente complexo possa ter surgido gradualmente.
Michael Behe expõe as afirmações vazias dos darwinistas:
A ideia darwinista da evolução molecular não está baseada na ciência. Não há explicação na literatura científica — em periódicos ou em livros — que descreva a evolução molecular de qualquer sistema bioquímico real e complexo que tenha ocorrido ou que até mesmo possa vir a ocorrer. Existem afirmações de que tal evolução aconteceu, mas absolutamente nenhuma delas é apoiada por experimentos pertinentes ou por cálculos. Uma vez que não há autoridade na qual basear as afirmações de conhecimento, pode-se verdadeiramente dizer que a afirmação da evolução molecular darwinista é simplesmente arrogância[2].

Os darwinistas acham que a similaridade do DNA entre homens e macacos, por exemplo, que varia de 85% a 95%, implica claramente a existência de um relacionamento ancestral.
Mas essa é a evidência para um ancestral comum ou para um criador comum? Poderia ser interpretada das duas maneiras. Talvez os darwinistas estejam certos – é possível que tenhamos um código genético comum porque todos nós sejamos descendentes de um ancestral comum. Mas, do mesmo modo, eles poderiam facilmente estar errados — talvez tenhamos um código genético comum porque um criador comum nos planejou para que vivêssemos na mesma biosfera. Além do mais, se toda criatura viva fosse bioquimicamente diferente, provavelmente não existiria uma cadeia alimentar. Talvez não seja possível existir vida com diferentes formas bioquímicas. Mesmo que isso fosse possível, talvez ela não sobreviveria nessa biosfera.

Similaridade e progressão
A similaridade de projeto prova a existência de um ancestral comum ou de um projetista comum?
Será que o caldeirão evoluiu da colher de chá?
Embora seja verdade que há muitas semelhanças entre os homens e os antropoides[3], e estas sejam maiores do que as existentes entre o homem e outros animais, também é verdade que há muitas diferenças entre o homem e os antropoides, algumas das quais são bastantes significativas.
Alguns estudos mostram, por exemplo, que a similaridade do DNA de humanos e de determinado macaco pode ser de cerca de 90%, outros estudos mostram que a similaridade do DNA dos humanos e dos ratos também é de cerca de 90%.

Há algum significado?
O niilismo é a opinião de que a vida não tem significado intrínseco ou objetivo. Muitos caminhos serpeiam em direção ao niilismo, mas nenhum é mais sedutor do que aquele que diz que os seres humanos não são nada além de uma coleção de moléculas arranjadas de modo útil, seres que surgiram por puro acaso da sopa primordial. Onde está o significado em seres desse tipo? Do ponto de vista da Bíblia, o significado da vida está vinculado ao fato de sermos criados por Deus, à Sua imagem, e para Deus, com um destino eterno. Isso muda radicalmente nossa percepção do que os seres humanos são. Do contrário, andamos em direção ao que um filósofo chamou de “incoerência autorreferencial”. O que ele pretendia dizer com essa expressão é que nos comparamos a nós mesmos. Não temos padrões externos pelos quais alguma coisa deva ser julgada; não podemos achar uma âncora para nosso ser, em nenhum lugar. Por isso, mergulhamos em prazeres temporários, ou na busca de dinheiro, ou na autopromoção, mas não temos uma âncora que nos firma e nos dá um significado que esteja além de nós mesmos[4]. No entanto, as Escritura ensinam que os seres humanos são a imagem de Deus e que foram criados para um propósito sublime de glorificar a Deus e alegrar-se n’Ele para sempre. Sim, há um significado e um grande propósito!
O claro ensinamento bíblico de que há propósito na obra divina da criação parece incompatível com a característica aleatória da teoria evolutiva. Quando as Escrituras relatam que Deus disse: “Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie” (Gn 1.24), elas retratam um Deus que fazia as coisas deliberadamente, e cada uma delas com um propósito. Mas isso é o inverso de permitir que as mutações avançassem de modo inteiramente aleatório, sem que tivesse propósito nenhuma das milhões de mutações que, segundo a teoria evolutiva, gerariam uma nova espécie[5].
As Escrituras ensinam que a força propulsora no desenvolvimento dos novos organismos é o desígnio inteligente de Deus, que criou “os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies” (Gn 1.21).

O que diz a Bíblia?
O primeiro livro da Bíblia, Gênesis, indica uma criação “especial” do homem. O texto nos diz que Deus o formou do pó da terra e soprou nas suas narinas o fôlego da vida, de tal maneira que ele se tornou uma alma vivente (2.7). O homem foi criado à imagem de Deus (1.27). Os primeiros capítulos de Gênesis ensinam claramente que o homem, desde o início, estava separado das espécies animais, era moralmente responsável, e por sua própria escolha alienou-se de Deus e se tornou pecador. A Bíblia descreve de capa a capa a misericórdia de Deus ao enviar o Seu Filho para redimir os homens das consequências do pecado pelo qual eles eram responsáveis. As Escrituras ensinam que o pecado é o resultado da escolha do homem; a evolução sugere que é a herança de seus ancestrais animais. Se, na realidade, o homem se desenvolveu por um processo de evolução dos ancestrais animais, e se, como resultado deste tipo de desenvolvimento, continua a violar a lei de Deus, logo, Deus compartilhava de alguma responsabilidade pela condição pecaminosa do homem. Não seria a misericórdia de Deus que o levaria a enviar Seu Filho para redimir o mundo; seria uma obrigação da mera justiça[6].

