quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

PERSPETIVA DE LUCAS EM SEUS ESCRITOS!

A independência teológica de Lucas.
É crença geral entre os estudiosos que Paulo se tornou o principal teólogo e intérprete do Novo Testamento. Como resultado, os escritos de Lucas sobre o Espírito Santo são interpretados pela ótica de Paulo e não do próprio Lucas. Isso é o que James Barr chamou de “transferência ilegítima de identidade”.
Os estudiosos geralmente definem a característica frase de Lucas “batizado no Espírito Santo” de acordo com o significado de Paulo. Esses estudiosos da teologia paulina entendem que o “batismo no Espírito Santo” descrito por Lucas é idêntico ao “batismo em um só corpo” descrito por Paulo.
Essa metodologia interpretativa que lê Lucas como se fosse Paulo é totalmente absurda.
“Batizado no Espírito” = Lucas 3x e Paulo 1x;
“Cheio do Espírito Santo” = Lucas 11x e Paulo 1x.

Para Lucas, o Espírito Santo não se relaciona à salvação nem à santificação, como é comumente afirmado, mas exclusivamente a uma terceira dimensão do serviço de vida cristão, revestimento de poder para pregar e ser testemunha ousada do Cristo ressurreto. Paulo está proeminentemente preocupado com a incorporação em Cristo, pelo qual os crentes se tornam membros do Corpo de Cristo e um do outro (1Co 12.13).
As Escrituras nos ensinam a total compreensão das relações doutrinárias do Espírito Santo: Ele está relacionado à salvação (início da vida cristã); a santificação (crescimento da vida cristã) e ao serviço (capacitação para o trabalho missional).
A teologia de Lucas do Batismo no Espírito tem certo enfoque “carismático” e missiológico (empoderamento para o serviço bem-dotado). Lucas está preocupado com o poder para o testemunho (At 1.8)[1].
A doutrina do batismo do Espírito de Lucas é “carismática”, tendo a ver com o fortalecimento divino da igreja como uma testemunha viva, enquanto a de Paulo é primariamente soteriológica, tendo fundamentalmente a ver com estar em Cristo.
Também vale a pena destacar a diferença teológica do tratamento que Paulo e Lucas se valem, ou seja, os propósitos para os quais Lucas e Paulo empregam o tratamento do falar em línguas. O interesse de Paulo (1Co 12 e 14) está na função prática do dom na adoração pessoal e especialmente na assembleia; o interesse de Lucas é o significado teológico das línguas como evidência do batismo com o Espírito Santo, o recebimento do dom, o cumprimento da promessa do Pai e o revestimento de poder para testemunhar de Jesus Cristo (At 1.5,8,33,38; 10.46; 11.16-17; 19.6).
Paulo e Lucas não estão em desacordo, mas se completam no tratamento do mesmo dom (línguas). Cremos que ambos tinham em vista as mesmas comunidades. Lucas era companheiro e médico amado de Paulo.
Craig S. Keener faz a seguinte observação:
A ênfase de Lucas controla a maioria das diferenças teológicas [entre Paulo e Lucas]: porque as línguas funcionam como um sinal de poder para testemunhar às nações (1.8), elas são particularmente úteis para Lucas, que as enfatiza especialmente como uma atividade inaugural e em um ambiente multicultural. As Línguas faladas serve a uma função narrativa mais exaltada para Lucas, como prova simbólica do fortalecimento da igreja para proclamar Cristo através das culturas[2].

Então, deve-se notar que cada escritor bíblico teve suas intenções, propósito ou propósitos e ênfases distintas quando escreveram sobre a Pessoa e a Obra do Espírito Santo. Tais teologias não se digladiam no campo bíblico, mas se completam e se harmonizam como uma grande orquestra composta de muitos instrumentos.
Lucas, por exemplo, geralmente enfatiza a dimensão mais associada à inspiração ou poder profético (incluindo milagres e inspiração para o culto). João inclui tanto a dimensão profética (especialmente no material de Paracleto) quanto a ênfase na purificação espiritual (dominante principalmente nos capítulos anteriores ao material de Paracleto). Marcos parece destacar o Espírito muito menos no geral, mas o posicionamento de metade de suas menções ao Espírito na sua introdução indica o significado da pneumatologia para Marcos também[3].

