Santificação
como Preocupação de Doutrina
Para os pentecostais, a santidade é o coração
da doutrina da salvação. Entende-se, que, se você é salvo deseja a
santificação. O coração da vida cristã pulsará ardentemente por santificação. Essa
santificação advém da “comunhão do Espírito Santo” sob os auspícios da
predestinação do Pai para que todos os Seus filhos e filhas se tornem
semelhantes a Jesus (Romanos 8.29). Em outras palavras, o Espírito Santo burila os
filhos e filhas de Deus até que se tornem semelhantes a Jesus. Essa semelhança com
Cristo é resultado da obra do Espírito Santo na vida de todos os que creem em
Jesus. Essa obra pode ser chamada de “o Fruto do Espírito Santo” (Gálatas 5.22). O “fruto
do Espírito” nada mais é do que o caráter de Cristo sendo formado nos filhos e
filhas de Deus. Tal formação, caráter ou semelhança com Cristo tornar-se-á uma obra
finalizada, visto que a santificação é um progresso, por ocasião da Vinda do Senhor Jesus
quando todos os filhos e filhas de Deus o verem como Ele é (1João 3.2).
Apesar de alguns postulados básicos, os
pentecostais mantêm visões diferentes sobre o lugar e o efeito da santificação
na ordem da salvação. Mais visivelmente, pentecostais estão divididos sobre a
recepção exata da santificação como uma obra da graça; aqueles que seguem a
tradição Wesleyana da Santidade falam da santificação como a experiência de uma
'segunda bênção' (subsequente à regeneração) enquanto outros seguem a visão
reformada da santificação progressiva através da vida do crente[1].
Vale
pontuar que cada alternativa se origina da experiência e práticas tradicionais,
seja em aprovação da ideia ou na rejeição da convicção do outro grupo. As
articulações doutrinais mais imediatas da santificação entre os Pentecostais Clássicos
emergiram do Movimento de Santidade do século XIX, embora as raízes do ensino
pentecostal remontem ao pietismo luterano no final do século XVI e início do
século XVII,[2]. A
controvérsia teológica do movimento é mais evidente nos debates em torno do
ensinamento de John Wesley de que a “inteira
santificação” ou “completa perfeição” é atingível na vida presente[3].
Alguns Pentecostais Clássicos abraçaram a noção de que a “inteira santificação”
pode ser recebida como uma segunda obra da graça ou uma segunda bênção após a
conversão. Para outros, essa experiência tornou-se sinônimo de justificação,
por um lado, ou batismo do Espírito, por outro. Como um postulado do evangelho pleno
ou quíntuplo (Jesus salva, santifica, cura, batiza e voltará), a santificação
permanece um momento teologicamente distinto no caminho da salvação.
Tendo esclarecido estes distintivos
históricos, pontuamos que a santificação, no desenvolvimento teológico do
pentecostalismo, é vista como uma posição (somos santos em Cristo!), um
processo (estamos sendo santificados!) e um alvo (seremos plenamente
santificados e glorificados em Cristo!). Tudo isso por meio do Espírito Santo que habita gloriosamente em todos os que estão em Cristo Jesus.
[1] Menzies, William W., ‘Non-Wesleyan Pentecostalism: A
Tradition’, AJPS 14, no.2 (2011): 187–98. Apud
VONDEY, Walfgang. Pentecostal
Theology: Living the Full Gospel, p.107. (minha tradução e paginação em
PDF).
[2] See Melvin Dieter (ed.), The 19th-Century Holiness Movement, vol. 4 of Great Holiness Classics
(Kansas City, MO: Beacon Hill, 1998). Cf. Roger E. Olson, ‘Pietism and Pentecostalism: Spiritual Cousins or Competitors?’
Pneuma 34, no. 3 (2012): 319–44.
[3] See Robert Webster, ‘The Holy Spirit and the
Miraculous: John Wesley’s Egalitarian View of the Supernatural and Its
Problems’, in The Holy Spirit and the
Christian Life: Historical, Interdisciplinary, and Renewal Perspectives,
ed. Wolfgang Vondey, CHARIS 1 (New York: Palgrave Macmillan, 2014), 143–59.
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