A influência humanista na teologia
Sob essa influência há todo um movimento que podemos chamar de teologia liberal, com sua atitude excessivamente extensa de crítica analítica, que procura remover da Bíblia todos os fatores não racionais e sobrenaturais, rebaixando a Bíblia a um simples grande livro da religião, em vez de ser a Palavra de Deus.
Quando se nega a historicidade e a literalidade dos relatos bíblicos, reduzindo-os a mitos e estórias primitivas, abre-se a porta para toda e qualquer teoria conflitante com a revelação divina.
A interpretação figurada do relato da criação em Gênesis parece enfraquecer doutrinas fundamentais da fé cristã. Ao negar a historicidade do primeiro Adão, esta posição também é um convite ao ceticismo no tocante ao significado da cruz de Cristo, o Segundo Adão (Rm 5.12-21), como evento histórico e, desta maneira, coloca em perigo toda estrutura da mensagem cristã.

O darwinismo e a ética
Já que o homem é produto da evolução, a ética humana, portanto, também seria um produto da evolução. Na opinião de Charles Darwin terminamos em uma ética relativa, segundo a qual os padrões se alteram à medida que se altera a biologia do ser humano. O ser humano é um ente que está crescendo ou evoluindo também na compreensão apropriada dos princípios éticos, através do seu processo de evolução.
O evolucionismo colocou o homem numa caixa eticamente relativa, sem padrão moral, mediante o qual possa avaliar os valores morais conflitantes que observa em si mesmo e nos outros.

Derivados de quê?
Infelizmente os evolucionistas teístas aceitam a explicação naturalista que diz que a humanidade é geneticamente derivada de um ancestral não-humano. Além disso, em Gênesis 2.7 declara-se que “formou o Senhor ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Embora não seja especificado o processo de formação, parece transmitir o conceito da criação especial a partir de matéria inorgânica, em vez da criação derivada, através de alguma forma já vivente.
Nós cristãos que acreditamos na Bíblia e na verdadeira ciência aceitamos que toda a criação tem um desígnio ativo e deliberado da parte de Deus, e já não há necessidade do acaso nem de nenhum desenvolvimento oriundo de mutação aleatória. Admitimos que Deus criou imediatamente cada uma das criaturas, descartando as milhares de tentativas fracassadas apoiadas pelo evolucionismo.
Acreditamos e afirmamos que a Palavra criadora de Deus gerava resultados imediatos. Quando a Bíblia fala da Palavra criadora de Deus, enfatiza o poder dessa Palavra e sua capacidade de realizar o Seu propósito. Lemos no Salmo 33.6,9: “Os céus por Sua Palavra se fizeram, e, pelo sopro de Sua boca, o exército deles. [...] Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir”.
Esse tipo de declaração parece incompatível com a ideia de que Deus falou e, após milhões de anos e milhões de mutações aleatórias nas coisas vivas, Seu poder finalmente produziu o resultado que Ele demandava. Antes, assim que Deus ordena “Produza a terra relva”, já o próximo período nos diz: “E assim se fez” (Gn 1.11).

Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini
Soli Deo Gloria




[1] GEISLER, Norman & TUREK, Frank. Não Tenho Fé Suficiente para Ser Ateu, pg. 101. São Paulo, SP, Brasil: Editora Vida Acadêmica, 2006. – (versão em PDF).
[2] Apud GEISLER, 2006, p.108.
[3] Os macacos antropoides, que não têm rabo, são os animais mais semelhantes ao ser humano. “Antropoide” significa “que se parece com um homem”. Algumas classificações incluem o próprio homem no grupo dos antropoides. Homens e macacos antropoides pertencem ao grupo de animais que os cientistas chamam primatas. As demais espécies de macacos também são primatas, mas os antropoides são diferentes deles em muitos pontos. Por exemplo, os antropoides têm um cérebro mais complexo. As outras espécies de macacos têm rabo; os antropoides, não.
[4] CARSON, D. A. O Deus Presente, p.32-33. São José dos Campos, SP, Brasil: Editora Fiel, 2012.
[5] GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática, p.211. São Paulo, SP, Brasil: Edições Vida Nova, 1999.
[6] KLOTZ, J. W. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol. II E – M, p.267-268. São Paulo, SP, Brasil: Edições Vida Nova, Reimpressão: fevereiro de 1992.

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