Respeite Lucas Como Um Teólogo Legítimo E Competente!
Certamente você como eu já falamos esta frase: “Você não me entendeu!”, ou “Você distorceu o que eu disse!”, e ainda: “Esse não foi o significado que quis transmitir ao usar esta palavra ou frase!”, também: “Você tirou minha frase ou palavra do contexto de minha fala ou escrita!”. Lucas foi vítima disso, pois muitos teólogos paulino desconsideraram o contexto das palavras ou frases de Lucas e ignoraram sua perspectiva teológica, principalmente o da expressão que lhe é peculiar: “batismo com o Espírito Santo” (cf. Lc 3.16; At 1.5; 11.16).
É notório que a teologia protestante ou reformada, sob a influência de Lutero e Calvino, havia sido reduzida à teologia paulina. A riqueza desses maravilhosos insights paulinos não deve ser minimizada. No entanto, o cânon do Novo Testamento é um pouco maior que as epístolas de Paulo. Por meio de sua abordagem narrativa simples ao livro de Atos, os pentecostais puderam integrar os insights significativos de Lucas com os de Paulo, João e outros escritores inspirados do Novo Testamento. O resultado foi uma leitura mais completa e holística do Novo Testamento[4].
Essa metodologia interpretativa que lê Lucas como se fosse Paulo é totalmente absurda.
A situação complica quando você se familiariza com este material paulino e acaba ficando condicionado a esta visão que não enxerga as diferentes perspectivas teológicas de cada escritor bíblico. Posso acrescentar que ao ler certos teólogos do Novo Testamento ou comentaristas que negligencia a teologia carismática de Lucas enfatizando ou elencando apenas certos temas preferidos você acaba condicionado a este tipo de tratamento que mesmo lendo o Evangelho de Lucas ou Atos dos Apóstolos você acaba não dando importância a visão pneumatológica de Lucas. Isso é trágico, pois a teologia do Espírito Santo descrito por Lucas é grandiosa e distinta para a teologia do Novo Testamento.
Entretanto, graças a Deus que Ele tem capacitado estudiosos competentes para perceber a individualidade e perspectiva da teologia de Lucas nos seus dois preciosos livros, Lucas-Atos. Desde a compreensão de que Lucas não é simplesmente um historiador competente, mas também um teólogo competente pelo estudioso do Novo Testamento I. Howard Marshall, a teologia carismática de Lucas tem sido legitimada, por assim dizer. Ou seja, antes os estudiosos de Paulo viam as referências lucanas ao Espírito Santo pela perspectiva teológica de Paulo como que se referindo a obra do Espírito Santo na vida cristã, um batismo para incorporação do regenerado no Corpo de Cristo (cf. 1Co 12.13). Daí nós podemos ver a razão que muitos compreendem a expressão “batismo com o Espírito Santo” somente pela ótica paulina, negligenciando assim a perspectiva de Lucas de que o “batismo com o Espírito Santo” é um revestimento de poder para testemunhar ousadamente de Jesus Cristo como Salvador e Senhor exaltado. No lugar de se entender cada escritor bíblico no seu contexto, entende-o na perspectiva e contexto doutro escrito bíblico sobrepondo assim as teologias de cada um deles. É sábio entender cada escritor no seu próprio contexto entendendo suas perspectivas e significados dos termos que lhes são peculiares. Um exemplo famoso de sobreposição de teologias é o de Lutero com relação a belíssima Epístola de Tiago que ele chamou de “Epístola de palha”. Pensando que Tiago usava a expressão “justificação pelas obras” no mesmo sentido de Paulo nas Epístolas de Romanos e Gálatas, Lutero, por assim dizer, descartou Tiago E é claro que para muitos teólogos Paulo sempre terá a primazia na teologia. Isso é um grande erro!
Agora, depois do Movimento Pentecostal e etc., muitos estudiosos de Paulo transferem seu entendimento do “batismo em um só corpo”, que deve ser entendido no seu contexto de regeneração (Rm 6.3; 1Co 12.13; Gl 3.27; Ef 4.5), para a perspectiva de Lucas do “batismo com o Espírito Santo”. Isso é claramente um erro! Cada escritor bíblico deve ser entendido em suas respectivas teologias para que possamos no final, por assim dizer, ouvir essa grande orquestra, com diversos instrumentos (perspectivas teológicas), tocar harmoniosamente as grandes verdades teologais. Isso é maravilhoso, pois as teologias de cada escritor bíblico são unidas e harmonizadas no todo da revelação de Deus. Temos diversos autores humanos enfatizando aspectos importantes da verdade, mas um Único Autor Divino regendo esses grandes músicos teológicos do cânon sagrado.
Na teologia de Lucas o “batismo com o Espírito Santo” (Lc 3.16At 1.5; 11.16) é visto como o cumprimento da “promessa do Pai” (At 1.4-5; cf. Lc 24.49), “receber poder ao descer o Espírito” (At 1.8), “revestimento de poder do Alto” (Lc 24.49), “cheios/cheio do Espírito Santo” (At 2.4; 4.8,31), “derramamento do Espírito Santo” (At 2.17-18), “a promessa do Espírito Santo” (At 2.33), “o dom do Espírito Santo” (At 2.38), “a promessa para todos quantos o Senhor nosso Deus chamar” (At 2.39), “cair o Espírito Santo sobre” (At 10.44) e etc., Para Lucas o Espírito Santo age poderosamente sobre os crentes a fim de capacitá-los para pregação do Evangelho e para uma vida de poder em meio aos desafios e dificuldades atraídas pela confissão de Jesus Cristo.
Lucas usa vários termos ou expressões para descrever essa poderosa e necessária obra do Espírito Santo. Certo teólogo acertadamente comenta:
Não parece importar muito como se expressa isso. Pedro diz que o Espírito “caiu” sobre Cornélio e sobre os que estavam com ele “como também sobre nós, no princípio” (At 11.15), apesar de o mesmo verbo não ser usado em Atos 2. Sejam quais forem as palavras, a grande verdade é que Deus, em Cristo, concedeu o Espírito aos que depositam sua fé n’Ele, e essa dádiva do Espírito Santo é a capacitação necessária para o serviço cristão. Desse ponto em diante, Atos está cheio de relatos do que as pessoas fizeram quando o Espírito Santo estava agindo nelas e por meio delas[5].

Pelos relatos de Lucas entendemos que o batismo com o Espírito Santo, o derramamento do Espírito Santo, ser cheio do Espírito, não era meramente uma menção a regeneração ou batismo num só corpo, como na visão de Paulo, mas sim um revestimento de poder para testemunhar ousadamente de Jesus Cristo como Salvador e Senhor exaltado, que muitas vezes é evidenciado pelo falar em línguas (cf. At 2.4; 10.36; 19.6). Também creio que o batismo do Espírito Santo pode ser evidenciado por outros dons do Espírito Santo conforme descrito por Paulo em 1ª Coríntios 12. Ampliando mais o nosso entendimento, também creio que o batismo com o Espírito Santo pode ser evidenciado por uma ousadia incomum de pregar o evangelho como aconteceu com Pedro; esse batismo pode ser evidenciado por uma experiência sobrenatural de santificação (como descrito na tradição wesleyana) e por outras experiências oriundas do Espírito Santo. As línguas são apenas uma evidência inicial e não única do batismo com o Espírito Santo. Há muito mais neste precioso e necessário batismo!
Concordo com o grande pregador Lloyd-Jones quando escreve:
O perigo, porém, está em pensar no batismo do Espírito Santo só em termos de dons, e não em termos de algo muito mais importante, ou seja, afinal de contas, o sinal ou prova de que já recebemos ou não o Espírito consiste, seguramente, em algo que ocorre na esfera de nossa experiência espiritual. Vocês não podem ler os relatos do Novo Testamento sobre pessoas a quem o Espírito vinha, as pessoas sobre quem Ele descia, ou que O recebiam como os cristãos gálatas e todos esses outros, sem compreender que o resultado era que todo o seu espírito era inflamado totalmente. O Senhor Jesus Cristo Se lhes tornava real de uma forma que jamais haviam experimentado antes. O Senhor Jesus Cristo Se lhes manifestava espiritualmente, e o resultado era a explosão de um grande amor por Cristo, profusamente derramado em seus corações pelo Espírito Santo.

Isso também é resultado do batismo ou derramamento do Espírito Santo sobre todos aqueles que creem. Nós não podemos limitar o Espírito Santo pelo nossa teologia finita ou pela nossa experiência limitada. O Senhor Jesus Cristo disse: “O vento sopra onde quer!” (Jo 3.8). Você e eu não podemos limitar as ações do Espírito Santo! Mas, nunca devemos atribuir ao Espírito Santo certas loucuras da contemporaneidade.

Parece que Lucas sempre é rejeitado quando se requer a prioridade no entendimento pneumatológico.
Por exemplo, certo teólogo comentando sobre João 20.22, conhecido como o Pentecostes Joanino, afirma que entre os estudiosos há o problema de entendimento sobre que “relação há entre o sopro do Espírito Santo com o derramamento do Espírito Santo em Pentecostes”. Ele escreve que uma das sugestões é afirmar que “o relato de João é irreconciliável com o de Lucas, e este deve ser, portanto, considerado como uma invenção”[6]. Mesmo que particularmente creio que ambos os relatos são textos inspirados (soprados por Deus), atrevo-me a fazer a pergunta: “Por que não rejeitar o de João?”. “Por que não darmos um pouquinho de crédito a Lucas para falar sobre sua perspectiva carismática em teologia?”.  Parece que as pessoas têm medo do poder e dos carismas do Espírito Santo manifestos nas igrejas! Concordo com afirmação de Donald Guthrie: “No entanto, o relato de João não pode suplantar o derramamento histórico em Pentecostes”[7], registrado por Lucas.
Louvamos a Deus porque Ele tem levantado estudiosos capazes para descrever e argumentar proficuamente sobre a importância da identidade teológica de Lucas na pneumatologia. Nós pentecostais não rejeitamos as perspectivas pneumatológicas de João, Paulo e etc., mas entendemos a importância de se convidar Lucas para a cátedra pneumatológica das Escrituras e ouvi-lo em seus distintivos doutrinários.

