sexta-feira, 11 de maio de 2018

AMADURECIMENTO DO PENTECOSTALISMO


Os movimentos de avivamentos, reformas e despertamentos tendem a amadurecer com o tempo; foi assim com a Reforma e também com o Pentecostalismo.
Os ensinamentos da Primeira das Ondas [Pentecostalismo Clássico] do despertamento do Espírito Santo do século XX foram delineados oportunamente. Desenvolvimentos doutrinários foram formulados principalmente em resposta a experiências religiosas e interagindo com as narrativas do livro de Atos. A compreensão radical wesleyana da santificação como a conquista da perfeição cristã como uma etapa inicialmente caracterizou o movimento, mas foi seriamente desafiada pela visão de William Durham da obra acabada de Cristo. A teologia da subsequência, no entanto, ainda era mantida, já que a experiência difundida da glossolalia era vista como a porta de entrada necessária para a vida no Espírito (ou evidência física inicial do batismo no Espírito). Desta forma, o movimento permaneceu vulnerável a uma divisão elitista dos crentes em dois campos, um espiritualmente superior ao outro.
No entanto, o significado doutrinário positivo desta Primeira Onda [Pentecostalismo Clássico] é difícil de superestimar. Além disso, as forças de amadurecimento da inevitável autocorreção já estavam em vigor em um movimento no qual o amor a Deus e às Escrituras era primordial. O próprio Cristianismo passava por uma autocorreção, libertando-se do binarismo funcional [ênfase apenas nas pessoas do Pai e Filho] através desse despertar global [uma séria preocupação da Pessoa e Obra do Espírito Santo]. A vida completa no Espírito, completa com a gama de carismas do Novo Testamento, estava sendo abraçada novamente depois de muitos séculos de negligência [O Espírito Santo foi considerado a "Cinderela da Teologia”]. A ocorrência das curas atuais abalava as fundações das teorias protestantes conservadoras do cessacionismo, e o milagroso estava sendo reintegrado à vida cristã normal.
Em todas as tradições confessionais, um período de amadurecimento é normalmente requerido para trazer o fervor inicial e o depósito doutrinário frequentemente desequilibrado desse fervor para um alinhamento mais próximo com as Escrituras. O Pentecostalismo não foi exceção. Dado o ambiente cultural do modernismo e seu impacto devastador sobre toda a Igreja - especialmente através da eliminação da dimensão sobrenatural - não é de surpreender que o dom de línguas racional ou não-racional pudesse ser usado por Deus para refrear a arrogância do intelectualismo humano tão incrustado nas paredes do pensamento e teologia das Igrejas Tradicionais da época. Infelizmente, isso levou a que esse dom fosse elevado além da garantia bíblica. Como o movimento continuou, isso se tornaria uma questão importante, como é visto nas reflexões sobre a Segunda Onda [Renovação Carismática]. O que permanece primordial, no entanto, foi o retorno do fervor evangelístico, lutando pela santidade, a abertura a todos os dons do Espírito e a capacitação espiritual para viver a vida cristã. Este é o legado inquestionável da Primeira Onda [Pentecostalismo Clássico][1].

IVAN TEIXEIRA.


[1] LIDERLE, Henry I. Theology With Spirit: The Future of the Pentecostal & Charismatic Movements in the 21 Century, p.106-107. Public by Word & Spirit Press, Tulsa, Oklahoma, USA: 2010. (format epub).

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