IVAN TEIXEIRA




[1] MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit: A global pentecostal theology, p.18. Grand Rapids, Michigan 49530: Zondervan, 2006.
[2] KEENER, C. S. (2012–2013). Acts: An Exegetical Commentary & 2: Introduction and 1:1–14:28 (Vol. 1, p. 815–816). Grand Rapids, MI: Baker Academic.
[3] KEENER, C. S. (2010). The Spirit in the Gospels and Acts: Divine Purity and Power (p. xi). Grand Rapids, MI: Baker Academic.
[4] MENZIES, Robert P. Speaking in Tongues: Jesus and the Apostolic Church as Models for the Church Today, p.28. Cleveland, Tennessee: USA,
[5] MORRIS, Leon. Teologia do Novo Testamento, p.233. São Paulo, SP, Brasil: Edições Vida Nova, 2003.
[6] GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento, p.538. São Paulo, SP, Brasil: Cultura Cristã, 2011.
[7] GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento, p.538. São Paulo, SP, Brasil: Cultura Cristã, 2011.

RESGATANDO UMA PREGAÇÃO CAPACITADA PELO ESPÍRITO SANTO


A igreja contemporânea sofre da dor da memória que resultou em amputação e ausência pneumatológica na homilética, noutras palavras, os pregadores e as igrejas atuais esqueceram-se ou estão negligenciando na arte da pregação a capacitação do Espírito Santo. De fato, o Espírito Santo foi rebaixado ao status de enteado da Trindade, especialmente na pregação. Uma pletora de pregadores famosos se junta a um coro de acusação eclesiástica sobre a igreja por demarcar a importância da obra do Espírito Santo na vida da igreja. James Forbes em seu livro de 1989, The Holy Spirit and Preaching = O Espírito Santo e Pregação, denuncia a igreja por ser “tímida do Espírito Santo”. Stephen Olford em sua obra Spirit-Anointed Expository Preaching = Pregação Expositiva Ungida pelo Espírito diz que o pecado do Antigo Testamento foi a rejeição de Deus Pai, o pecado do Novo Testamento foi uma rejeição de Deus o Filho, e o pecado da igreja contemporânea é a rejeição de Deus o Espírito.
C.H. Dodd em seu trabalho divisório em 1936 The Apostolic Preaching and Its Development = A Pregação Apostólica e Seu Desenvolvimento lista seis elementos do kerygma, a mensagem do evangelho dos primeiros apóstolos. O quinto elemento é metanoia – O arrependimento acompanhado pelo Espírito Santo, como evidenciado em Atos 2:38: “Arrependam-se e sejam batizados, cada um de vocês, em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos seus pecados. E você receberá o dom do Espírito Santo.”. O profeta eclesiástico A. W. Tozer supôs que se Deus decidisse tirar o Espírito Santo da igreja, a igreja depois de vinte e cinco anos ainda estaria fazendo a mesma coisa e nem mesmo notaria a diferença!
O pastor Greg Heisler em seu livro Spirit-Led Preaching: The Holy Spirit’s Role in Sermon Preparation and Delivery  = Pregação Conduzida pelo Espírito: O Papel do Espírito Santo na Preparação e Entrega do Sermão observou precisamente que “Mesmo Jesus, que tinha o Espírito Santo sem medida e é a face humana de Deus – Deus com pele, representando Deus sem pele – que enviaria o Espírito Santo para ser Deus em nossa pele, disse em seu sermão inaugural em Nazaré: Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres” (Lucas 4:18). Se Jesus, o Filho de Deus, o infinito, o remetente do Espírito Santo para a igreja no dia de Pentecostes, declarou que o Espírito do Senhor estava sobre Ele para pregar, podemos nós pregadores, que são frágeis, fracos e embarcações finitas, se contentar com qualquer coisa menos? Ver a obra de Deus demonstrada em nossa pregação exige o poder interior do Espírito Santo”.
Uma pregação capacitada, ungida e empoderada pelo Espírito Santo não deve fica nas cátedras de nossos seminários, mas descer para os púlpitos para que os bancos possam ser alcançados. Esclarecendo ponto: a pregação capacitada pelo Espírito Santo não deve ser apenas uma matéria de nossas escolas teológicas, ela precisa estar presente na vida dos pastores e pregadores que assumem o púlpito de nossas igrejas para que o povo de Deus seja impactado com essa pregação empoderada pelo Espírito Santo.
O Dr. Heisler nos lembra que a pregação tem uma dupla responsabilidade: “é a mão do pregador humano e a Mão de Deus através do Espírito Santo que torna a pregação efetiva”. Isso reverbera a alegação de Agostinho de que “devemos trabalhar como se tudo dependesse de nós e orar como se tudo dependesse de Deus”. A pregação não deve ser um mero evento planejado e calculado realizado através da mera preparação humana, mas um acontecimento inexplicável e sobrenatural executado pelo poder do Espírito Santo através da ação humana do pregador.
O pregador pentecostal entende a definição famosa de Philips Brooks: “Pregar é trazer a verdade através da personalidade” (Lectures on Preaching = Palestras sobre Pregação). Porém, nós pentecostal ampliamos a ideia e dizemos: “a pregação é a verdade de Deus mediada e derramada através da personalidade do pregador pelo poder do Espírito Santo”. John A. Broadus escreveu: “Depois de toda a nossa preparação, geral e especial para a realização do culto público e para a pregação, nossa dependência para o sucesso real está no Espírito de Deus” (A Treatise on the Preparation and Delivery of Sermons = Um Tratado Sobre a Pregação e Entrega de Sermões).
Pregadores, nós precisamos ser cristãos cheios do Espírito Santo antes de sermos pregadores capacitados pelo Espírito.

IVAN TEIXEIRA.

DUAS SENSAÇÕES QUE ME SOLAPAM!


Há duas sensações que sempre me acompanham, um desejo insaciável por maior frutificação na vida e no ministério cristão e, ao mesmo tempo, o reconhecimento da minha total incapacidade e insuficiência para realizar meu desejo insaciável por maior frutificação ministerial.
A sensação de incapacidade aumenta quanto mais conheço a Bíblia e o meu próprio coração. Lendo as Escrituras percebo que aqueles homens que foram chamados por Jesus e andaram com Ele, sendo instruídos e orientados pessoalmente por Ele, durante quase três anos e meio ou mais, ainda tinham a necessidade de serem capacitados pelo Espírito Santo para realizarem a obra que Jesus os designara (cf. Lc 24.49; At 1.4-5,8). Quanto mais eu que não tive tal Mestre terrestre – o Deus-Homem! Isso me assombra! Outrossim, temo, quando vejo que as palavras de Jeremias são verdades pungentes, existenciais e gritantes a respeito do meu coração: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; que o conhecerá?” (17.9). Meu Deus, não apenas engano, mas perverso! Claro que nem mesmo eu conheço profundamente o meu próprio coração, mas, sei, que o Senhor o conhece e o esquadrinha (v.10). E isso me atemoriza mais e mais! Uno-me ao apóstolo Paulo que gritou: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.25). Sim, deste lado de cá da eternidade, mesmo com minha alma redimida, ainda levo na caminhada a carga “do corpo desta morte”! Por isso gemo ansiosamente pela “redenção do meu corpo” (Rm 8.23) quando meu Senhor vier!
O ministério pastoral é extremamente eficaz em tornar um homem mais consciente de suas múltiplas inadequações.
No entanto, creio nas palavras de Paulo: “Não que sejamos capazes, por nós mesmos, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa CAPACIDADE vem de Deus” (2Co 3.5). Continuo confiante: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu” (2Co 5.1-2), onde Cristo será tudo em todos para a glória de Deus Pai sob os auspícios da graça e unção do Espírito Santo!

Ivan Teixeira
Minister Verbi Divini

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

DOIS TIPO DE PREGADORES!


PREGADOR “PLACA DE SINALIZAÇÃO” E PREGADOR “GUIA DE MUSEU”

Vou usar estas analogias para compor certas verdades sobre dois tipos de pregadores. Aqui, vemos o pregador “placa de sinalização”. Esses tais como as placas estão cheios de informações, e até informações precisas, claras e bastante interessantes, no entanto sem vida, sem graça e etc. Assim, pode-se detectar muitos pregadores hoje, ortodoxos, mas sem ânimo, sem vida, sem entusiasmo, sem graça, sem unção, sem aquele poder da demonstração do Espírito. Como as placas eles exibem as verdades, porém as verdades não banhadas pelo óleo do Espírito Santo. Dedicam-se ao estudo, mas não buscam a vitalidade que só o Espirito Santo pode dá. Arrisco-me a dizer que a Bíblia só é suficiente se tiver banhada pelo óleo do Espírito Santo. Caso contrário, teremos apenas somente placas de sinalizações. É claro, que tais placas têm suas utilidades, mas, por favor, entenda meu ponto da analogia. Todos sabem que não devemos levar a analogia ao extremo.
Por outro, lado vejo aqueles pregadores “guia de museu” ou “guia turísticos”. Esse têm conhecimento, sabem sinalizar bem e falam com propriedade e acima de tudo eles dão vida, por assim dizer, às peças do museu ou àqueles pontos turísticos (claro que há certos guias desarticulados, imprecisos e sem graça nenhuma). O guia é mais importante ainda quando as pessoas não tem muitas informações sobre os locais ou os objetos. Falo isso por experiência própria. Certa ocasião estive na Wesley House (Casa de Wesley) em Londres, Inglaterra, e tive o privilégio de ser conduzido pela casa deste grande pregador por um senhor, diácono da igreja que ficava ao lado, e confesso que ele deu vida ao ambiente. Ele falou detalhes sobre a biblioteca de Wesley e outras coisas. Mas o que me chamou a atenção foi seu quarto de oração, o guia nos falou certas coisas que deu vida aquele ambiente. E, confesso, naquele momento fui transportado para aquela época memorável e senti algo extraordinário. Olhei para os pastores que estavam comigo e eles também estavam como que tomados por algo sobrenatural. Deixamos o guia prosseguir e ficamos mais um pouco no quarto de oração e nos ajoelhamos com lágrimas nos olhos e uma poderosa presença de Deus se manifestou que todos nós, sem falar uma palavra um ao outro, começamos a chorar e a orar profusamente. Que experiência gloriosa! Você notou o que quero dizer quando falo de um pregador ser um “guia de museu ou guia turístico”? Os guias dão vida! Principalmente aqueles que falam com emoção. Eles fazem você ser transportado para aquela história. Foi isso que aquele bendito diácono da igreja de John Wesley fez. Ele era instruído, ele nos informou, mas também nos impactou dando vida aquele “velho” quarto de oração. É isso que precisamos hoje, pregadores que dão vida ao texto e não nos transmita meras informações. Essa vida só é possível quando o pregador é cheio do Espírito Santo, quando eles são banhados com o óleo do Espírito, quando eles se dedicam a buscar o orvalho do céu sobre os seus sermões. Nós já sabemos que sermões mortos matam. Sermão sem fogo é gélido. Sermão sem vida só mantém sua forma e estrutura. Nós precisamos de pregadores que como os guia levem as pessoas a entender, mas também a sentir as verdades do evangelho.
Um pregador eficaz fará isso por seus ouvintes!
Há muitos pregadores que não se envolver com a mensagem que pregam. Parecem mais placas de sinalizações. Eles têm as informações, mas sem vida, sem lágrimas, sem emoção. São até bem “bonitinhos”, polidos, mas não tem vida. Mantêm suas formas, posições e estruturas, mas não têm vida.
Mas o pregador “guia de museu”, gesticula, aponta, fala baixo e alto, às vezes chora, se emociona, curva a cabeça em reverência ao que está falando, dá aquela pausa, pois sente a grandeza da mensagem que transmite. Ele dá vida, pois a mesma flui por ele sob os auspício da unção do Espírito Santo.
O pregador deve realizar o ministério com algum nível de entusiasmo. Gerald Kennedy, um popular líder metodista da última geração, escreveu sobre um bispo que visitou a igreja de um de seus jovens pastores e o ouviu falar. Depois, sentaram-se juntos no escritório do pastor. "Vou deixar você descansar", disse o bispo. "Você deve estar cansado depois de pregar."
“Não”, respondeu o pastor, “nunca me canso quando prego”.
O bispo respondeu: “Filho, quando um homem prega, alguém se cansa.”.
O cansaço depois de uma mensagem não garante que a pregação tenha sido eficaz, mas se o pregador envolver força emocional no “parto”, ele provavelmente se sentirá emocionalmente esgotado quando terminar.

Que Deus nos ajude neste preciosa tarefa ministerial a sentir as “dores de parto” da intercessão em prol da graça e unção do Espírito Santo!

IVAN TEIXEIRA.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

PREGAÇÃO E PREGADOR PENTECOSTAL


CONSTRUINDO UMA TEOLOGIA DE PREGAÇÃO PENTECOSTAL

Nota-se que no grande avivamento e derramamento do Espírito Santo no início do século XX, a pregação desempenhou um papel crucial no Movimento Pentecostal e continua a ser um componente vital da experiência pentecostal.
Na tradição pentecostal os pregadores serviram como intérpretes autoritativos das Escrituras e formuladores de uma teologia mais simples para um pouco quase ignorante.
Na língua portuguesa desconheço uma obra que trate exclusivamente sobre a pregação pentecostal. Atualmente estou envolvido na produção de uma obra simples e objetiva sobre a temática Pregação e Pregadores Pentecostais, querendo Deus lançarei nos próximos dias.

Estudiosos pentecostais tem observado que há uma necessidade de recursos pentecostais na pregação. Entende-se que a falta de tratamento acadêmico da pregação pentecostal se deve a inúmeras razões, porém pode-se pontuar três, na quarta faço uma análise do cenário atual:
PRIMEIRO LUGAR, a pobreza de exegese, teologia falida e excessos emocionais entre pregadores pentecostais abriram as portas para as críticas e obscurecerem os elementos benéficos e poderosos de uma abordagem pentecostal.
Os pregadores e a pregação pentecostal na história do movimento é de grande riqueza para nós. Precisamos resgatar os elementos benéficos e poderosos da pregação pentecostal, visto que Deus usou a pregação pentecostal poderosamente no século XX.

Em SEGUNDO LUGAR, entende que uma boa parte dos eruditos pentecostais recebem estudos de graduação e pós-graduação em escolas não-pentecostais e até mesmo em escolas anti-pentecostais.
Isso sem falar daqueles que um dia eram pentecostais e deixaram de ser se tornando críticos cegos do Movimento. Muitos deles tiveram experiências ruins em suas origens eclesiásticas e ministeriais e agora culpam cegamente todo o movimento. Para muitos a palavra “pentecostal” é coisa dos demônios, é um movimento herege e coisa do capeta!

Em TERCEIRO LUGAR, a erudição pentecostal ainda está em seus estágios iniciais de desenvolvimento; e, até esse ponto, os estudiosos se concentraram principalmente em preocupações teológicas fundamentais, em vez de em práticas de espiritualidade e adoração. Nós simplesmente não tivemos estudiosos suficientes com tempo suficiente para se engajar construtivamente e profundamente com toda doutrina e prática pentecostal.
Meu engajamento em produzir uma obra na temática não se encaminha para o campo da erudição, mas apenas no campo da práxis pastoral. É um pastor pentecostal numa pregação pentecostal exortando e norteando outros pastores e pregadores pentecostais!

Em QUARTO LUGAR, eu tenho visto desde cedo uma negligência e até uma preguiça por parte de meus colegas pregadores pentecostais para estudar mais e mais o conceito da pregação e, principalmente da pregação pentecostal – se é que um dia eles ouviram isso! Se eu perguntasse para muitos pares ministeriais o que define e caracteriza um pregador e uma pregação pentecostal talvez muitos deles falariam de seus estilos, pulos, sapateios e de sua forma de entrega de sermões e não da natureza e propósito da pregação pentecostal.
A riqueza da tradição da pregação pentecostal atesta a amplitude do chamado de Deus e a diversidade das dádivas de Deus; consequentemente, colocar restrições demais em estilos e modelos determinados pelo contexto equivaleria a extinguir o Espírito Santo. Desacordos sobre o que constitui uma boa pregação podem ser devidos a diferentes fundamentos teológicos, mas às vezes os conflitos surgem de perspectivas míopes e sem imaginação sobre a pregação. Uma abordagem holística (mais ampla) para a pregação é necessária que examina a pregação pentecostal a partir de uma variedade de pontos de vista, contextos e disciplinas acadêmicas. Devemos permitir uma ampla diversidade de estilos de pregação, e devemos resistir à tentação de defender a superioridade de nosso próprio estilo e método preferidos. Não apenas devemos reconhecer a diversidade dos estilos de pregações pentecostais, mas devemos celebrá-la.

Eu conheço muitos pastores e pregadores pentecostais que são em suas exposições superficiais, trôpegos, desinteressados, sem clareza, perdidos em suas falas, andarilhos em seus pensamentos, sem fundamentação teológica nas pregações, populistas, palhaços, inventores de proposições, embebidos por chavões e etc., (a lista seria grande!)
Nossos pregadores pentecostais são rasos, superficiais e até mesmo artificiais, e alguns, digo com tristeza são palradores frívolos. Muitos pastores e pregadores pentecostais já aderiram a teologia da prosperidade, ao pragmatismo, as metodologias das campanhas mirabolantes, à psicologização da fé, a uma cosmovisão reducionista e inclusivista do Cristianismo para se tornarem mais palatáveis; outros já estão enamorados da teologia coaching e outros já se perderam nos próprios gritos. E como pregador e pastor pentecostal eu tenho lamentado isso, pois vejo pastores e pregadores que têm um tempo livre que deveria ser dedicado a oração e ao ministério da Palavra, estudando, articulando e crescendo no conhecimento, mas não fazem isso por pura preguiça, negligência e até por conveniência. Tais deveriam descer do púlpito e voltar para o seminários e aprender mais e mais. Ou então, já que não podem retoma o seminário, lerem livros e estudarem como autodidatas (Spurgeon foi autodidata!)
Minha pequena contribuição visa alertar e instruir estes nobre companheiros. Creio que Deus me dará forças e clareza de entendimento para ser o mais simples, sem ser simplista, para ajudar e nortear meus pares ministeriais.

O campo do Pentecostalismo é amplo, e nós precisamos a cada dia meditar, orar, estudar e expor seus elementos. Em sua teologia, espiritualidade e práticas, a tradição pentecostal compartilha muito com o Cristianismo Histórico, e nós não podemos descartar os distintivos que antecederam o Movimento Pentecostal (o que chamo de teologia de viseira!), todavia nós devemos postular as riquezas que o Pentecostalismo trouxe para o Cristianismo Histórico. Hoje o Pentecostalismo é uma das grandes forças ou vertentes do Cristianismo e suas ênfases e distintivos são de grande valia para a Cristandade. E, particularmente creio, que a herança dos pregadores e da pregação pentecostal na História do Movimento precisa ser articulada, enriquecida e esclarecida mais e mais. Eu estou envolvido nisso como pregador pentecostal e, creio que Deus Espírito Santo nos iluminará no processo para ajudar, auxiliar, exortar e nortear nossos irmãos pentecostais no caminho de uma teologia pentecostal da pregação. Querendo Deus, em breve, lançaremos uma contribuição nesta área visando orientar os pregadores pentecostais iniciantes e também aqueles que como eu labutam alguns anos nesta ditosa área.

IVAN TEIXEIRA.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

OS DONS REVELACIONAIS CESSARAM?


OS DONS REVELACIONAIS CESSARAM?
Uma refutação simples a tal ideia!

Dizer que os dons conhecidos como revelacionais ou de elocução serviram apenas para formação do cânon, ou seja, da Bíblia, é simplesmente desconhecer a natureza e o propósito de tais dons. Quando lemos a Bíblia não encontramos uma única referência de que os dons de profecia, Palavra da Ciência, O Discernimento de espíritos, Palavra da Sabedoria, Línguas e interpretação de línguas foram dados com o objetivo de construção das Escrituras Sagradas. Muito menos vemos que tais dons foram dados unicamente para os apóstolos e profetas que foram, por assim dizer, responsáveis pelo fundamento ou doutrinas da igreja (cf. Ef 2.20). As abundantes referências são que tais dons foram dados para a igreja objetivando edificação e até a evangelização. A manifestação do Espírito Santo distribuindo estes dons na Igreja em Corinto para os irmãos coloca por terra a ideia de que tais dons foram dados com objetivos canônicos ou que tiveram unicamente essa natureza. O ponto é que não somente os apóstolos e líderes receberam tais dons, mas todos aqueles irmãos e irmãs que o Espírito Santo quis manifestar e dá tais dons.
Quando analisamos, por exemplo, o dom de profecia que alguns querem identificar exclusivamente como pregação expositiva (não que eu negue que a pregação tenha caráter proféteico), notamos que tinha como propósito a “edificação, exortação e consolação” (1Co 14.3) da igreja.
Ainda postulamos que a profecia fala aos homens, e as línguas fala unicamente a Deus (vv.2-3). Coloco isso aqui por que tem alguns que não aceitam que as línguas sejam uma linguagem que somente Deus entende e que difere de idiomas humanos (no entanto, não descarto que Deus também posso dá-las como vemos em Atos 2). Essa noção é totalmente incorreta, pois Paulo diz: “o que fala em línguas fala somente a Deus” (v.2) e “o que profetiza fala aos homens” (v.3). Claramente subentende-se que línguas não são meros idiomas falado noutros lugares e desconhecidos ou não aprendido pela pessoa que fala (pessoa que recebeu o dom do Espírito), pois, repito, somente Deus entende. Se as línguas fossem meros idiomas humanos Paulo não teria dito que somente Deus entende, mas teria dito que tal línguas pode ser entendida por outras pessoas de outros lugares. Todavia, o remate de Paulo foi “Porque o que fala em línguas desconhecida não fala aos homens (de qualquer idioma), mas senão a Deus; porque ninguém (qualquer outra pessoa que não receba a interpretação pelo Dom de Interpretação também dado pelo Espírito Santo) o entende, e em espírito fala mistérios (e não outro idiomas!) (v.2). Outro detalhe, é que línguas desconhecidas é produzida no espírito de quem fala e não na mente como algo que poderia ser aprendido caso fosse estudado. Veja que no contexto de 1ª Coríntios 14 Paulo distingue claramente a mente/entendimento do espírito da pessoa que recebe o dom seja de profecia ou de línguas (cf. v.14-15). Outro detalhe ainda, Paulo não diz para a pessoa que fala em línguas procurar saber qual idioma está falando e depois estuda-lo para compreender, mas claramente ele diz: “Por isso, o que fala em língua desconhecida, ORE PARA QUE POSSA INTERPRETAR” (v.13). Paulo não diz “estude o idioma”, mas diz: “ore para que possa interpretar”. Cai por terra a noção de línguas estranhas como mero idioma!

Ainda queremos pontuar que em nenhum lugar se diz que dons revelacionais foram dados somente aos apóstolos responsáveis pela formação do conjunto de crenças e doutrinas para a igreja. Lemos em 1ª Coríntios 12.7: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil”; “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”. Não há menção de que tais dons foram dados unicamente aos apóstolos. Mas claramente tais dons foram dados para os crentes que o Espírito Santo quis dá, objetivando a edificação, consolação e exortação dos salvos. Caso, fosse somente para os apóstolos nós deveríamos aceitar o pensando de que Paulo estivesse corrigindo certos apóstolos pelo mau uso dos dons. Isso é claramente insustentável. Por isso, advogamos que tais dons não cessaram com a morte dos apóstolos, mas que são dádivas de Deus Espírito Santo para Sua igreja em toda a dispensação até a vinda do Senhor Jesus Cristo. Paulo disse: “De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.9).

Aqueles que dizem que o dom de profecia significa o dom de exposição bíblica não observam a distinção paulina. Paulo escreveu: “E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveita, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?” (1Co 14,6). Claramente Paulo distingue a profecia da doutrina. E, não tenho dúvidas, de que a doutrina é feita por meio da pregação. Dizer que a profecia é meramente pregação expositiva é forçar o texto bíblico para dizer o que certo sistema quer dizer (neste caso, cessacionismo) e não o que os escritores entendiam pelo termo.

Ampliando a ideia: Para Paulo, como salientamos acima, as línguas não eram meros idiomas dados pelo Espírito às pessoas que não os havia aprendido, mas uma linguagem misteriosa que só Deus entende e que edifica unicamente a pessoa que fala com Deus em oração, caso não haja interprete, ou o dom de interpretação para edificar a igreja (1Co 14.2,4ª). Dizer que as “línguas” são meros idiomas não faz sentido à luz da linguagem de Paulo quando diz: “E eu quero que todos vós faleis em línguas, [...]” (1Co 14.5) e “[...], e não proibais falar línguas” (v.40). Por que Paulo incentivaria falar em línguas como idiomas numa igreja que todos falavam o mesmo idioma? É como se Paulo dissesse a uma igreja de brasileiros: “Eu quero que todos vocês falem noutras línguas (inglês, francês, alemão ou qualquer um dos milhares de dialetos) para que vocês falem com Deus (v.2), edifique-se a si mesmos (v.4), orem bem (v.14), e dou graças bem (v.16,17).
O que Paulo corrige é o usar o dom de línguas em culto público de forma exacerbada ou desordenadamente ao ponto dos visitantes incrédulos não compreenderem nada do que se fala. Já imaginou eu pegar o microfone num oportunidade para pregar e só falar em línguas estranhas? Como disse Paulo, os incrédulos dirão: “estais loucos” (v.23)! Mas, se eu for usado na profecia, na Palavra da Ciência, na Palavra da Sabedoria, na doutrina ou na revelação, e ainda com o Dom de Interpretação quando alguém estiver falando em línguas Paulo diz que “os segredos do seu coração [do incrédulos] ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós” (1Co 14.25). Não é ordeiro e sábio fazer um culto com todo mundo só falando em línguas estranhas. As pessoas que falam podem até serem edificadas, mas outros irmãos e os descrentes vão ficar boiando, por assim dizer. Então, como devemos configurar nossas reuniões congregacionais? Paulo nos orienta: “[...] Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. [...] Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. [...] Portanto, irmãos, procurai com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (vv.26, 33, 39-40).

Portanto, dizer que tais dons, especialmente profecia e línguas, foram reservados apenas aos apóstolos ou somente para a igreja nos primeiros dias é ir contra as Escrituras e contra o desejo, instrução e oração de Paulo de que todos falemos em línguas estranhas e a interpretemos para sermos edificados em nossas orações privadas com Deus.

Ainda podemos pontuar, contra aqueles que dizem que se tivermos profecia hoje teremos que acrescentar palavras à Bíblia, que nem todas as palavras das profecias proferidas pelos cristãos do Novo Testamento foram registradas ou tem caráter canônico. Esse é outro erro do campo cessacionista. Por exemplo, a Bíblia fala de um profeta por nome Ágabo que falou certas profecias aos quais Lucas registrou no livro de Atos. Todavia, claramente ele falou outras profecias que não estão registradas. E o que dizer dos profetas da igreja de Antioquia em Atos 13? Será que eles também não profetizavam assim como os doutore ensinavam? E ainda, Lucas fala das filhas de Felipe o evangelistas que profetizaram (At 21.9). Se as profecias tivessem única e exclusivamente caráter canônico então onde estão as palavras destas jovens que não foram colocadas na Bíblia? E ainda, Paulo fala sobre algumas mulheres em Corinto que profetizavam (1Co 11.5). Onde estão as profecias delas para colocarmos no Cânon Sagrado? Estes exemplos destroem o argumento de que profecia tem caráter canônico e que se alguém profetizar hoje vai equiparar-se as Escrituras.
Eu, particularmente, prefiro um milhão de vezes ficar com o que as Escrituras dizem do que com aquilo que certo sistemazinho postula. Deixemos pois essa “teologia de viseira” e abracemos uma “teologia de lente”.
Eu poderia também elencar várias profecias de homens e mulheres de Deus na História que se cumpriram, como também falar de profecias que a mim me foram entregues e que Deus cumpriu, outras estão cumprindo e ainda outras, eu creio, se cumprirão para a glória de Deus. E nenhumas delas foram contra as Escrituras, pelo contrário permaneceram em sua natureza e propósito de consolar, exortar e edificar.

IVAN TEIXEIRA.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

TEOLOGIA DE VISEIRA e TEOLOGIA DE LENTE


Viseira Teológica e Lente Teológica

Anteriormente critiquei, e sempre venho fazendo, os teólogos de viseiras, definindo-os como aqueles que se enclausuram num sistema de uma das heranças do Cristianismo Histórico não permitindo que outros abracem certos postulados de outras tradições pelo simples motivo de ser um distintivo particular desta tradição. Assim, se fecham num único sistema do fazer teológico negligenciando outros labores e distintivos igualmente válidos de outras tradições. Em vez de se enriquecer com os distintivos de cada herança, numa teologia holística (claro não abraçando pontos contraditórios, e.g., UNICISTA E TRINITÁRIOS), se limitam no aspecto de sua viseira teológica.

Acredito que todos sabem o que é uma viseira e para o que serve. Como nordestino não uso a expressão “viseira” como “parte anterior do elmo, que desce sobre o rosto, para resguardá-lo”, mas, sim, como aquela pecinha posta pelos homens nos animais para que eles enxerguem apenas numa única direção. Essa viseira impede que animais como burros e cavalos se assustem com acontecimentos horizontais e não enxerguem, numa pequena virada do pescoço, a retaguarda, fazendo-o olhar apenas para a frente sob os auspícios do seu guia.

Existe uma frase de Charles Canela que diz:
A viseira do burro é uma indumentária imposta pelo homem, fazendo o pobre quadrúpede enxergar só o que tem na sua frente. O homem só não usa a indumentária, mas não enxerga as oportunidades maravilhosas que está do lado.

Em outras palavras, ele tem uma viseira “invisível”, por assim dizer. Muitos homens e mulheres não têm uma viseira (pra usar uma palavra melhor, caso alguém se ofenda visto que têm alguns dondoquinhos, uma “indumentária”) literal imposta sobre eles, mas possuem uma indumentária invisível que os impedem de ver os maravilhosos construtos teológicos de outras tradições do Cristianismo.

Posso aproveitar ainda essa frase de Canela e aplicá-la ao campo teológico, afirmando que os teólogos de viseira são aqueles que certos teólogos ou tradição “impôs” (ou eles mesmos impuseram) a “viseira” (uma bela indumentária), fazendo-os “enxergar só o que tem na sua frente”, fazendo o povo ler apenas suas credenciais credais e denominacionais. Notem que o “enxergar só o que tem na sua frente” é o resultado da direção dada pelo guia-teológico ou mesmo pelo credo denominacional ou ainda pela herança de crenças recebidas consciente ou inconscientemente. Caso, a pessoa queira olhar o horizonte da construção teológica de outras heranças da direita ou da esquerda (aqui sem conotações políticas ou religiosas), bem como o da sua retaguarda o “cabresto” do sistema teológico imposto ou abraçado não o permite. Sempre estará, consciente ou inconscientemente, a guiá-la dentro de sua tradição a ponto de descartar o diálogo e o aprendizado com outras tradições, também, ricas em seu construto teológico.

A teologia de viseira em suas caminhadas e falas teológicas não enxergam o panorama geral. Assim foi quando a Reforma surgiu, muitos com sua viseira teológica não a enxergavam e a descartavam veementemente por não pertencer ao campo limitado imposto pela sua viseira tradicionalista (no caso Católica); assim foi com os Grandes Despertamentos, com o Movimento Holiness e, por último, assim também foi com o Movimento Pentecostal. Quantos na época não taxaram o Movimento Pentecostal e seus distintivos de fé, por exemplo, o “batismo com o Espírito Santo”, como heresia ou como ensino contrário aos postulados de sua pneumatologia com ênfase paulinista? Outros chegaram a falar que as pessoas que falavam em línguas estavam sob influência de demônios com distúrbios psíquicos e etc., visto que não conseguiam ver o Mover do Espírito Santo nos primórdios do Movimento haja vista que não pertenciam ao campo limitado de suas viseiras teológicas. Isso sim é teologia de viseira, não conseguem enxergar além do limitado campo de suas construções teológicas! Visto que, no lugar de estudarem as Escrituras e reverem suas pneumatologias históricas à luz do Movimento Pentecostal (para resgatar, reformular e até mesmo ampliar certos distintivos da pneumatologia) e das Escrituras, preferiram continuar com suas viseiras e descartar qualquer coisa que não estivesse na dianteira da visão permitida por suas viseiras.
A teologia de viseira não consegue enxergar os horizontes de outras tradições teológicas. Ela não consegue olhar para seus irmãos que estão ao lado!
A teologia de viseira limita-se a uma visão dianteira do construto teológico. Ela é limitada pelo seu tradicionalismo e o sistemazinho já formulado pelos seus grandes heróis da fé.
A teologia de viseira ignora ou negligencia que existem outras paisagens teológicas que não seja a que ele enxerga ou quer enxergar. Um exemplo disso, são certos reformados calvinistas ensinarem ou deixarem implícito nos seus ensinos que somente eles são os verdadeiros ou únicos herdeiros da Reforma Protestante como se a mesma não tivesse produzido outras alas do construto teológico.
O teólogo de viseira sempre enxergará as Escrituras à luz de seu sistema que sua viseira denominacional ou credal permite enxergar. Todos sabem deste perigo ao estudar a teologia sistemática. Já temos o nosso sistema denominacional e só lemos as Escrituras para procurar textos-provas para apoiar nossas credenciais denominacionais. Creio numa teologia mais dinâmica, revitalizante e não estatizada, engessada ou mesmo paralisada nos construtos do passado. As Escrituras são dinâmicas sob a iluminação do Espírito Santo!

Veja que o próprio Jesus condenou, corrigiu, reajustou ou ampliou certos postulados doutrinários construídos pelos intérpretes judeus das Escrituras do Antigo Testamento – eles eram teólogos de viseira! Creio, que um grande exemplo de teologia de viseira sendo arrancada encontra-se no Ensino do Monte do Senhor Jesus (Mt 5 a 7). Jesus dizia noutras palavras: “Vocês enxergam assim, EU, porém vos digo que se deve ver assim!” ou “Vocês só estão enxergado isso, mas Eu vos digo olhem este horizonte!”. Os interpretes judeus eram mestres em colocar viseiras nas pessoas e proteger suas heranças interpretativas ao ponto de excluírem as demais pessoas. Lembre-se das escolas de interpretação sobre o divórcio, Shamai e Hillel. O nosso Senhor não se permitiu usar nenhuma das viseiras interpretativas destes intérpretes, pelo contrário, convocou a todos para ampliar, reajustar, corrigir suas lentes (aqui entra uma teologia mais dinâmica – teologia de lente) à luz da Palavra de Deus na Criação e no entendimento correto contextual no caso de Moisés! Isso sim é um chamado à teologia de lente! Eu poderia dá outros exemplos. Jesus disse para os escribas/saduceus de Sua época, sobre a questão da ressurreição, que “errais não conhecendo as Escrituras e nem o Poder de Deus” (Mt 22.29). Pergunto: “Será que eles, especialistas na Lei, não conheciam as Escrituras e o poder de Deus quando Ele abriu o mar vermelho? Sem dúvidas, porém desconheciam no sentido de tê-las limitados no seu construto interpretativo e teológico (teologia de viseira!). Suas viseiras interpretativas os impediam de ver o horizonte das Escrituras e, principalmente do Poder de Deus e também o horizonte da grande verdade de que Ele é o Deus dos vivos e não dos mortos (Mt 22.32). Esses intérpretes levantaram um postulado interpretativo desnecessário e ao mesmo tempo ignoraram ou não enxergaram, por causa da viseira, outras verdades doutrinárias. Mas Jesus os fez enxergar! Semelhantemente, entendo, que nós não podemos permitir que certas viseiras teológicas nos impeçam de reajustar, ampliar, corrigir, esclarecer e etc., nossas heranças teológicas. Afinal, todos somos limitados e devemos aprender uns com os outros: Pedro aprendeu com Paulo; Calvino e Lutero com Agostinho; George Whitefield com John Wesley e este com aquele e assim por diante.

O Que Entendo Como Uma Teologia De Lente.
A teologia de lente ou uma lente teológica é peculiar a todos que falam de Deus e querem entendê-lo em Sua revelação e relacionamento com a criação, pois todos que falam de Deus e assuntos (criação, pecado, salvação e etc.,) a Ele relacionados são teólogos. A questão não é se somos ou não teólogos, a questão é se somos bons ou maus teólogos, ou, usando minha analogia, se somos teólogos de viseira ou teólogos de lentes. Vale pontuar que dentro da minha analogia podem ter bons teólogos de viseira, mas continuam sendo teólogos que só enxergam suas próprias construções e herança teológica, negligenciando, ignorando ou até repudiando outras heranças do labor teológico.

Diferente da teologia de viseira que normalmente vai às Escrituras em busca de textos-provas para apoiar seu sistema, o teólogo de lente traz sua herança teológica e outras para as Escrituras a fim de postular uma teologia mais bíblica e coerente com os dados da revelação tanto quanto for preciso. A teologia de lente não foca apenas nas construções à sua frente, mas enfoca uma visão panorâmica do cenário histórico bíblico-teológico.

Teologia De Lente ou Lente Teológica
Todo estudioso sabe que não somos neutros em nosso labor teológico. Não somos uma folha em branco no construto da teologia que cremos, abraçamos e pregamos. Todos nós temos os nossos pressupostos doutrinários. Para usar minha analogia, todos nós temos nossas lentes teológicas. Mas, diferente de nos tornar um teólogo de viseira, nós podemos mudar as lentes, ampliá-las, melhorá-las, ajustá-las, corrigi-las e etc., Quem usa óculos, sabe como eu que periodicamente precisa fazer ajustes nas lentes. Assim é um teólogo de lente ou uma lente teológica. Ele, no construto e amadurecimento do seu entendimento das doutrinas, continua ajustando, melhorando e até mudando caso seja necessário as lentes de seu labor teológico. O teólogo de lente tem uma vantagem enorme sobre o teólogo de viseira. Este, até percebe ou ouve certos movimentos horizontais, mas, por causa da viseira, não consegue enxergá-los. Já o teólogo de lente ou uma lente teológica, quando percebe alguma coisa a mais ou a menos no seu campo de visão ele procura corrigir, ajustar e até ampliar suas lentes para que possa melhor enxergar e assim melhorar sua caminhada.
Ainda podemos dizer que o teólogo de lente tem a vantagem de que sempre deseja enxergar melhor tanto quanto for possível. Por isso, ele até pode mudar de lentes, mas normalmente suas lentes são ajustadas e aperfeiçoadas. Já o teólogo de viseira a única coisa que ele muda é a cor da viseira ou troca sua viseira por outra viseira continuando focando no seu limitado sistema à frente!
Que Deus nos ajude a sermos teólogos de lentes, pois ao lermos, estudarmos e apreciarmos a contribuição e o labor teológico de outras tradições, seja agostiniana, tomista, reformada arminiana, reformada luterana, reformada calvinista, Wesleyana, dispensacionalista ou pentecostal e etc., possamos sempre ajustar, aperfeiçoar e ampliar nossas lentes teológicas, visto que o labor teológico sempre será um perpétuo aperfeiçoar e ajustar das lentes. E que Deus nos livre de sermos teólogos de viseiras abraçando sempre o que couber em nosso campo dianteiro de visão e excluindo os demais simplesmente por que não cabem em nosso raio de visão, justamente por causa das viseiras!
Usando outra analogia, as linhas que compõem a tapeçaria do construto teológico podem ter várias cores, porém, no final, nos maravilharemos do tapete pronto, por assim dizer! Claro que isso difere de uma concha de retalhos (fica o alerta!).

Concluindo
Por isso, sou peremptoriamente contra essas briguinhas infantilizadas de “calvinismo de zueira” e “arminianismo de zueira”, e até, caso exista por aí, “pentecostalismo de zueira” e “tradicionais de zueira”, visto que mais trazem emburrecimento e embrutecimento, ambiguidades e obscurecimento sobre as doutrinas e até distorção do que exposição, esclarecimento, edificação e instrução sobre os grandes temas do labor teológico aos irmãos em Cristo Temas que grandes homens e mulheres se debruçaram com temor e tremor para entender e explicar aos irmãos, estes, irreverentemente fazem chacotas e constroem redes sociais para “zoar” (ah, a forma correta da escrita é ZOEIRA e não ZUEIRA. Isso nada mais é do que torpeza (baixeza, indecente, obsceno e repulsivo). Paulo alertou-nos “Não sai da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem” (Ef 4.29).
Notem que estes zuereiros (ou melhor, “zoadores”) trazem mais torpezas do que edificação para os que o ouvem! Ousadamente digo-lhes, se realmente entendesse as Escrituras excluíram essas páginas obscenas da internet. E por conseguinte, se dedicaria a realmente expor os distintivos das tradições para que os irmãos entendessem, analisassem e fossem edificados com os grandes postulados destas heranças do labor teológico.

Termino com as palavras do teólogo Ted Peters, em sua teologia sistemática intitulada God the World's Future: Systematic Theology for a New Era (Deus: O Futuro Do Mundo: Teologia Sistemática para uma Nova Era):
Se fôssemos pensar na teologia sistemática cristã como uma roda, o evangelho de Jesus Cristo estaria localizado no centro. É o centro em torno do qual tudo gira... o evangelho é aquilo que estabelece a identidade de alguém como cristão. 

O resto é labores no construto teológico!

Em Cristo Jesus,

Ivan Teixeira